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António Fidalgo, sempre com um sorriso, a sua imagem de marca
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António Fidalgo, sempre com um sorriso, a sua imagem de marca

António Fidalgo, sempre com um sorriso, a sua imagem de marca

Fidalgo. "Tens de ouvir o disco Sporting 1982"

Treinado por Hagan, Mortimore e Allison, presidido por Borges Coutinho e João Rocha, capitaneado por Toni e Manuel Fernandes. E mais, e mais? A amizade eterna de Fernando Santos

De 1 a 11, Silvino, Eliseu, N’Kongolo, Ralph, Nito, Nelo, Luís Manuel, Vitorino, Pingo, Walsh e Ivan. Suplente de luxo, Aziz. Treinador de alto nível, Quinito. Eis o Espinho, 6.º classificado em 1987-88. Quase 30 anos depois, eis-me a recordar alguns resumos do Domingo Desportivo dessa época durante a viagem do intercidades desde Lisboa. Na estação de Espinho, a figura de Fidalgo é inconfundível. Mal toma conhecimento do nosso desconhecimento total sobre Espinho, agarra em nós e dá um passeio pela marginal, banhada pelo Atlântico com um vistoso areal salpicado por redes de voleibol. Ah pois é, aqui o futebol não calça. Há um campinho com duas balizas e está bom. O resto é um sem fim de redes, redes, redes e mais redes com crianças, crianças, crianças e mais crianças. Tudo a jogar. “Estás a ver ali?”, pergunta-nos Fidalgo a apontar para um senhor com boné azul a ver um jogo. “É o meu irmão Francisco, treinador de Maia e Brenha.” Uauuu. No quadradinho seguinte, Miguel Maia e João Brenha ali à minha frente. Respect e toma lá um passou-bem por cada presença nos Jogos Olímpicos (Atlanta-1996, Sidney-2000 e Atenas-2004). Palavra puxa palavra, fazemo-nos à estrada no sentido inverso, na direção do Estádio Manuel Violas. Voam memórias para aqui, memórias para ali e começa a entrevista, tu cá-tu lá.

Hoje é o dia do Portugal-Inglaterra, final do Euro sub-19. Já jogaste uma final dessas, lembras-te?
Uyyy, claro que me lembro [Fidalgo ri-se a bandeiras despregadas]. Foi em 1971 e foi a primeira final de uma seleção portuguesa no estrangeiro.

E que tal?
Perdemos 3-0, resultado feito antes do intervalo, com dois golos de um avançado chamado Eastoe [chegaria a jogar em Portugal nos anos 80, em representação de Farense e Louletano].

Onde?
Jogámos em Praga, uma das cidades mais encantadoras que vi. Só não sei o estádio, se o do Dukla ou o do Sparta. Íamos cheios de moral e depois olha.

Três-zero?
Lembro-me bem de tudo, até da qualificação. Eliminámos a França no play-off: 3-2 na Tapadinha, 0-0 em Paris. Quando aterrámos em Portugal, vi pela primeira vez a minha fotografia num jornal, o Mundo Desportivo, ainda por cima na primeira página. Era eu a defender uma bola. Estás a ver a minha moral, não? Aos 18 anos e já capa de jornal. Por acaso, esse jogo de Paris correu-me exemplarmente bem. Era a França de Giresse e Lacombe. Uma França que nunca tinha sido eliminada na fase de apuramento.

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Foi difícil chegar à Checoslováquia?
Antes, fizemos um jogo na Roménia, perdemos 1-0 [golo de Lucescu, capitão de equipa] e aí tivemos um amargo de boca, com a lesão da nossa estrela.

Quem?
O João Alves.

O luvas pretas?
Esse mesmo. A equipa reorganizou-se e foi então que apareceu um miúdo que jogava comigo no Benfica, um tal Rui Jordão.

Nããão.
Sim senhor.

Diz aí o onze dessa final.
Na baliza, eu. À defesa, Franque, do Benfica, à direita e Jaime, do Varzim, à esquerda. No centro, Casquinha, do Benfica, e Vítor Pereira, da CUF. No meio-campo, Shéu e Eurico Caires, o filho do Bruno, mais Alexandre, do Sporting. No ataque, Gregório Freixo, ainda na Académica, Jordão e Nando, do Sporting. No banco, havia Ibraim e Rodolfo, por exemplo.

Como foi esse Europeu?
Ganhámos todos os jogos da fase de grupos por 1-0, à Suíça [golo de Ibraim], Áustria [Shéu] e Espanha [Nando]. Nas meias-finais, 2-1 à RDA [Nando e Jordão]. Na final, quando acordámos, já estava 3-0 para a Inglaterra.

