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JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Diário de Lisboa. Medina vs Cristas e um triatlo do Bloco

Medina acusou Cristas de equacionar deixar a vereação para um futuro Governo (como fez Costa). Mas explica que situação de Costa não é equiparável. O BE andou de comboio, metro e bicicleta.

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Fernando Medina, presidente da câmara e candidato do PS, começou o dia na Penha de França, a atacar Assunção Cristas por ter admitido sair da vereação se fosse chamada ao Governo. Assunção Cristas, líder do CDS, começou a manhã no metro do Campo Grande, para depois ir a um café de Benfica à tarde e respondeu a Medina. João Ferreira, eurodeputado e candidato da CDU, foi à Proteção Civil de Lisboa fazer uma declaração sobre a situação destes trabalhadores e ainda fez um contacto com funcionários do Parque Florestal de Monsanto. O bloquista Ricardo Robles dedicou o dia aos transportes, para fazer um verdadeiro triatlo: de metro, comboio e bicicleta (o Observador também foi dar aos pedais e correu riscos ao entrevistar o bloquista num vídeo em andamento sobre duas rodas). A candidata do PSD, Teresa Leal Coelho, mantém o ritmo de apenas uma ação por dia, e ao fim da tarde realizou uma arruada a começar no Centro Comercial do Lumiar e acabar no metro do Campo Grande, mas não havia muitos eleitores por ali.

PSD. Teresa Leal Coelho sai à rua, mas não encontra muita gente

A promessa: Construir parques de estacionamento dissuasores à entrada da cidade.

A frase: “Parece que conheço a sua cara mas não sei de onde, é da televisão?”. Nem todos reconhecem a candidata do PSD à primeira vista.

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Os afetos: “Posso cumprimentá-la/o?”. São poucos os eleitores com quem a candidata se cruza na rua que a reconhecem logo e que vão ter com ela. Teresa Leal Coelho pede para se chegar à frente e, geralmente, fá-lo com um passou-bem. Só quando há recetividade é que parte para os dois beijinhos.

O que correu mal: A Alameda das Linhas de Torres não tinha muita gente, nem tão pouco muitos estabelecimentos comerciais, o que fez com que a “arruada” fosse fraca em “contacto com a população”.

O que correu bem: A nota de agenda para amanhã, que diz que a candidata vai ter Pedro Passos Coelho ao seu lado nas ações de campanha da tarde.

Ao segundo dia de campanha oficial, Teresa Leal Coelho faz uma primeira “arruada” — que é como quem diz, uma ida para à rua, contactar com a população. O local escolhido foi a descida da Alameda das Linhas de Torres em direção ao metro do Campo Grande, mas o caminho não era farto em estabelecimentos comerciais e, a meio da tarde de uma quarta-feira, eram mais os estudantes do que os votantes que passavam.

Em todo o caso, ladeada de alguns membros da juventude social-democrata que, com bandeiras cor-de-laranja, gritavam pelo seu nome, a candidata do PSD a Lisboa foi rua fora pedir a quem passava se os podia cumprimentar. A maior parte assentia, meio baralhada com o aparato. Num café da zona do Lumiar, a candidata encontrou quem aplaudisse o PSD, mas nem sempre foi assim. Uma senhora, junto ao Hospital Pulido Valente, estava visivelmente intrigada: “Parece que conheço a sua cara mas não sei de onde, é da televisão?”. Alguém da comitiva lá explicou que se tratava da candidata do PSD à câmara de Lisboa, e a arruada seguiu o seu caminho.

É a primeira campanha eleitoral que Teresa Leal Coelho encabeça, como protagonista, e isso nota-se no trato mais ou menos hesitante. Perante jovens que encontra pelo caminho, e que só se querem desviar, pede autorização para os cumprimentar e até para ouvir da música que sai dos headphones. Aos mais velhos que esperam pelo autocarro na paragem, pergunta quanto tempo demoram a chegar até casa e promete melhorias ao nível dos transportes públicos. Aos jornalistas, recusa-se a falar do bate-boca desta quarta-feira entre Fernando Medina e Assunção Cristas, sobre o facto de a candidata do CDS ter dito que, se não for eleita presidente da câmara, poderá vir a trocar a câmara por um eventual lugar no governo em 2019. Prefere antes falar dos problemas dos lisboetas e do Lumiar.

