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Montagem de Maria Gralheiro

Montagem de Maria Gralheiro

Casa de ópera, danceteria, senhorio de La Féria. Quantas vidas cabem nos 85 anos do Rivoli

O Rivoli abriu a 20 de janeiro de 1932 para ser a casa de espetáculos de nível europeu que o Porto precisava. Entre ameaças de demolição, danceteria e uma privatização polémica, nem sempre conseguiu.

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Recordar os 85 anos de vida do Rivoli é contar a história do Porto. A construção do teatro, nos anos 1930, coincide com a pujança da cidade. Da Rua do Bonjardim, onde foi erguido, assistiu à abertura da Praça da Liberdade, da Avenida dos Aliados e da Praça D. João I, mesmo à sua frente. Sofreu a decadência dos anos 60 e 70. Ressurgiu após quatro anos de obras e com uma nova energia às portas da Porto 2001 Capital Europeia da Cultura. Definhou durante o Executivo de Rui Rio e acabou privatizado. Agora que o Porto aparece em cada guia dos melhores destinos turísticos e em que a Cultura é uma das principais apostas da Câmara Municipal, é a âncora cultural da Baixa, das artes cénicas aos ciclos e festivais de cinema. E tudo começou a 20 de janeiro de 1932.

Foi nesse dia que o Teatro Rivoli abriu as portas pela primeira vez. Os jornalistas da época viram “a última palavra em modernismo, em conforto e em bom gosto”. As linhas eram “harmoniosas” e o palco “dos maiores de Portugal”. A revista “O Tripeiro” de dezembro de 2006 mostra como os jornais da cidade não se inibiram de elogiar a obra do arquiteto Júlio José de Brito, que haveria de se tornar na “casa de espetáculos de nível europeu” que o Porto precisava. Para o espetáculo de inauguração veio de Lisboa a Companhia Rey Colaço-Robles Monteiro, com a comédia “Peraltas e Sécias”, e quem quisesse entrar tinha de pagar entre quatro e 60 escudos por um bilhete ou camarote. Foi há 85 anos.

No mesmo local, mas quase duas décadas antes, tinha havido outra inauguração, a do Teatro Nacional, em 1913. E parece ter ido memorável. “Centenas de espectadores sem bilhete invadiram a galeria pela porta das traseiras, na Rua do Bonjardim, retardando o início da segunda sessão para cerca da meia noite. (…) De qualquer forma, Maria Vitória, entusiasticamente aplaudida, foi a figura daquela noite inaugural de revista”, pode ler-se no livro Rivoli – Teatro Municipal (1913 – 1998), de José Gomes Bandeira.

O escritor e antigo jornalista do Jornal de Notícias colocou no título desse livro, publicado em 1998, a frase “Breve história de 85 anos de espetáculos e ação cultural”, mas, apesar de o edifício ser parcialmente o mesmo, são dois teatros diferentes. “O José Gomes Bandeira vê o Teatro Nacional e o Rivoli como uma história contínua. Se assim fosse, este ano estaríamos a celebrar o 104.º aniversário”, explica ao Observador Nuno Coelho, o designer que organizou a exposição “5ºCaderno – Ensaio sobre os Arquivos do Rivoli”, que abriu ao público este sábado no teatro, uma das muitas iniciativas gratuitas que celebram o 85.º aniversário

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“O edifício do Teatro Nacional era completamente diferente. Era maior, ia até aos Aliados e ocupava a atual Caixa Geral de Depósitos. O palco estava ao contrário”, afirma. Pode ver-se tudo isso numa planta do projeto na Casa do Infante, inserida na exposição “O Palco e a Cidade, Teatro do Porto 1850-1950”, patente até ao dia 27 de março.

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O edifício antes das obras da década de 1940. © D.R.

