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JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Diário de Lisboa. CDU contra a Madonnização de Lisboa

Sondagem da Aximage dá a vitória a Medina com maioria absoluta e Cristas em segundo lugar. João Ferreira, da CDU, foi abordado na rua pela sua antiga educadora de infância. Louçã esteve com Robles.

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No primeiro fim de semana oficial de campanha eleitoral, uma sondagem da Aximage divulgada pelo Jornal de Negócios dá a vitória com maioria absoluta a Fernando Medina. O Observador tem declarações em vídeo do presidente da câmara, de Teresa Leal Coelho e de Assunção Cristas, que estiveram ambas em Campo de Ourique. À tarde, João Ferreira, da CDU, participou num comício em Carnide e houve quem se pronunciasse contra a “Madonização de Lisboa”. Já Ricardo Robles, do Bloco de Esquerda, esteve acompanhado de Francisco Louçã à noite.

CDU. Em Carnide nasceu uma nova expressão: a “Madonnização da cidade”

A frase: “O deslumbramento com a Madonnização da cidade é um bocado pacóvio”, disse Ana Margarida Carvalho, candidata à Assembleia Municipal de Lisboa pela CDU.

O que João Ferreira ouviu: “O sorrizinho é tal e qual. O tamanho e a barba é que já não são os mesmos”, disse-lhe a educadora do seu jardim de infância.

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O aviso: O candidato preveniu os eleitores que este “é o tempo para todo o tipo de contrabando de promessas miríficas”.

Carnide é jogar em casa e o candidato comunista e presidente da Junta, Fábio Sousa, faz questão de mostrar isso quando atravessa, com João Ferreira, a Feira da Luz — onde o candidato encontrou a educadora de infância. Para trás deixaram o Largo do Coreto e um comício onde nasceu uma expressão nova, com a número um da lista da CDU à Assembleia Municipal de Lisboa a criticar a “Madonnização da cidade”.

Ana Margarida Carvalho, jornalista e escritora, atacava os 10 anos de gestão socialista na Câmara de Lisboa quando acusou o governo de Fernando Medina de estar “deslumbrado com a Madonnização da cidade. Um deslumbramento um bocado pacóvio e até ingénuo”. “Ingénuo se não fossem as negociatas, os vistos gold e a especulação imobiliária”, acrescentou logo a seguir.

Depois de descer do coreto, onde a CDU montou o palco para os discursos do comício, a candidata explicou que ter Madonna em Lisboa “é uma coisa boa”, mas “não pode deslumbrar das desigualdades sociais” que diz existirem na cidade.

João Ferreira tinha falado destas mesmas desigualdades, responsabilizando diretamente Fernando Medina que “está longe de resolver o problema da habitação social da cidade”, deu como exemplo. Também voltou a atacar o socialista quanto à Carris e à “década” que o socialista diz que vai demorar para pôr a empresa a funcionar com eficácia.

Por fim, avisou os comunistas que este é “o tempo para todo o tipo de contrabando de promessas miríficas” e neste ponto atirou também ao PSD e ao CDS: “Os que andaram a partir do Governo a semear miséria nos bairros da cidade e agora tentam tirar dividendos dessa miséria”. E novamente a Medina e ao PS que “anda há 20 anos” a prometer um Centro de Saúde para Carnide .

A freguesia é usada pelo candidato como uma “janela” para o que a CDU quer construir na cidade. Mas nesta tarde de sábado foi sobretudo palco para uma volta pela feira da Luz — onde ao fim do dia estará o rival Bloco de Esquerda — ainda não invadida pelos adeptos do Benfica que haviam de chegar para o jogo das 20h30, ali mesmo ao lado.

Fábio Sousa conduz João Ferreira pelas tendas e quiosques, vai piscando o olho a alguns comerciantes e é abordado por algumas das pessoas que passam e o reconhecem da Junta. Uma senhora grita: “Ó Fábio!”. Tem um problema pendente com a Câmara de Lisboa. O presidente da Junta apresenta-lhe o candidato à presidência, que está ali ao lado a ouvir, e a senhora avisa:

-“Se for para presidente vai-me ter à sua porta!”

