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HUGO AMARAL/OBSERVADOR

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D. Dinis. Um enigma e um túmulo para ser (re)descoberto

A espada há muito que desapareceu e a cabeça poderá nem ser a original. Depois de muitos maus tratos, o túmulo de D. Dinis vai finalmente ser restaurado. Os primeiros trabalhos já começaram.

Pouco antes de morrer, o rei D. Dinis expressou em testamento a vontade de ser sepultado não em Alcobaça, lugar de repouso de outros reis antes dele, mas no Mosteiro de Odivelas, projeto que apadrinhou desde a sua fundação. É lá que o “Rei Lavrador” ainda repousa, numa magnífica sepultura, sob arcadas góticas, que os inúmeros restauros já não deixam entrever. A cabeça da estátua é hoje demasiado grande, a espada desapareceu e muitas das figuras foram restauradas com argamassa ou desapareceram por completo. Os anos (e os restauros de má qualidade) não foram simpáticos para o rei.

Mas agora, passados dois séculos, o monumento vai finalmente ser restaurado como deve ser, respeitando todos os processos e procurando preservar o que várias más intervenções quase conseguiram apagar. A ação de limpeza e consolidação, a primeira fase de um longo processo que culminará no tão esperado restauro (que só acontecerá em 2017), começou no final de novembro. A iniciativa foi promovida pela Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) em articulação com a Câmara Municipal de Odivelas e o Colégio Militar (a quem pertence o edifício), e irá decorrer até perto do Natal.

Esta segunda-feira, o mosteiro abriu as portas aos jornalistas para explicar o que irá acontecer a D. Dinis. Na visita à imprensa, onde estiveram presentes o vereador da autarquia de Odivelas, Edgar Valles, e o diretor do Departamento de Estudos, Projetos, Obras e Fiscalização da DGPC, João Seabra Gomes, ficou clara a importância do processo que agora se inicia.

Um primeiro passo

Os trabalhos no túmulo do rei D. Dinis arrancaram no final de novembro e estão a ser levados a cabo pela empresa K4. Na capela, quase demasiado apertada para caberem dois andaimes, estão diariamente duas restauradoras que, num trabalho de grande paciência, vai pincelando a pouco e pouco cada canto da sepultura. Vão fixando a policromia (por outras palavras, as cores que a grande camada de pó escondeu durante séculos), um processo moroso mas necessário para se poder prosseguir com o trabalho de restauro.

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A pouco e pouco, as pinceladas da equipa da K4 vão mostrando o que as camadas de pó e uma aguada de cimento não deixavam entrever. A cor acinzentada do túmulo do rei esconde o tom acastanhado do calcário original, pintado de vermelhos e azuis. Ainda não há certezas de que a policromia seja original, mas os responsáveis pelo restauro acreditam que isso seja bem possível — mas só depois de realizados os testes é que poderá haver certezas.

“Desde meados do século XX que não há uma intervenção profunda neste túmulo. As últimas intervenções deixaram muito a desejar”, afirmou João Seabra Gomes, da DGPC. “Em vez de fazer mais uma intervenção, começámos uma intervenção de limpeza, conservação e diagnóstico”, antes de se passar a uma segunda fase. Até ao perto do Natal, serão recolhidas amostras de materiais e de policromia que, depois de analisadas, permitirão definir o que se fará a seguir em termos de restauro.

Apesar de o calcário pintado não ser uma novidade para a altura, existem alguns aspetos do túmulo de D. Dinis que o são, como é o caso dos baixos relevos laterais que deixam entrever uma narrativa — de um lado, existem monges cistercienses, do outro monjas, em pose. Como que contando uma história- “Os túmulos de Alcobaça são lisos. Quanto muito, aparece uma inscrição ou as armas”, explicou Maria Antónia Amaral, historiadora e uma das responsáveis pela coordenação da iniciativa de conservação. “São arcas muito discretas, muito despojadas, Este surge, pela primeira vez, com toda uma narrativa em volta do rei muito impositiva. Rompe com uma estética.”

