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Fotografia, pintura ou Michael Jackson: as exposições que marcam o início de 2018

Não é um guia para o ano inteiro mas são algumas das mais importantes exposições já marcadas nesta primeira metade de 2018 (e algumas excepções). Vasco Rosa deixa sugestões em Portugal e lá fora.

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Dois anos e meio depois de instituído o Ministério da Cultura cultura — a salvífica panaceia de que tantos esperaram tanto –, e como já notámos em outras antevisões, a programação expositiva dos museus e monumentos nacionais tutelados pelo governo, salvo raríssimas excepções, dá renovadas provas de míngua de arrojo intelectual e de meios de acção, que a tolhem como um apertado anel de aço. A incerteza é tal, que a Direcção-Geral do Património Cultural não arrisca revelar a sua agenda para alguns meses adiante, nem aos museus é concedida autonomia para fazê-lo a pedido da imprensa e — ao contrário do que seria expectável em instituições desse tipo, relevância e interesse — os seus próprios websites são omissos quanto ao futuro. Um deles, e dos mais importantes, diz mesmo: “Ainda não existe programação para o futuro”. Existe muito provavelmente, mas a tutela não permite que seja divulgada. Qual a razão deste secretismo?

Exposições temporárias são esticadas no calendário muito para lá do sensato, um expediente para mascarar apatia e asfixia (que de dentro ninguém arrisca declarar ou denunciar com frontalidade), enquanto um espaço expositivo de privilegiadíssima centralidade e simbólico significado identitário — o estigmatizado Museu de Arte Popular, em Belém, fundado por António Ferro em 1948 — foi alugado para mostrar gravuras dum celebrado e muito visto artista holandês enquanto decorria a candidatura dos “Bonecos” de Estremoz a património cultural imaterial da humanidade — e agora não podem sequer ser mostrados ali, a título de louvor e homenagem a uma candidatura vitoriosa, porque o compromisso comercial dura até Junho…

Noutros sectores, como o apoio à criação artística, os problemas tornam-se até indignantes, como há semanas esclareceu o reputado programador cultural Miguel Lobo Antunes, num artigo lúcido e contundente que concluiu com uma frase (“Mas posso estar enganado”) que é um claro convite para uma réplica governamental, que simplesmente não apareceu pois o deixar-passar parece ser o método preferido para empurrar o mau estado das coisas com a barriga.

O ministro Castro Mendes tão-pouco ainda entendeu que o que se passa nos museus que tutela representa o desperdício das capacidades de uma geração muito qualificada de historiadores da arte de diferentes épocas — na verdade, uma muito propiciadora e invulgar convergência de museólogos, curadores a designers expositivos de grande mérito — que todavia se arrisca a perder os melhores anos da sua vida em instituições subdotadas de meios de trabalho e investigação, nas quais, muito pelo contrário — com mínimo conforto financeiro e aproveitando os enormes avanços científicos e metodológicos actuais —, eles poderiam protagonizar uma verdadeira, profunda e de resto sempre necessária reavaliação da historiografia artística. Horas gastas a tentar resolver problemas tão básicos como a insegurança das salas, são horas perdidas para a indispensável actualização científica, debate colegial do que importa fazer e para intercâmbios com congéneres europeus que coloquem os nossos de facto numa rede europeia.

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No Porto, cidade "líquida" e em clara afirmação política, a autarquia cede à Fundação EDP o seu espaço expositivo por excelência, a Galeria Municipal, para que mostre a colecção de arte contemporânea que recentemente adquiriu ao pintor e escultor Pedro Cabrita Reis.

A própria itinerância comunitária de exposições portuguesas — e “Josefa de Óbidos” (MNAA, 2015), por exemplo, teria um efeito poderoso — deixa de ter pernas para caminhar, num cenário de penúria, inércia e serviços mínimos a cumprir. Também ninguém sabe dizer, por exemplo e inversamente, se a exposição “Hervé Di Rosa à la Viúva Lamego: Portugal 2014-17”, que por estes dias se encerra na parisiense Galerie Louis Carré & Cie, poderá algures em 2018 ser vista no Museu Nacional do Azulejo (anunciada, todavia, já está — e por contraste — a sua exibição outonal no Musée La Piscine, em Roubaix, norte da França).

