Os enfermeiros vão receber o subsídio de 150 euros, com retroativos desde janeiro, uma das reivindicações da greve marcada para março e que o ministro da Saúde acredita que não irá concretizar-se, anunciou o governante. Adalberto Campos Fernandes falava aos jornalistas no final de uma audição na Assembleia da República sobre Saúde, na qual a greve dos enfermeiros — que o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) marcou para 22 e 23 de março — foi um dos temas abordados.

Na quinta-feira, em conferência de imprensa, o SEP acusou o governo de não honrar os compromissos, lembrando que, em outubro de 2017, o Ministério da Saúde impôs a atribuição de um suplemento remuneratório para enfermeiros especialistas, no valor de 150 euros, a ser pago em janeiro de 2018. Um dos motivos que o SEP enumerou para a greve foi precisamente a falta de pagamento deste suplemento, mas neste dia Adalberto Campos Fernandes anunciou que o mesmo vai começar a ser pago, com retroativos desde janeiro deste ano.

O ministro referiu ainda outro ponto que o SEP considerava “legitimamente” que tinha de ser resolvido: a assinatura do protocolo negocial para a revisão da carreira. Segundo Adalberto Campos Fernandes, “estão criadas as condições para que o diálogo prossiga, como vinha a prosseguir até aqui”.

O ministro mostrou-se convencido de que este acordo poderá evitar a greve: “É o nosso desejo. Estamos convencidos”. “Compreendemos que o SEP tenha feito este pré-anúncio, até para forçar o andamento do processo. Tudo faremos para que não haja nenhuma greve, o acordo seja assinado e o diálogo prossiga”, adiantou.

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Sindicato mantém greve

O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) mantém a greve marcada para 22 e 23 de março, apesar do anúncio do ministro da Saúde de que vai avançar com duas das suas reivindicações, e só recuará se forem concretizadas.

“Estas declarações, ainda que possam ser muito bem intencionadas, não nos vão fazer recuar”, disse à Lusa Guadalupe Simões, dirigente do SEP. Segundo Guadalupe Simões, a desconvocação da greve só acontecerá se as medidas anunciadas neste dia por Adalberto Campos Fernandes se concretizarem.

Guadalupe Simões reconhece que estes dois pontos fazem parte de um conjunto de reivindicações que estão na base da greve, marcada para 22 e 23 de março, assim como a passagem das 40 para 35 horas semanais dos enfermeiros com Contrato Individual de Trabalho (CIT).