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Fizz. Funcionária do Millennium BCP conta porque suspeitou do procurador Orlando Figueira

Este artigo tem mais de 5 anos

Isabel Raposo, responsável pelo Compliance do banco Millennium BCP, contou em tribunal que viu num jornal informações que tinham sido tratadas numa reunião. E que só podia ter sido Orlando Figueira.

Orlando Figueira é visto pelas testemunhas como um bom profissional
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Orlando Figueira é visto pelas testemunhas como um bom profissional

JOÃO SEGURO/OBSERVADOR

Orlando Figueira é visto pelas testemunhas como um bom profissional

JOÃO SEGURO/OBSERVADOR

Não se lembra qual foi o jornal, nem quem foi a empresa ou o cliente que motivaram a notícia, mas Isabel Raposo, que à data trabalhava no Compliance do Millennium BCP, está convicta que terá sido Orlando Figueira a passar a informação ao jornalista. O testemunho, dado esta quinta-feira ao tribunal que está a julgar o procurador por corrupção, deixou o arguido incomodado. “Lembra-se que era uma notícia e não se lembra sobre quê?”, comentou, sentado no banco dos arguidos.

Isabel Raposo, que era a responsável pelo departamento do Compliance quando Orlando Figueira foi contratado, em finais de outubro de 2012, diz que se lembra bem da sua entrada. Garante desconhecer se existiram pressões de “alguém” para a sua contratação e afirma que, até, propôs que o seu contrato de seis meses em regime de prestação de serviços fosse renovado. Mas, no dia em que estava no banco a ler os jornais do dia, deu de caras com uma notícia sobre um tema que tinha sido tratado numa reunião do Compliance, com informações e até “frases” ali veiculadas, e perdeu a confiança no colega.

“Mas se trabalhavam lá seis pessoas, como sabe que foi Orlando Figueira?”, perguntou à testemunha Carla Marinho, a advogada de Orlando Figueira. “Creio que já respondi. Todos os elementos do Comité estavam lá há mais de seis anos, só estava eu, Orlando Figueira e o senhor José Santos, com quem eu já trabalhava há dez anos. Não suspeitando de mim, nem de José Santos, seria ele”, argumentou. Por mais que uma vez, Isabel Raposo disse não se lembrar do tema da notícia, nem sequer da publicação.

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As frases do dia

“A análise [dos processos que podiam constituir branqueamento de capitais] era feita por várias pessoas e apreciada pelo responsável da área desses técnicos e depois ia ao comité”, disse Isabel Raposo, à data responsável pelo Compliance do Millennium BCP.

“Num comité, já não sei associado a que cliente, discutiu-se um processo. Passado um tempo apareceu num jornal uma notícia qualquer associada aquela pessoa e apareciam frases. Lembrava-me que uma delas tinha sido usada naquele comité. Pareceu-me estranho (…). Como a única pessoa nova no comité era o Dr. Orlando Figueira…”, disse Isabel Raposo.

“Orlando Figueira não veio colmatar uma falha, mas enquanto ele lá esteve carreguei-o de tarefas para ele fazer e fiquei muito satisfeito com a resposta dele”, presidente do Activo Bank, Nelson Machado.

Decisões importantes

O arguido Paulo Blanco, que está impedido de falar com todos os procuradores do DCIAP, pediu ao juiz se podia telefonar ao procurador Rosário Teixeira para lhe dar as condolências pela morte da mãe. O juiz aceitou.

Quem foi ouvido

Isabel Raposo, que em 2014 era responsável pelo Compliance do Millennium BCP, e o presidente do Activo Bank, Nelson Machado.

Quando é a próxima sessão

Segunda-feira, 26 de fevereiro.

As suspeitas da responsável foram comunicadas ao administrador do Banco, Iglesias Soares, — que esta quarta-feira disse em tribunal que, depois disso, passou Orlando Figueira para o Activo Bank, uma vez que este banco iria ser vendido.

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Ainda segundo a testemunha Isabel Raposo, o caso aconteceu pouco antes de deixar o departamento, em junho de 2014. E terá sido um caso “único”. “Em média havia um ou dois comités por mês, e ele faltou a muito poucos. Este foi um caso único”, reiterou. De resto, a funcionária do Millennium BCP diz que sempre ficou com “a ideia que alguns pareceres que ele [Orlando Figueira] dava no comité tinham como substrato informação que ele tratava no Departamento Central de Investigação e Ação Penal”, onde antes trabalhava. “Mas não me lembro de ele usar essa informação para as suas fundamentações no comité”, salvaguardou.

A funcionária, que trabalhava na banca desde a década de 80, explicou quais os procedimentos do Compliance, mostrando como a decisão de participar às autoridades determinadas operações que pudessem constituir crime, como branqueamento de capitais, passam por vários funcionários e não apenas por um. “A proposta submetida ao comité era o parecer de cada técnico e todos intervinham, parecer esse que era balizado, ou não, pelo diretor de todos eles e complementado por todos os documentos que fundamentavam a pesquisa que os técnicos tinham feito para o comité”, explicou.

A procuradora do Ministério Público, Leonor Machado, perguntou-lhe se as empresas ou os clientes “de maior relevo do banco, como o [ex-vice-Presidente angolano] Manuel Vicente, eram por regra avaliados pelo Conselho de Administração”. E Isabel Raposo respondeu que não. “Só ia ao Conselho de Administração quando tentávamos fazer as diligências para saber mais sobre determinada operação e não conseguíamos. Era preciso que a administração entrasse em contacto com o responsável, pelos seus conhecimentos”, esclareceu.

Também em resposta à procuradora, a funcionária explicou ser normal existirem empresas com contas no banco cujo beneficiário não figurava no sistema. “Como Manuel Vicente”, referiu Leonor Machado. “Sim, não era uma situação exclusiva desse caso, havia casos em que os beneficiários não eram evidentes”, respondeu.

À saída, Isabel Raposo cumprimentou Orlando Figueira, ainda sentado no banco dos réus.

Jà à tarde foi a vez da inquirição de Nelson Machado, presidente do Activo Bank. O responsável admitiu que quando Iglesias Soares lhe “passou” Orlando Figueira, o banco não tinha a necessidade de fazer aquela contratação. No entanto, “existiam uma série de preocupações que ele tinha capacidade de responder”, disse. “Orlando Figueira não veio colmatar uma falha, mas enquanto ele lá esteve, carreguei-o de tarefas para ele fazer e fiquei muito satisfeito com a resposta dele“, disse.

E foi assim desde 2014 até à sua detenção, a 23 de fevereiro de 2016. No dia em “uma equipa entrou no banco e cercou a secretária dele”, descreveu.

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