“Estou concentrada nos lisboetas que têm toda a razão em reclamar por uma melhor qualidade de vida”, diz, sublinhando que o Lumiar “sofre bastante com as obras feitas em simultâneo e com a falta de estacionamento”. Aos que vai encontrando pelo caminho e que não votam em Lisboa, pede que votem pelos candidatos do PSD. É o caso de um senhor que disse que votava no Porto, ou de uma senhora que era de Odivelas. Aí, Teresa Leal Coelho não hesitou em fazer campanha pelo colega e amigo Fernando Seara, que se candidata naquele concelho: “O candidato do PSD lá é Fernando Seara, é cinco estrelas, vote nele”, disse a uma senhora que esperava pelo metro.

PS. Medina acusa Cristas de usar Lisboa para “promover imagem”. E Cristas responde: Medina “está preocupado”

O que correu mal: Medina dedicou o dia às questões da saúde, mas as arruadas têm uma larga margem de situações que fogem ao controlo das campanhas. As queixas dos lisboetas com que a comitiva se cruzou mostravam, sobretudo, preocupação com o “caos” que se vive com o estacionamento na cidade.

O que correu bem: os utentes do centro de convívio de Penha de França, ainda durante a manhã, reservaram para Medina uma receção com aplausos; as crianças trouxeram as canções infantis. O autarca afinou a voz e juntou-se ao coro.

A frase: Assunção Cristas é “uma candidata em part-time, que ainda não é vereadora, mas já é vereadora a prazo”.

A promessa: depois da promessa de investir 30 milhões na reabilitação de escolas, Medina prometeu mais 30 milhões, desta vez par construir 14 novos centros de saúde (dos quais, dois estarão concluídos nos próximos meses).

É a nova linha de argumentação de Fernando Medina contra Assunção Cristas, a candidata do CDS que na última sondagem conhecida aparecia em segundo lugar, com 17%: recorrer a uma declaração de Cristas no Carpool Autárquicas do Observador para dizer que a candidata centrista está a usar Lisboa para promover a sua imagem, preparando-se depois para sair da câmara em 2019 quando houver legislativas. Soa familiar?

No caso de não vencer, já disse que fica como vereadora. Mas durante quanto tempo? Admite sair para as legislativas de 2019?
Ficarei vereadora, cumprindo o meu mandato na oposição. Se o CDS nas próximas eleições legislativas estiver em condições de ir para o Governo com certeza que as pessoas não se ofendem se eu deixar de ser vereadora da oposição para ir assumir funções num Governo. Agora, obviamente que se for presidente da câmara de Lisboa exercerei o meu mandato até ao final, e é para isso que estou a trabalhar.”
Assunção Cristas no Carpool do Observador

Assunção Cristas, na entrevista ao Observador, disse que se for eleita presidente da câmara fica até ao fim, mas se não for, e se, em 2019, um eventual governo do centro-direita vencer as eleições e a chamar para funções executivas, “ninguém se ofenderá” se deixar a vereação em Lisboa. Isto, claro, se a direita (PSD e CDS) vencer as próximas legislativas — cenário que Fernando Medina parece estar a equacionar.

Em declarações ao Observador, a meio de uma arruada pela freguesia de Penha de França, Fernando Medina recusou comentar as sondagens que dão o segundo lugar a Assunção Cristas na corrida à Câmara Municipal de Lisboa, mas não quis deixar passar uma eventual saída da centrista da autarquia. “Ficou muito claro na entrevista que deu ao Observador aquilo que a motiva, que é sair de Lisboa, usar Lisboa e esta campanha autárquica para se promover para as próximas eleições legislativas”, acusou.

Mas não foi mais do que isso o que fez António Costa quando deixou a autarquia para se candidatar a primeiro-ministro em 2015? Fernando Medina diz, ao Observador, que as duas situações não são comparáveis. “António Costa foi eleito três vezes e saiu pouco antes de cumprir o último mandato que a lei não lhe permitiria renovar, não há qualquer comparação”, considera.

