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Centeno no mercado de transferências: vantagens, riscos e as hipóteses de chegar ao Eurogrupo

Os "empresários" de Mário Centeno conseguiram apontá-lo à presidência do Eurogrupo, mas será que as grandes ligas estão a contratar? Na sua equipa (PS e esquerda), a hipótese levanta dúvidas.

Parece a bonança perfeita. O mais óbvio candidato salta fora, por efeito de um outro que se tornou candidato. A necessidade de repartir quintas entre as grandes famílias políticas europeias reduz a quase nada as escolhas possíveis. Pelo meio, desenrola-se uma intensa não-campanha que todos os dias dá como cada vez mais certo que o não-candidato Mário Centeno vai ser cortejado pelos grandes europeus para ser o novo galático da política económica da zona euro, presidindo ao Eurogrupo. Será mesmo assim?

Acabou o campeonato e já estamos naquela altura do ano. Ederson foi vendido ao Manchester City por 40 milhões, Fábio Coentrão vai ser emprestado ao Sporting e Sérgio Conceição vai ser o novo treinador do Porto… e uns 90 jogadores vão ser apontados aos três grandes. Uns por interesse dos clubes, outros por interesse dos empresários. Muitos deles, desconhecidos dos próprios clubes. Os jogadores portugueses parecem estar a despertar grande interesse dos tubarões europeus neste defeso, como demonstra a transferência de Bernardo Silva para o Manchester City, mas na política a janela de transferências abriu ainda mais cedo e tudo porque um clube europeu (o Partido Popular Europeu) parece estar impedido de contratar mais jogadores para certas posições.

Em Portugal, o Governo socialista, mais concretamente Mário Centeno e António Costa, aproveitaram o flanco aberto pela direita europeia e apareceram pelo centro-esquerda, para também ocuparem o terreno de jogo. Nas últimas semanas, a associação do nome do ministro das Finanças português à presidência do Eurogrupo ganhou espaço de progressão. Questionado oficialmente sobre esta matéria, o Executivo fecha-se e a única mensagem que passa é esta: “Não somos candidatos oficiais a nada”. E não existe qualquer campanha formal, até porque o Eurogrupo é um “grupo informal” e as questões são tratadas de outra forma, recorda-se. Mas em nenhum momento Centeno é posto de parte nesta corrida, até porque “não se pode dizer nunca”, como afirma fonte do Executivo.

No Governo português garante-se: "Não somos candidatos oficiais a nada"

Uma no cravo, outra na ferradura. Tal como tem feito Costa, que tanto já disse que Centeno no Eurogrupo seria “uma honra”, mas não uma prioridade para o Governo português, para nos últimos dias caucionar publicamente a disponibilidade de Centeno: “O ministro Centeno já disse que, se a questão se puser, está disponível”. Quando ele mesmo até tinha começado esta campanha com o apoio explícito a outro candidato (mas já lá vamos). No Governo, a questão parece estar entre Costa e Centeno, sendo até vista com desconfiança por quem está de fora. E, claro, pelos parceiros do Governo na Assembleia da República. “Pode não perturbar na negociação de medidas concretas [com PCP, BE e Verdes], mas simbolicamente tem peso ter o ministro português a presidir a um grupo de ministros das Finanças que impõe a disciplina orçamental férrea“, avisa um destacado socialista que falou com o Observador sobre esta hipótese.

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O ponto do Governo é este: não formaliza nada, mas deixa-se estar no mercado. No tempo de espera (e pode ainda ser longo), António Costa vai valorizando o ponta-de-lança da sua política económica e orçamental. E faz render declarações inesperadas como as do todo-poderoso ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, e a sua comparação de Centeno a Ronaldo. Já esta segunda-feira, em entrevista ao Eco, o comissário europeu para os Assuntos Económicos e Financeiros, Pierre Moscovici, aceitou comentar, com cautelas, a hipótese de Centeno no Eurogrupo: “Se um dia Mário Centeno, que eu considero muito competente, se tornar presidente do Eurogrupo, deve saber que provavelmente vai ter de assumir por vezes alguma distância da sua atual função. E isto é algo sobre que precisamos de refletir. Mas bom, não é para agora, o debate será depois”.

Caminho aberto com o espanhol De Guindos fora de jogo

Jargão futebolístico à parte, vamos ao jogo propriamente dito. E para isso temos de voltar ao quente ano de 2015, altura em que a crise na Grécia estava num ponto crítico. Controlos de capitais, o segundo resgate não foi renovado, o país à beira da bancarrota e uma intensa luta entre as instituições, os países da zona euro e a Grécia.

