A pandemia que marca a atualidade noticiosa de 2020 arrastou grande parte dos portugueses (e não só) para casa. Durante os meses de confinamento o mundo do vinho não parou e reinventou-se. Novas referências continuaram a chegar ao mercado e algumas delas constam nesta lista, na qual não estão os vintage 2018 que entretanto foram declarados (esse é todo um outro universo). A seleção feita não descura a fase do ano em que estamos, o que ajuda a justificar a predominância de brancos e rosés. E à exceção da apresentação de duas novas gamas de vinhos — Raríssimo by Osvaldo Amado e Mainova —, todos os vinhos custam até 20 euros.

Branco Vulcânico 2018

19,90 euros

Resulta da vindima de 2018 e do blend das castas Arinto dos Açores (85%) e Verdelho (15%), sendo um vinho de terroir vulcânico. Os solos são rochosos e as uvas crescem à beira-mar, envolvidas pelo clima açoriano. O vinho tem assinatura do enólogo António Maçanita e apresenta frescura, acidez e salinidade. Dizem-no ser o “parceiro ideal” para acompanhar ostras e bivalves, mas também peixes grelhados, saladas e mariscos frescos.

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Esporão Private Selection branco 2018

20 euros

Foi lançado em março e não demorou muito tempo até angariar 95 pontos na Wine Enthusiast, sendo considerado “Editors’ Choice” pela mesma publicação. O vinho 100% Sémillon é produzido a partir das uvas que amadurecem na vinha das Palmeiras, plantada em 1996, na alentejana Herdade dos Perdigões, pertença do Esporão. Ao Observador, a enóloga Sandra Alves explica que a casta é originária do sul de Bordéus, em França, e que não é muito conhecida em Portugal. A referência em causa diz respeito ao único vinho branco da casa que é 100% fermentado em barricas de carvalho francês usadas, com uma capacidade de 500 litros. Sandra Alves ressalva a textura e a persistência do vinho e aconselha que o mesmo acompanhe um queijo de meia cura ou um peixe gordo.

Pôpa Unoaked tinto 2017

9,90 euros

#Emcasacompôpacircunstância foi a mensagem que acompanhou as novidades lançadas durante a quarentena pela duriense Quinta do Pôpa, da qual este tinto é exemplo. Feito com Touriga Franca, Tinto Cão, Tinta Amarela, Touriga Nacional e Tinta Roriz, o vinho resulta de um blend com uvas provenientes das três sub-regiões do Douro. O perfil é gastronómico e, tal como o nome indica, o vinho é jovem, não passou pela madeira e tem ainda o certificado “vegan friendly”.

Palácio dos Távoras Baga 2016

20 euros

Em maio, o primeiro vinho monocasta Baga da região de Trás-os-Montes foi apresentado por videochamada. A casta que é sobretudo trabalhada na Bairrada foi plantada no planalto mirandês e deixou Paulo Nunes, enólogo consultor da Costa Boal Family Estates, convencido que o vinho “pioneiro” vai “abrir caminhos e horizontes e vai desconstruir o modus operandi de muitos produtores da região”. “Sentimos os taninos mais poderosos na Baga em Trás-os-Montes, mais estrutura de boca. Na Bairrada, os taninos são geralmente mais reativos, mais finos e precisam de mais tempo para conseguirmos vinhos mais suaves”, tal como explica o enólogo em nota de imprensa. De referir que a Costa Boal Family Estates é uma empresa produtora de vinhos do Douro e de Trás-os-Montes, liderada por António Boal.

Monte D’Oiro rosé 2019

8 euros

No início de março o primeiro rosé da colheita de 2019 era engarrafado na Quinta do Monte d’Oiro, na região dos vinhos de Lisboa, para logo chegar ao mercado que se viu abalado pela pandemia e consequente quarentena. O vinho gastronómico é resultado de uma campanha pouco produtiva que permitiu às videiras centralizarem a sua atenção nos poucos cachos que nasceram. Vai daí que tanto o branco como o rosé desta colheita, produzidos em modo biológico e em contínua proximidade atlântica, se mostrem frescos e equilibrados.

Kopke Winemaker’s Collection rosé 2019

20 euros

Na impossibilidade de jantares de apresentação, a 23 de abril o Kopke Winemaker’s Collection rosé foi revelado ao mundo através da plataforma Zoom, naquele que foi um dos primeiros lançamentos digitais de vinhos em plena pandemia. Para isso, a equipa fez chegar a casa de cada um dos participantes um kit com o vinho a provar e conservas como propostas de harmonização. A conversa ficou a cargo do enólogo Ricardo Macedo. O rosé feito a partir da casta Tinto Cão é de edição limitada, sendo que a Winemaker’s Collection é um projeto que aposta na experimentação de castas provenientes de diferentes micro-terroirs do Douro.

Magma 2018

18 euros

O e-mail de apresentação chegou no início de maio, poucos dias depois do fim do estado de emergência. O vinho seguiu-o. O Magma 2018 é feito exclusivamente com a casta Verdelho, oriunda de vinhas em curraletas plantadas nos Biscoitos, freguesia na Ilha Terceira. Não é, pois, difícil de adivinhar que se tratam de solos vulcânicos, sendo que as vinhas se encontram rodeadas por rochas de magma capazes de proteger as uvas dos ventos atlânticos que se dizem fortes. Frescura, mineralidade, salinidade e persistência marcam o vinho desenhado por Diogo Lopes e Anselmo Mendes, dupla que em 2015 assumiu a gestão operacional da Adega Cooperativa dos Biscoitos.

