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Contra ventos e marés

Ella Jean Fitzgerald nasceu a 25 de Abril de 1917 em Newport News, na Virginia, filha de William Fitzgerald, um trabalhador ferroviário, e Temperance (“Tempie”) Williams, uma lavadeira. Os pais não eram casados e quando Ella tinha dois anos e meio, William Fitzgerald abandonou a família. Em 1921, Temperance e o seu novo companheiro, o emigrante português José da Silva, mudaram-se para Yonkers, no estado de Nova Iorque. Temperance teria uma filha de José da Silva, Frances da Silva, nascida em 1923.

Na escola, Ella teve bom aproveitamento e revelou talento para dançar e cantar, chegando a anunciar aos seus colegas “um dia vão ver-me nos cabeçalhos dos jornais – vou ser famosa”. Tais aspirações sofreram rude golpe quando aos 15 anos perdeu a mãe, que sucumbiu aos ferimentos sofridos num acidente de viação, e terá começado a sofrer ou maus-tratos do padrasto (que, segundo Stuart Nicholson, em Ella Fitzgerald: The complete biography, 2004, poderão ter incluído abuso sexual). Não se prolongaram por muito tempo, pois José da Silva faleceu de ataque cardíaco poucos meses depois. Valeu a Ella e a Frances a intervenção da tia Virginia, irmã de Temperance, que a levou para a sua casa no Harlem.

Harlem, anos 30

O aproveitamento escolar de Ella foi decaindo, pois ela fazia gazeta frequentemente, preferindo ganhar algum dinheiro a vender lotaria clandestina para a Mafia, fazendo uns números de dança na rua, em troca de uns cêntimos, e até funcionando como vigia para alertar as “mulheres da vida” da aproximação da Brigada de Costumes. A gazeta às aulas e as actividades a que se entregava acabaram por resultar no seu envio para um reformatório, cuja rude disciplina a levou a fugir, passando a viver na rua e obtendo dinheiro a dançar e cantar na rua.

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O que arrancou Ella a este mundo sem horizontes foi uma “Amateur Night in Harlem”, um concurso de talentos que tinha lugar no Apollo Theater. A ideia da adolescente era apresentar-se como dançarina, mas ficou intimidada com o alto nível das Edward Sisters, que tinham actuado antes, e, à última hora, mudou de planos: cantou “Judy” e “The object of my affection” e ganhou o primeiro prémio – 25 dólares. Mais tarde, diria que nesse momento percebeu que “queria cantar para as pessoas durante o resto da minha vida”. Estávamos a 21 de Novembro de 1934.

O primeiro prémio também deveria proporcionar um contrato com o Apollo Theater para uma semana de actuações, mas o aspecto desmazelado da jovem levou a que essa recompensa lhe fosse negada. Porém, Benny Carter, o líder da orquestra com a qual Ella cantara, ficou impressionado com o seu talento e recomendou-a ao baterista e líder de banda Chick Webb. Ella, que entretanto conseguira cantar durante uma semana com a banda de Tiny Bradshaw na Harlem Opera House, juntou-se, alguns meses depois, à orquestra de Webb embora as condições não muito favoráveis: à experiência, sem pagamento, durante duas semanas. Ella actuou pela primeira vez com a orquestra de Webb na Universidade de Yale, no dia 8 de Março de 1935 e, ainda nesse mês, fez a sua primeira actuação radiofónica. Webb e os músicos reconheceram o talento da jovem cantora, que foi como que adoptada pela banda (embora não seja verdade, como por vezes consta, que Webb e a esposa adoptaram formalmente Ella).

