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O Dia Mundial da Poupança, que se celebra neste dia 31 de outubro, é apenas uma desculpa para conduzir um exame completo às suas finanças pessoais. É uma tarefa que todos os consumidores devem efetuar periodicamente. Para o assistir nesse objetivo, compilámos as principais recomendações para o seu dinheiro que foram publicadas pelo Observador nos últimos dois anos e meio.

Sabe qual a primeira coisa a fazer quando poupa? Fundo de emergência

Na organização da vida financeira, há um passo que a maioria dos especialistas aponta como sendo o primeiro e mais essencial: a constituição de um fundo de emergência. Assim, se levar uma “rasteira” – uma doença inesperada, um acidente de automóvel ou uma férias mais dispendiosas do que o previsto – estará preparado. (A necessidade de um fundo de emergência não é unânime; alguns dizem que é desnecessário, em particular se tiver seguros que cubram os principais ângulos financeiros.)

As regras para a constituição do fundo de emergência são muito liberais. É normal os especialistas aconselharem a amealhar o equivalente a quatro a seis meses de despesas fixas do agregado. No entanto, inicialmente, pode ser difícil reunir tanto dinheiro. O importante é que tenha este dinheiro de lado. No futuro, poderá reforçar a aplicação até um montante que o deixe dormir à noite descansado. Se tiver filhos, por exemplo, dormirá melhor se o fundo de emergência for mais gordo.

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O dinheiro deve ficar parqueado numa aplicação simples, sempre acessível e de baixo risco. Os depósitos a prazo automaticamente renováveis são uma uma hipótese, tal como os Certificados de Aforro.

Quer ganhar muito dinheiro? Invista em ações

Em teoria, as ações são os ativos que mais apreciam no longo prazo. Como refletem o andamento das economias, os títulos valorizam-se se houver crescimento económico. Mesmo que não haja crescimento, os dividendos distribuídos pelas empresas sustêm o mercado acionista.

A prática tem confirmado a teoria. Elroy Dimson, Paul Marsh e Mike Staunton, investigadores da London Business School, lideram o estudo mais longo e contínuo do desempenho dos principais instrumentos financeiros. Na sua última atualização, realizada em fevereiro, o trio de académicos mostrou que as ações mundiais renderam anualmente 5% acima da inflação desde 1900, longe dos 1,8% e 0,8% das obrigações e das aplicações de curto prazo, respetivamente.

A diferença entre ganhar 5% ou 1,8% por ano acima da inflação é brutal. Um casal que, a partir do zero, comece aos 26 anos a poupar cerca de 600 euros por mês, chegará à idade de reforma milionário, ganhando 5% por ano em ações. No entanto, se for conservador e se investir em obrigações que rendam 1,8% por ano além da inflação, o capital chegará a 450 mil euros aos 66 anos e dois meses.

Será que o depósito é bom? Três métricas para descobrir

A primeira coisa a fazer quando lhe oferecem uma taxa de juro num depósito a prazo é saber quanto é que dá em termos líquidos. Os residentes em Portugal continental e na Madeira têm de subtrair 28% por conta de IRS, enquanto os açorianos têm de descontar 22,4%. Muitas das taxas que os bancos propõem hoje facilitam o cálculo: se a taxa bruta for zero, como é comum agora, a taxa líquida também é nula.

Depósitos que pagam mais de 1%

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Estes são os depósitos em euros que têm uma taxa anual nominal bruta superior a 1%, independentemente das condições de acesso. Muitos são promocionais.

Atlântico Europa
Depósito a Prazo Boas Vindas (92 dias): 2,55%
Depósito a Prazo Valor Crescente (72o dias): 1,55%
Depósito a Prazo Mais Valor (183 dias): 1,25%
Depósito a Prazo Rendimento Mensal (360 dias): 1,10%

Banco Best
Depósito Novos Clientes 2,50% (90 dias): 2,50%

Banco Carregosa
Depósito a Prazo GoBulling Bem-vindo (3 meses): 2,50%

BiG
Super Depósito 2,5% (3 meses): 2,50%
Super Depósito 1,75% (6 meses): 1,75%

BNI Europa
Depósito 5 anos: 2,50%
Depósito 4 anos: 2,30%
Depósito 36 meses: 2,10%
Depósito 24 meses: 1,90%
BNI Europa 92 dias, 182 dias ou 366 dias: 1,85%
Depósito 366 dias: 1,50%
Depósito 183 dias: 1,10%

Banco Invest
Invest Choice Novos Depósitos (3, 6 ou 12 meses): 1,75%
Invest Depósito 5 Anos: 1,2%
Invest + 180 dias: 1,10%
Invest Depósito 2 Anos: 1,10%

Banco Finantia
DP Finantia Rendimento 6 meses: 1,50%
DP Finantia Rendimento 9 ou 12 meses: 1,40%
DP Finantia Rendimento 3, 24 ou 36 meses: 1,30%

Montepio
Montepio Super Depósito 4 Meses: 1,25%

Fonte: bancos. 26 de outubro de 2016

Se a taxa líquida não for nula, compare com a taxa de inflação prevista por uma entidade independente, como o Banco de Portugal ou o Fundo Monetário Internacional. O banco central português calcula que a inflação de 0,7% em 2016, por isso, no balanço entre o que perde com o aumento de preços e os juros que recebe, o resultado deverá ser positivo.

A seguir, compare com as taxas de juro da concorrência. O banco mais generoso, o Atlântico Europa, paga uma taxa bruta de 2,55% numa aplicação de um ano (1,84% em termos líquidos). Todavia, é um depósito promocional, não repetível. É preciso alguns cuidados na comparação com a concorrência, em particular na possibilidade de mobilização antecipada e nas penalizações quando é permitida. As regras dos depósitos podem variar e, por isso, a comparação pode sair enviesada.