O túmulo de D. Dinis fica localizado do lado esquerdo do altar-mor

HUGO AMARAL/OBSERVADOR

Uma outra novidade é a escolha do local da sepultura. “No Mosteiro de Alcobaça, os reis não foram sepultados na igreja, mas na galé. Esta a primeira vez que a figura régia se faz sepultar na igreja”, afirmou a historiadora, defendendo que a decisão do rei poderá ter sido tomada devido a “uma necessidade de afirmação do poder régio face à Igreja”.

Mas nem tudo era novo. Alguns dos motivos decorativos são característicos da estética tumular da altura, como é o caso das imagens de animais que se encontram na base do túmulo — um urso (talvez numa alusão à lenda que levou à construção do mosteiro), um camelo. “É comum ter estes animais a guardar o túmulo, era normal na tumulária europeia. Eram guardiões”, explicou Maria Antónia. Mas porquê o camelo? Isso já é mais difícil de explicar. “Todos estes animais têm uma simbologia, mas não sabemos se aquelas bases pertencem a outro lado. Com todas estas mexedelas os suportes podem ter sido mudados de posição. E, se isso aconteceu, cortou a narrativa que existia.”

Na parte de trás do túmulo, o rei surge ajoelhado perante um sacerdote naquela que será a única representação fiel do monarca em todo o monumento. A estátua que está sobre o túmulo terá sido gravemente danificada durante o Terramoto de 1755, que provocou a queda da abóbada da igreja do mosteiro. A cabeça, demasiado grande para o corpo magro, poderá ter sido colocada posteriormente durante o restauro patrocinado por D. Estefânia, mulher de D. Pedro V, durante o século XIX, que gravemente afetou túmulo original.

A intervenção de D. Estefânia foi a primeira de muitas que o túmulo sofreu ao longo dos tempos. A última data de 1961 e foi responsável pela introdução de vários materiais diferentes, como o cimento e o ferro. Terá sido também nessa altura que a base, partida, terá sido uniformizada com cimento e colada. Sabe-se também que, ao longo dos séculos, a espada que se encontrava nas mãos de D. Dinis terá sido retirada. O manto também terá sido retocado. Dos elementos que mostram o rei como cavaleiro, sobraram apenas as esporas, ainda visíveis nas botas.

Estima-se que apenas 30% do túmulo original tenha chegado aos dias de hoje, mas não há certezas de como era no século XIV. “Não temos descrição nenhuma. A única descrição que há é do mau estado em que estava na altura da D. Estefânia”, explicou a historiadora. “É natural que na altura do terramoto tenham feito algum arranjo no túmulo, mas não sabemos. A cabeça foi esmigalhada nessa altura. O que estamos a tentar fazer é mapear as tais intervenções para percebermos o que há de original para podermos de alguma forma reinterpretar.”

Mas, independentemente dos resultados finais, os responsáveis garantem que a intervenção será sempre mínima — os restauros anteriores também fazem parte da história do monumento. Além disso, os responsáveis garantem que o túmulo de D. Dinis se encontra estável e em bom estado de conservação.

A seguir a este processo, que só deverá terminar já perto do Natal, e de feitas as análias, será elaborado um relatório que permitirá antever os passos a seguir. Questionado sobre uma possível abertura do túmulo, João Seabra Gomes, da DGPC, admitiu que, para já, não existem planos para tal. “Poderá ser vantajoso, desde que não provoque danos colaterais no património”, disse o diretor do Departamento de Estudos, Projetos, Obras e Fiscalização do organismo, acrescentando que é normal que essa hipótese surja com o tempo.

Um panteão régio em Odivelas

Diz a lenda que o Mosteiro S. Bernardo e S. Dinis, mais conhecido por Mosteiro de Odivelas, foi fundado depois de uma promessa feita pelo rei. Enquanto passeava sozinho junto à ribeira de Odiana, perto de Beja, D. Dinis terá sido atacado por um urso. Por ter sobrevivido ao ataque, o rei terá prometido construir uma capela no Convento de S. Francisco, em Beja, e um mosteiro cisterciense, no seu paço de Odivelas.

