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2015. Que resposta tiveram as 10 questões para a economia?

À entrada de 2015, mostrámos-lhe quais eram as 10 questões para a Economia e para os mercados globais. Conheça as respostas que cada uma delas teve (ou não).

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Que resposta tiveram as 10 grandes questões para os investidores em 2015? Como se esperava, o ano que agora termina foi fértil em acontecimentos importantes para a economia global, decisivos para a população em geral e não apenas quem investe parte das poupanças nos mercados financeiros. Uma por uma, e antes de lhe apresentarmos a próxima edição deste trabalho – a olhar para 2016 –, vamos olhar para as respostas que cada uma das questões teve.

Mario Draghi puxou mesmo da “bazuca”?

Mario Draghi, presidente do BCE, garante que os estímulos monetários estão a chegar à economia. Mas não chega, todos concordam.

JULIEN WARNAND/EPA

Sim, puxou. E de que maneira. Apesar da forte oposição interna do governador alemão, que defende que os estímulos do BCE alimentam a complacência dos governos europeus no que diz respeito às reformas e à redução dos défices, Mario Draghi conseguiu reunir consensos e combater resistências para avançar com o programa de compra de dívida pública a 22 de janeiro. Foi logo no início do ano e agora, perto do final de 2015, o programa já foi alvo de um reforço.

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Foi, como se previa, um dos grandes temas nos mercados em 2015, com impactos cruciais para toda a economia europeia. O BCE garante que o programa está a contribuir para o aumento do crédito na economia. Mas, provavelmente, o efeito mais importante (ainda que não declarado como objetivo pelo BCE) tem sido a desvalorização do euro, que torna as economias europeias mais competitivas no comércio global.

Além da questão cambial, o programa do BCE está a ser um autêntico bálsamo para os mercados de dívida pública, limitando o impacto de episódios de incerteza, e ajudou, também, as ações europeias a terem um ano positivo. Porém, um ano depois, e apesar do recente reforço, continuam as dúvidas sobre que benefícios duradouros estes estímulos do BCE podem ter se não forem acompanhados de reformas estruturais que permitam aumentar o investimento nas economias.

A economia da zona euro surpreendeu pela positiva?

Como previam alguns analistas citados no trabalho publicado há um ano, a economia europeia mostrou-se resiliente em 2015.

Miguel Villagran

Sim. A economia europeia acabou por crescer mais, em 2015, do que se previa no final do ano passado. E para esse desempenho foi decisiva a atuação do BCE referida no ponto anterior. Era devido ao BCE, aliás, que os analistas diziam no final de 2014 que o ano seguinte – 2015 – seria um ano com um crescimento mais positivo do que alguns organismos estavam a prever.

Havia, no final de 2014, economistas que acreditavam que a zona euro não cresceria muito mais do que 1%. O FMI apontava para uma taxa de crescimento de 1,3%, algo que não parece provável dado que, segundo o Eurostat, o Produto Interno Bruto (PIB) da zona euro cresceu 1,6% no terceiro trimestre (na comparação com o mesmo período do ano anterior). A descida do preço do petróleo (ver ponto mais à frente) e a desvalorização do euro terão sido decisivos para este crescimento acima do esperado.

“Em 2015, a economia europeia mostrou ser bastante resiliente aos choques externos”, entre os quais o abrandamento das economias emergentes, salientam os economistas do Morgan Stanley. Isso fará, como reconhecem os especialistas, com que a economia cresça cerca de 1,5%, mais do que os 1,3% que o Morgan Stanley previa. Há que salientar, contudo, que os indicadores mais recentes comprovam que o fulgor da economia foi maior na primeira metade do ano do que na segunda.

Para onde foi, então, a política grega?

2015 ficou marcado pelo confronto entre o Syriza e os credores europeus, como já se adivinhava no final de 2014.