Poupa pouco por mês? Comece a investir cedo

Muitas pessoas não investem porque pensam que o que conseguiriam poupar mensalmente seria ridículo. Todavia, o que é ridículo é não poupar. Todos os euros contam.

Se pensa que o que amealha mensalmente é pouco, comece já. Se, em vez de guardar 360 euros por mês nos últimos dez anos da sua vida ativa, investir 68 euros por mês durante 35 anos, acumula aproximadamente o mesmo valor, pouco mais de 50 mil euros, assumindo uma rendibilidade anual de 3%. Ou seja, se mais do que triplicar o prazo de aforro, consegue reduzir o esforço mensal em mais de cinco vezes.

Também importante é a rendibilidade que consegue com os seus investimentos. Ao investir 215 euros por mês à taxa de 0,38%, o valor médio dos depósitos a prazo celebrados em agosto passado, acumula tanto ao fim de 30 anos como aplicar 100 euros a 5%. Pensa que 5% é muito? As ações mundiais renderam 5% por ano nos últimos 116 anos acima da inflação, como já indicámos em cima.

O ideal é combinar um bom investimento com um prazo alargado de aforro. Se, em vez de aplicar 100 euros por mês na última década da vida ativa à taxa de 0,38%, investir 100 euros por mês no mercado acionista durante 36 anos, acumula dez vezes mais na altura da aposentação, cerca de 118 mil euros, assumindo uma rendibilidade anual de 5%.

Quer simplificar ao máximo a sua carteira? Escolha fundos mistos

Os fundos de investimento podem simplificar a criação de uma carteira de aplicações, mas é sempre preciso equilibrar fundos de ações com fundos de obrigações, pelo menos, para ter um cabaz ajustado ao perfil do agregado familiar. Não há um instrumento mais simples? Sim, os fundos mistos.

Mistos eleitos pelo Observador

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Em fevereiro, o Observador elegeu os três melhores fundos mistos: o MFS Meridian Prudent Wealth A1USD (enviesado para o mercado acionista), o Credit Suisse PF Reddito EUR B EUR (mais conservador) e o Nordea 1 Stable Return E EUR (equilibrado entre ações e obrigações). Saiba mais.

Os fundos mistos combinam aplicações nos mercados de ações e de obrigações. Assim, estes fundos têm algum do maior potencial de valorização das ações e alguma da estabilidade das obrigações. Além de outras regras essenciais à seleção de fundos, os fundos mistos devem ser eleitos pela proporção investida em cada componente, ações e obrigações. Quanto mais longe estiver do objetivo para o qual está a poupar, maior deve ser a exposição ao mercado acionista.

Quase todos os bancos oferecem fundos mistos aos seus clientes, normalmente divididos entre defensivos (mais obrigações), neutros (equilibrados entre obrigações e ações) e agressivos (mais ações). Os planos de poupança-reforma também podem ser fundos mistos (embora nunca agressivos, por limitação legal), mas apenas devem ser constituídos quando o objetivo é mesmo o planeamento da aposentação.

Ainda mais simples: fundos mistos que se ajustam automaticamente

A Fidelity, uma das maiores sociedades gestoras de fundos do mundo cujos produtos são distribuídos por bancos portugueses, gere um tipo diferente de fundos mistos: começam por ser agressivos, convertem-se em neutros a meio caminho e, no final, são muito conservadores. A evolução é progressiva e poupa o investidor de ter de fazer mudanças na sua carteira, porque o gestor encarrega-se dos ajustes. São os chamados fundos de ciclo de vida.

Atualmente, há fundos Fidelity Target que apontam de 2015 até 2050, em intervalos de cinco anos. O Fidelity Target 2020 (Euro) tem agora pouco menos de metade da carteira em ações, mas o Fidelity Target 2030 (Euro) tem cerca de 80% e o Fidelity Target 2050 (Euro) quase todo o dinheiro.

Em Portugal, estes fundos são comercializados pelo ActivoBank, Banco Best, Banco Big, Banco Carregosa, Deutsche Bank e Millennium bcp.

Quer apalpar a sua riqueza? Não compre ouro

Oferecer uma libra de ouro aos afilhados é ainda uma tradição em Portugal. Todavia, é uma das piores prendas que se podem dar às crianças: mal sai da loja, a moeda já vale menos 15% do que pagou por ela.

Há três anos, os investigadores da Proteste Investe, a publicação financeira ligada à Deco – Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor, percorreram Portugal a comprar e a vender ouro amoedado. Conclusão: “Em média, pagámos mais 15,2% do que os preços de referência e vendemos por menos 1,6 por cento.” A referência para os preços é o Banco de Portugal, que publica diariamente as cotações do ouro.

+10%

O preço do ouro em barra aumentou 10% nos últimos 12 meses, empurrado pela incerteza que se vive nos mercados financeiros. Uma barra vale agora 1.167 euros, o que quer dizer que um grama de ouro de 24 quilates custa 37,52 euros.

As perdas dos investigadores da Proteste Investe poderiam ser superiores se tivessem vendido numa das muitas lojas de compra de ouro espalhadas pelo país. “Se tivéssemos vendido todo o ouro nos franchisings, a perda na venda teria sido, em média, de 25,8 por cento”, concluem os analistas.

Além das largas margens cobradas pelos intermediários deste mercado, o ouro como investimento tem uma grave limitação: não gera rendimento. Por isso, o preço depende sempre da luta entre os compradores e os vendedores. A aposta no metal amarelo é sempre especulativa, porque depende da relação entre os interessados em vender e em comprar.