-“A qualquer momento pode vir à minha porta, temos um gabinete de apoio ao munícipe”, responde João Ferreira.

A senhora pouco liga à resposta formatada do candidato, continua nas queixas e lamentos que têm um alvo concreto, o vereador que tem o pelouro do planeamento e urbanismo: “Aquele Manuel Salgado bem podia estar salgado noutro sítio!”.

João Ferreira sorri e segue caminho, “posso dar-lhe um panfleto da CDU?”, é a pergunta que faz quando se aproxima de um potencial eleitor. É quase sempre bem recebido. Mas quando se cruza com Elizabete, não é o panfleto que aquela mulher procura. “João, eu fui sua educadora”. O candidato andou no infantário do LNEC desde que tinha um ano e meio, até ir para a primária. “O sorrizinho é tal e qual. O tamanho e a barba é que já não são os mesmos”. O candidato sorri, meio tímido, e continua assim quando a senhora atira a avaliação que interessa: “Portava-se muito bem!”.

BE. “Olha o Louçã!”. Robles com reforços na Luz (uma espécie de Fejsa)

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

A frase: “Os acordos que se estabelecem devem ser rigorosos, detalhados, devem resolver problemas e assim correrão sempre bem”, Louçã sobre eventuais acordos em Lisboa. Depois de ter recusado falar da “geringonça”.

O que correu bem: A presença de Francisco Louçã impõe-se, não há volta a dar. Robles ficaria sempre (e ficou) na retaguarda. Mas ter um apoio de peso é sempre vantajoso.

Ninguém marca uma ação de campanha na Feira da Luz à hora do jogo do Benfica em casa. Exceto se esse alguém for um benfiquista pouco dado ao futebol, como é Francisco Louçã, que acompanhou o outro benfiquista, Ricardo Robles, numa volta pela Feira da Luz. E o jogo não fez grande moça na afluência à Feira que estava cheia e foi um bom palco para medir a popularidade de… Louçã.

Cervi marcava o primeiro da equipa da Luz, mesmo ali ao lado (tanto que se ouviu o bruaá) quando o candidato do Bloco de Esquerda à Câmara de Lisboa, acompanhado por um dos fundadores do partido, começava a correr as capelinhas. A feira estava bem mais composta do que durante a tarde, quando João Ferreira da CDU lá passou. Mas a equipa Robles/Louçã foi bem mais rápida no percurso.

Francisco Louçã é um profissional nisto e não perdeu o pé, apesar de andar fora do palco político há uns tempos (saiu em 2012). Agarra panfletos para distribuir e é facilmente reconhecido por quem os agarra. Sem se alongar nas conversas, é simpático q.b. e atrai todos os olhares. Dá a dianteira a Robles, mas ao fundo da primeira rua já vai destacado. Apercebe-se, chama o candidato e chega-o para a sua frente. Mesmo assim é “olha o Louçã” que se ouve à volta e é ao fundador que uma mãe pede uma selfie com a filha. Louçã é que puxa Ricardo Robles para o plano onde só ele estava previsto. No fundo uma espécie de Fejsa regressado ao terreno de jogo e a puxar pela equipa (se não está a chegar à comparação, pode ler este texto sobre o jogo e o jogador).

É a ele que Paula vai direita para pedir um contacto telefónico, porque tem um problema para resolver. Francisco Louçã abre a carteira e dá-lhe um cartão seu, com o número do gabinete da faculdade onde lecciona. “Quero ter uma conversa com ele. Não é para lhe pedir namoro!”, graceja a avó que quer sensibilizar o fundador do Bloco — que tem “muita pena” que tenha saído do Parlamento — para que “fale na Assembleia que os avós que ficam com a guarda dos netos não têm direito a nada” do Estado. É o seu caso e quer falar disso ao antigo líder bloquista.

Aos jornalistas, Louçã destaca precisamente o facto de ter ali ao lado, no candidato do BE à Câmara, uma cara nova. “É preciso força, energia e vibrações”, diz sobre a candidatura em Lisboa: “Serem sempre os mesmos candidatos é a prova que os partidos não têm capacidade para se renovarem”. É igualmente respeitador do espaço de Catarina Martins, recusando falar de cenários eleitorais ao nível nacional ou até mesmo se a solução governativa tem funcionado. “Isso… agora falamos da Câmara de Lisboa”.