Ella e Chick Webb

A caminho do topo

A 12 de Junho de 1935, Ella entrou em estúdio pela primeira vez, para gravar “I’ll chase the blues away” e “Love and kisses”, para a Brunswick. Em 1936 conseguiu obter alguma notoriedade, com uma gravação de “Sing me a swing song (and let me dance)”, em 1937 participou numa “Battle of the Bands” (uma modalidade frequente dos anos do swing) no Savoy Ballroom, “contra” a banda de Count Basie e Billie Holiday, e em 1938 logrou o seu primeiro grande êxito com “A-tisket-a-tasket”, uma velha canção de roda para a qual a própria Ella escreveu uma nova letra. Estava longe de ser uma obra-prima, do ponto de vista musical ou lírico, mas Ella injectou-lhe nova vida e a canção esteve 10 semanas no 1.º lugar do top de vendas e acabaria por ficar ligada a Ella para toda a carreira.

[Primeira aparição de Ella no cinema, cantando “A-Tisket-a-Tasket” em Ride ‘em Cowboy (1942), um filme de Abbott & Costello, uma dupla que costumava inserir um número musical com entertainers negros nos seu filmes; note-se que a realização coloca Ella a viajar no fundo do autocarro, como se exigia aos negros na América segregacionista pré-Rosa Parks]

Ainda em 1938, a dupla Ella/Webb obteria novo sucesso com “Wacky dust”, uma canção que faz uma apologia explícita da cocaína – “It gives you a feeling so breezy/ And, oh, it’s so easy to get […] I gets you so high/ Putting a buzz in your heart/ You’ll do a marathon/ You’ll wanna go/ Kickin’ the ceilin’ apart” – mas Webb faleceu poucos meses depois, a 16 de Junho de 1939.

[O clássico “St. Louis Blues”, por Ella e a orquestra de ChickWebb, ca. 1939, no Savoy Ballroom, Nova Iorque]

Ella, que possuía forte determinação, ficou à frente da banda, mas, numa época em que estavam vedadas às mulheres posições de liderança no mundo musical (e no outro), teve grandes dificuldades em impor-se aos músicos – é preciso não esquecer que, para mais, era muito jovem.

Ella em 1940, com 23 anos

É possível que a espinhosa gestão da banda lhe tenha criado uma necessidade de estabilidade que a empurrou, em 1941, para um precipitado casamento com Benny Kornegay, um trabalhador das docas que depois se apurou ter um passado de problemas com a justiça e um carácter mais que duvidoso – Ella obteria a anulação do casamento passadas poucas semanas.

Em 1942 a ex-banda de Webb dissolveu-se e Ella teve sucessivas associações com Bill Kenny & The Ink Spots, com quem gravou dois êxitos em 1944, Louis Jordan e os Delta Rhythm Boys e gravou em duo com Louis Armstrong. Em 1945-46 uma nova linguagem jazz – o bebop – começou a despontar e Ella foi logo atraída para ela, associando-se à banda do trompetista Dizzy Gillespie, um dos arautos do bebop; fizeram tournées juntos e lograram esgotar o Carnegie Hall.

[“How high the moon”, um standard de Morgan Lewis/Nancy Hamilton, num registo de 1947 para a Decca, com notável improvisação em scat]

Em 1947, Ella gravou, com Bob Haggart, uma versão de “Oh! Lady be good”, em que dá uma lição magistral de scat singing (improvisação vocal sem palavras, num registo análogo ao dos solistas de sopros). O scat de Ella nesta canção não só é um paradigma para outros cantores, como é de uma vitalidade, audácia e agilidade que poucos saxofonistas e trompetistas podem igualar.

[“Oh! Lady be good”, registo de 1947 para a Decca; note-se que a meio do scat Ella introduz uma menção à “sua” canção-bandeira “A-tisket-a-tasket”]

A 10 de Dezembro de 1947, em Youngstown, Ohio, a meio de uma tournée com Gillespie, Ella casou-se com o contrabaixista da banda, Ray Brown, pouco conhecido à data, mas que viria a ter uma longa e preenchida carreira.

Ella Fitzgerald com a banda de Dizzy Gillespie, no clube Downbeat, 1947, foto de William Gottlieb. Gillespie escuta Ella, enlevado, com a cabeça apoiada na mão, à direita; o contrabaixista por trás de Ella é Ray Brown

Nos primeiros anos da década de 1950, Ella foi alternando bebop com interpretações “clássicas” de standards – o seu primeiro álbum foi Ella sings Gershwin (1950, Decca), apenas com o acompanhamento do piano de Ellis Larkins, fórmula que se repetiria em Songs in a mellow mood (1954, Decca), também preenchido com standards.