A história do Rivoli começa no final dos anos 1920, quando Manuel Pires Fernandes compra o Teatro Nacional e decide reestruturá-lo para o transformar numa sala maior e melhor. O projeto do que seria o Rivoli foi entregue ao arquiteto Júlio José de Brito e o teatro foi construído na mesma época em que se planeava a Praça D. João I. A ideia era acolher concertos, espetáculos de dança e de teatro. Distinguiu-se ainda como a casa de ópera da cidade.

O cinema era outra das artes que apaixonava cada vez mais os portugueses e o Rivoli não ficou parado. Logo no ano de inauguração, 1932, foi montado no auditório um sistema de projeção para cinema sonoro, uma inovação recente em Portugal. Foi fundamental, numa altura em que espaços como o Coliseu, o Teatro S. João e o Trindade apostavam cada vez mais na sétima arte em detrimento dos espetáculos de palco.

As décadas de 1940 e 1950 representam anos dourados na história daquela sala, graças a Maria Borges. A filha de Manuel Pires Fernandes assume o teatro como um projeto pessoal e dá ordem para que se façam algumas melhorias, tanto no exterior como no interior. A mais importante é o painel em baixo-relevo, da autoria do escultor Henrique Moreira, que ainda hoje se pode ver no topo da fachada.

No blogue Restos de Coleção, José Leite destaca o ano de 1946, com uma temporada que incluiu “oito óperas dirigidas por maestros de renome internacional”. Um número de fazer inveja ao Porto de 2017, que, apesar da intensa programação cultural, tem na ópera uma lacuna. No ano de 1946, José Leite destaca ainda “uma apresentação dos Ballet des Champs-Elysées”, com coreografia de Roland Petit. “O Porto conhecerá nos anos seguintes um ‘reinado’ de intenso movimento cultural“, escreve o autor.

Depois das salas cheias, um danceteria e a ameaça da demolição

Nomes como Maria Matos, Vasco Santana e Assis Pacheco, mas também grandes vultos da música, casos de Guilhermina Suggia, Orquestra Sinfónica de Viena e Pedro de Freitas Branco, são alguns dos nomes que pisaram o palco do Rivoli. Nas palavras de José Gomes Bandeira, o teatro foi “uma casa de espetáculos de nível europeu, graças à cultura e determinação da empresária Maria Borges”, com cinema, teatro, revista popular, ópera, música tradicional e sinfónica.” Como agradecimento pelo seu mecenato e dedicação, em 1948 a Câmara do Porto concede a Maria Borges a medalha de mérito da cidade.

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Construção da fonte luminosa na Praça D. João I em 1966, hoje extinta, mesmo em frente ao Rivoli. © Arquivo Municipal do Porto

Após um período áureo, a revista “O Tripeiro” recorda que as décadas de 1960-70 foram de decadência, com menos espetáculos e menos público. O facto de Maria Borges, que era casada com um dos banqueiros do banco Borges & Irmão, ter adoecido e ido viver para Lisboa, foi decisivo para o definhar do Rivoli. “No início dos anos 60 o banco Borges & Irmão ainda não teria desistido totalmente de um velho projeto de demolir o Rivoli e construir uma nova sede. Mas não terá avançado por falta de dinheiro”, explica Nuno Coelho. Após a morte da mecenas, em 1976, o Rivoli foi vendido pelos herdeiros a William Graham. Como o Banco Português do Atlântico (BPA) era credor de Graham, acabou por ficar com o teatro.

Nos anos 80 a degradação era notória e a ameaça de uma demolição voltou à tona. 

Em 1987, o BPA cedeu a exploração à empresa Explorações Turísticas Pinto Bandeira Lda. O título de uma notícia, citada por José Gomes Bandeira, antecipava um futuro duvidoso: “Vem aí uma danceteria“. “Dizia-se, de acordo com o empresário, que noutras cidades e países também se estava a dançar. Iniciaram-se de seguida as obras indispensáveis à nova ‘programação’, à qual a imprensa, em fevereiro de 1987, deu relevo anunciando que o baile de abertura contaria com a presença de Fafá de Belém e outros artistas“, pode ler-se no livro do jornalista.

