Maria Martins estava em casa, no Vale da Ameixoeira, na Sertã, quando sofreu um ataque cardíaco. Sem telefone desde os incêndios do ano passado, o marido, Ângelo dos Santos, 79 anos, não teve outra hipótese senão andar cerca de dois quilómetros a pé — a distância que o separa do vizinho mais próximo — para pedir ajuda. O aparelho existe, mas não funciona.

A ajuda, no entanto, veio tarde: cerca de duas horas depois, quando os meios de socorro chegaram a casa de Ângelo, a mulher estava morta.

“É um escândalo estar há mais de quatro meses à espera que voltem a ligar o telefone. Não posso garantir que a minha mãe sobrevivesse, mas pelo menos os bombeiros poderiam ter tentado a reanimação mais cedo”, disse ao Correio da Manhã Umbelina Farinha, filha do casal.

Umbelina acrescentou ainda que já tinha tentado contactar a Altice Portugal em dezembro, depois de Ângelo se ter sentido mal e a mãe ter feito a mesma distância para ir pedir ajuda.

Altice diz que tentou contactar casal

“Foram mantidos contactos com o cliente em causa, tendo este sido contactado pela Altice Portugal no dia 5 de janeiro de 2018, sem sucesso. Posteriormente, foi enviada uma carta para a sua habitação, a 12 de janeiro de 2018, no sentido de o cliente entrar em contacto com a Altice Portugal, para ser feito o agendamento da reposição do serviço. Não tendo a Altice Portugal registo de qualquer contacto do cliente para confirmar e efetivar esse agendamento.” Foi desta forma que a Altice respondeu ao sucedido, referindo ainda que “o local onde habita o cliente tem cobertura de rede móvel, sendo possível efetuar chamadas com sucesso e qualidade”.

A empresa refere ainda que “à data de hoje, cerca de 99,5% dos clientes afetados pelos incêndios tem os seus serviços repostos”.

A filha do casal diz-se revoltada e pede que haja “uma consciência” maior em relação aos idosos que se encontram isolados, depois dos incêndios.

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