A escolha do local pode parecer estranha, mas motivos não faltavam. Além das razões óbvias — espaço, localização (ficava dez quilómetros de Lisboa que, a pouco e pouco, se ia tornando na capital do reino) e recursos naturais –, Odivelas era na altura um local isolado. “Este era um mosteiro de extrema clausura”, salientou a italiana Giulia Rossi Vairo, historiadora que se debruçou sobre o túmulo de D. Dinis. “Havia uma única porta para comunicação com o exterior que era aqui, na igreja. As monjas não podiam aceder à igreja se não em algumas circunstancias especificas, e com autorização.”

A construção do mosteiro arrancou 1295 e, dez anos mais tarde, o edifício foi entregue à Ordem de Cister. A construção continuou nos dez anos seguintes, convivendo com a vida monacal, uma prática comum na Idade Média. Mas os elos que ligavam o Mosteiro de Odivelas à coroa não se romperam aí — D. Dinis continuou a apoiar financeiramente a comunidade religiosa, garantindo a sua independência. “Geralmente, as monjas viviam à custa de alguém, mas neste caso não — eram completamente autónomas, tinham património suficiente para se sustentar.”

Mas mais do que devoção religiosa, Giulia Rossi Vairo, cuja tese de doutoramento foi realizada em torno dos túmulos de Odivelas e outros do tempo de D. Dinis, acredita que o rei tinha outros planos para o mosteiro — um novo panteão régio, que substituiria o Mosteiro de Alcobaça que então servia de última morada aos monarcas portugueses. Só que o projeto durou poucos anos, sabotado por conflitos familiares que levaram ao afastamento do casal régio.

“Estou cada vez mais convencida de que, desde o inicio, havia esse projeto de fazer deste mosteiro qualquer coisa de mais importante. Que chegou a ser, mas depois foi decaindo. O rei manda-se sepultar sozinho, não prevê a presença da rainha.” Quando D. Dinis morreu em Santarém, a 7 de janeiro de 1325, o seu corpo foi transportado para Odivelas e colocado num túmulo construído na nave central da igreja, em frente à capela-mor, sendo depois deslocado para a capela lateral, onde hoje se encontra, devido às queixas das monjas do antigo convento cisterciense que lamentavam não conseguir ver o altar durante as cerimónias religiosas. A rainha, que morreu anos mais tarde, foi sepultada em Coimbra.

Um rei sem rainha

Quando D. Dinis morreu, a rainha D. Isabel decidiu vestir o hábito e entrar para o Convento de Santa Clara, em Coimbra. Foi aí que foi sepultada em 1336 segundo a sua vontade, expressa em testamento. A decisão pode parecer normal, uma vez que foi no convento de freiras clarissas que viveu os últimos anos de vida. Mas, se olharmos para outros exemplos régios, percebemos que a escolha não era assim tão habitual: D. Afonso IV, filho de D. Dinis, encontra-se sepultado junto de D. Beatriz na Sé de Lisboa e o seu filho, D. Pedro, escolheu passar a eternidade junto daquela que na morte coroou rainha. Então, porque é que D. Dinis foi sepultado num lado e a Rainha Santa no outro? A razão poderá tratar-se muito mais do que um arrufo de namorados.

Os primeiros testamentos conhecidos dão conta da vontade de rei e rainha de serem sepultados no Mosteiro de Alcobaça, que então servia de panteão aos monarcas portugueses. Vontade que parece ter desaparecido no final do reinado de D. Dinis que, no seu último testamento, datado de junho de 1322, pede que seja tumulado em Odivelas sem referir a Rainha Santa. Também D. Isabel, em 1325, parece ignorar a vontade do marido — num testamento elaborado poucos dias antes do rei morrer, deixa expressa a vontade de ser sepultada no Mosteiro de Santa Clara, que tinha vindo a apadrinha desde o início.

A decisão de ambos parece coincidir com a Guerra Civil do século XIV, que opôs D. Dinis e D. Afonso. Pai e filho. “Na Guerra Civil, a rainha tomou partido do infante D. Afonso, e não devia ter feito isso”, frisou Giulia Rossi Vairo. “Apoiar o infante significava uma crise interna, não só para o casal mas também para a monarquia. Um conflito entre pai e filho já era, por si só, uma crise. Mas se de um lado tivermos o rei e do outro a rainha (sobretudo se pensarmos que a rainha era aragonesa), torna-se ainda mais forte. Isto mexe com uma série de problemas, era uma destabilização muito grande.”