“Antes das obras, o piso do grande auditório era plano e, para viabilizar economicamente o espaço, decidiram retirar as cadeiras e o Rivoli transformou-se numa danceteria”, confirma Nuno Coelho. Mas, apesar das obras feitas pelo novo concessionário, a degradação era notória e a ameaça de uma demolição voltou à tona.

O “Rivoli Vazio” e as salas cheias da Capital Europeia da Cultura

Perante a ameaça de demolição e a total descaracterização de um teatro que chegou a ser fundamental para a cidade, em abril de 1989 a Câmara Municipal do Porto, presidida pelo social-democrata Fernando Cabral, adquire o Rivoli. Em 1991, o socialista Fernando Gomes é eleito e cumpre a promessa de tornar o Rivoli um teatro municipal. Joaquim Faria Barreiros é chamado para a direção e é aprovado um projeto de reabilitação, da autoria do arquiteto Pedro Ramalho. As obras são de tal maneira profundas que obrigam ao encerramento do Rivoli em novembro de 1993. E só voltaria a abrir quatro anos depois. Durante esse longo período, o teatro passou a ser conhecido informalmente como “Rivoli vazio”.

Depois da inauguração de 1932, o equipamento teve uma segunda noite inaugural, símbolo do que deveria ser uma segunda vida. As portas abriram a 16 de outubro de 1997, já com o olho na Porto 2001 Capital Europeia da Cultura, e surpreendeu os presentes por terem sido retirados da sala principal os 17 camarotes e centenas de lugares, relata-se num artigo d'”O Tripeiro”. Em troca, ganhou um fosso maior para a orquestra, lugares mais confortáveis para o público, o pequeno auditório, uma sala de ensaios, um foyer de artistas, um restaurante, uma cafetaria e um café-concerto. Fernando Gomes foi claro no seu discurso: a sala era essencial para colocar o Porto “no roteiro das cidades médias europeias no domínio da oferta cultural“.

O grande auditório do Rivoli, após as grandes obras de 1993 - 1997. © Miguel Nogueira / CMP

© Miguel Nogueira / CMP

A tutela do novo teatro municipal pertencia à nova empresa municipal Culturporto, dirigida por Júlio Moreira. “A Culturporto estava sediada no Rivoli, mas também programava outras atividades da cidade”, conta Nuno Coelho. Isabel Alves Costa foi nomeada diretora artística em 1993 e por lá ficou, até 2006.

Durante a Porto 2001, o Rivoli acolheu boa parte dos espetáculos e eventos, pelo que a programação própria teve de ser encurtada. Por outro lado, Isabel Alves Costa destaca, num livro exaustivo que escreveu sobre o período do teatro entre 1989 e 2006, a atenção que foi possível dar à dança contemporânea. A companhia Rosas, de Anne Teresa de Keersmaeker, por exemplo, trouxe ao Porto três trabalhos. A companhia de Merce Cunningham também ali atuou .

Tiago Guedes não é do Porto, mas recorda-se de, a cada vinda à cidade, passar pelo Rivoli para assistir a alguns espetáculos, como o da companhia de Emmanuelle Huynh. Sobretudo, durante a Capital Europeia da Cultura. “Era a grande casa da dança“, afirma o atual diretor artístico do Teatro Municipal do Porto, do qual o Rivoli é a principal âncora. Da vasta oferta cultural da Porto 2001, o artigo da revista “O Tripeiro” destaca também o ciclo de cinema “Odisseia nas Imagens”, a apresentação de filmes-concerto de clássicos como “Fausto” e “Aurora”, de Murnau, e o ciclo “Chaplin”

“Foi um ano excecional porque se criou uma grande dinâmica na cidade”, recorda Nuno Coelho. Também por isso a diferença se tenha sentido tanto no ano seguinte. Também, mas não só. “Tinha havido uma programação muito intensa e depois tivemos um bocadinho o oposto.”