E na Câmara de Lisboa, deve repetir-se uma solução desse género?
Veremos, o Bloco tomará as suas decisões. Eu como lisboeta, a minha preocupação é que haja uma viragem em Lisboa, que não continue a política da maioria absoluta que fechou a cidade em relação à ousadia que tem de ter, de respeitar a sua gente e corrigir os erros na habitação e nos transportes. Estou certo que o vereador do Bloco de Esquerda será um ponto de partida decisivo para isso”.

Já houve um aliança na cidade de Lisboa, do PS e do BE, que não correu bem, não teme que isso pudesse voltar a acontecer?
Não, eu acho que o passado não determina o futuro. Os acordos que se estabelecem devem ser rigorosos, detalhados, devem resolver problemas e assim correrão sempre bem.

Já não é tão contido quando a pergunta é sobre se à direita deve haver uma leitura nacional dos resultados destas autárquicas: “Toda a gente tem de tirar ilações dos resultados”, diz.

Para Louçã, a eleição de Ricardo Robles é uma “grande mudança, determinante para uma grande viragem na cidade”. Para o candidato, a presença do fundador do partido e a possibilidade de o ter ofuscado, não o preocupa: “Não, pelo contrário. É muito agradável estar na feira da Luz com o Francisco Louçã. Sente-se a simpatia das pessoas”.

Já no fim do trajeto, há alguém que insiste em falar com Louçã (minuto 1:23 do video em baixo). Quer vender-lhe um calendário dos jogos da I Liga de futebol. Compra-lhe o que tem o símbolo do Benfica estampado. Ali ao lado, no fim da volta do BE, Jonas marcava o segundo.

CDS vs PSD. “Não é a Madonna” mas é a “Dona Crista”. Campo de Ourique viu passar Teresa e Assunção e há uma vencedora à direita

O que Assunção Cristas ouviu: “Ó Dona Crista, não se vá embora que eu quero uma selfie!”

O que disseram de Teresa Leal Coelho: “Ela gosta de se demorar a explicar o programa às pessoas”, disse um assessor para justificar um atraso da candidata.

O que correu mal ao CDS: Numa onde positiva, Cristas percorre a cidade envolvida por uma trupe animada da Juventude Popular. Mas como aconteceu em Campo de Ourique, a memória do Governo da troika não desapareceu: “Dona Cristas, se tivesse vergonha nem andava por aqui, roubaram tudo aos pobres!”

O que correu mal ao PSD: O atraso de Teresa Leal Coelho e a falta de animação da comitiva da candidata.

Não percorreram os mesmos sítios, mas a freguesia foi a mesma. Assunção Cristas e Teresa Leal Coelho foram nesta manhã de sábado a Campo de Ourique dar um ar da sua graça. Uma em passo de corrida, a outra em marcha mais lenta. Se o objetivo for comparar a dimensão e o alarido das duas comitivas, há uma clara vencedora. Por onde quer que Assunção Cristas vá, leva consigo um aparelho afinado: dezenas de jovens democrata-cristãos vestidos a rigor, com bandeiras e até tambores. Entoam cânticos do Sporting adaptados à candidata e fazem uma pequena enchente azul e branca nas ruas estreitas do bairro.

Nos cafés do bairro e nas ruas, Cristas é quase sempre bem recebida.

“Ó Dona Crista, não se vá embora que eu quero uma selfie!”, diz uma funcionária de um café onde Cristas entra para distribuir folhetos.

— “Vamos a isso!”. Dona “Crista” acede ao pedido e vai para dentro do balcão tirar a fotografia. “Até à cozinha fui dar beijinhos, se fosse tudo assim tínhamos maioria absoluta”, diz a candidata.

E realmente foi quase sempre assim. “Aleluia! Até que enfim que a encontro”, ouviu-se a dada altura. Assunção Cristas não reconheceu logo, mas era a sua instrutora de condução, dos tempos em que tinha 18 anos e andava a tirar a carta. “Foi uma bela instrutora, nestes anos todos nunca tive nenhum acidente”.

