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André Akkari: "O póquer precisa de malandragem"

Começou a jogar em 2005 e é hoje um dos maiores embaixadores do póquer no Brasil e na America Latina, um jogo que, diz, precisa de "samba" e "ginga". André Akkari, em entrevista ao Observador.

“Para jogar póquer é preciso ser um bom conhecedor do ser humano. Recebo muitos emails de pessoas muito novas, com 13 ou 14 anos, querendo virar jogador de póquer profissional. Dificilmente dá certo, porque a pessoa não tem experiência de vida. Não conhece muito o ser o humano. E isso faz diferença”.

André Akkari, jogador de póquer profissional brasileiro, sabe do que fala. O paulista começou a jogar póquer em 2005, aos 30 anos, depois de a empresa onde trabalhava ter sido convidada para desenvolver um trabalho para um site de póquer internacional. “Na época, estava muito mal financeiramente. Tinha acabado de comprar casa e tinha nascido a minha primeira filha”, conta. Descobriu o póquer, comprou os primeiros livros e, um ano depois, tornava-se profissional. Teve uma ascensão meteórica. Em 2007, era já líder do ranking de melhores jogadores de póquer online em toda a América Latina. O ano de 2011 seria o ano de consagração.

Foi nesse ano que que venceu um torneio da World Series of Poker, em Las Vegas, o principal circuito de póquer mundial. Era o segundo na história do Brasil a alcançar essa façanha, escancarando as portas do mercado brasileiro. “Hoje, tenho resultados, paguei a minha casa com o meu jogo, paguei as escolas da minhas filhas com o meu jogo. Sou um cara muito mais ciente do que fiz, muito orgulhoso da minha carreira”, nota em entrevista ao Observador, à margem do PokerStars Championship Bahamas, que decorreu entre 6 a 14 de janeiro, em Nassau.

André Akkari no torneio que o consagrou como um dos nomes a ter em conta no póquer mundial

A transição do online para o póquer ao vivo, no início da carreira, não foi fácil, reconhece. “É difícil. Demorei algum tempo a adaptar-me. No póquer online você joga muitas mesas ao mesmo tempo, está sempre com ação. Quando vens jogar ao vivo fica faltando adrenalina. Queres jogar mais mãos do que deverias jogar porque estás habituado a ter emoção a todo o momento. Então, precisas de uma adaptação, precisas de ter mais paciência. É preciso disciplina, para estudar, para controlar o dinheiro, paciência para jogar. O póquer é um jogo de paciência. Se você for um cara que quer puxar todos os pots, a todo momento, você vai acabar por ser eliminado”.

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Além disso, continua André Akkari, no póquer online os jogadores têm acesso a informações que no póquer ao vivo não têm, como estatísticas e outro tipo de dados que ajudam a tomar as melhores decisões nos momentos determinantes. No póquer ao vivo, ainda assim, há um dado de leitura fundamental: os sinais corporais que os outros jogadores vão transmitido. E é isso que faz do póquer um jogo especial, sublinha o brasileiro.

"Recebo muitos emails de pessoas muito novas, com 13 ou 14 anos, querendo virar jogador de póquer profissional. Dificilmente dá certo, porque a pessoa não tem experiência de vida. Não conhece muito o ser o humano"
André Akkari

Quando falou com o Observador, André Akkari já tinha sido eliminado do principal evento do PokerStars Championship Bahamas. Mas a conversa flui bem, com o sotaque brasileiro de Akkari a fazer balançar as palavras de uma conversa que se fez em bom português. Daí, a pergunta: o póquer é mais MPB ou samba? A resposta estava na ponta da língua.

“Ah, o póquer é mais samba. O MPB é muito calmo para o póquer, é mais relaxante, mais intelectual. O póquer é intelectual, mas precisa de malandragem, de uma certa dose de ser jogador. Não adianta ser só técnico, ser só matemático. O póquer está cheio de matemáticos de formação que tentam jogar e não conseguem porque não têm jogabilidade. E o samba é o jogo, é um balanço, é um gingado. Acho que para jogar póquer é preciso isso”.

Mas na roda de samba do póquer nem tudo é alegria. E aqui cabem bem os versos de Caetano Veloso, um dos pais da grande família da música popular brasileira. “O samba é o pai do prazer / o samba é o filho da dor”.

O póquer profissional implica necessidade de resultados, perda e ganho de dinheiro e muita pressão. Tem muita media social envolvida e muita cobrança. As pessoas me cobram demais. Então quando eu vou mal num torneio, tomo porrada pra caramba. Algumas pessoas beneficiam com isso e outras sofrem. Normalmente quem mais sofre é a família. A minha é muito grata ao póquer, mas sofreu muito com isso. Eu tenho duas filhas e vi 50% do crescimento delas. Quando você passa dez dias em Barcelona, dois meses em Las Vegas, mais dez dias noutro lugar e outro dois meses noutro qualquer, algum preço tem de pagar”, assume André Akkari.

"O póquer está cheio de matemáticos de formação que tentam jogar e não conseguem porque não têm jogabilidade. E o samba é o jogo, é um balanço, é um gingado. Acho que para jogar póquer é preciso isso"
André Akkari

Olhando pelo retrovisor, o brasileiro desdramatiza. “Nada nessa vida é fácil. Para mim é balança é saudável. Tenho muito orgulho do que eu fiz, a minha família e os meus amigos também. Tem muita gente que trabalha de saco cheio e faz o que não gosta. Eu estou a jogar e sinto que não trabalho. Me sabe bem pra cacete”.

“O segredo da parada”, continua André Akkari, “é olhar o póquer com paixão”. “Se ficar olhando toda a hora quanto paga o torneio, não vai dar certo. Não é esse o caminho. Não é uma atividade que dê tanto dinheiro assim. Eu tenho o prazer de jogar, gosto de pensar nisso, gosto de ter esse combate de mentes na mesa e de pensar que a minha mente em algum momento venceu a mente de outra pessoa”.

Fora das mesas do póquer, André Akkari trava uma outra batalha: a luta pela regulamentação do jogo online no Brasil. “Na minha carreira, fui por dois caminhos: o caminho de jogar póquer, e tentar conseguir os melhores resultados; e o caminho de defender o póquer, de defender o desporto”. Tem sido um trilho difícil de percorrer, mas os primeiros resultados estão aí, e o brasileiro não esquece o exemplo português.

“Hoje em dia estamos mais perto de conseguir a regulamentação no Brasil, tal como teve em Portugal. Mas em Portugal era mais fácil, já tinha casinos. Brasil não tem histórico disso”. Nada que desmoralize o brasileiro. “Eu e outras pessoas comprámos essa briga e a gente está vencendo”. Se vencerem, o futuro do póquer mundial poderá vir a ser mais canarinho.

* O Observador viajou a convite da PokerStars

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