A equipa nacional ainda com o luvas pretas João Alves, no jogo da qualificação vs França

Quando chegaste a Portugal desse Europeu, o que fizeste?
Aterrei em Lisboa, comprei o jornal e li-o na viagem de elétrico do Estádio da Luz para casa, ali na Estefânia.

Como é que foste parar a Lisboa?
É uma história engraçada, porque nunca tinha jogado futebol, a não ser o de rua.

Nem na escola?
Não havia futebol, nessa altura. Jogava-se voleibol e o meu treinador era o Dr. Puga, de quem gostava muito. Só quando fiz o sétimo ano é que o meu pai autorizou-me a jogar futebol e o meu sonho, vê lá tu bem, era jogar no São Félix da Marinha, uma freguesia aqui ao lado, de onde sou natural. Comecei a ir ver os treinos e, uma vez, o guarda-redes lesionou-se. O treinador reconheceu-me como filho do Fidalgo, porque o meu pai tinha jogado à baliza no São Félix da Marinha e também no Espinho, e perguntou-me se queria ir à baliza.

Foste?
Fui, claro. Só que não ia equipado à guarda-redes.

Então?
Ia com a minha roupa, o que causou grandes problemas lá em casa, com a minha mãe.

E o teu pai?
Ele não queria que eu jogasse no São Félix da Marinha, só no Espinho.

E tu foste, imagino.
Quando cheguei ao Espinho, perguntaram-me a que jogava e eu disse avançado.

Então?
Mas quem é que joga a guarda-redes no seu perfeito juízo? A verdade é que queria ser igual ao José Augusto, ali na direita. Um belo dia, o meu pai encontrou o treinador do Espinho na rua e perguntou por mim. ‘É bom, mas…’ E o meu pai disse-lhe: ‘no outro dia, vi-o na praia e ele defende bem.’ Aí, o treinador trocou-se todo. ‘Defende bem? Ele connosco joga a avançado.’ O meu pai aconselhou-o então: ‘Metam-no é à baliza.’ No treino seguinte, o treinador manda-me ir à baliza e lá fui, meio a contragosto. No primeiro jogo da época pelos juvenis do Espinho, ganhámos 1-0 e defendi um penálti. Nunca mais saí da baliza.

Fidalgo de pé, à direita, já como guarda-redes dos juvenis do Espinho

Pronto, nasceu uma estrela.
Quando acabou essa época, tive convites de Benfica, Sporting e Porto. O meu pai é que tratou desse negócio: o Porto queria que fosse à experiência e fui lá, só que não tinham botas para mim; o Sporting convidou-me para fazer testes; e o Benfica já tinha um contrato preparado para a eventualidade. E lá fui para Lisboa, aos 17 anos.

Vivias onde?
No Lar do jogador, em Benfica. Cheguei no mesmo dia do Franque e Jordão. Já lá estavam Alves, Shéu e Eurico Caires. Só havia um pormenor.

Qual?
Faltava-me só uma cadeira para fechar o ano escolar.

Qual a disciplina?
Matemática, sempre matemática. Jurei solenemente ao meu pai que ia tirar matemática em Setembro desse ano.

E?
Nunca fiz [Fidalgo abana a cabeça a rir-se]

Estranhaste a vida em Lisboa?
Já lá tinha vivido dos 10 aos 14 anos, como estudante de um colégio interno, e essa separação é que me custou muito. Depois, fiz a secundária no Porto. Ia a pé daqui. Portanto, estava já mais que habituado à vida de cidade. Nessa hora, havia era mais independência, tanto social como financeira.

Social?
Fazia vida social. Depois de sair do Lar do Jogador, fui para uma pensão na Estefânia. Aí, apanhava o elétrico na Almirante Reis, mudava no Jardim Zoológico e ia para a Luz. Nesse tempos, dava-me muito com jogadores seniores do Sporting nos cafés da Praça do Chile. Eles andavam por lá, eu também e convivíamos em amena cavaqueira.

Quem, do Sporting?
Damas, Yazalde, Laranjeira. Tenho aqui outra história. Às tantas, no meu primeiro ano de sénior, saí da pensão e fui viver para um andar na Estefânia, com mais três jogadores, um do Benfica, o Jordão, e dois do Sporting, o Nando e o Joaquim Rocha.

E a rivalidade?
Dentro do campo, sempre. Fora, só gozávamos com a situação. Até te digo, o ambiente era fraterno entre todos nós, mesmo nos tais encontros fortuitos nos cafés da Praça do Chile. E é disso que tenho mais saudades. Dessa camaradagem imensa. Só havia uns atritos antes do dérbi. As lutas entre Malta da Silva e Dinis, por exemplo. Eles também paravam naqueles cafés da Estefânia e, antes do jogo, nem se falavam. Depois, a convivência voltava a ser saudável

Sem essa camaradagem, quais as memórias?
Bonitas, muito bonitas, como as vezes em que o Eusébio dizia-me ”miúdo, tens jeito, tens jeito’. Para teres uma ideia, o meu ídolo era um senhor Vítor Damas. Sabes o que é estar a falar com o teu ídolo à mesa de um café?