Desde 2014 que o ministro das Finanças espanhol, Luis De Guindos, vinha a reclamar mais destaque. Espanha tinha perdido, em meados de 2012, o seu mais alto cargo numa instituição europeia, quando José Manuel González-Páramo deixou de fazer parte da administração do BCE, passando a ser a única grande economia europeia sem um cargo de relevo. Na Comissão Europeia nem a vice-presidência. Nada no Conselho Europeu. Igual no Parlamento Europeu e no Eurogrupo.

Luis De Guindos começou a fazer campanha cedo. Juntou-se ao mais poderoso dos ministros do Eurogrupo em várias discussões, inclusivamente na grega, conseguiu o apoio público da chanceler alemã Angela Merkel e estava convencido que a nomeação para suceder ao holandês Jeroen Dijsselbloem estava ganha. No Eurogrupo ninguém gosta de discussões públicas. O que faz dele um grupo eficaz é precisamente a informalidade e a exclusividade do grupo (outros chamam-lhe falta de transparência e de responsabilização).

“O ministro Luis De Guindos já não é candidato ao Eurogrupo”, disse fonte oficial do gabinete de De Guindos

No entanto, os ventos não lhe eram tão favoráveis como o espanhol achava. Em primeiro lugar, contou com o inequívoco apoio de Angela Merkel, por este ser público, mas a chanceler é conhecida por trocar de cavalo a meio da corrida. Tal como viria a fazer com António Guterres na corrida para a ONU, quando chegou à altura de escolher, valeu a preferência de Wolfgang Schäuble, que tem em Jeroen Dijsselbloem uma espécie de protegido.

As negociações com a Grécia estavam muito acesas e os restantes ministros não quiseram criar mais turbulência, num processo já de si complicado. As posições de De Guindos contra a Grécia e um “arrufo” público com Yanis Varoufakis não ajudaram a criar a imagem do espanhol como um conciliador que estivesse bem posicionado para lidar com os gregos, que manifestaram a oposição pública ao espanhol. Ainda assim, Luis De Guindos forçou uma votação no Eurogrupo — algo muito raro neste grupo informal — e o resultado foi uma rotunda derrota. A Grécia foi um dos que votaram contra De Guindos, mas não o único. No lote havia mais países do sul.

Nem dois anos se tinham passado e o espanhol voltou a tentar preparar o funeral do holandês. Espanha continuava sem um alto cargo na Europa, as sondagens apontavam para uma derrota estrondosa do Partido Trabalhista nas eleições de meados de março na Holanda e tudo apontava para que a carreira do holandês acabasse antes do tempo.

O espanhol, que anos antes andava a cortejar a Alemanha, decidiu fazer a corte aos países do Sul. Os tempos estavam a mudar, a Alemanha já o tinha deixado mal antes, e a Espanha não era propriamente o melhor exemplo de rigor orçamental, como o processo de sanções do ano anterior tinha mostrado. O que Luis De Guindos não contava era que fosse a Alemanha a retirar-lhe o tapete. Outra vez.

Com a campanha em curso para se tentar tornar o terceiro presidente eleito do Eurogrupo, Martin Schultz, o único político da família do Partido Socialista Europeu num cargo de destaque na Europa, decidiu sair do Parlamento Europeu para se candidatar às legislativas alemãs contra Angela Merkel. A mudança não seria um problema se para o seu lugar não tivesse sido eleito o italiano Antonio Tajani, antigo vice-presidente da Comissão Europeia, e também ele da mesma família política que Luis De Guindos, o Partido Popular Europeu, do qual fazem parte os presidentes da Comissão Europeia e do Conselho Europeu. O único cargo de relevo em Bruxelas que não é ocupado por um membro desta família política é, precisamente, a presidência do Eurogrupo.

Com a recuperação da crise, os ventos começaram a mudar em Bruxelas. Os países do Sul da Europa começaram a reclamar mais voz nos destinos económicos europeus, a pedir mudanças na posição ortodoxa sobre a política orçamental. E mesmo depois de se juntar a estes países — como fez na questão da fórmula usada para calcular o ajustamento orçamental que os países do euro são obrigados a fazer –, o ministro espanhol percebeu que não tinha grandes hipóteses para ganhar e essa desistência foi confirmada, ao Observador, pelo próprio Ministério das Finanças espanhol: “O ministro Luis De Guindos já não é candidato ao Eurogrupo”, disse fonte oficial do gabinete de De Guindos.