SIMELA PANTZARTZI/EPA

Três parágrafos não chegam para resumir o papel central que teve a política grega em 2015, o que já se previa no final de 2014 quando ficou claro que Antonis Samaras iria cair e o partido de esquerda radical Syriza iria subir ao poder. O Syriza viria a ser eleito, precisamente, três dias depois do anúncio, pelo BCE, do programa de expansão monetária, o que limitou o potencial para aquilo que os investidores temiam: o velho conhecido contágio, em que situações de instabilidade num país do sul da Europa arrastavam todos os outros.

Ainda assim, a dupla Tsipras/Varoufakis acrescentou um clima de confronto e polarização de opiniões que marcou a história desta crise europeia. Mesmo antes de o Syriza ser eleito, esta questão já agitou os investidores europeus quando uma “fonte próxima” do governo de Merkel e Schäuble disse à Der Spiegel, logo no início do ano, que a Grécia tinha aberto a porta de saída caso quisesse utilizá-la.

Depois da vitória do Syriza veio o confronto inicial. Seguiu-se o acordo para a extensão do programa (a 20 de fevereiro) – mas o alívio desse acordo durou muito pouco e as tensões subiram no verão de forma impressionante. Schäuble chegou a propor uma saída temporária da Grécia da zona euro e o fracasso das negociações levou à marcação do referendo (para 5 de julho) e aos controlos de capitais da Grécia. Na sequência, Varoufakis demitir-se-ia, antecedendo a assinatura do terceiro resgate, com novas eleições pelo meio, em que Alexis Tsipras conseguiu purgar o Syriza dos membros mais radicais e continuar na liderança do governo.

Que impacto tiveram as eleições em Portugal (e não só)?

A incerteza que se seguiu às eleições em Portugal foi, até certo ponto, "abafada" pelo reforço dos estímulos do BCE.

© Hugo Amaral/Observador

2015 foi ano de eleições em vários países da zona euro, incluindo os mais fragilizados pela crise da dívida. Depois da Grécia, em janeiro (e, depois, em setembro), houve eleições em Portugal e, mais recentemente, em Espanha. Houve, ainda, a vitória retumbante de David Cameron no Reino Unido e a subida ao poder da direita eurocética na Polónia.

Com os mercados dormentes devido aos estímulos do BCE, todos estes acontecimentos acabaram por não ter um impacto imediato nos mercados financeiros. Ainda assim, como lhe demonstrámos na altura, a bolsa e o mercado de dívida sentiram o efeito da incerteza que marcou o pós-eleições em Portugal. Notou-se, também, o efeito das eleições na Catalunha, com a fragmentação dos votos a criar um dos maiores pontos de interrogação para a economia à entrada em 2016 – eleições antecipadas no segundo trimestre são o cenário mais provável, aos olhos dos analistas.

A política continua no centro das atenções na Europa porque, como afirmou o HSBC este mês, o fim da austeridade na zona euro – graças aos estímulos do BCE e a uma Comissão Europeia mais flexível nas metas do défice – cria uma oportunidade para a redenção na união monetária ou, em alternativa, para uma explosão espetacular.

O mundo mostrou estar preparado para a primeira subida dos juros nos EUA?

Janet Yellen e a Reserva Federal dos EUA decidiram finalmente, em dezembro, subir a taxa de juro de referência.

Drew Angerer

Há vários meses que se tornou claro que a Reserva Federal dos EUA estava prestes a subir a taxa de juro pela primeira vez desde a crise financeira. Esse foi, logo no final de 2014, identificado como o acontecimento que teria maior impacto não só para a maior economia do mundo – os EUA – como para o resto do mundo.

Em setembro, quando alguns analistas previam a primeira subida, o Observador questionou: “O mundo aguenta?“. A resposta, até ao momento, tem sido: não tem outro remédio. Porquê? Porque o banco central norte-americano deixou de ver na economia nacional a necessidade para o mesmo tipo de política monetária que existia no pico da crise, dados os indicadores de crescimento e de criação de emprego.