O mote já tinha sido dado ontem pelo assessor de imprensa de Fernando Medina, no Twitter, onde escreveu que Assunção Cristas “diz que só fica em Lisboa até às legislativas”. Fernando Medina capitalizou esta quarta-feira a argumentação: “Acho lamentável numa campanha eleitoral autárquica, acho que não dignifica as eleições autárquicas”, disse, acusando Cristas de ser “uma candidata em part-time, que ainda não é vereadora, mas já é vereadora a prazo”.

A resposta de Assunção Cristas não tardou. No meio de uma arruada em Benfica, rodeada de jovens centristas e do candidato àquela junta, Cristas mostrou-se entusiasmada com as observações de Fernando Medina, que “só provam que está preocupado e incomodado”. “Fernando Medina está um pouco preocupado, porque devem-lhe ter dito que bastava ser herdeiro e substituto de António Costa para ganhar a câmara, mas não é bem assim”, começou por dizer, lembrando depois que quer António Costa, quer Jorge Sampaio, ambos socialistas, abandonaram a presidência da câmara de Lisboa para irem para “outros cargos”.

Quanto ao CDS, nunca fez isso, e como tal Assunção Cristas diz-se de “consciência tranquila”: “O único presidente de câmara que o CDS teve em Lisboa foi Krus Abecasis e cumpriu os mandatos até ao fim”, disse, recusando-se contudo a repetir o que tinha dito ao Observador quanto a um eventual cenário de, sendo vereadora da oposição, vir a abandonar o lugar para integrar um eventual Governo. “Trabalho para ser presidente da câmara e para ser a alternativa a Fernando Medina”, limitou-se a dizer aos jornalistas.

30 milhões para 14 novos centro de saúde

No segundo dia de campanha, o candidato socialista dedicou o palco principal às questões da saúde. Fernando Medina começou o dia a visitar instalações de saúde e, antes da hora de almoço, passou pelo centro de convívio de Penha de França. Foi aí que teve uma das receções mais audíveis dos últimos dias. Virgínia e Vitória, que poucos minutos mais tarde já estariam de rosa na mão, estavam no grupo de idosos que aplaudiu a entrada do autarca. “Temos de saudar o senhor presidente”, justificavam.

Medina cumprimentou, quase um por um, os utentes do centro, cantou com as crianças que frequentam as instalações educativas e ouviu algumas queixas. Lá dentro, em particular, sobre a situação das piscinas municipais, degradadas e com uma intervenção de recuperação que ficou a meio, uma situação para a qual o autarca garante que vai “olhar”. Logo a seguir, na arruada que levou a comitiva a percorrer cerca de 700 metros até à praça Paiva Couceiro, as queixas de moradores e comerciantes focavam-se quase em exclusivo nas questões do trânsito. “O que é que podem fazer?”, perguntava uma moradora preocupada.

A aposta no transporte público e na extensão da intervenção da EMEL são duas das apostas do autarca para resolver o problema de trânsito na cidade.

[em atualização]

CDS. Cristas vai ao Parlamento de metro. Em Benfica, dá autógrafos e ouve reclamações: “Você, foi-me ao bolso!”

LUSA

A promessa: Alargar o metro em mais 20 estações até 2030, um projeto que diz não ser “megalómano”.

A frase: “Estou de consciência tranquila. O único presidente de câmara que o CDS teve em Lisboa foi Krus Abecasis e cumpriu os mandatos até ao fim, ao contrário de António Costa e Jorge Sampaio (PS)”.

Os afetos: Nos contactos com a rua, Cristas divide-se entre dois beijinhos e um ou outro abraço mais efusivo. Desta vez houve mesmo quem lhe pedisse um autógrafo.

O que correu mal: O encontro na rua com um senhor que fez muitas queixas ao anterior Governo. “Você foi-me ao bolso”, disse.

O que correu bem: O bate-boca com Medina, que ao acusar Cristas de se preparar para ser uma vereadora em part-time, não só deu a entender que admitia que o PSD/CDS voltaria ao Governo em 2019, como colocou a candidata do CDS ao nível da sua adversária direta.