Porquê Damas?
Pela elegância e agilidade. O meu pai levava-me ao futebol aqui perto de Espinho, a Braga, à Póvoa ou Guimarães. Um dia, vi-o em ação e fiquei maluco. A partir daí, imaginava as defesas deles através dos relatos da rádio.

E era porreiro, o Damas?
Impecável, muito mesmo. Sentava-me na mesa dele e perdíamo-nos na conversa. Também havia o Yazalde.

Castiço?
Sempre animado. Às vezes, dava-me boleia para casa.

Da Praça do Chile?
Não, de Alvalade.

Como era suplente do José Henrique, ia para o banco. Depois do dérbi com o Sporting, a nossa preocupação era arranjar boleia para casa, ali na Estefânia. Se o carro do Yazalde tivesse lugar para mim, lá ia eu. Às vezes, com o Damas. Se não, tinha de procurar outra boleia.

De Alvalade, como assim?
Como era suplente do José Henrique, ia para o banco. Depois do dérbi, a nossa preocupação era arranjar boleia para casa. Se o carro do Yazalde tivesse lugar para mim, lá ia eu. Se não, tinha de procurar outra boleia.

E o respeito no balneário?
O respeitinho existia. Era o senhor isto, o senhor aquilo. Se chegássemos lá muito inchados, estávamos lixados. Tive a sorte de encontrar um grupo sensacional nos mais novos, aqueles que nos ajudavam a fazer a ponte para os mais velhos.

M-a-r-a-v-i-l-h-a: Shéu e Alves lado a lado e, em cima, Fidalgo já preparado para altos voos

Que grupo era esse?
Humberto, Toni, Vítor Martins, o Garoupa. Uma vez, no estágio. Queres uma história?

Sempre.
Com o Hagan, íamos sempre para Carcavelos à sexta-feira. Na minha primeira vez, cheguei à sala de jantar e havia mesas de quatro pessoas. Ia-me sentar numa delas e eles ‘aqui não, miúdo’. À segunda tentativa, a mesma resposta. À terceira, mais do mesmo. De repente, vejo a mesa com Nené, Jordão e Vítor Martins. “Posso sentar-me aqui?” E eles, ‘sim, claro’. Falei-lhes então da minha dança das cadeiras e eles explicaram-me.

Então o que era?
Só havia uma garrafa de vinho por mesa a dividir pelos quatro elementos. Ora, o pessoal só autorizava malta que não bebesse nas suas mesas para a divisão ser menos, digamos, equilibrada.

Os treinos do Hagan eram correr correr correr correr e subir bancadas. À quarta-feira, o treino era correr até ao Estádio do Sporting e voltar. Depois havia o treino da volta ao Estádio da Luz, por fora. Ele sabia tudo. Só não sabia que as garrafas de Sumol tinham vinho branco, nos jantares à sexta-feira

O Hagan?
Foi o próprio Hagan que decidiu uma garrafa por mesa. O que ele não sabia era que as garrafas de Sumol tinham vinho branco, nos jantares à sexta-feira.

Como era o Hagan?
Os treinos dele era correr correr correr correr.

Só correr?
Vá, e subir bancadas. À quarta-feira, o treino era correr até ao Estádio do Sporting e voltar. Depois havia o treino da volta ao Estádio da Luz, por fora.

Por fora?
Uma vez, o Artur Correia pegou no carro, deu meia volta e só correu a outra metade. O Hagan topou-o e obrigou-o a dar mais uma volta.

Ele falava português?
Arranhava.

Havia tática?
O Hagan era muito militar e o futebol era retilíneo, sempre com bola para a frente. A verdade é que ganhávamos sempre. Repara bem, o plantel do Benfica tinha uns 26, 27 jogadores e aqueles treinos de conjunto eram muito mais competitivos que a maioria dos jogos do campeonato. Por isso, ganhámos um campeonato sem derrotas, em 1973. E houve outro campeonato em que só perdemos um jogo, no Barreiro. Para meu azar, o guarda-redes era o Bento. Que fez uma grande exibição e foi contratado pelo Benfica. Lá fui eu para terceiro guarda-redes.

Quem era o presidente do Benfica?
Borges Coutinho.

Já me falaram muito bem dele.
O Borges Coutinho e o João Rocha foram dois presidentes de eleição, tive essa sorte de apanhar dois homens diferentes do habitual. Ambos acompanhavam a equipa e conversavam regularmente com os jogadores. Conversas pessoais, nada de futebol. O João Rocha até tomava o pequeno-almoço connosco, lá no estádio Alvalade.