Se, mesmo assim, quiser aplicar uma parte do seu dinheiro no mercado aurífero, faça-o pela via indireta: compre unidades de um fundo cotado que tenha ouro no seu cofre. O SPDR Gold Shares, listado na bolsa de Nova Iorque, é um dos maiores: tem mais de 940 toneladas de ouro (mais do dobro do Banco de Portugal) maioritariamente nos armazéns londrinos do banco HSBC.

Tem medo de ser enganado? Fique longe dos produtos financeiros complexos

Em junho de 2015, alguns clientes da Caixa Geral de Depósitos foram presenteados com um depósito que oferecia uma taxa de juro até 1,1% no prazo de um ano, uma remuneração superior aos depósitos tradicionais da instituição financeira. No entanto, a ficha de informação do Depósito Indexado Caixa NOK Stable junho 2016 revelava que essa taxa só seria paga se o câmbio euro-coroa norueguesa não variasse mais de 5% durante os 12 meses, para cima ou para baixo.

0,94%

Um em cada três depósitos indexados que se venceram em 2016 forneceu um retorno nulo aos seus subscritores. Em média, a taxa de juro anual bruta destas aplicações foi de 0,94%. O mais rentável, o Montepio Cabaz Inovação – Março 2014, alcançou uma taxa anual de 5,381%, segundo o Banco de Portugal.

 

Infelizmente para os clientes, a coroa caiu 6,6% face ao euro. Não houve juros para os clientes. O banco, naturalmente, encaixou as suas comissões implícitas na montagem do produto.

Em geral, os aforradores e os investidores devem afastar-se dos produtos financeiros complexos como o Depósito Indexado Caixa NOK Stable junho 2016. Em alguns casos, podem até perder dinheiro. Como o Observador noticiou, muitos aforradores perderam dinheiro indiretamente com os problemas na Portugal Telecom International Finance, através de produtos financeiros complexos. Foram os clientes do Deutsche Bank que mais perderam, 80 milhões de euros.

Em vez de deixar o seu dinheiro à mercê da sorte, leia o prospeto ou a ficha de informação antes de subscrever e, se encontrar as palavras “produto financeiro complexo” logo nas primeiras linhas, vá à procura de soluções menos criativas para o seu dinheiro.

Quer investir para o seu objetivo? Adapte-se ao prazo

É fácil compreender porque pode arriscar mais quando tem mais tempo pela frente para investir: alguma oscilação desvantajosa na sua carteira terá mais tempo para recuperar. As maiores sociedades gestoras de fundos sabem disto.

Com base nos estudos de três das maiores gestoras de ativos do mundo – Vanguard, Fidelity e T. Rowe Price –, bem como as mais recentes investigações académicas, a composição das carteiras para prazos superiores a 20 anos devem ter mais de 80% em ações. A dez anos do objetivo, a carteira deve ter cerca de dois terços do património no mercado acionista. Naturalmente, são apenas referências para os aforradores. Se forem mais conservadores, é normal que prefiram ter menos exposição à bolsa.

Se for investir para a reforma dentro de 30 anos, não é estranho ter a carteira quase toda em ações ou fundos de ações, como o Observador defendeu recentemente. Se quer poupar para comprar uma casa no final de uma década, pode dividir o dinheiro entre fundos de ações e de obrigações (ou escolher um fundo misto). Mas se for poupar para mudar de carro dentro de três anos, as ações devem ser minimizadas ou, mesmo, anuladas da poupança.

As obrigações (ou os fundos de obrigações) são normalmente apontadas como a alternativa às ações para baixar o risco da carteira. Todavia, os Certificados de Aforro e os Certificados do Tesouro Poupança Mais são opções atraentes nesta área: têm baixo risco por serem garantidos pelo Estado português e o rendimento é interessante. A taxa atual líquida dos Certificados de Aforro é de 0,5%, mas aumenta com o tempo. Os Certificados do Tesouro Poupança Mais rendem, pelo menos, 1,61% por ano no próximo quinquénio para quem subscrever neste mês de outubro.

Receia que o banco ganhe mais do que você? Corte nos custos

A crise financeira tem levado os bancos portugueses a aumentar progressivamente as comissões que cobram aos seus clientes. A redução das comissões bancárias pode, todavia, partir da sua iniciativa. Lembre-se: tudo o que pagar ao seu banco é menos capital disponível para investir.

Para começar, corte nos custos da conta à ordem. Se tiver uma conta com domiciliação de ordenado ou da pensão, provavelmente já não terá despesas de gestão de conta, embora haja mínimos para o vencimento ou para a pensão. No entanto, outros produtos e serviços, como os cartões bancários, poderão ter custos. Evite-os sempre que possível.

Se está pronto para mudar, há duas instituições que oferecem gratuitamente uma conta bancária com um cartão de débito, o ActivoBank e o Banco CTT. As transferências bancárias através destas contas são também gratuitas e o ActivoBank ainda acrescenta um cartão de crédito a custo zero.

É conservador? Descubra as aplicações certas para o longo prazo

Está a pensar investir no longo prazo, mas não se sente confortável com os mercados acionistas ou com os fundos com uma importante componente em ações? Pense duas vezes: a rendibilidade alcançada pelas ações pode fazer diferença no longo prazo.

Os depósitos a prazo dificilmente são a solução para quem quer aplicar por muitos anos. Há apenas uma exceção: o depósito a cinco anos do BNI Europa. Rende uma taxa anual líquida de 1,8%. Os Certificados de Aforro também não são a melhor opção, porque os concorrentes Certificados do Tesouro Poupança Mais (CTPM) são mais interessantes. Tal como os Certificados de Aforro, os CTPM podem ser subscritos em algumas estações dos CTT e através do AforroNet, mas a duração máxima da aplicação é de cinco anos e não de dez anos. No entanto, a rendibilidade anual líquida dos CTPM é de 1,61%, pelo menos. Quem quer investir por mais de cinco anos com a garantia do Estado português tem de adquirir Obrigações do Tesouro através do seu intermediário financeiro.