Assunção Cristas tinha de estar às 10h no Parlamento, para uma sessão plenária onde vai ser discutido e votado um projeto de resolução do CDS sobre a promoção do investimento em infraestruturas ferroviárias e rodoviárias com vista a melhorar a mobilidade dos cidadãos, a coesão territorial, a competitividade das empresas e a sustentabilidade ambiental. Mas não quis desperdiçar a manhã do segundo dia de campanha eleitoral e, como tal, resolveu ir de metro desde o Campo Grande até ao Rato, descendo depois a pé para São Bento.

Porquê o Campo Grande, já que até mora no Restelo…? Porque o seu projeto de alargamento do metro de Lisboa prevê a junção da estação de Campo Grande ao aeroporto, convergindo a linha verde com a linha vermelha. Foi ali, portanto, que Cristas resolveu esta manhã, pelas 8h30, distribuir panfletos com o seu programa de expansão das linhas do metro, que passa por um alargamento faseado de 20 novas estações até 2030.

O plano passa também pelo crescimento “para Ocidente, que é uma área que não tem nada”, e que Assunção Cristas diz que no passado Fernando Medina também já defendeu, esticando a linha vermelha para Campolide, Amoreiras, Alcântara, Alto de Santo Amaro, Ajuda, Belém e Algés. A estação de Algés, concelho de Oeiras, destina-se, explica, a escoar o tráfego da linha de Cascais, incentivando também o uso do comboio. Na última fase, o plano passa pelo crescimento até Loures.

Demasiado ambicioso? Nem por isso. “É uma medida estrutural para resolver em definitivo as questões da mobilidade em Lisboa. Precisamos de ter ambição, rasgo, e precisamos de exigir ao Governo que desenvolva e defenda este projeto junto de Bruxelas. Porque não é megalómano, é realista e exequível”, disse no final da viagem.

Assunção Cristas orgulha-se de ter um projeto “liderante” nesta matéria dos transportes, argumentando que os seus adversários na corrida a Lisboa, quer se posicionem à esquerda ou à direita, também defendem a expansão do metro. Só que com menos “rasgo”. “É uma ideia que, aliás, não é nova e que estudámos, desenvolvemos e apresentámos, e que primeiro sofreu críticas, e hoje está consensualizada”, diz aos jornalistas. Segundo a candidata do CDS, o próprio presidente da câmara Fernando Medina também defendeu em tempos um alargamento à zona ocidental, mas terá depois guardado a ideia no bolso para não fazer frente ao primeiro-ministro António Costa. Fernando Medina, diz, “não tem qualquer capacidade de ação e de influência junto do primeiro-ministro”, apesar da afinidade política.

A viagem de metro em plena hora de ponta, de resto, serviu para mostrar que a melhoria dos transportes públicos é a única solução para acabar com o “inferno no trânsito” que já transformou a hora de ponta em “hora Medina”. “Temos um inferno no trânsito. Já não há hora de ponta em Lisboa, agora é a hora Medina, que é a todas as horas. A hora Medina é a hora de ponta em Lisboa, que é continuamente”, disse Assunção Cristas aos jornalistas ainda junto à estação de metro do Campo Grande, perto do local onde, dias antes, comprovou o “caos” que era o trânsito àquela hora.

Cristas entre autógrafos e queixas

À tarde, Assunção Cristas foi a Benfica continuar a sua campanha porta a porta. Entrou em cafés, restaurantes, cabeleireiros, lojas de toda a espécie. Com um aparato de jotas a entoar cânticos de apoio ao CDS, algumas eram as pessoas que rejeitavam o contacto com a candidata: ora porque fugiam das câmaras, ora porque já tinham o voto decidido. “Agradeço com a máxima simpatia mas vou votar noutra pessoa”, disse um senhor à mesa do café, rejeitando com cordialidade o panfleto que Cristas lhe perguntava se queria.

Entre alguns abraços e beijinhos, a pequena arruada desta quarta-feira pela avenida do Uruguai e estrada de Benfica teve um bocadinho de tudo, e nos extremos. De um lado, uma senhora pediu à candidata do CDS não só que lhe entregasse o panfleto, como que lhe escrevesse uma dedicatória. Não para si, mas para o seu filho, de 17 anos, que não pode ainda votar mas que “pede por tudo à mãe que vote na Assunção Cristas”. Assim foi, Cristas escreveu.