Foi o João Rocha que te contratou para o Sporting?
Essa história é longa.

Temos tempo.
Aos 20 anos, estava no Benfica e entrei para a tropa: três/quatro meses nas Caldas da Rainha, mais seis em Tavira e um ano em Setúbal, durante o qual se deu o 25 de Abril. Nesse período, nunca treinei e estava fora da atualidade.

Nem vias os jogos?
Ia ver à Luz, sim. Vinha todos os fins-de-semana a Lisboa e dava boleia a um senhor chamado Vítor Manuel, que depois apanhava o comboio para Coimbra. Falo é de treinar, estar em contacto com os companheiros e a própria bola. Não havia nada disso. Quer dizer, em Setúbal, ainda me permitiam ir à Luz de vez em quando, mas foi só. Depois do 25 de Abril, ainda estive mais um ano na tropa, agora em Lisboa, como integrante do Conselho da Revolução.

E depois?
Dá-se o 25 de Abril e o Leixões quis-me por empréstimo por um mês para evitar a descida à 2.ª divisão. O Benfica deixou, o Exército também. Saía no sábado à noite, jogava no domingo à tarde e tinha de estar de volta ao quartel até à meia-noite. Joguei as três últimas jornadas e salvámo-nos com um 2-0 ao Porto na última jornada. Se empatássemos, descíamos. Era o Leixões do Vítor Oliveira, Horácio e Frasco, os bebés de Matosinhos. O Porto era o do Cubillas, Oliveira, Rodolfo. A adesão popular ao Estádio do Mar foi qualquer coisa de impressionante. Ninguém faltou à chamada e aquele ambiente levou-nos à vitória.

Continuas no Leixões?
Saio da tropa e volto a treinar com regularidade no Benfica. Só que era o suplente do Bento e não havia volta a dar. O homem era um mouro de trabalho e é aí que surge o convite do Braga. Na época 1976-77, joguei todo o campeonato e aí apareci mesmo em bom estilo. Até fui eleito um dos melhores guarda-redes do campeonato, n’A Bola. Nessa época, fomos à final da Taça, com o Porto, curiosamente nas Antas, e ganhámos uma prova que só existiu nesse ano, a Taça Federação. Eliminámos Vitória de Guimarães mais Porto até chegar à final, em Coimbra, com o Estoril (2-0).

Fidalgo, titularíssimo no Braga, vencedor da Taça Federação e finalista da Taça de Portugal

Continuas no Braga?
O Benfica não queria e voltei à base.

Mas então quando é que aparece o Sporting?
Aqui para nós que ninguém nos ouve, durante um estágio da seleção, um jogador do Sporting falou comigo a dar-me conta do interesse e as coisas fizeram-se. Eu e o Eurico fomos para o Sporting, o Benfica vingou-se na mesma moeda, com Botelho e Laranjeira.

Assim, sem mais nem menos?
O Benfica nunca acreditou que eu fosse sair enquanto o meu pai falava com o João Rocha.

Reuniste-te com o João Rocha?
Só duas vezes, ambas na casa dele, ali na Lapa, uma coisa de sonho. Tinha uma discoteca e tudo, na parte de em baixo, onde os miúdos dele andavam por lá.

E o Benfica, nada?
Queria sair para jogar e o Benfica percebeu a ideia. O Romão Martins ainda me ofereceu muito mais do que o Sporting me dava, só que queria mesmo jogar na 1.ª divisão. No meio deste processo, aconselhei-me com jogadores do balneário como Humberto, Toni, Nené, Vítor Martins e todos eles foram amigos de verdade, no apoio à minha saída. Se o Bento ainda fosse daqueles que facilitasse, só que não era assim. De todo. Ele trabalhava mais que os outros e deveria ter olhado para ele como exemplo de trabalho, em vez de ter cruzado os braços e meter a culpa no treinador. Devia ter trabalhado tanto ou mais que ele, mas ainda era do tempo em que a culpa era dos outros. Só há 10 anos para cá é que a culpa começou a ser minha, eheheheh.

Que tal a vida no Sporting?
Quando olho para trás, percebo que foi o melhor que fiz. Quer dizer, fui campeão nacional na época de estreia.