“A perceção que temos é que para esse cargo deve vir a ser escolhido um membro dos sociais-democratas (o Partido Socialista Europeu)”, adiantou a mesma fonte, não querendo especular sobre quem recairá o apoio dos espanhóis. Na terça-feira, na cimeira entre Portugal e Espanha, em Vila Real,o primeiro-ministro espanhol Mariano Rajoy foi questionado sobre uma candidatura do ministro português. Nunca falou no seu ministro, mas também não foi mais do que cortês com Portugal: “Sempre preferimos os amigos aos desconhecidos”.

Entra Mário Centeno, esquerda aperta a defesa

Ainda antes das eleições na Holanda, e dos comentários de Jeroen Dijsselbloem sobre os países do sul que lhe valeram pedidos de demissão, António Costa já pedia, em Bruxelas, uma mudança na liderança do grupo: “Podemos contar com Jean-Claude Juncker na Comissão e com Donald Tusk no Conselho, são duas mais-valias que nós temos tido, e esperemos que rapidamente, com a mudança da presidência do Eurogrupo, possamos também ter no Eurogrupo um novo presidente capaz de dar um sinal positivo para a construção dos consensos que são essenciais para podermos ter uma zona euro mais estável e que seja um fator de união entre todos os países da zona euro”, disse o primeiro-ministro no início de março.

Pouco antes das eleições na Holanda, ao Observador, a secretária de Estados dos Assuntos Europeus, Margarida Marques, não declarava apoio expresso a nenhum candidato, mas traçava em linhas gerais o que Portugal procurava num candidato: “Apoiamos qualquer pessoa que esteja na linha de pensamento que temos sobre aquele que deve ser o comportamento das políticas económicas e monetárias”. O importante para o Governo, dizia a governante, é que que o pensamento em termos europeus seja o mesmo que o do Governo: “Ter uma pessoa do nosso lado e do lado do que pensamos para a política europeia”.

Futuro do Eurogrupo também se joga nas eleições da Holanda

Com De Guindos fora da corrida, o zumbido da hipótese Mário Centeno tem vindo a crescer. Primeiro nos jornais portugueses, com o Governo a garantir que o ministro teria sido sondado para o cargo, mas que não era candidato. E no Governo essa continua a ser a garantia: “Mário Centeno foi sondado informalmente“. Fonte do Executivo acredita que o “nome tem sobressaído” devido aos bons resultados do país. Mas isto conta pouco quando é visto pelos parceiros à esquerda do Governo.

A líder do Bloco de Esquerda, Catarina Martins disse ainda esta semana, numa entrevista à Antena 1, que uma associação à presidência do Eurogrupo representaria um condicionamento para Portugal. “O Eurogrupo é uma instituição que não faz bem nenhum a nenhum país e a uma Europa que queira funcionar”, disse. E ao Público, João Oliveira do PCP, diz que a hipótese tem “falta de credibilidade: “Estes Estados vão continuar a impor a sua política e nunca reconhecerão os erros que cometeram. A questão não é quem preside, mas para que serve e a quem serve o Eurogrupo e as opções políticas que quem o lidera aceita impor aos restantes países”.

No Governo também há quem ache que “não seria muito agradável para uma maioria com a atual configuração” ter Centeno a presidir ao influente grupo dos ministros das Finanças da zona euro. A menos que Centeno conseguisse inverter o discurso dominante na Europa, mas a esquerda não acredita nisto.

Contar espingardas, informalmente

O contínuo flirt português com a hipótese de assumir a presidência do Eurogrupo está essencialmente ancorado no princípio da exclusão de partes:

O nome que se segue tem de ser um socialista, mas só há cinco ministros neste lote;

Dois deles, incluindo Mário Centeno, são independentes, um outro está prestes a deixar de fazer parte do grupo em breve: Jeroen Dijsselbloem;

Há uma pressão para ser um ministro do sul da Europa: Mário Centeno e o italiano Pier Carlo Padoan seriam as hipóteses mais prováveis.

Edward Scicluna, de Malta, daria um presidente mais neutro e já presidiu ao Ecofin por inerência da presidência rotativa da União Europeia.