Das grandes colecções à “Vida Dura”

Apesar de elevado formalmente a museu nacional há quase um ano, o Museu de Évora — que a DGPC mantém fora da sua programação anunciada para o próximo futuro — apresenta-se ainda em registo demasiado regional, mostrando até 17 de Fevereiro “Ascendência catalã”, fotografias de Maria do Carmo Duque dedicadas à vila de Azaruja e à presença de migrantes catalãs que desde meados do século XIX ali aplicaram o seu conhecimento da indústria corticeira.

O caso autárquico não é melhor. Em Lisboa, por exemplo, milhões de euros de taxa turística, que podiam servir para reforço do património e da actividade de museus municipais capazes de proporcionar a quem nos visita ocasionalmente uma programação expositiva de alto nível sobre quem somos — além de termos sol, boa mesa e um estuário prodigioso —, vão ser aplicados na construção faraónica duma fachada palaciana de que verdadeiramente ninguém sente a falta (e competia ao Estado central pagar). Em entrevista à agenda cultural de Dezembro, a vereadora Catarina Vaz Pinto bem pode proclamar que “museus e outros equipamentos municipais têm de ter a sua vocação e identidade bem definidas” (p. 107), mas se lhes falta — e, na verdade, falta — com meios de acção, nada feito, além da pura propaganda, claro está. 2018 regista trinta anos da morte de João Hogan, um pintor extremamente original que tomou Lisboa como seu motivo, mas nada parece estar em marcha para que em Junho lhe seja feita a exposição retrospectiva que ele nunca teve e tanto merece.

No Porto, cidade “líquida” e em clara afirmação política, a autarquia cede à Fundação EDP o seu espaço expositivo por excelência, a Galeria Municipal, para que mostre a colecção de arte contemporânea que recentemente adquiriu ao pintor e escultor Pedro Cabrita Reis — agendada para Março, é por enquanto a única parte do seu programa de 2018 já dado a conhecer, e por terceiros. Na mesma galeria municipal, nos jardins do Palácio de Cristal, permanece até 18 de Fevereiro “Dez mil anos depois, entre Vénus e Marte” — uma representação da colecção de arte contemporânea do empresário alentejano António Cachola, sediada em Elvas, com curadoria de João Laia.

Obra de Ângelo de Sousa, um dos artistas representados na colecção de Pedro Cabrita Reis, adquirido pela Fundação EDP

Ainda decorrente, o centenário do pintor Júlio Resende, tão querido para a cidade do Porto, tem sido protagonizado pela fundação do artista, que desenvolveu parcerias expositivas em Matosinhos, Santo Tirso, São João da Madeira e Anadia — e na Invicta apresenta na Faculdade de Belas-Artes, a São Lázaro, até 3 de Março, “Mar Novo”, o seu projecto decorativo para um monumento ao infante D. Henrique em Sagres, que tendo ganho o respectivo concurso público, foi proibido por Salazar por ser protagonizado por oposicionistas impertinentes — o que à época motivou um livro homónimo de Sophia de Mello Breyner, irmã do arquitecto João Andersen.

Nos arquipélagos, que o ecoturismo global põe em grande evidência, a identidade autónoma sairia reforçada com persistentes trabalhos de história e arte em museus (além de traduções em livros baratos), recursos em larga escala são canalizados para apoio social de uma parte da população que julga poder viver em dependência permanente, desde que obedeça ao eleitoralismo populista em voga. Deste modo, é de ver que meios à disposição das instituições culturais públicas, ou de privadas com vocação regionalista, tornam-se inevitavelmente ainda mais reduzidos. A exposição “Encomenda artística na Madeira dos séculos XV-XVI”, até meados de Março no MNAA, seguirá — não para o Funchal, como seria lógico e natural — directamente para o Museu Nacional de Soares dos Reis, no Porto, a partir do mês seguinte, permitindo ocultar de certa maneira toda a inerte “sobrevivência assistida” desta importante instituição, que depois de ter recebido uma versão de “Almada Negreiros: uma maneira de ser moderno”, produzida pela Fundação Gulbenkian, vai agora aproveitar um empréstimo do principal museu do país.

Para o Museu Nacional de Etnologia anuncia-se para um muito vago "primeiro semestre" a curiosa, prometida e adiada exposição "Vida Dura", do prestigiado designer JasperMorrison com 200 objectos portugueses por ele escolhidos pelo seu carácter de "design em estado puro".