E o Sporting até começou a perder, no Restelo.
Tive a minha primeira grande lição nesse dia, sabes? Perdemos e fui pela primeira vez à televisão, era o Domingo Desportivo com o Ribeiro Cristóvão. Responsabilizei-me pela derrota. Nem pensava nas coisas, tinha 25/26 anos. Dizia o que pensava e não pensava aquilo que dizia. No treino de terça-feira, o treinador Rodrigues Dias deu-me uma descasca, porque a derrota era sempre sempre sempre do grupo e que eu tinha feito uma porcaria de todo o tamanho. E eu pensava que estava a tentar uma atitude edificante. Bom, a partir daí, começámos a ganhar sem parar e nem éramos a melhor equipa. Nem de perto nem de longe. Agora havia uma coisa que ninguém nos batia: o espírito de luta. O capitão Manuel Fernandes juntava-nos para almoçar ou jantar todas as semanas. E os treinos eram efervescentes, porque metíamos o pé como se fosse um jogo a sério. Além disso, uma mistura de jovens e veteranos com Ademar, Fraguito, que era uma coisa incrível, tinha cá uns pés, Freire, Manuel, Jordão, Manoel, Bastos, Artur, Eurico, Inácio. A força foi criada por nós, dentro do balneário.

A festa da vitória em Guimarães, com autogolo de Manaca, rumo ao título de campeão em 1980

Campeões no sacrifício?
Podes crer. Fui operado duas vezes ao menisco durante essa época.

Operado?
Duas vezes. Comecei a época a titular e lesionei-me nos Barreiros, num choque com o Bastos. Aquilo doía, doía e fui ficando à baliza. Quando cheguei a Lisboa, tinha o menisco avariado. Recuperei e voltei aos treinos. Para quê? O mesmo menisco deu de si. Só voltei à titularidade nas últimas jornadas.

A tempo do jogo do título?
O de Guimarães? Sim, sim.

O do autogolo do Manaca.
Muito se fala desse autogolo, porque o Sporting precisava da vitória para manter o Porto à distância e porque Manaca tinha um passado no Sporting, mas nada a ver. O cruzamento da esquerda apanha o Manaca de costas para a baliza e a bola bate-lhe na cabeça para fazer um chapéu ao Melo. Nesse jogo, fiz a melhor defesa da carreira. É uma recordação assim meio nebulosa. Aos 89 minutos e tal, o Vítor Manuel cabeceia dentro da pequena área e eu defendo sem saber como. Nem sei se a bola estava dentro ou não, só sei que eu estava na linha e atirei-me como um gato.

À Damas?
Eheheheheh, pode ser. Só que o Damas não esbarrava no poste e eu fui contra ele, com estrondo. Perdi os sentidos.

Só acordaste com o Sporting campeão?
Eheheheh, quase. Foi uma época exigente que acabou em beleza.

Antes de Guimarães, há aquele clássico nas Antas.
Esse não joguei, ainda foi o Vaz.

Acaba 1-1 com um penálti discutível do Garrido a favor do Porto.
O Garrido queria era que todos os jogos ficassem empatados.

Hã?
Dizia-se entre nós, jogadores, que o Garrido era assim, queria agradar os dois lados.

Esse clássico deu bronca, depois o Manaca foi mais acha para a fogueira.
Lembro-me de uma contestação enorme ao Garrido, mas não sei mais nada.

Foi difícil sair das Antas nesse dia?
Difícil difícil foi naquele 1-1 com o Benfica em 1978, quando o Porto acaba com uma seca de 19 anos.

Xiiiiii.
Um ambiente de cortar à faca, dezenas de pessoas atrás da minha baliza a mandar bocas e objetos, como pedaços de relva e isso.

Jogaste esse clássico?
Esse, sim.

Então e o Bento?
Tinha sido expulso no Bonfim. O Benfica ganhou 1-0, só que o Bento foi expulso perto do fim [aos 82 minutos]. Como as substituições já estavam esgotadas, tivemos de jogar com o António Bastos Lopes à baliza. Apanhou três jogos de suspensão e fui eu para a baliza. Joguei com o Estoril, na Luz, Porto, nas Antas, e Riopele, em Braga.

Que tal esse 1-1 com o Porto?
Estivemos a ganhar até seis minutos do fim. Antes do 1-1, o Humberto isola-se, remata e o Fonseca defende com o pé. A bola vai à barra e sai. Ainda há dias encontrei o Fonseca e ele admitiu que não sabe como é que fez. Ehehehehehe. No minuto seguinte, livre perto da área e golo do Ademir.

E?
Nem vi a bola. Ao que parece, passou por entre as pernas de Pietra e Alberto na barreira.

Com 1-1, o Porto continuava à frente a uma jornada do fim.
Se aquela bola do Humberto entrasse, talvez a minha vida tivesse sido diferente. Talvez pudesse discutir a posição com o Bento na época seguinte. Só que.

Só que?
Na última jornada, com o Riopele, em Braga, pensei que fosse jogar. Até porque defendi bem com o Porto e era um jogo a feijões. Além do mais, era em Braga, onde tinha jogado e feito amigos.