O que falta saber é se D. Dinis e D. Isabel sabiam da decisão um do outro. “Penso que sim”, admitiu Giulina Vairo. “O testamento é uma escritura privada e secreta. Só é aberta depois da morte da pessoa que a mandou redigir. Mesmo assim, penso — penso — que a rainha soubesse dessa decisão e o rei também.”

Mas mais do que a separação do casal, a construção de dois túmulos em dois lugares diferentes significou o fim de um projeto imaginado por D. Dinis em “memória da coroa”, ficando apenas um monumento em “memória do rei”. “Já não há panteão régio. É só um espaço que, além de religioso e de devoção, está exclusivamente ligado à memória do rei.”

Apesar disso, a decisão de D. Dinis de se mandar sepultar em Odivelas não deixa de ser “um sinal forte a uma comunidade”. “É um sinal de descontinuidade com o passado porque se afastaram de Alcobaça, mas também de continuidade, porque este mosteiro dependia de Alcobaça. Era uma separação concordada, digamos”, explicou a investigadora. A provar isso estão as fontes da época, que falam de uma “construção majestosa” que parece ter desaparecido com os tempos.

“O que nós vemos aqui é uma arquitetura híbrida. Francisco Brandão, na Monarchia lusytana, da segunda metade do século XVII, fala deste mosteiro como o mais extraordinário da Península Ibérica. Mas este mosteiro foi atingido não por um terramoto, mas por vários. Desde o século XIV, houve vários terramotos terríveis. Temos de pensar que o que temos hoje é fruto também da passagem do tempo e das intervenções. Houve alguns reis que mandaram fazer muitas obras, para reconstruir, reestruturar, modificar de acordo com uma necessidade e outra. O que temos hoje é uma arquitetura muito difícil de ler. Antigamente, a igreja tinha três naves. Agora, têm uma única nave.”

O enigma de Odivelas: Maria Afonso, Dinis ou João?

Do outro lado do altar-mor, na capela exatamente oposta à de D. Dinis, encontra-se um túmulo que permanece ainda, para muitos, um mistério. Inicialmente dado como o sepulcro de Maria Afonso, filha ilegítima de D. Dinis, o túmulo é de construção anterior ao do rei, o que significa que terá sido o primeiro a ser erigido em Odivelas.

A teoria de que o túmulo pertenceria a Maria Afonso remete ao século XIX, articulando-se com uma visão do espaço do mosteiro como “um espaço de transgressão”, uma vez que a filha de D. Dinis seria monja em Odivelas (algumas fontes apontam-na como abadessa). Apesar da falta de dados que sustentem esta leitura (a figura do túmulo não inclui qualquer traço feminino nem foi representada com o hábito cisterciense) e de uma religiosa não poder ser sepultada no interior da igreja, a teoria prevaleceu durante várias décadas.

De acordo com a historiadora Maria Antónia Amaral, o túmulo nunca terá sido alvo de qualquer intervenção, encontrando-se num muito bom estado de conservação. Além disso, mantém a cor amarelada do calcário original — a cor do túmulo de D. Dinis que está agora escondida sob uma aguada de cimento. Esta segunda sepultura terá sido aberta uma vez e no seu interior terá sido encontrada “uma caixa com ossos de criança”. “Tudo indica que será um dos netos de D. Dinis, que morreu com um, dois anos de idade”, explicou a historiadora.

Só mais recentemente é que esta leitura — mais fundamentada — começou a dar lugar à anterior que dava Maria Afonso quase como certa. Carla Varela Fernandes, historiadora de arte, foi uma das investigadoras que avançou com a hipótese de no túmulo oposto a D. Dinis estar sepultado um dos seus netos que, segundo ela, seria o Infante D. João.

Esta teoria tem por base uma passagem da Monarchia lusytana, escrita pelo cronista Francisco Brandão, na qual é referida que ali teria sido sepultado o pequeno infante. Uma visão com a qual a historiadora Giulia Rossi Vairo não concorda. “Qual era a ligação entre este infante e D. Dinis? Para ser sepultado aqui tinha de ter alguma ligação com o sítio ou com os que estão sepultados aqui”, disse ao Observador. “O Infante D. João nasce depois da morte de D. Dinis.”