A subida acabaria por surgir em dezembro, num ano marcado por elevados fluxos de capitais. O Brasil é o melhor exemplo de um país com as contas externas desequilibradas cuja economia e moeda local se ressentem do regresso a casa de muitos dólares, o que acontece ao mesmo tempo que as receitas do petróleo caem. Nos últimos meses, em parte devido a estes dois fatores, começaram a faltar, também, dólares em Angola.

Vladimir Putin voltou a ser figura de destaque nos mercados?

Putin "esteve em todas" em 2015 mas acabou por não ser a fonte de instabilidade financeira que alguns analistas temiam.

AFP/Getty Images

Menos, talvez, do que se antecipava no final de 2014. O que não significa que a Rússia não tenha sido notícia em 2015, não só pela recessão causada pela baixa dos preços do petróleo e pelas sanções europeias mas, também, pelo papel central em todas as questões geopolíticas, a começar pela queda do avião MH17 e a questão na Crimeia, passando pelo Irão e pela Síria, na Turquia e, até, na Grécia.

Pensando melhor: Putin foi, efetivamente, uma figura central nas notícias em 2015. A recessão económica é profunda mas, apesar de tudo, há a sensação de que o pior já terá passado e, a certa altura, o rublo russo era a moeda mundial que mais se valorizava em 2015. Entretanto, voltou a cair na segunda metade do ano, mas nada que se compare com a derrapagem do ano anterior.

Putin foi protagonista mas, na verdade, acabou por não ser a fonte de instabilidade financeira mundial que os analistas previam no final de 2014. Recorde-se que a gestora de ativos BlackRock dizia que “um conflito latente” entre a Rússia e outros países – sobretudo a Ucrânia – já estava descontado pelos mercados. O risco era que houvesse “uma escalada (improvável) do conflito”, que teria repercussões graves para as bolsas e para as economias mundiais.

Os preços do petróleo continuaram, mesmo, a cair?

O preço do petróleo parece não ter fundo à vista, sobretudo depois do resultado da última reunião da OPEP.

AFP/Getty Images

Continuaram, sim. E, na realidade, ainda não pararam de cair, sobretudo depois de a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) ter novamente resistido a cortar as quotas de produção para conter a hemorragia do preço do petróleo. A decisão enquadra-se na estratégia da OPEP – em especial, da Arábia Saudita – de sacrificar o preço em prol de uma conquista de posição no mercado, um tiro que, para alguns analistas, está a sair pela culatra.

A queda do preço do petróleo está, por um lado, a dar um impulso às economias desenvolvidas. Mas está a ser um pesadelo para países como a Venezuela e Angola, para não falar da Rússia e do Brasil. Como se previa, portanto, o preço do petróleo caiu dos cerca de 60 dólares por barril a que era negociado no final do ano passado para cerca de 35 dólares após esta decisão.

Chegámos, portanto, a uma encruzilhada com implicações vastíssimas para as economias de todo o mundo – não estivéssemos nós, é claro, a falar de preços da energia. A queda que já se verificou tem contribuído para a ausência de inflação nas maiores economias e já tirou mais de um bilião de dólares ao valor das ações de petrolíferas em todo o mundo, segundo a Reuters.

A “aterragem” da China mostrou estar a ser controlada?

O Presidente chinês, Xi Jinping, está a liderar uma transição delicada na economia chinesa.

Getty Images

Esta é, eventualmente, a questão mais importante para a economia global nesta década. Mas ainda não teve resposta. O que não impede que os bancos de investimento estivessem – também aqui – corretos ao afirmar que a China iria ser o grande tema de 2015. Entre o final de junho e início de julho, quando todas as atenções estavam viradas para a Grécia (que estava com um pé fora da zona euro), gerou-se subitamente uma crise grave na China que viria a marcar o verão.