Nos Açores, o seu principal museu, o de Carlos Machado, em Ponta Delgada, tem uma programação discreta, acolhendo itinerâncias alheias — de que destacaria “Ex-Votos”, exposição organizada pela Diocese de Setúbal, de 2 de Março a 1 de Julho — e sugestionando diálogos com a sua própria colecção, como sucederá a partir de 26 de Outubro com “Cascata (2018)”, uma instalação de Miguel Palma na Sala do Herbário. Registe-se com muito agrado que, no âmbito da regência portuguesa do Património Cultural da Europa, cinco meses de “salvaguarda patrimonial” — a partir do fim de Outubro — serão dedicados a um programa de produção e utilização de telha regional, elemento da arquitectura vernacular açoriana posto em grave risco, apesar da legislação de salvaguarda e de campanhas de sensibilização.

Não quer dizer que algumas exposições de iniciativa pública já declaradas não sejam dignas de registo e até de elogio. Todavia, o ímpeto é mole e denuncia a ausência de verdadeira estratégia cultural num pequeno país subitamente colocado em evidência, mas ainda incapaz de competente auto-representação e de se recolocar como parceiro de um circuito internacional de mostras de arte itinerantes. No sector público, quase tudo parece ser feito sobre um joelho, na dependência de mecenatos ou dotações orçamentais de última hora ou sob a ameaça de cativações num súbito virar de esquina, tolhendo a baixa dinâmica das instituições até a um ambiente de dormência.

Para o Museu Nacional de Etnologia — um dos mais nobres, mas também dos mais penalizados, até pelo seu antigo director… — anuncia-se para um muito vago “primeiro semestre” a curiosa, prometida e adiada exposição “Vida Dura”, do prestigiado designer Jasper Morrison com 200 objectos portugueses por ele escolhidos pelo seu carácter de “design em estado puro” entre as alfaias agrícolas coleccionadas durante a época dourada daquele museu — um ano inteiro depois, note-se bem, de em Inglaterra ter sido publicado o livro-catálogo que lhe servirá de registo perene (Lars Müller Publishers, 208 pp., hardback).

“The Hard Life”, de Jasper Morrison

Para o Museu Nacional do Azulejo, uma vez mais ainda sem data fixada ou uma sinopse consistente e pormenorizada — embora o coleccionador privado que a suporta merecesse ser logo identificado, ao menos por um gesto de duplo reconhecimento —, anuncia-se uma exposição da cerâmica produzida em Portugal pelos anos 1920-40, na qual se comprovam influências estrangeiras suas contemporâneas e se sublinha o papel das fábricas activas na sua relação fundamental com os artistas plásticos. Num momento de internacionalização desta arte decorativa portuguesa, em que a obra de Bordallo Pinheiro ganha reedições e a sua herança é interpretada por contemporâneos, portugueses e brasileiros, e o comércio vintage dos objectos mais tarde criados na fábrica Secla e outras ganha força e valor, esta iniciativa do Museu suportada pelo bom espírito de partilha de um coleccionador privado vem perspectivar e esclarecer um período intermédio, que o comércio electrónico global, fazendo emergir criações de toda a parte, parece ajudar a contextualizar como nunca antes.

Os livros, a fotografia e as retrospectivas

Também na Biblioteca Nacional, dependente do Ministério da Cultura e dos seus constrangimentos, a programação de 2018 “ainda está a ser ultimada”, respondeu-nos — sem mais — responsável do pelouro naquela instituição, cuja agenda vem sendo ocupada por pequenas mostras de quase rotina, fraca expectativa e público raro que assinalam efemérides ou figuras políticas ou literárias, ou por compromissos protocolares com doadores de espólios, parcerias com institutos e centros universitários que precisam de fazer prova de vida junto da Fundação para a Ciência e Tecnologia ou parcerias com privados viabilizadas pela mais pura caturrice destes.

Com um quadro de investigadores rarefeito por aposentadorias e pelas habituais desfuncionalidades do funcionalismo, a BNP tal como existe muito pouco pode fazer, de facto, que lhe crie um módico de carisma — e por este andar afastar-se-á cada vez mais das suas dinâmicas congéneres europeias. Boas pequenas coisas vão surgindo, porém: algures entre Fevereiro e Abril, “O universo dos livros ‘cartoneros'” é o tema duma pequena mostra de livros artesanais de muito baixo orçamento criados na Argentina e que depois contaminaram outros países sul-americanos. Mais tarde, em datas também incertas, entre Junho e Agosto, mostram-se num corredor “Folhetos de aventuras”, mistério e crime. São duas pequenas vinhetas curiosas, numa enorme página em branco…

No Museu Nacional de Arte Antiga, sob a direcção de António Filipe Pimentel, haverá — de Julho a Setembro — “Do Tirar pelo Natural”. Inquérito ao Retrato Português, um olhar contemporâneo sobre um dos capítulos mais fascinantes da história da arte, a partir de obras de artistas portugueses ou que em Portugal fizeram o essencial da sua carreira, do século XV à actualidade.