Mais à frente, no jardim da Parada, há quem diga que “pensava que era a Madonna”, dado o aglomerado de pessoas. A brincar, a brincar, passa por elogio. Mas nem tudo são rosas. O acidente viria depois. No jardim da Parada, um exército de reformados obriga a comitiva a fazer inversão do sentido da marcha: “Dona Cristas, se tivesse vergonha nem andava por aqui, roubaram tudo aos pobres!”. Mas o comentário não merece resposta da parte da candidata.

Mancha visual muito diferente deixa a candidata do PSD por onde passa. Teresa Leal Coelho fez-se acompanhar este sábado de um pequeno número de pessoas: o seu número dois, o arquiteto João Pedro Costa, o seu candidato à Assembleia Municipal, José Eduardo Martins, o respetivo candidato a presidente da junta, e mais quatro ou cinco militantes que ajudam na distribuição dos brindes e dos panfletos. Não há barulho, não há cânticos, não há tambores. “Aquilo resulta? Não me parece que ajude tanto barulho a incomodar as pessoas”, comenta José Eduardo Martins referindo-se ao maior aparato da comitiva de Assunção Cristas.

A candidata do PSD tinha estado em Benfica desde as 8h da manhã, onde visitou o mercado e distribuiu folhetos da candidatura do PSD à câmara e à junta. Aí ouviu sobretudo queixas dos moradores, incluindo de uma senhora que se queixava de tal forma do tamanho das ervas à porta do seu prédio, que Teresa Leal Coelho se comprometeu a passar por lá e a ajudar. Entre fruta, legumes, peixe e talho, pelas 10h a candidata seguiria para as ruas de São Domingues de Benfica, onde José Eduardo Martins foi à sua mercearia favorita.

O ponto seguinte da agenda era Campo de Ourique, com hora prevista para o meio-dia. Mas um dos carros da comitiva saiu de Benfica na frente e desesperaria quase uma hora à espera da candidata. “Ela gosta de se demorar a explicar o programa às pessoas”, explicavam aos jornalistas o assessor e o candidato à Assembleia Municipal, agarrado ao telemóvel a perceber a dimensão da demora. Teresa lá chegaria, com a justificação de que tinha tido “muita recetividade” em Benfica. Além de que as “obras” e o “trânsito” dificultam a travessia da cidade de uma ponta à outra. À sua espera junto ao mercado municipal tinha a deputada Teresa Morais, freguesa de Campo de Ourique que conhecia bem a “Sofia” da peixaria e participou ativamente na distribuição dos folhetos de campanha.

O ritmo aqui é menos acelerado. Enquanto Cristas procura cumprimentar o maior número de pessoas, com pressa de chegar ao dia 1 de outubro com mais e mais votos conquistados, Teresa Leal Coelho, demora-se em cada um. Em vez de escolher as ruas do bairro, optou pelo mercado, em plena hora de almoço. A circulação entre as mesas apertadas não era fácil, mas lá ia metendo conversa e distribuindo os papelinhos. Admite que o seu ritmo é outro, mas não tem problemas com isso. Comentar sondagens, não comenta, mas aposta no eleitorado do PSD (e no aparelho do PSD), que deu vitória àquele partido em Lisboa nas legislativas, para fazer boa figura no dia 1 de outubro.

A agenda de Teresa Leal Coelho teve um “boost” este sábado. Se até aqui a candidata tinha apenas uma ou duas iniciativas abertas à comunicação social, agora teve cinco. Depois de Benfica e Campo de Ourique, a candidata ainda partiu para Belém. Faz parte da estratégia? Leal Coelho limita-se a dizer que, antes, a agenda já era intensa, mas não era toda aberta aos jornalistas, a partir de agora vai ser. “Estamos a fazer um levantamento dos problemas de Lisboa ao pormenor, por isso a agenda já tem sido intensa, mas agora com comunicação social vai ser mais ainda”, diz ao Observador.

PS. Medina, com um sorriso de 47%, avisa que não está “no papo”

O que ouviu:”Ó Medina, isto está no papo”. Mas também: “Desaparece daqui, que já enriqueceste!”