Rivolição

O oposto começa a ganhar forma em 2002, quando Rui Rio é eleito presidente da Câmara do Porto, sem maioria absoluta. “Mal foi eleito, desatou a atacar o que chamou os lóbis culturais da cidade”, escreveu o jornalista do Expresso Valdemar Cruz, citado no livro de Isabel Alves Costa. No dia seguinte à sua eleição, na Antena 1, Paulo Cunha e Silva, que tinha sido programador da Porto 2001, ironiza as declarações de Rio, que disse querer dinamizar os coretos da cidade –, “depois da capital europeia da cultura, vamos ter a capital europeia dos coretos.”

As dificuldades começam a ser mais acentuadas em 2003. A Culturporto assiste a um corte “de cerca de 40% no orçamento global da cultura”, a que se soma o fim do contrato de patrocínio do BPI. No artigo de opinião “Uma imensa tristeza cultural“, publicado a 2 de setembro de 2003, no jornal Público, João Paulo Seara Cardoso, fundador e diretor artístico do Teatro de Marionetas do Porto, traçava um quadro negro do ano cultural de 2003 no Porto:

“Hoje, a cidade do Porto vive uma imensa tristeza cultural. (…) os portuenses elegeram para presidente da Câmara uma pessoa que desde cedo viria a manifestar o mais profundo desprezo pelas artes, pelos criadores, pelos agentes culturais, pela cultura da cidade. (…) o Teatro Municipal Rivoli pode ser encarado como um paradigma da situação a que chegámos. Um teatro que vinha mantendo desde a sua abertura uma notável qualidade de programação e a preocupação de estímulo à atividade das companhias do Porto, tem vindo a atingir nos últimos tempos um estado de degradação preocupante.

O investimento na produção e na programação, razão de existir de um teatro público, é quase nulo e acabou o regime de coprodução, que era uma fórmula justa de aquisição de espetáculos. (…) Rui Rio ficará num recanto triste da história da cidade como o homem que definiu a animação dos coretos como prioridade da sua ação cultural, que se notabilizou com a máxima repugnante ‘quando ouço falar de cultura puxo logo da calculadora’ (…).

Os protestos contra a privatização do teatro incluíram pessoas barricadas e o nome de guerra "Rivolição". Foto: http://rivolucao.blogspot.pt/

© http://rivolucao.blogspot.pt/

Na sua investigação no arquivo do Rivoli, Nuno Coelho não encontrou informações sobre a taxa de ocupação das salas nessa época, mas recorda-se de ler que, pouco antes de Rui Rio extinguir a Culturporto, em janeiro de 2007, a empresa municipal reconhecia que só tinha orçamento para programar três espetáculos de dança por ano: um de uma companhia portuense, outro da Companhia Nacional de Bailado e outro de uma companhia estrangeira. “Três espetáculos de dança num ano é…”, lamenta. “Na minha leitura, [os cortes] eram um estrangulamento para alcançar um fim”. O da privatização.

No Dia Mundial do Teatro, surge publicado na secção de anúncios de arrendamento do Jornal de Notícias um anúncio sobre a venda, ou cedência para exploração, de um teatro que em tudo fazia lembrar o Rivoli, ainda que o seu nome não tenha sido referido. 

Rui Rio queria rentabilizar o espaço e atrair mais público, queixando-se de que as despesas com o Rivoli ascendiam a 11 milhões de euros e que a receita só cobria 6% da despesa. Os primeiros sinais de que o presidente da Câmara faria grandes mudanças começaram a acentuar-se quando, em março de 2006, a cultura ainda não tinha orçamento e, por isso, Isabel Alves Costa não podia definir a programação para o Rivoli.