O italiano Pier Carlo Padoan é um dos ministros mais respeitados por todas as partes e com mais voz no Eurogrupo, mas tem um “problema” de nacionalidade, porque os presidentes do Banco Central Europeu, do Parlamento Europeu e a Alta Representante da União Europeia são italianos. Acresce a este facto que a Itália é a terceira maior economia da zona euro e, dentro do Eurogrupo, muito depende dos equilíbrio conseguidos entre Alemanha, França e Itália, o que o deixava numa posição complicada.

A conjuntura política até parece ser favorável a uma candidatura de Mário Centeno. Um aliado quase natural de Portugal nesta escolha pode ser a Grécia. O ministro das Finanças grego, Euclid Tsakalotos, aprecia as qualidades de Mário Centeno e as suas posições políticas. O grego foi o único a insurgir-se no Eurogrupo no Verão passado contra eventuais sanções a Portugal por falhar as metas do défice e os gregos não têm qualquer aspiração à liderança, até porque estão envolvidos numa difícil negociação com os países da zona euro, principais credores de Atenas.

Outro dos potenciais aliados do ministro português pode ser o comissário europeu dos Assuntos Económicos Pierre Moscovici. Apesar de não ter voto no Eurogrupo, faz parte do grupo como representante da Comissão Europeia e tem sido um dos elementos da Comissão que mais tem apoiado politicamente Portugal. Como tem de ter uma posição conjunta na maior parte das temáticas orçamentais com Valdis Dombrovskis, da linha mais ortodoxa, a sua visão mais política nem sempre vence. No entanto, e também pela sua experiência passada como ministro das Finanças de França, pode ser útil a convencer os restantes membros do Eurogrupo.

Em Bruxelas, o silêncio…

Se é verdade que a discussão sobre a presidência do Eurogrupo é muito intensa em Portugal, também é real o silêncio de Bruxelas sobre este assunto. Jeroen Dijsselbloem ainda é presidente do grupo e não se sabe quando deixará de o ser, porque as negociações para uma coligação na Holanda falharam por uma segunda vez. No limite, o seu mandato pode correr até ao final, que é em janeiro do próximo ano.

Os restantes países, para já, nem querem ouvir falar no tema. A Grécia é, mais uma vez, um problema complexo, e não há muitos mais temas que consigam espaço quando se aproxima a data em que Atenas deixará de ter dinheiro para pagar a sua dívida. O Observador contactou vários países com assento no Eurogrupo e a posição é a mesma: não é sequer um tema nesta altura.

Mesmo com Espanha, país que tem o hipotético apoio de Portugal, o amor parece não ser correspondido. Os espanhóis sabem que vão precisar de apoio da Alemanha, entre outros, para voltarem a ter um cargo de destaque na Europa e preferem não se comprometer com um sentido de voto. Para já, o cargo mais provável, e ao qual a imprensa espanhola já aponta baterias, é a vice-presidência do BCE, que Vitor Constâncio deixa vaga em meados do próximo ano.

Entre os maiores países da zona euro, não há sequer vontade de discutir o tema, até porque ainda há eleições na Alemanha em setembro.

O caso alemão é ainda mais particular. Não só não querem falar da substituição do presidente atual, apoiado por Wolfgang Schäuble, mesmo quando as suas declarações infelizes sobre os países do Sul lhe valeram uma forte contestação, como ainda têm levantado, informalmente, a hipótese de criar um posto permanente de presidente do grupo informal.

Comissão sugere que cargo de presidente do Eurogrupo passe a ser permanente

As regras não impedem a criação de um presidente a tempo inteiro, nem sequer que este seja de fora do grupo, mas a prática não tem sido essa. Até 2004, a presidência do Eurogrupo era entregue ao ministro das Finanças do país que tivesse, naquele momento, a presidência rotativa da União Europeia (com exceção das alturas em que esse país não fazia parte do euro). Desde 2004, os presidentes passaram a ser eleitos pelos restantes ministros e só em 2009, com o tratado de Lisboa, é que passou a haver regras que consagravam a existência do próprio Eurogrupo. Nestas, contempla-se apenas que o Eurogrupo se reúne de forma informal, que a Comissão Europeia tem de participar, que o BCE deve ser convidado e que a eleição do presidente é feita por maioria dos Estados membros, tendo um mandato de dois anos.

Desde 2004, só houve dois presidentes do Eurogrupo: Jean-Claude Juncker, agora presidente da Comissão Europeia; e Jeroen Dijsselbloem, provavelmente de saída assim que um governo for formado na Holanda.