A frase: “Ai é? Não insulte as pessoas. Faça o favor de não insultar as pessoas”, respondeu Medina ao eleitor que achou que o presidente enriqueceu por ter uma casa cara.

O que correu bem: A sondagem da Aximage que dá maioria absoluta ao PS é uma boa indicação de tendência para Medina. Mas também faz aumentar as expetativas.

Fernando Medina começou a manhã sorridente. No dia em que a sua cotação subiu, o candidato do PS escolheu os mercados para fazer campanha, sem disfarçar o sorriso 47. Dos 47% de intenções de voto (e respetiva maioria absoluta) que sondagem da Aximage divulgada este sábado lhe dá.

Pode ver aqui as declarações do atual presidente da câmara de Lisboa, que foram registadas em direto pelo Observador:

No mercado de Alvalade todos os comerciantes o conhecem. O vereador Manuel Salgado, que o acompanhou na campanha, vai ali muitas vezes comprar produtos. Salgado é uma das heranças de Costa e Medina — que na sondagem se aproxima dos valores que o atual primeiro-ministro conseguiu nas últimas autárquicas — vai sempre falando do seu antecessor. “Este [Manuel Salgado] é que é um grande cozinheiro. Ele e o António Costa para cozinhar a quatro mãos, não há melhor. Desde a compra dos ingredientes. E eles vinham os dois aqui ao mercado. Eu não tenho tanto jeito”, brinca Medina.

Sobre Costa contaria ainda uma história sobre a mudança na autarquia. “Quando vim aqui a primeira vez como presidente, uma peixeira disse-me: “Tem que comprar a mim, que o outro [António Costa] nunca comprava, preferia a de outra banca”, começou por contar Medina. E logo acrescentou: “Também não se safou que eu vou ao mercado 31 de janeiro [em Picoas].”

Medina prefere não embandeirar em arco. Quando no mercado da Ajuda um comerciante lhe grita: “Ó Medina, isto está no papo“, o candidato do PS responde no imediato: “Não está não“. Pouco depois, em declarações aos jornalistas, fazia questão de reforçar que “não há nenhum resultado garantido, não há nenhum voto que esteja nas urnas antes do dia 1. Só no dia 1 à noite é que saberemos quem é o vencedor das eleições.”

Sondagem dá vitória com maioria absoluta a Fernando Medina. Cristas ultrapassa Leal Coelho

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Fernando Medina deverá vencer com maioria absoluta em Lisboa, com 47% dos votos — elegendo 9 ou 10 vereadores de um total de 17. A conclusão é de uma sondagem da Aximage divulgada esta manhã pelo Jornal de Negócios e Correio da Manhã. Apesar de ganhar com maioria absoluta, Medina não chega ao resultado de António Costa em 2013 (50,9% dos votos e 11 vereadores), recorda o Jornal de Negócios.

Em segundo lugar na sondagem aparece Assunção Cristas, com 12,6% das intenções de voto, conseguindo eleger dois ou três vereadores. A líder do CDS fica à frente de Teresa Leal Coelho, do PSD, que reúne apenas 9,9% das intenções de voto (também equivalentes a dois ou três vereadores), o que seria o pior resultado de sempre em Lisboa para o PSD, nota o jornal. João Ferreira, da CDU, aparece em quarto lugar, com 8,5%, conseguindo eleger dois vereadores, e por fim Ricardo Robles, do Bloco de Esquerda, deverá conseguir ser eleito vereador.

A sondagem da Aximage destaca ainda que 39,5% dos lisboetas aprovam a gestão de Fernando Medina e 47% dizem que Medina desempenhou as funções melhor do que António Costa.

Já antes, ainda em Alvalade, o candidato do PS não quis valorizar a sondagem que lhe dava a maioria absoluta, lembrando que estas têm tido “valores diferentes” e que “o que verdadeiramente conta são as pessoas que vão expressar no dia 1 o seu voto e quem querem como presidente de câmara.”

