O presidente do comité militar da NATO reconhece que Portugal dá contributos importantes à Aliança e que o empenhamento não se resume a dinheiro, mas encoraja o país a atingir a meta de 2% do PIB em despesas militares.

Numa entrevista à Lusa em vésperas de se deslocar a Portugal, o general Petr Pavel diz concordar com a tese que há muito tem vindo a ser defendida pelo Governo português de que outros contributos para a Aliança que não os meramente financeiros devem ser tidos em conta, mas ainda assim insta todos os Aliados a honrarem o compromisso feito na cimeira de Gales de dedicar 2% do respetivo Produto Interno Bruto (PIB) a despesas em Defesa.

“Portugal dá contributos importantes à nossa segurança comum. No terreno, as tropas portuguesas servem na brigada multinacional da NATO na Roménia. No ar, os caças portugueses têm mantido os céus seguros sobre a região do Mar Negro. No mar, os navios portugueses fortaleceram as forças marítimas da NATO. E no ciberespaço, está a ser construída em Portugal a ciberacademia”, apontou.

O general acrescentou que “Portugal também ajuda projetos de estabilização da NATO para lá das fronteiras da Aliança através da missão no Afeganistão” e, além disso, “também está a investir em capacidades fundamentais”.

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“Por isso, sim, a despesa em defesa não se resume a dinheiro. Mas nós virámos uma página, com três anos consecutivos de crescente investimento em Defesa entre os aliados europeus e o Canadá. E gostaríamos de ver Portugal, assim como todos os Aliados, investirem 2% do PIB em Defesa, e encorajamos mais esforços para atingir essa meta em 2024”, declarou.

Questionado sobre a disponibilidade de Portugal para acolher o novo comando da NATO para o Atlântico — manifestada pelo titular da pasta da Defesa, Azeredo Lopes, na recente reunião de ministros da Defesa realizada em Bruxelas em 15 de fevereiro -, o presidente do comité militar da Aliança Atlântica disse que ainda é prematuro discutir a sua futura localização, remetendo uma decisão para a próxima reunião de ministros da Defesa, em junho próximo.

“Nesta altura, ainda estamos a analisar as nossas necessidades. Ainda não foram determinados os pormenores sobre a presença geográfica e os níveis de força da nova estrutura de comando porque essas decisões serão tomadas, juntamente com os níveis de pessoal, em junho, na próxima reunião de ministros da Defesa”, apontou.

O responsável sublinhou todavia que “este comando ‘Atlântico’ será estrategicamente importante, já que vai supervisionar as 40 milhas quadradas do Atlântico Norte e garantir que a estrada marítima entre a Europa e a América do Norte permanece livre e segura”, sendo por isso “vital para a aliança transatlântica”.

“A localização do novo quartel-general e dos quadros de pessoal da nova estrutura de comando serão decididas em junho na próxima reunião de ministros da Defesa. E os líderes dos Aliados acordarão uma estrutura de comando robusta e eficiente para a nossa Aliança na cimeira de Bruxelas, em julho”, reforçou.