Apesar do gosto da cantora pelo bebop e da facilidade com que dominara a sua linguagem, a popularidade do género estava restrita a um nicho de conhecedores e não havia muitos locais dispostos a aceitar cantores neste estilo. Em 1949, Norman Granz, o promotor do Jazz at the Philharmonic, transformou Ella numa das atracções principais desta série de concertos itinerantes, contando frequentemente com o apoio do Oscar Peterson Trio, de que fazia parte Ray Brown.

[“Flying home”, uma composição de Benny Goodman, Lionel Hampton e Syd Robin, por Ella ao vivo em Setembro de 1949, no Carnegie Hall, num concerto da série Jazz at the Philharmonic; o acompanhamento é de luxo: Roy Elridge (trompete), Tommy Turk (trombone), Charlie Parker, Lester Young e Flip Phillips (saxofones), Hank Jones (piano), Ray Brown (contrabaixo) e Buddy Rich (bateria)]

Granz reconhecia em Ella um talento colossal e estava decidido a imprimir um novo rumo à sua carreira, direccionando-a para um repertório exclusivo de canções do American Songbook. Granz tornou-se no manager da cantora, mas foram precisos anos de negociações para cortar os laços da cantora com a Decca e só em 1955 Granz, que já tivera experiência editorial com a Clef (fundada em 1946) e a Norgran (fundada em 1953) conseguiu “raptar” Ella para a sua nova editora, a Verve. Entretanto, em 1953, o casamento com Brown dissolvera-se, incapaz de resistir à divergências das agendas do casal – Ella com as suas intensas tournées a solo, Brown como membro do também muito solicitado Oscar Peterson Trio.

Os Songbooks

A Verve viria a tornar-se numa das mais influentes editoras de jazz dos anos 50 e do início dos anos 60, mas, na origem, a intenção era “apenas” ser o veículo para os discos da “nova” Ella. Granz concebeu a ideia de álbuns consagrados aos grandes compositores do American Songbook, com o fito de promover Ella e fazer com que o seu prestígio extravasasse o estatuto da cantora “de culto” entre um grupo restrito de apreciadores de jazz, mas tendo o cuidado de os arranjos conferirem, aqui e ali, um toque jazzístico às canções.

[“All through the night”, canção de abertura do Cole Porter Song Book]

Granz escolheu Cole Porter para inaugurar a série e convocou uma orquestra dirigida e arranjada por Buddy Bregman, onde figuravam grandes músicos como Harry “Sweets” Edison, Pete Candoli e Maynard Ferguson nas trompetes, Herb Geller, Bud Shank e Bob Cooper nas palhetas e Barney Kessel na guitarra. O duplo álbum (uma modalidade pouco frequente no jazz de então) foi gravado em Fevereiro-Março de 1956, em Hollywood, e lançado nesse ano.

[“Beguin the beguine”, do Cole Porter Song Book]

Os arranjos de Bregman combinam a sumptuosidade orquestral com a frescura do jazz e Ella exibe uma voz cremosa, flexível e de afinação irrepreensível, um à-vontade absoluto (algumas das canções foram gravadas logo à primeira take), prosódia sofisticada e uma dicção perfeita. Granz foi a casa de Cole Porter e fê-lo ouvir o álbum completo – no fim, o compositor comentou “Que dicção maravilhosa tem esta rapariga!”. Com efeito, Ella tinha o dom de tornar perceptível a letra das canções, da primeira à última palavra, embora seja difícil perceber como o desenvolveu uma rapariga de origens tão humildes e com tão escassa educação formal. É curioso que, no nosso tempo, muitas cantoras que se dizem admiradoras de Ella combinem afinação periclitante, prosódia desleixada e dicção pastosa e ininteligível e o seu canto soe como um miado afectado.

