A vitória de Portugal no Campeonato da Europa da Eslovénia deu ao futsal uma dimensão enquanto modalidade que há muito procurava após anos e anos de investimento na Liga, na formação (Seleção e clubes) e na vertente feminina. Por isso, o primeiro dérbi pós-triunfo no Europeu frente à Espanha era mais aguardado do que normal, mesmo tratando-se “apenas” de um jogo da fase regular de uma competição que decide o campeão através de playoff. Mas já se sabe, dérbi é dérbi. E o Benfica-Sporting começou com uma pequena polémica fora da quadra.

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Dando prolongamento às inúmeras homenagens que têm sido feitas aos jogadores campeões europeus (e têm sido muitas, não só a nível institucional mas também local ou universitário), o Benfica endereçou um convite ao Sporting para se associar a uma pequena cerimónia antes de um encontro que contava com oito jogadores convocados por Jorge Braz para a prova: quatro dos encarnados (André Coelho, Bruno Coelho, Fábio Cecílio e Tiago Brito), outros tantos dos verde e brancos (André Sousa, João Matos, Pedro Cary e Pany Varela). Os leões recusaram e, através do diretor de comunicação, Nuno Saraiva, justificaram a posição tomada.

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Pedro Cary (Sporting) e Bruno Coelho (Benfica): dois campeões europeus “rivais” na Liga (JURE MAKOVEC/AFP/Getty Images)

“O Benfica fez um convite ao Sporting para, no dérbi de futsal do próximo sábado, homenagear os campeões europeus da modalidade, entre eles, quatro atletas do Sporting. Por considerarmos que este é um gesto de total hipocrisia, o Sporting recusa participar em qualquer ação conjunta com um clube que não partilha as regras e valores pelas quais nos regemos, designadamente, a promoção da verdade desportiva, a transparência e a dignificação e credibilização do desporto português”, salientou o responsável verde e branco.

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O Benfica avançou na mesma para a homenagem, entregando um pequeno troféu aos quatro campeões europeus. Depois, apito inicial para o dérbi. E as emoções do costume quando se defrontam os rivais lisboetas.

A precisar de vencer para ter ainda alguma esperança na possibilidade de terminar a fase regular na primeira posição (partiu para este encontro com 45 pontos, menos seis do que os leões que somavam por vitórias os 17 jogos realizados), o Benfica, que não contou com o lesionado Chaguinha e o castigado Roncaglio, entrou mais pressionante e a condicionar muito a saída em posse do adversário mas foi o Sporting, que também não teve Marcão e Cardinal, a criar as primeiras boas situações para chegar ao golo através de remates de Divanei e Merlim. Responderam, pouco depois, Raúl Campos e Bruno Coelho, também sem a eficácia desejada a meio da primeira parte.

O jogo estava equilibrado, as equipas conseguiam encaixar muitas vezes e percebia-se que a diferença poderia ser feita através dos pormenores individuais. Foi mesmo assim. E que pormenor: Fábio Cecílio teve uma grande finta sobre Dieguinho descaído na esquerda da quadra e, à saída de André Sousa, inaugurou o marcador (13′). Pouco depois, após outra oportunidade desperdiçada por Divanei, foi Fernandinho a fazer o 2-0 após uma fantástica jogada ao primeiro toque que passou por Tiago Brito e André Coelho (15′). No entanto, ainda antes do intervalo, Dieguinho conseguiu reduzir para 2-1 em mais um grande movimento como pivô com rotação e remate (19′).

A segunda parte acabou por ter menos oportunidades e espetacularidade, mantendo-se ainda assim a intensidade e a correção que ia marcando até esse momento o encontro na quadra, à exceção de uma outra quezília momentânea. Entre este cenário, acabou por ser o Sporting a chegar ao empate aos 37′, quando Pany Varela recebeu no peito um passe longo e conseguiu ainda dar um toque que enganou o jovem guarda-redes Cristiano.

Foi a partir deste momento que o encontro abriu de vez para uma ponta final diabólica, com o Benfica, condicionado com cinco faltas, a acertar no poste num grande toque de calcanhar de Henmi (38′) e a beneficiar de uma grande penalidade no mesmo minuto, naquele que foi o lance mais polémico da partida: no seguimento de um canto, Tiago Brito fez um bloqueio para permitir o remate nas suas costas, João Matos tentou ir na direção da trajetória da bola mas terá atingido na cara o companheiro de Seleção, vendo assim o vermelho direto por agressão.

Na marcação, André Sousa acabou por travar a primeira tentativa de Raúl Campos, o lance acabou por ser invalidado pelo adiantamento do guarda-redes na altura da conversão (recordando o quarto e decisivo jogo da final de 2015, ganha pelos encarnados) mas, no segundo remate, a bola bateu na trave e saiu para fora. Com mais uma unidade, o Benfica manteve a pressão, voltou a acertar no ferro por Fernandinho mas não conseguiu desfazer o empate, que acabou por beneficiar mais a formação verde e branca que mantém os seis pontos de avanço na frente.

De referir que este foi já o quinto dérbi da temporada entre as duas equipas que têm dominado o panorama nacional nos últimos 15 anos: o Sporting venceu os primeiros três, dois com direito a troféu (Taça de Honra de Lisboa, 2-1; Supertaça, 3-2; Campeonato, 5-2), ao passo que o Benfica vingou-se recentemente na final da Taça da Liga (5-2). Agora, e pela primeira vez, não houve vencedor: 2-2 na Luz, na segunda volta do Campeonato.