No mesmo mês, no Dia Mundial do Teatro (27 de março), surge publicado na secção de anúncios de arrendamento do Jornal de Notícias, um anúncio sobre a venda ou cedência para exploração de um teatro que em tudo fazia lembrar o Rivoli, ainda que o seu nome não tenha sido referido. O anúncio falso era uma resposta de protesto ao que se tinha passado dias antes numa reunião da Assembleia Municipal do Porto em que o vereador da Cultura, Fernando Almeida, disse que “não se importaria de encontrar uma entidade privada para gerir o Rivoli”, pode ler-se num artigo do Jornal de Notícias, citado no livro de Isabel Alves Costa.

Decidido, Rui Rio anuncia em julho a intenção de entregar a gestão do teatro a empresas privadas, aprovada com os votos dos vereadores do PSD/CDS. Concorrem cinco entidades, entre a quais a Politeama Produções, do encenador Filipe La Féria. Vários nomes da cultura e da cidade uniram-se contra a decisão, como o socialista Francisco Assis, do PS, Rui Vieira Nery, Eduardo Prado Coelho e Jacinto Lucas Pires. Os protestos, que ganharam o nome de “Rivolição”, subiram de tom quando, a 16 de outubro, cerca de 40 pessoas se barricaram dentro do Rivoli após um espetáculo do Teatro Plástico, e ali ficaram durante três dias, até serem retiradas pela polícia. Rui Rio fez queixa, mas o Tribunal de Instrução Criminal do Porto decidiu arquivar.

Filipe La Féria foi o vencedor do concurso de privatização e, no final de 2006, foi elaborado um contrato válido por quatro anos, a começar no dia 1 de maio de 2007. Feitas algumas adaptações ao palco para receber os musicais e espetáculos de revista de La Féria, em junho de 2007 aconteceu o primeiro espetáculo: “Jesus Cristo Superstar”. A estreia, com direito a passadeira vermelha e muitas caras conhecidas da televisão e do teatro, foi alvo de protestos à porta. Num artigo do Jornal de Notícias pode ler-se que “perto de mil pessoas, com a letra ‘R’ de Rivoli ao peito, ou na mão erguida, voltaram a manifestar-se contra a concessão de um equipamento público a um produtor privado”. Rui Rio também passou pela passadeira vermelha, tendo sido “vaiado com uma rajada de assobios”. Os manifestantes fizeram silêncio entre as 20h30 horas e as 21h30, tendo recomeçado a gritar “durante vários minutos ‘Vergonha!'”.

Imune, Filipe La Féria ia abrindo as portas do teatro quase exclusivamente para apresentar as suas peças. Quando o contrato terminou, em 2011, o equipamento passou a funcionar à base de aluguer de entidades privadas. No quinto piso havia um restaurante e uma discoteca, a Rivoli Porto.

“O Rivoli já dança!”

Uma das muitas vozes que se opôs à forma como Rui Rio encarou a cultura da cidade foi a de Rui Moreira, à época presidente da Associação Comercial do Porto. Na crónica “O Anel de Rubi”, citada no livro de Isabel Alves Costa, Moreira contraria a visão de que “Para o Porto, a cultura não é um luxo”. É, sim, “uma componente fundamental da qualidade de vida dos cidadãos”, acrescentando que se o setor privado se pode subjugar à lógica das bilheteiras, isso “não substitui a [oferta cultural] que nos deve ser propiciada enquanto serviço público. De outra forma, a autarquia está a demitir-se de uma das suas obrigações, limitando-se a ser o senhorio de alguns equipamentos culturais.”

Quando Rui Rio chegou ao fim do terceiro mandato, o último permitido por lei, Rui Moreira apresentou-se como candidato a presidente da Câmara do Porto. No seu manifesto eleitoral, incluiu a promessa de devolver o Rivoli à cidade: “O Porto vai ter o seu Teatro Municipal, no Rivoli, que é o seu espaço natural”. A promessa incluía a abertura de um concurso nacional para a contratação de um programador. E foi cumprida. O coreógrafo e programador Tiago Guedes foi escolhido em 2014, por concurso público, para estar à frente do recém criado Teatro Municipal do Porto, que engloba o Rivoli e o Teatro do Campo Alegre.