Ainda assim, garante que procurará consensos mesmo que não precise dos outros partidos para aprovar propostas na autarquia. Fernando Medina lembra que tem “governado com maioria absoluta e que essa tem sido “uma boa governação da cidade”. O candidato do PS explica que tem procurado “sempre uma governação com uma grande abrangência” lembrando que “as principais decisões foram sempre tomadas com maiorias mais vastas do que o PS. Das mais de 1200 propostas aprovadas na CML neste mandato, 95% delas foram aprovadas por uma maioria mais larga que a maioria do PS“. Mesmo que tenha um resultado esmagador, Medina promete assim “diversidade” e “negociação”.

Questionado pelo Observador se espera alcançar os números de António Costa (50,9% em 2013), Medina, cauteloso, recusa-se a fazer previsões: “Quem vai decidir o resultado são os munícipes de Lisboa. No dia 1 eles dão-lhe a resposta.”

Não foi propriamente um sábado perfeito para Fernando Medina, embora tivesse o apoio dos mercados (municipais). O caso da sua casa na Avenida Luís Bívar — que não terá declarado com rigor ao Tribunal Constitucional — trouxe algumas marcas para a campanha. Ao chegar perto da Avenida da Igreja, uma munícipe é bastante agressiva com o presidente de câmara:

– “Desaparece daqui, que já enriqueceste!”

Medina não virou a cara e respondeu-lhe:

– “Ai é? Não insulte as pessoas. Faça o favor de não insultar as pessoas”

Os jotinhas da campanha já não foram a tempo de disfarçar e começar a gritar “PS, PS, PS” como foram instruídos em momentos mais difíceis para o candidato. Mais tarde receberiam instruções de um assessor de Medina em sentido inverso: “Quando as pessoas estiverem a dizer bem dele, não gritem, senão não se ouve”.

A sondagem mostra também que quem estará melhor posicionado para conquistar o segundo lugar é Assunção Cristas. Na Avenida da Igreja, Medina cruzou-se com uma comitiva do CDS (com João Gonçalves Pereira, mas sem Cristas), onde seguia o ex-líder centrista Manuel Monteiro, que Medina cumprimentou com entusiasmo. A JP e a JS foram-se picando a ver quem gritava mais alto. Os jovens populares eram mais, o ruído foi idêntico.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Mas Medina, nas declarações aos jornalistas, aproveitou para criticar novamente Assunção Cristas, tornando a acusá-la, como tem feito desde quarta-feira, de estar “aqui para saltar para outro lugar”. “Não estamos aqui como a campanha do CDS, para daqui a um ano estar a voltar a fazer campanha para as eleições legislativas com as mesmas pessoas. Estamos de corpo inteiro para a cidade”, argumentou Medina.

Medina tem recorrido a uma declaração de Assunção Cristas no Carpool Autárquicas do Observador, em que a candidata do CDS disse que ficará como vereadora se não vencer a eleição, mas que admite sair para o Governo caso o CDS tenha “condições de ir para o Governo”.

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PSD. Teresa Leal Coelho “não corre, anda a conhecer as pessoas”. E conta com o PSD no dia 1

Se Fernando Medina dedicou o dia de hoje aos mercados, o mesmo fez Teresa Leal Coelho da parte da manhã. Primeiro, o mercado de Benfica, logo às 8h da manhã, depois uma arruada por São Domingos de Benfica, e depois o mercado de Campo de Ourique, freguesia onde, minutos antes, a comitiva de Assunção Cristas tinha estado em passo acelerado. Este sábado foi dia de sondagem, que novamente coloca a candidata do PSD em terceiro lugar, atrás do CDS, mas Teresa Leal Coelho não tem pressa, nem valoriza as estimativas:

“Eu não corro, eu ando e ando a conhecer as pessoas. São as pessoas que me interessam e por isso ando ao ritmo que é necessário”, comentou aos jornalistas quando questionada sobre as diferenças entre o passos acelerado de Assunção Cristas e a forma mais pausada que Teresa Leal Coelho imprime nas suas ações de campanha. Certo é que a candidata do PSD chegou uma hora atrasada ao ponto de encontro em Campo de Ourique, argumentando ter-se demorado em Benfica porque, diz, “tive muita recetividade” e, além do mais, as “obras” e o “trânsito” não ajudaram a atravessar a cidade em tempo útil.