Os seguros de capitalização, que têm uma tributação reduzida para quem investe no longo prazo, poderiam ser uma alternativa viável, mas a maioria tem comissões demasiado elevadas ou o rendimento é baixo. O Postal Rendimento Mais série 4, um dos últimos a ser lançado no mercado, não tem comissões, mas a rendibilidade anual líquida é de 1,1% em 2016, mas poderá descer até zero nos anos seguintes.

Os fundos de investimento em obrigações são provavelmente a escolha mais racional: são produtos diversificados (incluem muitos títulos na carteira), podem ser escolhidos consoante o seu risco e tendem a ser baratos. O Santander Multitaxa Fixa, apesar de ter uma comissão de resgate sobre os investimentos que durem até 15 dias, é um dos favoritos do Observador. Note, no entanto, que, ao contrário dos depósitos a prazo, dos Certificados de Aforro, dos CTPM e da maioria dos seguros de capitalização, não há garantia de capital nos fundos de obrigações.

Só quer aplicações de curto prazo? Descubra as diferenças entre depósitos e Certificados de Aforro

Os depósitos a prazo e os Certificados de Aforro são duas das aplicações mais populares ente os aforradores particulares em Portugal. No final de agosto, os portugueses tinham aplicado 99,1 mil milhões de euros em depósitos a prazo e 12,9 milhões em Certificados de Aforro. Para que não restem dúvidas, descubra as diferenças entre estes produtos de poupança.

  • Remuneração: Os bancos decidem as taxas de juro que estão dispostos a pagar aos clientes. Regra geral, a taxa é fixa para todo o prazo (embora haja exceções, como os depósitos indexados). A taxa dos Certificados de Aforro é calculada mensalmente, em função da evolução da Euribor a três meses no final do mês anterior. Em outubro, ficou estabelecida em 0,699%. Quando se subscreve Certificados, esta taxa é válida para os três meses seguintes. Após este período, a taxa é renovada trimestralmente.
  • Comercialização: Os depósitos são realizados junto das instituições financeiras. Os Certificados de Aforro, atualmente na série C, podem ser subscritos em algumas estações dos CTT e através do AforroNet.
  • Mobilização: Há depósitos que não podem ser mexidos antes do vencimento. Os que permitem a mobilização antecipada normalmente penalizam os aforradores que resgatam através da redução dos juros. Os Certificados de Aforro podem ser levantados a qualquer altura após os primeiros três meses. Se houver disponibilidade de caixa na estação dos CTT, o reembolso pode ser no momento. Não é possível o resgate antecipado através do AforroNet.
  • Prazo: Há depósitos que se vencem em alguns dias, mas o prazo pode ir até alguns anos, embora cerca de metade tenha duração até um ano. Os Certificados de Aforro têm um prazo de dez anos.
  • Montante mínimo: São 100 euros o mínimo exigido para investir ou reforçar nos Certificados de Aforro. O valor mínimo dos depósitos depende do banco e do produto. É frequente um valor de 500 euros.

Para saber os detalhes do depósito a prazo proposto pelo seu banco, solicite a ficha de informação normalizada. Se quiser saber os pormenores dos Certificados de Aforro, leia a informação publicada pela Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública.

Como eleger o melhor fundo? Comece pelos mais baratos

O entrevistador perguntou a William Sharpe, laureado com o Nobel da Economia em 1990, como escolhia os seus fundos de investimento. “A primeira coisa a procurar é a taxa de encargos correntes, a segunda é a rotação da carteira e a terceira é alguma medida de desempenho passado. Mas se tivesse de olhar apenas para uma coisa, eu escolheria a taxa de encargos correntes”, respondeu o académico da Universidade de Stanford, na Califórnia, nos Estados Unidos.

192 milhões em comissões por ano

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Os portugueses pagam anualmente 192 milhões de euros em comissões pelos seus fundos de investimento: 101 milhões nos fundos mobiliários e 91 milhões nos fundos imobiliários.

Fonte: CMVM.

Sharpe, reconhecido como o pai da avaliação de fundos, alertava para os custos que muitas vezes os investidores pagam sem saberem. A comissão de subscrição e de resgate é reconhecida por muitos, mas menos analisadas são as comissões de gestão e de depósito. Estas duas comissões são as principais componentes da taxa de encargos correntes.

As conclusões dos estudos de William Sharpe leva-o a recomendar fundos de índice, porque normalmente têm custos mais baixos. Estes fundos replicam índices bolsistas, logo os gestores têm um trabalho simplificado, cobrando menos por isso. “Em condições plausíveis, uma pessoa a poupar para a reforma que escolha investimentos de baixo custo em vez de custos mais elevados poderá ter um nível de vida na aposentação que é 20% superior”, explicou numa entrevista à publicação da sua alma mater.

Procura fundos ainda mais baratos? Vá à bolsa

A primeira regra para escolher os melhores fundos é procurar as comissões mais baixas. Mas não é possível reduzir ainda mais os custos, indo além dos fundos tradicionais? Sim, se for à bolsa.

É na bolsa que se encontram os fundos cotados, normalmente conhecidos por trackers, exchange-traded funds ou ETF. Regra geral, replicam simples índices de ações ou de obrigações e, por isso, cobram comissões muito baixas.

