José Eduardo Moniz afirma que Paulo Gonçalves colocou o seu lugar à disposição no Benfica e que foi o próprio clube que decidiu que o assessor jurídico deveria continuar em funções.

O vice-presidente dos encarnados revelou que Paulo Gonçalves se ofereceu para sair porque “não queria colocar o Benfica perante nenhuma situação que o fragilizasse”, mas o clube decidiu mantê-lo, convicto de que o advogado “saberá esclarecer tudo aquilo que lhe é imputado”.

“Ele próprio tomou a iniciativa de se dirigir ao presidente do Benfica e colocou de imediato o seu lugar à disposição. Nós, ponderando os prós e os contras e não querendo fazer nenhum julgamento antecipado — isto é, não querendo antecipar o trabalho que é a justiça que tem de fazer –, e convictos de que o doutor Paulo Gonçalves tem pleno direito, plena capacidade e saberá, no sítio certo, no momento certo, esclarecer tudo aquilo que lhe é imputado, decidimos que deveria manter-se em funções, executando as tarefas que lhe são confiáveis. Todas as pessoas são inocentes até serem consideradas culpadas, e quem tem de fazer isso não somos nós, são os tribunais.”, disse o administrador da SAD do Benfica.

Moniz enumerou alguns factores que motivaram a decisão, referindo que a “decisão da juíza de instrução” foi “importante para a reflexão” do Benfica. José Eduardo Moniz afirmou que o facto de ter sido decidido que “Paulo Gonçalves não ficaria em prisão preventiva”,  que “podia frequentar o Estádio da Luz” e “voltar a trabalhar e a fazer as suas funções normais” foram determinantes na decisão, bem como se ter verificado que “um dos principais indícios para Paulo Gonçalves ter sido levado para a Policia Judiciária” era “mentira”.

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“Ficou claro que um dos principais indícios para Paulo Gonçalves ter sido levado para a Polícia Judiciária era o facto de alegadamente o Benfica ter contratado para os seus quadros o sobrinho de um especialista informático que se encontra detido, José Augusto Silva. O que se verificou é que isso era mentira e que o Benfica não tem nenhum funcionário com esse nome nem nunca teve prevista a entrada de qualquer sobrinho de José Augusto Silva nos seus quadros. Nunca foi tema.”, revelou o vice do Benfica.

O vice-presidente do Benfica considerou “curioso o grande alarido que se faz com o facto de o Paulo Gonçalves se ter mantido em funções pela SAD do Benfica” e recordou, “outros casos de dirigentes de outros clubes” que nunca suspenderam funções, referindo-se ao Futebol Clube do Porto.

“Acho curioso o grande alarido que se faz com o facto de o Paulo Gonçalves se ter mantido em funções pela SAD do Benfica quando me recordo de outros casos de dirigentes de outros clubes envolvidos, alegadamente, pelo menos, em situações complexas, nomeadamente agentes de Futebol Clube do Porto, caso do Apito Dourado, da Operação Fénix. Não vi nenhum dirigente do FC Porto a suspender funções, desde o senhor presidente a outros, e ninguém fez alarido ou levantou questões.”, atentou.

José Eduardo Moniz garantiu ainda que o assessor jurídico “não é o braço direito de Luís Filipe Vieira, até porque o Luís Filipe Vieira não tem qualquer braço direito”. “Nós todos o somos”, afirmou, acrescentando que “a única pessoa que exigiu ser número dois para continuar teve de sair perante as circunstâncias e preferiu ser comentador”. Essa pessoa, referiu, é Rui Gomes da Silva, que “quis ser número dois, não lhe foi dado isso e saiu”.

José Eduardo Moniz considerou também que o verdadeiro alvo no caso que envolve o assessor jurídico do Benfica é Luís Filipe Vieira e que estão a tentar “decapitar a instituição do Benfica”.

Caso E-Toupeiras “é uma calúnia”

No início da entrevista na Benfica TV, relativamente ao caso E-Toupeira, José Eduardo Moniz disse que a única coisa que tem a admitir sobre o mesmo é que este “é uma calúnia”, garantindo que ninguém da direcção ou da administração da SAD teve acesso “a qualquer informação relacionada com qualquer processo em que o Benfica tenha, por ventura, o seu nome”. “Eu não sei, os meus colegas não sabem. Nós agimos com a maior das frontalidades nestas situações todas”, disse.

O administrador da SAD do Benfica afirmou ainda que o clube sabe do caso pela imprensa e que há alguém que “fura o segredo de justiça”, mas que “seguramente não é o Benfica e seguramente não são os dirigentes do Benfica”.

“É, curiosamente, pela imprensa que nós temos vindo a tomar contacto com aquilo que vem aparecendo. Aliás, eu diria mesmo, e não é em tom jocoso, que aquilo que nós sabemos é precisamente pelos jornalistas, porque são os jornalistas os primeiros a noticiar, por exemplo, que o Benfica vai ser objecto de buscas, e são os jornalistas os primeiros a chegar ao Estádio da Luz ainda antes da Polícia Judiciária cá aparecer. Portanto, alguém fura o segredo de justiça, mas seguramente não é o Benfica e seguramente não são os dirigentes do Benfica.”, considerou.

José Eduardo Moniz normalizou ainda os guiões que foram dados a funcionários do Benfica que descreviam como agir em caso de buscas, referindo que “seria incompetente um advogado que, contactado pelo Benfica para dar apoio num processo qualquer em que estivesse envolvido, não explicasse detalhadamente os trâmites a que qualquer operação pode obedecer” e que não desse “instruções aos funcionários para eles estarem preparados para aquilo que puder surgir”, nomeadamente “sobre a forma mais adequada de aberta e honestamente colaborarem com as autoridades”.

Pinto da Costa “provavelmente teve um apagão na memória”

Referido ainda na entrevista de José Eduardo Moniz na Benfica TV foi o editorial de Pinto da Costa, presidente de Futebol Clube do Porto, na edição de Março da revista Dragões, onde acusou o Benfica de ter montado “uma rede de tentáculos a todos os títulos vergonhosa”.

Em resposta às declarações do presidente dos Dragões, o vice do Benfica afirmou que “só pode ter havido um enorme apagão” relativamente ao “historial do FC Porto e dele”.

“Provavelmente, o Sr. Jorge Nuno Pinto da Costa teve um apagão na memória, só pode ter sido. Relativamente a tudo aquilo que é o historial do FC Porto e dele, só pode ter havido um enorme apagão”, disse José Eduardo Moniz.