Aldeia de Cima reserva branco 2018

15,20 euros

É uma das novas colheitas do projeto de Luísa Amorim na Serra do Mendro, designado Herdade Aldeia de Cima, que à cabeça tem um grande fator distintivo: de entre as suas quatro vinhas, uma foi desenhada em patamares em pleno Alentejo, a fazer lembrar os socalcos do Douro vinhateiro. O vinho em destaque chegou recentemente ao mercado acompanhado de outras três referências (Reserva Tinto 2018, Alyantiju Branco 2018 e Alyantiju Tinto 2018) e é feito a partir das castas Antão Vaz, Alvarinho e Arinto: ei-las, a mineralidade e a estrutura sedosa.

Rosé Manoella 2019

11,50 euros

O primeiro rosé da Wine & Soul, projeto duriense que existe desde o início dos anos 2000, foi apresentado por videoconferência em maio pela dupla Sandra Tavares da Silva e Jorge Serôdio Borges e vem completar uma trilogia de vinhos, dado que já antes existiam as referências Manoella branco e tinto. O rosé é 100% Touriga Nacional, com as uvas a serem provenientes de uma vinha com 39 anos, implantada nos íngremes socalcos de Vale Mendiz. Com uma tonalidade rosa pálido e um final de boca persistente, apenas existem 5.786 garrafas.

AdegaMãe Riesling 2015

14,99 euros

O estado de emergência já tinha acabado quando o Riesling 2015 da AdegaMãe foi lançado, numa altura em que ainda muitos portugueses estavam em regime de teletrabalho. A referência em questão resulta de uma experiência da equipa de enologia da casa, com Diogo Lopes e Anselmo Mendes no comando, e é também um exercício curioso que permite perceber o potencial de evolução dos vinhos brancos da lisboeta AdegaMãe — que em 2020 celebra dez anos passados da primeira vindima, pelo que há surpresas guardadas para os próximos meses. Até lá ficamos com um Riesling “late release” (cinco anos de evolução em garrafa), de perfil complexo e persistência de boca.

Conde Vimioso Sommelier Edition 2019 branco

7,90 euros

A novidade lançada pela Falua (Tejo) surge após três colheitas de Conde Vimioso Sommelier Edition tinto. O vinho feito de Arinto, Fernão Pires e Verdelho foi afinado por cinco sommeliers portugueses que se juntaram à enóloga da casa, Antonina Barbosa: são eles Nuno Pires (restaurantes Vistas, Monte Rei Golf), Marc Pinto (Fifty Seconds), Mico Drumond (100 Maneiras), Daniel Magalhães (O Chiado) e Luís Feiteirinha (Alma). Apenas existem 12 mil unidades de um rótulo que promete acompanhar saladas, pratos de marisco e pratos de peixe assado ou grelhado.

Crasto Superior 2018 branco

14,98 euros

As castas Viosinho e Verdelho, distribuídas quase por igual, estão na origem do vinho duriense que estagiou em barricas de carvalho francês, onde permaneceu durante seis meses. O vinho chegou ao mercado em abril na companhia de outras referências, incluindo tintos e rosés. De lá para cá, já muita coisa mudou com o enoturismo da Quinta do Crasto a reabrir as portas, a 1 de junho, com muitos programas, desde passeios a pé pela vinha ou refeições privadas no terraço.

Mainova

Seis referências; de 8,95 a 24,95 euros

Mainova é o nome de uma nova marca de vinhos e de azeite extra-virgem que nem a pandemia conseguiu abrandar. Nasce no Alto Alentejo e é fruto da união entre o conhecido enólogo António Maçanita, que desde 2008 não aceitava qualquer consultoria, e a jovem produtora Bárbara Monteiro, a mais nova de três irmãs. Na Herdade da Fonte Santa, no Vimieiro, foram plantados 90 hectares de oliveiras e 20 hectares de vinha, o suficiente para daí nascerem seis referências de vinhos tinto, branco e rosé, com três assinaturas diferentes: Mainova, Moinante e Milmat, mas também dois tipos de azeite extra-virgem (clássico e early harvest). A abordagem à produção é sustentável, biológica e integrada, o que resulta em vinhos pouco intervencionados, com pouco sulfitos e maioritariamente vegan. Além da imagem jovem e refrescante, entre as castas que compõem alguns dos lotes estão a Baga (tinta) e o Encruzado (branca).

Raríssimo By Osvaldo Amado

Cinco referências; a partir de 25 a 95 euros

A nova gama de vinhos é um projeto pessoal do enólogo Osvaldo Amado, diretor de enologia do Grupo Global Wines e figura com mais de 30 anos de experiência no sector e vários prémios acumulados. A aventura começou no final do ano passado quando apresentou o espumante Extra Bruto Blanc de Blancs de 2006, mas só agora a restante gama de vinhos Raríssimo By Osvaldo Amado está disponível em cerca de 50 garrafeiras selecionadas e restaurantes do país. A gama que aposta em edições limitadas e irrepetíveis é ainda composta por dois brancos, um tinto e um clarete, tendo sido apresentada através da plataforma Zoom. Assumindo que não tem “apetência para comercializar”, o enólogo deu a conhecer o branco DOC Bairrada 2015 feito com 100% Arinto, o brando DOC Dão 2011 com Encruzado, Bical e Malvasia Fina, o tinto DOC Dão 2001 (Touriga Nacional, Aragonez, Alfrocheiro e Jaen) e o clarete DOC Dão 2013 (Touriga Nacional, Aragonez, Alfrocheiro). Apesar de poderem ser bebidos desde já, apresentam um interessante potencial de guarda.