O burburinho nacional está cada vez mais ruidoso, mas nos corredores de Bruxelas nada parece ter mudado. E aqui, ainda muito vai ser decidido pela Alemanha.

Um Ronaldo no Eurogrupo?

É verdade que Wolfgang Schäuble parece mais feliz com os resultados em Portugal e até já faz piadas sobre Mário Centeno e as suas parecenças com o dianteiro português do Real Madrid, em vez de avisos sobre eventuais novos resgates a Portugal — mas do lado alemão as posições que Portugal defende continuam a não ser vistas com agrado.

Portugal tem sido muito crítico das posições da linha mais ortodoxa do Eurogrupo e exigido mudanças na forma como são feitas as previsões europeias, em especial as que são usadas para calcular o esforço orçamental de cada país. Essas mudanças significariam, muito provavelmente, exigências menores em termos orçamentais e maior flexibilidade política na avaliação das derrapagens.

O Observador contactou vários países com assento no Eurogrupo e a posição é a mesma: não é sequer um tema nesta altura.

No entanto, a Alemanha não está disposta a deixar passar. Depois de no ano passado ter acedido a não avançar com sanções contra Portugal e Espanha, numa conjuntura em que o Brexit pesou muito, a Alemanha está a fazer a sua guerra de forma mais discreta. Juntamente com os seus maiores aliados no Eurogrupo, e também mais alguns países do Báltico e do leste europeu, os alemães têm feito a defesa junto da Comissão que as regras são para cumprir tal como existem e não interpretadas politicamente.

Para já, os “empresários” de Mário Centeno, neste mercado de transferências, têm sido hábeis o suficiente para o colocar nas capas dos jornais e possivelmente até no radar de algumas ligas. Se há países suficientes ou suficientemente importantes para garantir que Centeno é o novo galático da política económica europeia, muito dependerá do calendário eleitoral, dos interesses particulares dos ministros e até da altura em que a janela de transferências fecha na Holanda.

Os ministros à esquerda e as suas hipóteses

AFP/Getty Images

Pier Carlo Padoan – Itália
É um dos ministros das Finanças mais respeitados no Eurogrupo. Tem voz e crédito em ambos os lados e lidera uma das maiores economias da zona euro, o que pode ser um pró e um contra. O “excesso” de italianos no poder nas instituições europeias pode prejudicar as suas chances, se quiser vir a ser candidato. A eterna fragilidade do governo italiano pode ser mais um problema.

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Peter Kazimir – Eslováquia

É membro do Partido Socialista Europeu, mas o seu socialismo é consideravelmente mais à direita que o português — e até que o holandês. Tem vindo a aumentar a sua exposição e o seu perfil. Recentemente presidiu ao ECOFIN, por inerência da presidência rotativa da União Europeia. Tem posições muito semelhantes às de Wolfgang Schäuble na questão grega e defende o cumprimento das regras. Foi um dos ministros que mais duramente criticou a postura da Grécia e bloqueou concessões aos gregos. Não é muito querido à esquerda, nem muito considerado à direita.

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Edward Scicluna – Malta
Tem a seu favor o seu partido e uma posição discreta. Malta não tem grandes problemas económicos ou orçamentais. O ministro não é demasiado conservador, nem demasiado liberal. Poderia vencer pela sua neutralidade, mas não tem perfil político na Europa.

MÁRIO CRUZ/LUSA

Mário Centeno – Portugal

Tem a seu favor os resultados conseguidos com Portugal, ser ministro de um Governo socialista e ter vindo a crescer politicamente com as posições duras contra os membros mais ortodoxos do Eurogrupo. Respeitado na Europa, para já não tem a seu favor a Alemanha e o bloco ortodoxo que lidera (Holanda, Finlândia, Áustria, os Estados do Báltico e alguns países do leste europeu).

DOMENIC AQUILINA/EPA

Jeroen Dijsselbloem – Holanda

Dificilmente continuará no cargo. Não só porque deve deixar de ser ministros das Finanças — o seu partido nem sequer está nas negociações para a coligação na Holanda — mas também porque os seus comentários sobre os países do Sul foram recebidos com uma chuva de pedidos de demissão. A sua sobrevivência depende quase exclusivamente da vontade de Wolfgang Schäuble e da capacidade do ministro alemão de dar um golpe palaciano no Eurogrupo que fizesse com que os restantes membros (não alinhados com a Alemanha) fossem capazes de engolir um dos maiores sapos da história política europeia recente.

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