9,02%

O SPDR S&P500 ETF Trust, o maior e mais antigo fundo cotado no mundo, rendeu 9,02% por ano aos investidores norte-americanos desde que foi lançado, em janeiro de 1993. O iShares Euro Stoxx 50 UCITS ETF, o mais antigo europeu, rendeu -0,34% por ano desde que foi lançado no auge da bolha tecnológica, no ano 2000.

O maior e mais antigo fundo cotado, o SPDR S&P 500 ETF Trust, que investe em ações norte-americanas, cobra 0,095% por ano aos investidores participantes que adquiriram unidades na bolsa de Nova Iorque. Mas há mais barato: o iShares Core S&P Total Stock Market ETF cobra 0,03% por ano para investir em mais de 3.700 ações norte-americanas.

Investir através de um fundo cotado tem os custos acrescidos do intermediário financeiro, como as comissões de negociação, de guarda de títulos e de distribuição de dividendos. Só é aconselhável para quem tem carteiras mais avultadas, de modo a diluir estes custos adicionais.

Continua a subscrever PPR? Há poucas razões para o fazer

Apesar de todas as vantagens apregoadas dos planos de poupança-reforma, o Observador mostrou que os Certificados de Aforro renderam mais do que muitos PPR. As desvantagens dos planos de reforma acumulam-se: além de renderem pouco, as comissões são tendencialmente elevadas e a flexibilidade é reduzida (afinal, são criados apenas para garantir a aposentação).

Os PPR poderiam render mais se não estivessem limitados por lei no investimento no mercado acionista, que, no longo prazo, rende mais. Atualmente, os gestores de PPR podem aplicar um máximo de 55% da carteira em ações.

Há, no entanto, PPR que se destacam pela positiva. O Alves Ribeiro PPR, o NB PPR e o Leve Duo (PPR) são os únicos que valem a pena, segundo a análise do Observador.

Deve vender as suas ações do EDP? Sim, se não tiver outras

Não é preciso ser especialista para saber que a diversificação é importante. António, o mercador de Veneza de Shakespeare, dizia há quatro séculos: “Não tenho os meus bens confiados a um só casco, nem a um só lugar.” Todavia, desde a década de 1950, com os estudos de Harry Markowitz, que os benefícios da diversificação são estendidos tecnicamente ao mundo dos investimentos.

É uma má decisão ter a carteira concentrada numa só ação (ou num punhado pequeno de ações), mesmo que seja de uma empresa aparentemente sólida, como a EDP. Que o digam os acionistas da Pharol (ex-Portugal Telecom): as ações perderam mais de 90% nos últimos cinco anos. Ou, pior, os antigos acionistas do Banco Espírito Santo, que viram o valor dos seus papéis a cair para zero.

Não há um número milagroso que indique o mínimo recomendado de ações diferentes. Há quem defenda 15 a 20 ações; há quem promova 30 títulos. É preciso bom senso: as carteiras têm de começar com poucos investimentos. À medida que o património cresce, o esforço de diversificação deve ser incrementado.

É crucial que as primeiras empresas selecionadas para o património atuem em negócios díspares. Se só investir na banca, é natural que a carteira sofra um terramoto da próxima vez que algum membro do setor financeiro passar por dificuldades acrescidas.

Investir em dívida de empresas? Tenha muito cuidado

Foram muitas as sociedades portugueses que exploraram o interesse dos investidores particulares na aquisição de obrigações de empresas entre 2012 e 2013. EDP, Portugal Telecom, Brisa, Semapa e Continente foram algumas das entidades que colocaram a sua dívida junto dos aforradores, prometendo taxas até 7% por ano.

Desde então, a rendibilidade potencial das obrigações desceu acentuadamente, abrindo caminho aos que compraram os títulos a venderem com bons ganhos, mas afastando os potenciais interessados.

Investir diretamente numa carteira de obrigações de empresas é desaconselhável, porque dificilmente conseguirá constituir uma carteira diversificada e porque o mercado obrigacionista é especialmente complicado de acompanhar. Prefira um bom fundo de obrigações.

O seu banco oferece-lhe uma taxa baixa? Negoceie ou mude

Se for ao seu banco à procura de um depósito a prazo, a primeira proposta que receberá é a que está inscrita no preçário. Com a taxa de inflação prevista para 2016 próxima de zero e as Euribor abaixo de zero, a banca não paga muito pelo seu dinheiro. Em agosto, os novos depósitos de particulares até um ano receberam taxas de juro médias de 0,38%, mostram as últimas estatísticas do Banco de Portugal.

Se não ficar satisfeito com a primeira taxa que lhe propõem, negoceie. Negociar faz parte da atividade bancária. A sua capacidade de negociação depende do montante que quer aplicar e do envolvimento que tem com o banco: se é um cliente antigo, se já tem outras aplicações e produtos financeiros ou se paga as prestações do crédito sempre a tempo.

Se, mesmo após uma negociação, não ficar satisfeito, não se prenda. Há muitos outros bancos, alguns dos quais pagam taxas interessantes. Se não quer abrir conta noutra instituição financeira, pode sempre aplicar a poupança em Certificados de Aforro.

Subscreveu um seguro de investimento. Deveria ter feito um depósito?

À partida, os seguros de capitalização parecem mais interessantes dos que os depósitos a prazo, porque normalmente pagam taxas de juro mais altas. No entanto, há duas coisas que devem afastar os aforradores mais atentos: as comissões e a falta de proteção independente.

Alguns seguros de investimento não garantem o capital, nem pagam rendimento mínimo. Às vezes, investem em aplicações mais voláteis, como fundos de ações. Embora os fundos investimento possam ser interessantes para os investidores, os seguros ligados a fundos podem ser menos atrativos, porque adicionam uma camada adicional de comissões aos investidores.