Do outro lado, um encontro menos feliz. “Quer a minha morada para me dar um bocadinho do seu?”, perguntou um senhor que se aproximou da comitiva, mostrando um papel que dizia ter uma elevada percentagem de invalidez e argumentando que lhe tinha sido cortada uma parte significativa do rendimento. “Você foi-me ao bolso”, disse ainda, num tom de conversa ainda assim bastante cordial. Como resposta, Assunção Cristas começou por dizer que era preciso “trabalharmos todos para termos uma melhor economia e distribuirmos melhor os rendimentos”. “Para termos um Estado social mais forte”, disse ainda. E perante a insistência do interlocutor — “que tinha uns olhos lindos” — acrescentou ainda que “foi o PS que nos levou à bancarrota e que nos obrigou a fazer coisas que não queríamos”.

“Isso é conversa de quem anda cá há dois dias”, rematou, inconformado. De resto, o percurso fez-se de forma pacífica, ao som dos cânticos da Juventude Popular. Houve quem se queixasse a Cristas da falta de apoio aos idosos; quem se queixasse da falta de casas mortuárias em Benfica, “porque é muito feio falar dos mortos, mas essa também é a nossa realidade”, disse uma senhora, e quem pedisse mais apoio aos imigrantes. A todos, Cristas deu garantias de que iria zelar pelas suas reclamações.

*com agência Lusa

BE. O Triatlo de Robles: metro, comboio e uma arruada de 6 quilómetros em bicicleta

A promessa: investir na Carris (mais autocarros, mais motoristas, passe mais barato) e tentar que a câmara de Lisboa tenha “uma palavra a dizer” na gestão do Metro

A frase: “Olha, mais um para enganar a gente”, atira para o ar um passageiro da linha de Sintra quando avista Ricardo Robles e a comitiva do BE.

O que correu mal: o público não foi muito recetivo às investidas do candidato do BE para oferecer panfletos. Em muitos casos, a resposta foi “não, obrigado”.

A queixa: uma utente do Metro de Lisboa pede mais fiscalização para quem acede ao Metro: “Se eles têm dinheiro para comprar droga, também têm para o bilhete!”

Ainda faltavam alguns quilómetros até Entrecampos, o destino da “bicicletada” que o BE organizou quando Ricardo Robles aceitou o desafio: responder a algumas perguntas do Observador sobre a relação de Lisboa com os seus ciclistas. Uma espécie de bikepool autárquicas em que candidato do Bloco de Esquerda à Câmara de Lisboa e jornalista tentaram manter o equilíbrio sobre as duas rodas enquanto lançavam e respondiam às perguntas. Robles reconhece que houve um esforço do executivo de Medina para melhorar a ciclovia da capital, mas a rede continua a estar “mal pensada” e com “muitos obstáculos” para os utlizadores.

Qual será a melhor forma de pôr a mobilidade na agenda das autárquicas? Ricardo Robles, ciclista experimentado, decidiu ir para o terreno com uma viagem de Metro entre o Campo Grande e o Rossio, outra de comboio que ligou os Restauradores a Benfica. Dali, subiu de bicicleta até Entrecampos (não é para todos). Se conseguir o lugar que as sondagens lhe dão, Robles vai “assumir o mandato por inteiro” e não afasta a disponibilidade para integrar um executivo de Fernando Medina.

No Metro, entre queixas sobre a qualidade do serviço e sobre o uso abusivo por clientes que não pagam bilhete, Robles ainda vai encontrando uma plateia disponível para receber o panfleto do BE. Mas, na linha de Sintra, o bloquista encontra aquilo a que se chama um público difícil. Talvez tenham sido mais as vezes em que a mão ficou estendida, o panfleto em suspenso, que o contrário. Num dia dedicado a “um dos pilares fundamentais” de Lisboa, a mobilidade, o candidato escolheu a bicicleta para fugir a uma “cidade sufocada em trânsito” e terminar o triatlo de duas horas e meia.

