O Banif quer amortizar “rapidamente” a tranche de 125 milhões de euros das obrigações convertíveis em ações (CoCo) que está nas mãos do Estado português, pelo que vai pedir autorização ao Banco de Portugal para concretizar a antecipação do pagamento.

O anúncio foi feito, nesta sexta-feira, pelo presidente executivo do banco, Jorge Tomé, durante uma conferência de imprensa que decorreu no Funchal, após a realização da assembleia-geral de acionistas do Banif, na qual o banqueiro avançou que a operação de aumento de capital no montante de 138,5 milhões de euros foi um “sucesso”.

O líder do Banif salientou que o resultado desta operação significa “a devolução do banco ao setor privado” com a consequente “mudança qualitativa na estrutura acionista do banco”. Jorge Tomé acrescentou que o “aumento de capital e a capitalização do banco vão permitir que o banco consiga amortizar rapidamente a tranche das “Coco” [obrigações convertíveis em ações] que ainda falta amortizar”, disse.

“Nós temos um compromisso com o Estado português de amortizar os 400 milhões de euros de ‘Coco’, 275 já foram amortizados, faltam 125 milhões. De acordo com o contrato, temos de amortizar esta tranche de ‘Coco’ até final do ano, mas é intenção da comissão executiva, logo que tenha as contas de junho fechadas e o processo de capitalização encerrado, pedir a amortização antecipada dos “Coco”, revelou.

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Jorge Tomé sublinhou que o Estado português é acionista do Banif, onde mantém ainda 700 milhões de euros no capital, e o banco terá de resolver essa situação até 2017, pelo que, “a partir de agora, encerrado o processo de recapitalização, temos que ter uma estratégia de capital no sentido de devolver esse dinheiro ao Estado”.

Nesse sentido, o “fundo soberano da Guiné Equatorial, se vier, é bem-vindo, e inicia-se o processo de reduzir significativamente a posição do Estado no Banif”, reconheceu, defendendo que o banco deverá ter uma estratégia de “gradualmente e de forma acelerada de baixar a posição do Estado no capital até à sua eliminação”. E acrescentou: “A nossa intenção também é antecipar a saída do Estado relativamente a 2017”.

Em janeiro de 2013, o Estado injetou 1.100 milhões de euros no Banif para o recapitalizar, sendo 400 milhões de euros em obrigações convertíveis em ações (as chamadas ‘CoCo’ ‘bonds’, pelas quais paga juros anuais que começam em 9,5%) e 700 milhões de euros em ações, deixando o Estado com o controlo de cerca de 99% da instituição.

Em troca, o Banif ficou obrigado a fazer um primeiro pagamento de 150 milhões de euros ao Estado (o que aconteceu em agosto), para recomprar parte das ‘CoCo’, e mais 125 milhões de euros até final de 2013. O banco espera, atualmente, ‘luz verde’ do Banco de Portugal para fazer o novo pagamento e fechar esta matéria.

Ainda como contrapartida pela ajuda estatal, o Banif ficou obrigado a realizar um aumento de capital de 450 milhões de euros, que ficou hoje concretizado com esta última operação de 138,5 milhões de euros, pelo que o Estado vê a sua participação reduzida a 60,57% do capital e 49,41% dos direitos de voto, regressando o controlo do banco a mãos privadas.

Os acionistas do Banif aprovaram ainda as contas de 2013, exrcício em que o ano teve um prejuízo de 470,3 milhões de euros.