1,94%

Foi a rentabilidade média dos seguros financeiros em 2015. Variou entre -24,86% do Maximus Fundos Internacionais – Axa WF Framlington Junior Energy E EUR, administrado pela Ageas Portugal Vida, e os 32,22% da Solução Multifundos Meiral – fundo autónomo Lousã 1, gerido pela Zurich Vida.

Fonte: Associação Portuguesa de Seguradores.

Uma das grandes críticas que se fazem aos seguros de investimento prende-se com a inexistência de um sistema independente de proteção aos investidores. Os depósitos são protegidos pelo Fundo de Garantia de Depósitos (até 100 mil euros por depositante num banco), enquanto a maioria dos instrumentos financeiros, como os fundos de investimento, são abrangidos pelo Sistema de Indemnização aos Investidores (até 25 mil euros por investidor).

Caso as aplicações em seguros fiquem indisponíveis (por fraude ou por falência, por exemplo), os aforradores não têm a quem recorrer sem ser o sistema judicial.

Ainda deve confiar na banca? Sim, mas escolha bem

Não há volta a dar: os bancos são cruciais para si e para todos. Se quer investir as suas poupanças, tornam-se ainda mais importantes. É básico saber que precisa de um intermediário financeiro para conseguir fazer aplicações em instrumentos financeiros.

A importância que os bancos têm na vida particular deve obrigar os consumidores a serem seletivos na eleição de quem pode mexer e saber sobre o seu dinheiro. Muitas pessoas são clientes de bancos apenas porque sempre o foram. Não deve ser assim: os bancos devem ser escolhidos pelo que podem fazer pelo seu dinheiro.

Se prefere depósitos a prazo, eleja bancos tradicionalmente generosos. Se procura fundos de investimento, busque os bancos com mais fundos, porque é provável que tenham os melhores. Se apenas aplica o seu dinheiro em Certificados de Aforro e do Tesouro, opte por um banco sem custos do dia-a-dia, como o ActivoBank e o Banco CTT.

Evite colecionar contas bancárias. Ter dinheiro espalhado por muitos bancos aumenta as possibilidades de lhe cobrarem comissões e outras despesas sem que repare. Na poupança, todos os tostões contam.

Aplicações com benefícios fiscais compensam? Nem sempre

Todos gostam de benefícios fiscais, incluindo o setor financeiro. Por isso, quando um produto recebe uma redução fiscal, é normal registar-se um aumento dos custos dos produtos.

É por isso que os planos de poupança-reforma (PPR) na modalidade de fundos de investimento cobram mais na subscrição e no reembolso do que os fundos mistos, que são diretamente comparáveis. Mas é na modalidade de seguros de vida que os PPR mais cobram: a comissão de subscrição chega até 6% do aforro (Misto BA PPR da España S.A.), mostra a lista agregada pela Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões.

Os seguros de capitalização, cuja tributação sobre os rendimentos também é reduzida no longo prazo, primam por apresentarem frequentemente comissões de subscrição e de reembolso. Este tipo de cobrança é cada vez mais raro noutros produtos financeiros, como nos fundos de investimento.

Se quer investir com benefícios fiscais, garanta que o seu instrumento financeiro não tem custos acrescidos por causa disso.

Aderiu aos Certificados de Reforma. Fez mal?

Quem já desconta para a Segurança Social, para a Caixa Geral de Aposentações ou para a Caixa de Previdência dos Advogados e Solicitadores pode, opcionalmente, aumentar a sua contribuição com o objetivo de incrementar a pensão futura. É possível contribuir com 2% ou 4% ou, para os maiores de 50 anos, com 6% do vencimento que já é alvo do desconto obrigatório. Este dinheiro é investido em Certificados de Reforma, que funcionam como se fossem unidades dum fundo de investimento independente dos sistemas de segurança social.

Os Certificados de Reforma foram apelidados de “PPR do Estado”, por serem uma poupança para a aposentação e por terem benefícios fiscais equiparados. No entanto, os Certificados de Reforma têm algumas vantagens e outras desvantagens:

  • Rentabilidade: Para um fundo conservador (tem, no máximo 25% de ações), a rendibilidade anual de 3,75% dos Certificados de Reforma alcançada desde que foram lançados em 2008 é interessante quando comparada com os PPR também conservadores.
  • Garantia de capital: Não há garantia de capital. Os aderentes aos Certificados de Reforma podem perder dinheiro, tal como nos PPR não garantidos.
  • Comissões: Os Certificados de Reforma não têm comissões, mas há custos de administração. Ficam em clara vantagem face aos PPR.
  • Mobilização: Não há possibilidade de sacar o dinheiro dos Certificados de Reforma antes da aposentação, nem com penalização fiscal, como acontece com os PPR no reembolso antecipado. Em caso de morte do contribuinte, os direitos sobre os Certificados de Reforma passam para os herdeiros, como nos PPR.
  • Penhora: Ao contrário dos PPR, que podem ser penhorados, os Certificados de Reforma são impenhoráveis.

A impossibilidade de mexer no dinheiro, mesmo em caso de emergência, é o principal elemento que o deve levar a evitar os Certificados de Reforma. Se aderiu e, entretanto, se arrependeu, pode suspender as aplicações mensais na altura da renovação anual ou em fevereiro de cada ano. A suspensão também pode ser pedida no caso de incapacidade para o trabalho, doença ou desemprego.

