Os números não mentem: segundo dados obtidos pela empresa JATO Dynamics, relativos a 2017, a norte-americana Tesla vendeu, só na Europa, 16.132 Model S, ao passo que rivais como a Mercedes-Benz e a BMW, não foram além das 13.359 e 11.735 unidades vendidas, respectivamente, quer do Classe S, quer do Série 7. Perante isto, impõe-se a questão: poderão os construtores tradicionais continuar a ignorar a marca americana?

A pergunta já se coloca, de resto, há algum tempo. Embora com os fabricantes ditos tradicionais a preferirem assobiar para o lado, ou até mesmo desvalorizarem declaradamente a concorrência da marca norte-americana de automóveis 100% eléctricos. Defendendo, por exemplo, que modelos como o Model S não se podem comparar às suas propostas topo de gama, a não ser, talvez, no preço.

Contudo, especialmente após a entrada em força nos mercados do Velho Continente, a Tesla tem vindo a conquistar, indubitavelmente, terreno. Quiçá não tanto à custa dos seus rivais alemães, mas, principalmente, convencendo novos clientes, com capacidade financeira e interesse em gastar mais de 80 mil euros num automóvel. Mas que, caso não tivessem acesso a um Tesla, muito provavelmente, acabariam por optar por um Mercedes-Benz Classe S, um BMW Série 7 ou até um Audi A8. Embora a maior parte das versões destes modelos não ofereça as prestações, ou até mesmo as emissões (zero) de um Model S P100D…

“Isto é um sinal de alarme para os construtores tradicionais como a Mercedes-Benz”, avisa o analista da JATO Dynamics, Felipe Muñoz, destacando a importância dos números aqui citados. E que confirmam aquilo que os fabricantes europeus não têm querido ver: que a marca de automóveis eléctricos fundada por Elon Musk começa, efectivamente, a pisar-lhes os calcanhares.

E se é certo que em países como a Alemanha, que é também o maior mercado automóvel europeu, a marca norte-americana ainda está atrás das marcas premium nativas, a explicação para tal facto poderá estar não nos pretensos esforços dos construtores tradicionais, mas antes na ainda pouca implementação dos eléctricos. Algo que, contudo, tenderá a mudar, sobretudo a partir do momento em que os chamados construtores premium passem a oferecer uma gama mais ampla de veículos eléctricos. Contribuindo, dessa forma, para mudar a forma de pensar dos consumidores.

Resta agora saber se, quando isso acontecer, marcas europeias como a Mercedes-Benz, a BMW ou a Audi, até aqui habituadas a dominar o mercado a seu bel-prazer, vão mostrar-se melhor preparadas para enfrentar a “ameaça americana”. Ou vão, simplesmente, ficar para trás.

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