[“Ev’ry time we say goodbye”, do Cole Porter Song Book]

Não é por falta de exemplos, pois, sob a supervisão de Granz, com a colaboração dos melhores arranjadores e músicos de sessão e em registos sonoros de soberba qualidade para os padrões da época (e que ainda hoje soam muito bem), Ella gravou largas dezenas de standards dos melhores compositores americanos.

[“Caravan”, composição de Juan Tizol e Duke Ellington, por Ella e a orquestra de Ellington]

Ao todo, foram oito Songbooks, que não podem faltar em qualquer discoteca que se preze: Rodgers & Hart (em 1956, com a orquestra de Buddy Bregman), Duke Ellington (1957, com a orquestra do próprio Ellington), Irving Berlin (1958, com a orquestra de Paul Weston), George & Ira Gershwin (1959, com a orquestra de Nelson Riddle), Harold Arlen (1961, com a orquestra de Billy May), Jerome Kern (1963, com a orquestra de Nelson Riddle) e Johnny Mercer (1964, com a orquestra de Nelson Riddle).

8 fotos

Se o Songbook de Cole Porter bastaria, por si só, para que Ella ficasse na história do jazz, o conjunto dos oito Songbooks é um monumento ímpar, cuja pertinência se estende, sem sinais de erosão, até ao presente e que, se ouvido atentamente, deveria inspirar nas cantoras que se seguiram um temor reverencial e dissuadir boa parte delas de pegar em canções a que Ella deu tão magistrais interpretações.

[“But not for me”, do George & Ira Gershwin Songbook]

https://youtu.be/W0827YQS14o

Claro que o jazz vive, mais do que qualquer outro género, do cunho pessoal e criativo de cada intérprete e não existem interpretações “definitivas” e nem Ella está acima de reparos. É, por exemplo, legítimo apontar-lhe, pontualmente, alguma falta de pathos: apesar de ser uma cantora inteligente e atenta ao conteúdo das letras, a genuína alegria e vitalidade que injecta no acto de cantar, faz com que nem sempre as canções mais sombrias ganhem a dimensão trágica de que Billie Holiday era capaz.

Uma carreira longa e profícua

A produção discográfica de Ella para a Verve nestes anos em que estava no auge das capacidades vocais, esteve longe de se circunscrever aos Songbooks: entre muitos discos há a destacar os encontros com Louis Armstrong – Ella and Louis (1956), Ella and Louis again (1957), ambos com a participação do quarteto de Oscar Peterson, e Porgy and Bess (1957), integralmente preenchido com excertos da ópera homónima de George Gershwin e com acompanhamento de uma orquestra dirigida e arranjada por Russell Garcia.

[“Cheek to cheek”, de Irving Berlin, por Ella Fitzgerald & Louis Armstrong, no álbum Ella and Louis]

Igualmente merecedores de atenção são os álbuns gravados com as orquestras de Frank DeVol – Like someone in love (1957) e Sings sweet songs for swingers (1959) –, de Marty Paich – Ella swings lightly (1958) e Ella sings Broadway (1963) –, de Nelson Riddle – Ella swings brightly with Nelson e Ella swings gently with Nelson (ambos de 1962) – e de Count Basie – Ella and Basie! (1963, reeditado como On the sunny side of the street). Após o triplo álbum com o Songbook de Ellington, Ella e Duke voltariam a encontrar-se num álbum de estúdio – Ella at Duke’s Place (1965) – e num álbum ao vivo no festival de Juan-les-Pins – Ella and Duke at the Cote d’Azur (1966).