José Eduardo Martins, o candidato à Assembleia Municipal, tinha saído de Benfica mais cedo e não largava o telemóvel a perguntar pela candidata. A deputada Teresa Morais, freguesa de Campo de Ourique e frequentadora assídua do mercado, juntou-se à pequena comitiva, sem jotas, sem alarido, sem bandeiras, e participou ativamente na distribuição de folhetos com as propostas da candidata à câmara e da candidata à junta, Cristina Lobo Antunes.

Questionada sobre o facto de Assunção Cristas aparecer novamente à sua frente numa sondagem, com mais 2,7 pontos percentuais (dentro da margem de erro), Teresa Leal Coelho preferiu chutar para cima, e fez uso da dimensão do PSD, “maior partido português”, para dizer que se candidata a presidente de câmara, e é com os eleitores do PSD que conta no dia 1 de outubro. “O PSD é hoje o maior partido português, demos provas de que resolvemos os problemas das pessoas e do país, ganhámos largamente nas legislativas no concelho de Lisboa e é com este eleitorado que conto no dia 1”, disse. E ainda sublinhou: “Estou convencida de que se as pessoas conhecerem o nosso programa saberão que eu sou a alternativa a Fernando Medina”.

Pode ver aqui as declarações de Teresa Leal Coelho, que foram registadas em direto pelo Observador:

CDS. Corre Cristas porque “não há tempo a perder”. E “não há vencedores antecipados”

A candidata do CDS, Assunção Cristas, correu as ruas de Campo de Ourique porque “não há tempo a perder”. Até à véspera do dia 1 de outubro vai andar em passo acelerado pelo maior número de ruas e bairros lisboetas que conseguir, porque “não há nada que substitua o contacto pessoal”. Mas em dia de sondagem, prognósticos só no fim do jogo. Cristas comentou esta manhã a sondagem publicada pelo Jornal de Negócios e Correio da Manhã, destacando que “não há vencedores antecipados, não há vencedores antes do ato eleitoral”, e que “até ao último minuto” vai pedir aos lisboetas que votem em si.

Pode ver aqui as declarações de Assunção Cristas, esta manhã em Campo de Ourique, registadas em direto pelo Observador:

Relativamente às críticas de que tem sido alvo por parte de Fernando Medina, Cristas tornou a sublinhar que está “a trabalhar para ser presidente da câmara de Lisboa”. “Assim me deem os lisboetas o primeiro lugar e eu saberei encontrar todas as pontes necessárias para governar muito bem a cidade de Lisboa. É esse o meu objetivo, é para isso que eu estou a trabalhar há um ano na rua“, afirmou a líder do CDS.

Estou preparada, tenho muita vontade, e acho que os lisboetas têm aqui uma grande oportunidade de mudar dez anos de governação socialista, que lhes infernizou a vida, que tornou o trânsito caótico, que lhes tirou o estacionamento e tornou a EMEL numa caça-multas, que não trata dos mais idosos e nós queremos uma rede de cuidadores para os idosos, que não trata das creches e nós precisamos de creches a 100% para Lisboa, e precisamos também dos transportes públicos a funcionar a sério. O único projeto político para a cidade de Lisboa que tem de facto uma visão integrada em todas as áreas para a cidade é o da Nossa Lisboa”, disse Cristas.

O objetivo é a câmara, e se o conseguir, garante que vai “encontrar todas as pontes necessárias para governar muito bem a cidade de Lisboa”, sublinhando que irá “trabalhar com aqueles que quiserem trabalhar” com ela, mas sempre na lógica de criar uma alternativa “às esquerdas unidas”.

Se não ganhar as eleições, contudo, a candidata centrista volta a afirmar que se manterá na autarquia como vereadora. “Se der o caso de os lisboetas me confiarem a presidência da câmara de Lisboa, como eu desejo e para o qual estou a trabalhar intensamente todos os dias, naturalmente que aceitarei ser vereadora da oposição, e farei um trabalho na câmara de Lisboa, como faço no Parlamento, que é oposição sempre construtiva. Sinalizando o que está errado e apresentando as nossas propostas”, rematou.

A campanha eleitoral em Lisboa ontem foi assim:

Diário de Lisboa. Teresa Leal Coelho muda de assessor de comunicação para “reforçar” estratégia

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