E então?
Soube que não ia jogar hora e meia antes do jogo, na palestra. O Mortimore não me mete a jogar e é aí que decido sair do Benfica. Se não jogo com o Riopele, depois de uma boa exibição nas Antas, quando é que o faço daqui em diante?

Como era o Mortimore?
Meeesmo inglês, fleumático e nunca me disse nada.

Esse é o último ano do Vítor Baptista no Benfica.
Certo.

Como é que ele era?
Era exatamente assim como estás a pensar.

Era o cabo dos trabalhos?
Dependia do dia. Se ele estivesse bem, ninguém o travava. Quando o jogo estava aflito, ele dizia ao Nené ‘mete-te ao meu lado’ e dizia ao resto da malta ‘ponham-me a bola lá em cima’.

Lá em cima?
‘Ponham-me a bola lá em cima para eles saltarem comigo. Se eu cair, levo-os comigo e a bola sobra para o Nené’.

Vítor Baptista era o maior?
Melhor que ele só o Eusébio. Abaixo do Eusébio, ele. Dizia-o sem rodeios. Olha esta história: íamos treinar à volta do estádio, na era Pavic, e ele levava o cão.

O cão?
Nós a fazer séries de 400 metros e ele a correr com o cão.

No Sporting, encontraste finalmente a oportunidade de jogar na UEFA?
E fui logo expulso, com o Kaiserslautern, em Alvalade. O meu mal foi falar inglês com o árbitro. Houve uma jogada qualquer em que sentimos a balança desequilibrada e queixei-me ao árbitro no túnel. Pumba, vermelho. Levei três jogos, depois o castigo foi reduzido para um e não joguei na RFA. Como o Sporting foi eliminado, nunca mais joguei.

O teu segundo título de campeão nacional também é no Sporting.
Em 1981-82, com o Malcolm Allison.

Mais um inglês, depois de Hagan e Mortimore.
O Allison era diferente de todos e não era inglês. Era um playboy, que andava nas discotecas, e um treinador por excelência, sempre o primeiro a chegar a Alvalade, uma hora antes de todos os outros. Era um homem sensacional e deu-nos ensinamentos preciosos para toda a vida.

Tais como?
Liberdade, deu-nos liberdade e responsabilidade. Com ele ao comando do Sporting, deixámos de nos preocupar com a hora de dormir, de chegar a casa. Ele deu-nos responsabilidade, tornou-nos mais maduros ainda. Podiam enchê-lo os ouvidos do que quisessem, ele só queria saber de nós durante os treinos. Para ele, o rendimento no treino era o que determinava o resto. Ai de quem não trabalhasse direito. Fosse um miúdo ou um consagrado. Uma vez, disse a um titular que não ia ser titular no jogo tal. O Manuel Fernandes intercedeu e disse-lhe que esse titular estava com problemas em casa. O Allison ouviu, pensou e disse ‘então nem sequer é suplente, fora dos convocados’.

Fizemos um jogo no Bessa e perdemos 2-1. Estavam uns 4/5 jogadores no vagão-restaurante, depois do jantar, quando o Allison aparece e senta-se na nossa mesa. Entra assim 'o que é que bebem?' E nós, todos muito puristas, a recusar. 'Deixem-se de tangas, querem beber o quê?' Allison vira-se para o empregado e pergunta-lhe se tem vinho tinto. Sim, há. E ele 'alguém quer?' Allison começou a falar: 'foi o primeiro jogo que perdemos, vamos ser campeões e vocês têm essa cara, porquê? Não façam disso um drama, vamos ser campeões.' Nós estávamos a olhar uns para os outros e ele continuava em grande estilo. 'Fazemos uma coisa: quando chegar a Lisboa, vou buscar a minha mulher a casa e vamos para o Van Gogh [discoteca em Cascais] Quem quiser, junte-se a nós.'

Há mais dessas?
Queres outra? Fizemos um jogo no Bessa e perdemos 2-1. Foi, aliás, a nossa primeira derrota do campeonato, já na segunda volta e era o tempo em que jantávamos no comboio para baixo. Estavam uns 4/5 jogadores no vagão-restaurante, depois do jantar, quando o Allison aparece e senta-se na nossa mesa. Entra assim ‘o que é que bebem?’ E nós, todos muito puristas, a recusar. ‘Deixem-se de tangas, querem beber o quê?’ Allison vira-se para o empregado e pergunta-lhe se tem vinho tinto. Sim, há. E ele ‘alguém quer?’ Um ou outro levantou o braço e lá veio a primeira garrafa de vinho para a mesa. Allison começou a falar: ‘foi o primeiro jogo que perdemos, vamos ser campeões e vocês têm essa cara, porquê? Não façam disso um drama, vamos ser campeão.’ Nós estávamos a olhar uns para os outros e ele continuava em grande estilo. ‘Fazemos uma coisa: quando chegar a Lisboa, vou buscar a minha mulher a casa e vamos para o Van Gogh [discoteca em Cascais] Quem quiser, junte-se a nós.’