[“I won’t dance”, de Jerome Kern/Oscar Hammerstein II/Otto Harbach, por Ella e a orquestra de Nelson Riddle, em Ella swings brightly with Nelson]

A efervescência natural de Ella e o seu talento para a improvisação e para o scat funcionavam particularmente bem nos espectáculos ao vivo, com acompanhamento limitado a piano, contrabaixo e bateria, em contraste com as luxuriantes orquestras dos discos de estúdio. Essa faceta foi bem documentada nos álbuns Ella in Berlin: Mack the Knife (1960), Ella in Hollywood (1961) e Ella in Hamburg (1965). Seriam, posteriormente, repescadas várias gravações ao vivo inéditas desta época, que não acrescentam muito ao conhecimento da cantora: Ella in Rome: The birthday concert (1958), Live at Mister Kelly’s (1958), Ella returns to Berlin (1961).

[“Mack the Knife”, de Kurt Weill/Bertolt Brecht, por Ella, no álbum Ella in Berlin: Mack the Knife]

Ella tinha um notável à-vontade em palco – costumava estar em tournée 40 a 45 semanas por ano – e quando acontecia esquecer-se da letra de uma canção – algo inevitável, dada a vastidão do seu repertório – improvisava uma e seguia em frente, sempre jovial e imperturbável.

O nível médio desta copiosa produção discográfica é assombrosamente alto, mas por meados da década de 1960 começam a surgir fissuras. Já em 1960, fora lançado Ella sings you a swingin’ Christmas, que nada tem de jazzístico e é um gritante desperdício do talento da cantora, mesmo que faça boa figura entre os típicos discos de Natal dos cantores-vedetas. Mais sintomático é o álbum Hello, Dolly! (1964), que inclui, entre os usuais standards, os êxitos “Volare” (“Nel blu, dipinto di blu”), de Domenico Modugno, e “Can’t buy me love”, dos Beatles, numa manifesta concessão à acelerada mudança de gostos que se operava então no meio musical, com o crescimento explosivo da popularidade do rock’n’roll e o concomitante declínio da popularidade do jazz em geral e da qualidade do jazz vocal em particular.

[“Satin doll”, de Duke Ellington/Billy Strayhorn, por Ella com a orquestra de Count Basie, em Ella and Basie!]

Entretanto, tinham ocorrido alterações de monta na Verve: em 1963, Norman Granz vendera a editora à MGM e fora substituído nas funções de produtor por Creed Taylor, que tinha uma visão mais comercial. Uma vez que Ella e o seu estilo de jazz vocal tinham deixado de ser uma mina de ouro, em 1967 o contrato de Ella não foi renovado. Nos cinco anos seguintes, Ella andou entre a Capitol, a Reprise e a Atlantic, com discos bem menos interessantes e mais espaçados no tempo. A década de 1970 trouxe-lhe vários problemas de saúde e os discos que gravou para a Pablo (a editora fundada por Granz em 1973) atestam a erosão das suas capacidades vocais. Os problemas de saúde foram multiplicando-se e Ella registou o seu derradeiro disco de estúdio em 1991 e apresentou-se ao vivo pela última vez em 1993. A sua produção dos anos 80 e 90, embora muito premiada e aclamada pela crítica, é uma sombra do que fez entre meados da década de 50 e meados da década de 60.

[“Let’s face the music and dance”, do Irving Berlin Songbook]

Epílogo

Ella morreu em 1996, com 79 anos, na sua mansão de Beverly Hills. As suas biografias costumam realçar que recebeu 13 Grammy Awards e, em 1967, um Grammy honorário pela sua carreira, mas tais galardões são apenas um certificado de sucesso comercial, nada dizem sobre o real valor de um artista. Bem mais significativo do que qualquer Grammy ou que o doutoramento honoris causa que lhe foi conferido em 1990 pela Universidade de Harvard e que as dezenas de medalhas e distinções formais, vale o elogio que lhe fez o colega Frank Sinatra: “Se Ella fosse um instrumento, seria a orquestra completa. A sua voz pura e quase infantil já é uma melodia em si mesma […] Ella é a perfeição musical”. Ou este outro, deixado por Ira Gershwin, ao escutar as versões de Ella: “Nunca tinha percebido quão boas eram as nossas canções até ter ouvido Ella Fitzgerald cantá-las”.

[“Let’s call the whole thing off”, do George & Ira Gershwin Songbook]