Que tal uma conta de poupança-reformado? Só se for no Novo Banco

As contas de poupança-reformado poderiam ser muito interessantes, se as taxas de juro estivessem ao nível das pagas pelos melhores depósitos a prazo. Os aposentados cuja pensão não ultrapassa o equivalente a três salários mínimos (1.590 euros) podem aplicar até 10.500 euros nas contas de poupança-reformado sem pagar imposto sobre os juros recebidos.

O problema das contas de poupança-reformado são os juros: a maioria dos bancos paga pouco, espelhando o que se passa na maioria dos depósitos a prazo e contas de poupança. Fique longe das contas para reformados da Caixa Geral de Depósitos e do Millenium bcp (taxa de juro de 0,1%) e do Santander Totta (0,2%) e, especialmente, do Banco BPI, que não paga nada na sua conta poupança-reformado. Entre as maiores instituições, o Novo Banco é o que mais paga (até 0,5%) e o Montepio (até 0,35%).

Reformou-se com um bom pé-de-meia. E agora?

Assim que se aposentam, os aforradores não têm de passar logo as poupanças para produtos menos arriscados, como depósitos a prazo e Certificados de Aforro. Atualmente, a esperança média de vida dos homens de 66 anos é de mais de 16 anos, enquanto a das mulheres da mesma idade é de quase 20 anos, revelam as mais recentes tábuas de mortalidade publicadas pelo Instituto Nacional de Estatística. Com os avanços médicos, espera-se que estes números se dilatem.

Se estiverem bem de saúde, os aforradores aos 66 anos devem fazer duas coisas:

  • Resgatar mensalmente os montantes que necessitarem para compensar a perda de poder de compra registada com a passagem à aposentação. Os últimos cálculos da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico indicam que os pensionistas portugueses perdem cerca de um terço do rendimento.
  • Transferir progressiva e lentamente as aplicações mais arriscadas para as aplicações conservadoras. Tudo o que não é necessário na próxima década pode ficar em instrumentos com algum risco para aumentar as probabilidades de fazer crescer o património, a não ser que o reformado seja completamente avesso ao risco.

Não quer pensar em dinheiro? Compre uma renda vitalícia

Muitos aposentados não querem pensar no dinheiro, muito menos em escolher as aplicações certas. A solução é comprar uma renda vitalícia.

É possível ir a uma companhia de seguros e entregar todo o seu pé-de-meia em troca de um complemento à sua pensão. Como as mulheres vivem mais tempo, em média, sai-lhes mais caro adquirir uma renda vitalícia. Enquanto 200 mil euros devem conseguir comprar uma renda mensal de perto de mil euros a um cavalheiro de 66 anos, a mesma poupança deve oferecer uma prestação bastante inferior a 900 euros a uma senhora com a mesma idade.

Há várias modalidades nas rendas vitalícias. A reversibilidade, por exemplo, permite a transferência do direito a receber a renda quando o cônjuge que a contratou morreu. Também se pode optar por rendas crescentes, de modo a acompanharem de algum modo a inflação.

Amortizar ou investir? Prefira pagar as dívidas

É uma das dúvidas mais anciãs nas finanças pessoais: o dinheiro que se junta todos os meses deve ser conduzido exclusivamente para investimentos ou deve-se preferir anular as dívidas? Na maioria dos casos, os créditos devem ser os destinatários do dinheiro amealhado.

Excluindo os empréstimos à habitação, as taxas de juro cobradas pelas instituições de crédito são muito altas. Em média, os créditos que se vencem até um ano pagavam 12,03% em agosto, revelam as estatísticas do Banco de Portugal. Os mais dilatados, que maturam depois de cinco anos, cobravam 6,13%. Nestes casos, não há dúvidas: é melhor amortizar do que investir.

Nos créditos à habitação, a história é semelhante, porque a taxa média em agosto, de 1,13%, é muito superior à taxa média que os bancos pagavam nos novos depósitos a prazo, de 0,38%. Assumindo estas taxas de juro, a amortização de um crédito de 100 mil euros em 10 mil euros permite poupar 11.797 euros no final de 30 anos. Todavia, a aplicação anual dos mesmos 10 mil euros à taxa de 0,38% acumula 854 euros no prazo de três décadas, depois de descontar os impostos sobre os rendimentos. Naturalmente, um aforrador que planeie um investimento por 30 anos conseguirá alcançar um rendimento superior a 0,38%, mesmo em produtos de capital garantido.

Além de ser mais rentável do que aplicações de baixo risco, a amortização de um crédito à habitação tem um benefício acrescido: permite dormir melhor à noite. Se não gosta de estar atado ao seu banco devido ao crédito, a única maneira de se libertar é amortizá-lo e, simultaneamente, reduzir o prazo. No caso anterior, os 10 mil euros de amortização permitiriam reduzir o prazo da dívida em três anos e meio sem aumentar a prestação mensal.

Comprar casa para arrendar? Duas razões para não o fazer

A maioria das famílias portuguesas com disponibilidade para investir no mercado imobiliário já é dona da sua própria habitação. Os últimos Censos conduzidos pelo Instituto Nacional de Estatística indicaram que 73,24% dos alojamentos familiares clássicos estavam ocupados pelos proprietários em 2011. Cinco sétimos do património das famílias portugueses são imóveis. Para a maioria dos investidores, a residência, muitas vezes adquirida com recurso ao crédito à habitação, já é uma exposição mais do que suficiente ao mercado imobiliário.

Imóveis absorvem 70% do património

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Em 2013, esta era a distribuição do património dos agregados familiares portugueses, segundo o “Inquérito à Situação Financeira das Famílias em Portugal”, conduzido pelo Banco de Portugal e pelo Instituto Nacional de Estatística.