Uau.
Na prática, aquilo só não caiu bem no meio dos dirigentes. A história do vinho e tal. Para nós, foi libertador. Outra do Allison.

Conta.
Na ressaca da título de campeão nacional e da conquista da Taça de Portugal, fomos jogar a Paris. Na véspera do jogo com o PSV, estávamos todos a jantar e o Allison pediu para ninguém se levantar. Queria ter uma conversa com todos e pediu autorização ao responsável da delegação para os jogadores beberem um champanhe. O pedido foi aceite e o responsável pede uma garrafa para a malta toda. De imediato, o Allison retifica e diz uma garrafa por mesa.

E esse reunião?
Era para todos os jogadores dizerem de uma forma completamente aberta o que pensavam dele. Houve uns que disseram mal, muito mal, sem qualquer filtro, que fizeste isso, fizeste aquilo e ele ouviu de tudo. Quando acabou a reunião, o Manuel Fernandes perguntou ao Allison a que horas era o recolher nessa noite. E ele, ‘estou em Paris e não vou recolher, nem pensar; amanhã há um jogo com uma equipa que não ganhou nada e eu vou aproveitar Paris.’ No dia seguinte, levámos três e o Allison não se descoseu minimamente: ‘vocês são uma equipa fantástica, ganham tudo e, como sabem que estes rapazes do PSV não ganharam nada durante a época, e ofereceram-lhes a vitória; bonita a vossa atitude’.

Como eram as palestras dele?
Traduzia o Virgílio e, às vezes, eu.

É só rir.
E o disco que fizemos?

Como?
Não sabes do disco?

Qual disco?
O do Sporting campeão. Os meus filhos sabem isso de cor e ainda o cantam.

Calma lá, estás a falar do quê?
Mal ganhámos o campeonato, lançámos um disco. [Fidalgo afina a voz e começa a cantar] Vamos jogar, vamos vencer, gritemos, em frente.

Isso é de quem?
Luís Filipe Barros, uma voz da rádio que trabalhava com o João Rocha. Foi ele que fez a letra e nós cantámos. Foi um sucesso imenso.

Só fizeste um jogo nessa época.
O titular era o Meszaros.

Que tal o homem?
Um dos melhores com quem joguei. E foi aí que tive o primeiro treinador de guarda-redes.

Quem?
O Meszaros.

Hã?
O Meszaros ensinou-me o básico, a colocar-me nos cantos e nos livres, a lançar a bola com a mão. Ele tinha uma escola e eu não. No início da carreira, eu passei o tempo a treinar numa caixa de areia e o treino com bola eram os remates à baliza. Com Meszaros, percebi todo um mundo novo. Devo-o imenso.

Nunca foste internacional AA?
Nunca, por causa do Gomes.

Do Gomes?
Fui internacional júnior, internacional esperança, internacional B. E só não fui dos AA, porque o senhor Gomes falhou um penálti com os EUA, em Setúbal, no preciso em que estava a aquecer para entrar em campo.

Os quatro guarda-redes da seleção nacional: Damas, Fidalgo, Fonseca e Bento

Grande galo.
Foi pena, mas paciência. Olho para a minha carreira e fico admirado. Parte das memórias mais felizes são aquelas como júnior do Benfica em que treinava com os seniores, na semana em que eles iam jogar num pelado para o campeonato. Depois, havia o torneio internacional de Lisboa, sempre com grandes equipas. Lembro-me de um 4-1 ao Ajax.

Já ouvi falar desse jogo, com dois golos de Norton de Matos.
Ainda havia o Shéu, o Fernando Santos.

Espera aí, jogaste com o Fernando Santos?
Ah pois, ele era um ano mais novo que eu. E depois foi meu adjunto.

[espanto]
Não sabias disso?

Nada.
Em 1983, quando o Sporting contratou aquele treinador.psicólogo checoslovaco chamado Jozef Venglos, fiz os jogos todos da pré-época. Só que o Venglos resolve contratar o Katzirz e ele relegou-me para o banco, na primeira jornada. À quinta-feira, na antevéspera desse jogo, com o Penafiel, o Venglos dá a táctica e é o Katzirz na baliza. Eu tive um impulso e pedi para sair do treino. Ele não deixou e o adjunto Marinho começou a fazer-me remates à baliza. Eu nem me atirava para um lado nem para o outro. Nas bancadas, o público começou a assobiar. Fazer o quê, eles tinham razão. No fim do treino, fui ter com o João Rocha e pedi para sair. Se agora me perguntasses se fazia tudo outra vez, claro que não, foi uma atitude completamente irrefletida, de um menino amuado. Bom, a verdade é que saí do Sporting e fui para o Salgueiros, onde joguei sempre até me lesionar na parte final do campeonato. Aí, como o Octávio Machado saiu do comando, fiquei como jogador-treinador para evitar a descida de divisão

E?
Saímo-nos bem, num Vidal Pinheiro completamente cheio, a transbordar, tanto dentro do estádio como fora, porque era só pessoas nos prédios à volta. Na última jornada, ganhámos 1-0 ao Boavista. Na época seguinte, o Salgueiros só me queria como treinador e eu, ingénuo, aos 30 anos, disse que não.

