O Presidente da República convidou o seu homólogo de Malta, George Vella, a visitar Portugal, de forma a estreitar as relações bilaterais entre os dois países, depois desta sexta-feira trocarem posições comuns sobre a guerra na Ucrânia.

Após ter participado na quinta-feira no 17.º encontro do Grupo de Arraiolos, que este decorreu este ano em La Valletta, Marcelo Rebelo de Sousa foi esta sexta-feira recebido na residência oficial do Presidente de Malta, durante quase uma hora, com direito a Guarda de Honra.

Segundo o chefe de Estado português, o tema principal foi a guerra na Ucrânia, no qual ambos partilharam dos mesmos pontos de vista, quer sobre o conflito, quer “sobre as consequências económicas e financeiras”.

O Presidente da República adiantou que Malta está a tomar medidas parecidas com as de Portugal no que respeita às migrações de cidadãos ucranianos.

“Tive ocasião de o convidar a ir a Portugal, as relações bilaterais estão a aumentar entre Portugal e Malta”, referiu ainda.

Como exemplos de áreas potenciais de cooperação, o chefe de Estado apontou a área do digital ou das energias renováveis.

“Eles sentem muito a necessidade de fontes de energia que nós já temos, de aprender connosco. Há muita realidade nova em que Malta, pela posição em que se encontra, pode ser importante na colaboração com Portugal”, salientou.

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A reunião bilateral com George Vella foi o último ponto de agenda de Marcelo Rebelo de Sousa em Malta, que seguiu para Chipre para uma visita oficial entre sábado e domingo.

Em Malta, o ponto alto da deslocação foi a reunião do Grupo de Arraiolos, que junta anualmente chefes de Estado não executivos da União Europeia.

No próximo ano, a 18.ª edição vai realizar-se no Porto, em 5 e 6 de outubro.

Apesar de já estar decidido que a próxima reunião deste Grupo seria em Portugal — como forma de assinalar os 20 anos da iniciativa lançada em 2003 na vila alentejana de Arraiolos pelo então Presidente da República Jorge Sampaio –, não eram conhecidas as datas e o local.

A reunião coincidirá assim, em parte, com as celebrações do aniversário da Implantação da República em Portugal.

No encontro, os 12 chefes de Estado presentes — Itália, Alemanha, Estónia, Irlanda, Grécia, Letónia, Hungria, Malta, Polónia, Portugal, Eslovénia e Eslováquia — manifestaram-se unidos no apoio à Ucrânia e na resposta europeia às consequências da guerra, quer em termos sociais, quer em termos económico-financeiros.

“Estamos todos conscientes do sofrimento do povo ucraniano, mas estamos unidos quanto a lidar com os custos da guerra nas nossas sociedades”, assegurou na quinta-feira o chefe de Estado português.

Além da guerra da Ucrânia, os chefes de Estado representados no Grupo de Arraiolos partilharam a sua solidariedade para com a luta das mulheres no Irão pelos seus direitos humanos.

“Falámos de todos os conflitos importantes em todo o mundo. Estão todos ligados, partilhamos a visão de que os valores europeus são a razão da nossa unidade e não apenas razões geoestratégicas”, afirmou.

Além de decorrer num contexto de guerra na Europa, depois da ofensiva militar lançada no final de fevereiro pela Rússia e que nos últimos dias culminou numa proclamação de anexação de territórios ucranianos por aquele país (já considerada ilegal por vários países, incluindo Portugal), este encontro informal de Presidentes não executivos aconteceu semana e meia depois das eleições legislativas em Itália, com a vitória de uma coligação de direita e extrema-direita.