Residência principal: 43,8%
Outros bens imóveis: 26,3%
Negócios por conta própria: 13,6%
Depósitos a prazo: 6,7%
Veículos motorizados: 3,3%
Outros ativos financeiros: 1,6%
Planos voluntários de pensões: 1,5%
Depósitos à ordem: 1,3%
Joias, obras de arte e outros objetos de valor: 1,1%
Ativos transacionáveis: 0,8%

Além disso, as expectativas de retorno no negócio de compra de casa para arrendamento são muito reduzidas. O Índice APFIPP/IPD, que segue as tendências do mercado imobiliário através das carteiras dos fundos de investimento imobiliário, registou uma queda anual de -1,7% nos cinco anos que terminaram em março passado.

Que fazer agora a 5000 euros? Três ideias

Pode não ter recebido o primeiro prémio do Euromilhões, mas, se calhar, ganhou cinco mil euros do quarto prémio. Talvez tenha recebido um prémio pelo seu desempenho profissional. Ou uma herança. Qualquer que seja o motivo, tem cinco mil euros parados na sua conta à ordem e não precisa deles para já. Que lhes fazer?

Além de poder gastá-los para satisfazer os seus desejos consumistas, o Observador apresenta-lhe três sugestões financeiras para o dinheiro:

  1. Faça ou reforce o seu fundo de emergência: Como já dissemos, o fundo de emergência é o primeiro passo a dar nas finanças pessoais. Se ainda não o constituiu, aproveite a oportunidade.
  2. Amortize as suas dívidas: Excluindo alguns créditos à habitação, os empréstimos bancários são demasiado onerosos para o deixar dormir descansado. Amortize-os para ficar mais próximo da sua liberdade financeira.
  3. Poupe para a reforma: É, provavelmente, a maior preocupação dos portugueses. E percebe-se: quando se aposentam, perdem cerca de um terço do poder de compra. Para aligeirar a inquietação, amealhe para a aposentação.

Junta dinheiro para as férias na conta à ordem?

São muitos os sistemas que os portugueses adotam para poupar para as férias. Uns contam apenas com o subsídio de férias. Outros esperam por uma boa devolução de IRS após o apuramento do imposto calculado pela autoridade fiscal. Muitos deixam acumular na conta à ordem.

Apesar de as taxas de juro das soluções alternativas estarem muito baixas, a conta à ordem é o pior sítio para amealhar poupanças para as férias, especialmente se tiver um espírito mais consumista. Acontece a muita gente acabar por gastar o aforro fora do período veraneante.

Para a maioria das pessoas, as contas de poupança, versões dos depósitos a prazo que permitem reforços, são os instrumentos mais indicados para a preparação das férias. E não é pelo rendimento: a Caixa Geral de Depósitos, por exemplo, não remunera a conta CaixaPoupança quando os valores são inferiores a 250 euros, por exemplo. O objetivo é mesmo afastar o pé-de-meia do seu dia-a-dia.

A vantagem das contas de poupança é que exigem mínimos de aforro muito baixos. A CaixaPoupança pode ser iniciada com dez euros.

Poupa para mudar de carro dentro de cinco anos? Subscreva Certificados do Tesouro

Já tem o dinheiro para adquirir um automóvel novo, mas não precisa de trocar de carro nos próximos anos? Estacione o dinheiro nos Certificados do Tesouro Poupança Mais (CTPM).

A estrutura de taxa de juros dos CTPM é crescente: 1,25% no primeiro ano, 1,75% no segundo, 2,25% no terceiro, 2,75% no quarto e 3,25% no quinto ano. Nestes dois últimos anos, as taxas podem ser incrementados em 80% do crescimento médio real do produto interno bruto português.

Na prática, o rendimento anual líquido dos CTPM ao fim de cinco anos pode ficar entre 1,61% e 2,17%, assumindo a estimativa de crescimento real indicado pelo Governo no Programa de Estabilidade para 2019 e 2020. É um dos melhores investimentos de capital garantido que se pode fazer para o prazo de cinco anos.

Só há um depósito a prazo que vale a pena no prazo de cinco anos: o BNI Europa 5 Anos. Esta aplicação do Banco BNI Europa rende uma taxa anual líquida de 1,8% nesse período.

Mantenha o seu filho longe das contas para crianças

“O melhor do mundo são as crianças”, escreveu Fernando Pessoa, e os bancos dão-lhes um tratamento especial. Porém, as propostas exclusivas para os mais novos devem ser rejeitadas, porque, em geral, não fazem o melhor pelas poupanças dos miúdos.

Entre os maiores bancos nacionais, o Novo Banco é o mais generoso: a Conta Poupança Programada Júnior dá uma taxa anual líquida de 0,35% para um prazo de cinco anos. Fica muito longe do rendimento anual mínimo dos Certificados do Tesouro Poupança Mais (1,61%) ou, mesmo, do melhor depósito a cinco anos, o BNI Europa 5 Anos (1,8%).

As regras para investir os euros dos aforradores mais novos são as mesmas aplicadas ao dinheiro dos adultos. Por exemplo, quanto mais longe estiver o prazo esperado de movimentação do dinheiro, mais se deve arriscar. Tem mais lógica aplicar o dinheiro para a universidade de um recém-nascido no mercado acionista (porque rende mais no longo prazo) do que numa conta de poupança, desde que, à medida que ele fica mais velho, se passe o dinheiro para aplicações de menor risco, como Certificados de Aforro, Certificados do Tesouro Poupança Mais ou fundos de obrigações.

Sempre que possível, simplifique as poupanças, escolhendo, por exemplo, fundos de investimento. Como as poupanças das crianças não são geridas ativamente, podem facilmente cair no esquecimento dos mais velhos. Escolhendo instrumentos simples, a probabilidade de problemas por falta de acompanhamento desce.