Antes de subir para a bicicleta, Robles critica os adversários. Ficará até ao fim? A questão é lançada no mesmo dia em que Medina se lançou a Cristas precisamente porque a centrista admitiu concorrer às próximas legislativas. “Essa é a garantia absoluta que pode dar a candidatura do BE, e não a podem dar todas as outras candidaturas”, começa. “O BE vai assumir o seu mandato por inteiro, vamos estar presentes em todas as reuniões porque as responsabilidades em Lisboa são demasiado grandes para se assumirem em part time, temos de estar dedicados à cidade, Lisboa não pode ser um trampolim político de afirmação partidária”. De uma assentada, o bloquista ataca Assunção Cristas, Teresa Leal Coelho e até João Ferreira.

Para o PS, Ricardo Robles traz outra mensagem. Satisfeito por encontrar nas sondagens sinais de que a sua eleição está “consolidadíssima”, o candidato do BE considera que “a maioria absoluta do PS está por um fio” e pode ser ele próprio a garantir os pontos que faltarão aos socialistas. Mas há condições. “Estamos disponíveis para uma viragem à esquerda que se comprometa com as prioridades – habitação, mobilidade, educação – para nos sentarmos para ver o que é fundamental e o que está por fazer”. A porta fica aberta.

De saída de Benfica, há seis quilómetros de “ciclovia” até Entrecampos. O termo segue entre aspas porque, aos primeiros metros, torna-se óbvia a precariedade de uma pista que ora desaparece de repente ora partilha o piso com o próprio passeio ora se torna uma prova de obstáculos para os ciclistas. E não foram poucos aqueles com a comitiva se deparou durante cerca de hora de meia de viagem que o Observador acompanhou.

CDU: João Ferreira quer valorizar Proteção Civil

O candidato da CDU à presidência da Câmara de Lisboa, João Ferreira, defendeu hoje a valorização do papel do Serviço Municipal de Proteção Civil e dos seus trabalhadores, comprometendo-se a “reverter o caminho de desinvestimento” da atual gestão municipal.

“Estamos hoje aqui no Serviço Municipal de Proteção Civil, porque é exemplar daquilo que foi um conjunto de opções tomadas pela última maioria [PS] de desinvestimento num conjunto de serviços fundamentais para a vida na cidade”, declarou João Ferreira, no âmbito de uma visita às novas instalações da Proteção Civil de Lisboa, no Parque Florestal de Monsanto.

Com o propósito de dirigir uma mensagem aos trabalhadores do serviço, o candidato da CDU (PCP/PEV) ressalvou que não foi favorável à opção de mudança de instalações da Praça de Espanha para Monsanto.

“Este serviço foi afetado por uma transferência de instalações que foi mal planeada, ainda hoje há efeitos disso no terreno, aspetos dessa transferência que põem em causa a própria funcionalidade do serviço”, advogou o também eurodeputado e vereador.

No contacto com os trabalhadores deste serviço municipal, o candidato quis saber se “está a correr bem a integração nas novas instalações”, apelando ao voto na coligação PCP e PEV para que haja “uma outra gestão municipal”.

“Já tivemos cá em outras circunstâncias com outros objetivos. Hoje a ideia é transmitir uma mensagem a propósito das eleições”, afirmou João Ferreira, ao que uma trabalhadora respondeu: “Essas circunstâncias não mudaram muito. Não temos as condições que tínhamos na Praça de Espanha”.

Apesar de a adaptação não estar a ser fácil, os trabalhadores destacaram “a capacidade de resiliência”, reclamando um reforço dos autocarros na zona de Monsanto.

“A Câmara Municipal de Lisboa, ao longo de 10 anos, os 10 anos de gestão de maioria do PS em Lisboa, perdeu qualquer coisa como 4.000 trabalhadores. Isto sente-se hoje em várias áreas da vida da cidade, em setores operacionais diversos: da higiene e limpeza urbana ao saneamento, também Proteção Civil e Regimento Sapadores de Bombeiros”, apontou o candidato.

João Ferreira disse que todos os votos na CDU vão contribuir para “uma defensa muito firme dos serviços públicos municipais e uma rutura com o caminho do desinvestimento e do desmantelamento destes serviços”.

Lusa

Pode ler aqui como foi a campanha de ontem em Lisboa:

Diário de Lisboa. Teresa Leal Coelho em bairro degradado: “Todos veem, todos sabem que isto existe, mas ninguém faz nada”

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