A Câmara de Lamego anunciou esta terça-feira que vai iniciar de imediato o processo de candidatura da máscara de Lazarim a património mundial da UNESCO, para que esta “tradição ancestral e identitária” seja preservada para as gerações vindouras.

O presidente da Câmara, Ângelo Moura, disse que a máscara de Lazarim — talhada em madeira de amieiro por artesãos — e o seu Entrudo são “um elemento vivo” da história de Lamego. Importa, por isso, preservar esta tradição “reveladora de um saber fazer original, de um viver e sentir genuínos”, frisou o autarca, durante a apresentação da candidatura.

Ângelo Moura afirmou ter consciência de que este “será um processo longo”, que demorará anos a concluir, mas considerou que este propósito do município “é exequível”.

“A máscara de Lazarim, enquanto arte ancestral de saber fazer e com práticas, expressões, ritos e símbolos identitários transmitidos de geração em geração, tem os atributos necessários para integrar a lista do património cultural imaterial da UNESCO”, justificou.

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No prazo de um ano, o autarca espera ter a máscara de Lazarim inscrita no inventário nacional cultural imaterial, para depois poder dar continuidade à candidatura à UNESCO. Nesta primeira fase, será criado um grupo de investigadores que vai dar continuidade ao trabalho que já vem sendo desenvolvido pelo Centro Interpretativo da Máscara Ibérica, situado em Lazarim.

A Câmara assume o processo, mas serão envolvidas “todas as forças vivas”, incluindo a comunidade local, as instituições municipais e regionais. “É uma candidatura do município, mas tem que ser muito mais do que isso. Tem que ser um evento regional e transnacional”, considerou.

Segundo Ângelo Moura, em Lazarim existe atualmente “uma boa dúzia de artesãos, alguns com proveta idade, mas ainda desenvolvendo a atividade, e outros muitos jovens, que fazem excelentes trabalhos”.

Adão Almeida, de 55 anos, é um deles. Desde a sua juventude, já perdeu a conta ao número de máscaras que talhou e mostrou-se muito satisfeito com esta candidatura. “Vejo isto como ouro para a minha terra”, disse o artesão aos jornalistas.

No Entrudo deste ano, saíram à rua 40 novas máscaras de amieiro. O autarca explicou que se trata de “elaboradas peças de madeira esculpida que, na sua forma tradicional, se destacam pela expressividade dos seus contornos, quer tenham figuras zoomórficas, quer apresentem características antropomórficas”.

“A sua plasticidade, a elegância dos seus traços, quer retratem o ‘diabo’ ou a ‘senhorinha’, tornam-nas verdadeiramente particulares no contexto da arte popular que se destina a representar diversas manifestações do Entrudo”, realçou.