Porquê?
Queria jogar mais uns anos. Só que os treinadores das equipas que me sondaram não me queriam contratar, óbvio. Só depois é que percebi que eles me viam como uma ameaça depois do sucedido no Salgueiros. Sem clube e de férias no Algarve, encontrei o Fernando Peres e ele pergunta-me se quero jogar no Estoril.

Na 2.ª divisão?
Exato. Fui e diverti-me imenso. No segundo ano do Estoril, tive um problema no joelho e fui ter com o médico Bernardo Vasconcelos, que trabalhava ali na Parede. Disse-me que tinha de ser operado caso quisesse voltar a jogar. Isso não me interessava nada, mais uma operação. Então, decidi pendurei as luvas e acabei a carreira de futebolista no Estoril.

Santos em baixo, à esquerda, e Fidalgo em cima, a calçar as luvas. Friend will be friends

Vais começar a de treinador, é isso?
Sai o Mário Wilson e o Estoril está cheio cheio cheio de dificuldades, a todos os níveis. Primeiro, acho eu, falaram com o Fernando Santos, diretor do Hotel Palácio, e só depois comigo. Disse que sim, com uma condição: tinha de ter um adjunto de confiança para me acompanhar. E resolvi falar com o Fernando Santos para se aventurar comigo. Só que o Fernando também tinha acabado a carreira, como eu, e estava mais focado no hotel. Não posso e não quero e tal. Às tantas, lá lhe dei a volta. E ele: ‘olha que os papéis do contrato vão dizer que eu só vou quando puder.’ Okay, disse eu.

E o Fernando Santos ia?
Raramente, muito raramente, falhou um treino.

Os dois à frente do Estoril?
Deram-nos um plantel com 4/5 jogadores e passámos os meses de Maio e Junho a fazer treinos de captação. Apanhámos o lateral Nando, que o vi a jogar futebol de salão em Sintra. E ainda pescámos uns juniores de Sporting, como o Borreicho e o Eugénio. Quando iniciámos a época, não havia um único casado na equipa, era tudo solteiros. Era uma equipa de miúdos fantásticos.

O que lhes aconteceu?
No segundo ano, por altura do Natal, reapareceu o Salgueiros a convidar-me para o cargo de treinador. O Salgueiros estava na 1.ª divisão e o Estoril ainda não me tinha pago uma única vez naquela época. Fui falar com o presidente João Lachaver e o Estoril libertou-me. Só me perguntou quem seria o substituto ideal. Falei-lhes no Fernando e, a partir daí, é toda esta história bonita.

Continuam amigos?
Sempre. Em 2014, antes do Mundial do Brasil, estive a convite dele na Grécia a dar um curso de coaching e programação neuro-linguística aplicados ao desporto. Há um ano, nos prémios d’O Gaiense, o Fernando teve um detalhe bonito, muito bonito, ao dizer no discurso “uma salva de palmas para alguém que foi responsável pelo meu trajeto, foi por ele que tudo começou.”

Ena.
O Fernando tem coisas divinais. Como a despedida dos relvados.

Então?
Ele era meu adjunto e só jogava em caso extremo. Uma vez, lá está, não tínhamos jogadores suficientes e ele entrou para lateral-esquerdo. Em Samora Correia. Umas semanas depois, fomos à Madeira e ele adorava ir lá. Porque sim e porque amigos desde o tempo em que jogou um ano na 1.ª divisão. Nessa altura, só estávamos autorizados a viajar 18 elementos. Ou seja, em circunstâncias normais, nem ia o adjunto. Só que o Fernando ia, eheheheheh. Estou a rir-me porque pareço que estou a ouvi-lo a dizer ‘mete-me, mete-me’. Estávamos a ser completamente dominados e ele ‘mete-me, jogo à frente da defesa e liberto a pressão.’ Lá o meti em campo e o jogo acabou sem mais sobressaltos. No balneário, o Fernando tirou a camisola e disse ‘finalmente, retiro-me do futebol; tinha de ser hoje, na Madeira, e não em Samora Correia’. Que figura, o Fernando. Amigo para sempre.

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