Paulo Cunha e Silva, que passou a ocupar o cargo de vereador da Cultura, ajudou a programar a iniciativa “O Rivoli já Dança!”, no final de 2014, após algumas obras feitas de renovação e restauro do palco da principal. A festa do 83.º aniversário do teatro, em 2015, foi a celebração de uma nova vida. Mais uma, das muitas que já teve.

© José Caldeira / TMP

© José Caldeira / TMP

De há dois anos para cá, “o Rivoli veio oferecer à cidade uma coisa que faltava, que era uma forte programação internacional de dança e teatro“, resume Tiago Guedes. Se tivesse de destacar dois espetáculos que foram importantes, o diretor artístico escolhe “Swamp Club”, do encenador francês Philippe Quesne, que fechou a primeira temporada, em julho de 2015, e as peças do coreógrafo alemão Raimund Hoghe. “Já apresentámos três espetáculos dele e qualquer um deles, nomeadamente “Songs for Takashi”, foi emblemático.

Após algumas obras — “não de fachada, mas na fachada”, brinca Tiago Guedes, orgulhoso –, o Rivoli esteve de portas abertas durante todo o dia de sábado. “Houve uma preocupação de montar este aniversário com quase todas as áreas presentes no Teatro Municipal, dança, teatro, música e literatura. Fazer uma programação maioritariamente com artistas da cidade para celebrar com eles o aniversário, e encomendar-lhes algumas peças, por isso é um programa que tem muitas estreias, para todas as idades”, explica.

Há razões para celebrar os últimos dois anos, “muito dedicados a pôr a máquina em andamento — a programação, as equipas, os espaços, a relação com o Teatro Campo Alegre”. Agora que a máquina “está em andamento”, o diretor quer concentrar-se em outras coisas, como a operacionalidade dos espaços. “O terceiro piso, que é uma sala polivalente e um bar do teatro, vai ser todo transformado numa grande sala de visitas do teatro, com uma grande cafetaria, bar e sala de concertos”, adianta. Numa primeira fase vai abrir sempre que uma hora antes e depois dos espetáculos, mas o nosso desejo é que ela depois possa ficar aberta ao público. Vai depender de quem ficar a explorar.” A inauguração é a 28 de abril. Depois, as mudanças subirão ao quinto piso, onde ficava o antigo restaurante e discoteca. Torná-lo na segunda sala de ensaios do teatro é o objetivo.

"O terceiro piso, que é uma sala polivalente e um bar do teatro, vai ser todo transformado numa grande sala de visitas do teatro, com uma grande cafetaria, bar e sala de concertos", adianta Tiago Guedes.

Com o anúncio recente do regresso do Cinema Batalha enquanto equipamento municipal, previsto para 2018, Rui Moreira já disse que uma das vantagens será libertar o Rivoli dos ciclos de cinema que acolhe, e que acabam por interromper a programação própria do teatro. “O cinema dá muita textura à nossa programação, não vou querer que ele saia totalmente do Rivoli”, sublinha Tiago Guedes. “Vai-nos libertar nomeadamente o pequeno auditório, para coisas tão simples como propor às companhias da cidade ficarem mais tempo em carreira, que é algo que elas reivindicam, e bem”, sublinha.

No balanço de 2015, Rui Moreira defendeu que o projeto é “sustentável” e baseou-se em números: 80% de taxa média de ocupação do Rivoli e do Teatro do Campo Alegre nesse ano, num total de “mais de 130 mil espectadores”, disse. Por acreditar nessa sustentabilidade, aumentou o orçamento em “7 ou 8%”. Aos 85 anos, o velho Rivoli parece estar de boa saúde.

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