Além disso, o neto de D. Dinis pouco ou nada é referido nas crónicas da época. Além da data de nascimento e morte, nada mais se sabe sobre o infante. “Não há nenhuma ligação direta com D. Dinis. Quando D. Dinis morre e sobe ao poder D. Afonso IV, este continua a proteger o mosteiro mas este não é o espaço onde se quer mandar sepultar.” Excluído D. João, de quem poderá ser o corpo que está no Mosteiro de Odivelas?

Do lado direito, fica um outro túmulo, provavelmente do Infante D. Dinis

HUGO AMARAL/OBSERVADOR

Na tese de doutoramento, Giulia Vairo defendeu que a sepultura pertence a um outro neto do rei português — o Infante D. Dinis, também ele filho de D. João IV. “Aquele túmulo foi o primeiro a ser construído para esta igreja, mas não só. É o primeiro túmulo com um programa iconográfico coerente — há um coerência interna e a minha proposta baseia-se, não só nos termos estilísticos e no contexto histórico em que surge esta encomenda, mas também na heráldica.”

Ao contrário do túmulo da Infanta D. Isabel, sepultada no Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, em Coimbra, junto à Rainha Santa Isabel, sua avó, o túmulo do Mosteiro de Odivelas não apresenta as armas de Portugal em grande destaque. Além de ter sido representada com uma coroa, a filha de D. Afonso IV “tem como armas principais as armas de Portugal”.

“É filha do rei, portanto o seu estatuto tem de ser mostrado publicamente. Aqui [no Mosteiro de Odivelas] não temos as armas de Portugal, temos um escudo esquartelado [dividido em quatro] com as armas de Portugal e de Leão e Castela. Se fosse filha ou filho do rei, tinha de ter as armas de Portugal.” Ou seja, a criança que está sepultada no lado oposto da igreja não poderá tratar-se de um filho de um rei. Mas poderá tratar-se de um neto de um rei.

Dinis nasceu em fevereiro de 1317 e morreu no ano seguinte. Filho primogénito do futuro rei de D. Afonso e de Beatriz de Castela, era “o neto que devia herdar o reino”. “As crónicas falam nele como aquele que devia herdar o reino. Existe uma recordação muito mais pormenorizada deste infante do que dos outros”, explicou a historiadora. “Quando este infante morreu, o Papa enviou uma carta de condolências ao rei — não aos pais, mais ao rei — em que fala deste pequenito que morreu e em que tenta consolá-lo.” É esta carta que permite saber que Dinis terá morrido no primeiro semestre de 1318, uma vez que a missiva data de junho desse ano.

Mas, ao que parece, a ligação do monarca com o neto não era apenas uma questão de herança. “Na crónica de D. Dinis, a única referência a um D. Dinis triste e desolado é quando este infante morre”, disse Giulia Vairo. “Há uma passagem que diz que ele não falava a ninguém. Quer dizer que havia uma ligação forte, havia uma esperança. A educação deste infante também foi motivo de contraste entre D. Dinis e D. Afonso — o pai queria mandar educá-lo em Castela, enquanto D. Dinis queria educá-lo em casa.” Um dos muitos paralelismos que existem entre o pequeno Dinis e a irmã, Isabel.

“A rainha queria educar a infanta; Dinis morreu com um ano e meio e Isabel também, e mesmo assim tem um túmulo que é uma beleza. Existe um paralelismo entre os dois netos, que tinham os nomes dos avós. [Os túmulos] documentam uma relação que existia, apesar de terem os dois infantes terem morrido em crianças.”

Por outro lado, o túmulo de D. Dinis representa uma última gota de esperança na reconciliação entre pai e filho. A construção do sepulcro do pequeno infante, foi talvez o último momento em que os problemas foram postos de lados. A guerra-civil, que iria durar quase até à morte do rei, despontou no ano seguinte. E com ela morreu o sonho de um panteão régio em Odivelas.

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