Muito se falou sobre o papel determinante de Coates no golo decisivo do Sporting aos 90+8′. E com sentido: o central revelou-se um autêntico capitão sem braçadeira, foi lá à frente dar o mote e conseguiu fuzilar Cláudio Ramos no lance que deu uma vitória no limite dos leões. No entanto, se rebobinarmos o filme, lá está o do costume, Bas Dost: foi o holandês que, mais uma vez, ganhou no ar para originar a bola ao poste e o remate do uruguaio. Antes, já tinha feito um golo. Depois da lesão nas costelas, o avançado voltou em grande.

Dost é um dos poucos jogadores na história do Sporting que chegou aos 50 golos no Campeonato com uma média de um remate certeiro por jogo. Aliás, como ele nos leões só mesmo o inigualável Peyroteo, Yazalde ou Jardel. Se ainda existissem dúvidas no livro de recordes que está a escrever desde que chegou ao clube em 2016, acrescentou mais um diante do Astana: ao corresponder da melhor forma ao cruzamento de Bryan Ruíz logo aos três minutos, o gigante internacional apontou o golo europeu mais rápido de sempre neste novo Alvalade.

Bas Dost marcou, fez uma assistência fantástica para o 3-1 de Bruno Fernandes mas, num lance onde podia ter feito o 4-2 apenas com Eric pela frente, ficou agarrado à coxa. Depois, parou. Levantou-se, manteve as visíveis queixas na perna e acabou o jogo apenas a fazer número, encostando-se mais à direita no campo mas sem intervenção nas jogadas. Apesar do empate apontado pelos cazaques nos descontos, a preocupação de Jesus era outra e dirigiu-se ao holandês para falarem da possível lesão. Por gestos, o jogador explicou o lance e apontou de novo para a coxa, perante o olhar preocupado do treinador e do próprio médico, Frederico Varandas.

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A lesão de Bas Dost acabou por ser o ponto mais negativo de uma noite que esteve longe de ser perfeita mas que, ainda assim, valeu ao Sporting a passagem aos oitavos de final da Liga Europa. E, no final do encontro, o próprio Jorge Jesus admitiu sentir-se “culpado” com o problema físico contraído pela sua referência ofensiva.

Não tinha nada que fazer a substituição que fiz, tinha de tirar o Bas Dost e não o tirei. Sabia que ele era um jogador que estava e risco, ele e o Bruno Fernandes. Tinha que tirar um ou outro para meter o Rafael Leão e devia ter tirado o Bas Dost para o proteger, porque ele vem de uma paragem. Mas eu olho sempre o jogo para a frente e, mesmo com 3-1, achei que ele e o Rafael podiam fazer estragos, não só no jogo aéreo. Acabei por dar cabo dele”, assumiu o técnico leonino, ainda antes da primeira avaliação.

“O médico vai agora analisar tudo, porque tivemos muitos jogadores que chegaram ao fim com fadiga muscular como o Mathieu. Aqueles jogadores que têm jogado mais: Mathieu, Bas Dost e Bruno Fernandes, que chegaram ao fim com fadiga. Bas Dost não sei se é lesão, mas os outros estão muito fatigados e daqui a três dias jogamos outra vez”, lamentou Jorge Jesus nas entrevistas rápidas, antes de assumir os riscos que correu esta noite.

“A ganhar por 3-1 não me preocupei muito como resultado. Optei pela entrada do Rafael Leão, podia ter defendido mais o resultado. Não estou a dizer que foi por causa disso que sofremos dois golos, mas ficámos um pouco desprotegidos. Foi um bom espectáculo, um jogo com seis golos é bom, é bonito. Por termos jogado na segunda-feira, jogarmos quinta e de novo segunda, tenho de saber gerir o esforço da equipa da melhor maneira, correndo riscos. Hoje corri riscos, sabia disso ao colocar sete jogadores novos que não têm jogado tanto…”, concluiu.