O caos que se gerou na bolsa chinesa nessa altura partiu de alguns sinais pouco animadores sobre a economia do país. Porém, ao contrário do que aconteceu noutras ocasiões, em que saíram indicadores económicos preocupantes sobre o crescimento, desta vez foi mais a desconfiança entre os investidores sobre a capacidade das autoridades de assegurar que um abrandamento da economia não se transforme na temida “aterragem brusca”.

A China está a tentar gerir a transição do modelo económico, reduzindo a preponderância das exportações e estimulando a procura interna. Mas as autoridades viram-se obrigadas a cortar o valor da moeda chinesa, através de uma série de intervenções no mercado cambial que fizeram soar os alarmes em todos os mercados mundiais. O que não surpreende, dada a importância do motor que tem sido a segunda maior economia mundial.

A economia japonesa conseguiu voltar a arrancar?

Shinzo Abe voltou a ver a economia japonesa cair em recessão técnica no terceiro trimestre.

KIMIMASA MAYAMA/EPA

Como se temia, nem por isso. A economia japonesa voltou a cair em recessão técnica no terceiro trimestre, penalizada por uma quebra do investimento que mostra que os empresários japoneses não estarão a dar ouvidos ao repto de Shinzo Abe, que os incentivou a investir. O primeiro-ministro vê a economia cair em recessão pela segunda vez desde dezembro de 2012, altura em que foi eleito para lançar uma política de estímulos de “tudo ou nada”, que ficou conhecida como Abenomics.

A recessão técnica terá sido um reflexo do desânimo dos empresários japoneses, perante a desaceleração na China e as perspetivas menos animadoras para algumas das principais economias mundiais. E poderá criar pressão sobre Shinzo Abe e o governador do banco central, Haruhiko Kuroda, para que sejam reforçados os estímulos à economia – entre os quais, estímulos monetários e reforço do investimento público.

Mas já há especialistas que veem nestes dados a confirmação de que a Abenomics continuará a produzir resultados pouco impressionantes. “Este relatório ilustra o risco crescente de que a economia japonesa irá continuar o seu desempenho dececionante”, disse à Bloomberg Atsushi Takeda, economista em Tóquio. “A fragilidade no investimento está a tornar-se uma preocupação cada vez maior. Ainda que os planos [do governo] sejam sólidos, as empresas simplesmente não mostram ter confiança na resiliência da economia interna e externa”. Ainda assim, a bolsa de Tóquio caminha para fechar o ano com uma valorização a rondar os 10%.

O "cisne negro" de 2015 foi o escândalo das emissões poluentes, com a "gigante" Volkswagen a apanhar os investidores desprevenidos.

DANIEL BOCKWOLDT/EPA

Qual foi o “cisne negro” de 2015?

Já se sabia que, como sempre, iria haver um “cisne negro”. Acabou por haver, até, mais do que um acontecimento imprevisto que demonstra a importância de ter uma carteira de investimentos diversificada. O cisne negro de 2015 na economia e nas empresas foi o quase colapso das ações de uma das maiores fabricantes de automóveis do mundo, que apanhou desprevenidos todos os investidores internacionais.

É certo que a crise dos refugiados e os atentados terroristas (Charlie Hebdo, 13 de novembro em Paris, entre outros) terão sido os acontecimentos mais marcantes para as sociedades ocidentais no ano que agora termina. Mas esse risco, intrinsecamente imprevisível, já tinha sido sinalizado pelos analistas, no final de 2014, como um dos possíveis cisnes negros de 2015.

O que ninguém previa, contudo, era que a gigante Volkswagen fosse apanhada num escândalo empresarial que entrou para a História e do qual a empresa alemã ainda está a tentar recuperar. As ações caíram mais de 40% no espaço de alguns meses, desde que rebentou o escândalo. Um pouco por todo o mundo, os investidores sofreram com a exposição às ações e obrigações da fabricante alemã. O caminho para a recuperação, do ponto de vista do investimento e da imagem da marca, será longo.

Sobre as perspetivas daqui para a frente, leia o texto que iremos publicar nos próximos dias sobre as principais questões para 2016.

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