Ainda no Museu Nacional de Etnologia, é a própria precaridade orçamental a servir de trampolim a uma habilidosa manobra de propaganda do ministério. Sem nunca ter sido dedicada ao viajante, aventureiro e coleccionador Victor Bandeira, 86, a exposição biográfica que claramente o Museu lhe deve em vida, preparou-se sub-repticiamente o anúncio — feito duas ou três semanas depois… — da compra de uma das suas cinco esculturas orientais (aliás, “a mais valiosa das aquisições da DGPC em 2017”) que desde 1975 ali ficaram encaixotadas nas reservas, “na expectativa de uma incorporação ainda não concretizada” (da sinopse da exposição, com itálico meu). No momento e cenário mais convenientes ao bom efeito mediático, e de modo a tentar iludir o verdadeiro estado das coisas, as magníficas esculturas budistas saíram enfim da longa e negra obscuridade a que foram votadas para serem exibidas na mostra “Regresso à Luz”, que permanece até 11 ou 18 de Fevereiro (até as informações de cartaz e nota oficiosa divergem). É o que há…

“Tantas vidas numa vida”, de Victor Bandeira

Na Galeria do Rei D. Luís, no Palácio Nacional da Ajuda, mas só a partir do ainda distante Outubro — a coisa está ainda tão embrionária que a informação prestada pela DGPC não coincide sequer com o arco histórico fixado por uma das duas comissárias, que contactámos —, “Uma História de Assombro: Portugal-Japão nos séculos XVI-XX”, organizada em colaboração com a Universidade Nova e o Instituto Diplomático do MNE, promete iluminar pela primeira vez o pico das relações entre os dois países num período considerado “muito interessante” — do fins do século XIX ao limiar da segunda guerra mundial — todavia deixado obscurecido pelo esplendor dos contactos iniciais que a arte nambam fixou para sempre, e pelo interregno bissecular (1640-1840) que lhe precedeu.

No Museu Nacional de Arte Antiga, sob a direcção de António Filipe Pimentel, haverá — de Julho a Setembro — “Do Tirar pelo Natural”. Inquérito ao Retrato Português, um olhar contemporâneo sobre um dos capítulos mais fascinantes da história da arte, a partir de obras de artistas portugueses ou que em Portugal fizeram o essencial da sua carreira, do século XV à actualidade.

No Mosteiro da Batalha, a partir de Junho serão mostradas fotografias do sociólogo António Barreto: “Gentes da Batalha” é o título da exposição.

Em Bragança, o Centro de Arte Contemporânea Graça Morais — mantido pelo município local — apresenta até 25 de Fevereiro uma antologia da obra de Ana Vieira (1940-2016), aqui representada por obras escolhidas pelo curador da casa, Jorge da Costa, entre os acervos da artista e colecções particulares, galerísticas, fundacionais e públicas.

A obra de Ana Vieira vai estar em destaque no Centro de Arte Contemporânea Graça Morais

A Parques de Sintra – Monte da Lua prossegue o seu admirável trabalho expositivo e de consistente aquisição de acervo com os meios gerados pelos seus muitos ingressos com a extraordinária mostra “Monserrate Revisitado: a Colecção Cook em Portugal”, que começou em Dezembro e se prolonga até ao fim de Maio no Palácio de Monserrate — assinalando o bicentenário do nascimento do riquíssimo industrial, notável coleccionador de arte e mecenas Sir Francis Cook, falecido em 1901, e de algum modo uma década de trabalhos de recuperação integral dos jardins e do interior do palácio, iniciada sob a direcção do arquitecto António Lamas.

Uma pesquisa exaustiva e prolongada permitiu localizar — e em certo caso adquirir — mais de 50 obras que ornamentavam o palácio até que foram dispersas em 1946, e agora reentram em salas por sua vez restauradas de fresco. Esta exposição é, na verdade, um degrau para o que é designado como “a futura colecção museológica de Monserrate”, para permitir a futuros visitantes compreenderem plenamente como viviam aqueles ilustres estrangeiros entre nós, e o valor artístico e histórico da colecção deste admirável inglês.

Aniversários redondos e consagrados

A Imprensa Nacional também comemora 250 anos — começou por ser Impressão Régia —, com um ciclo de iniciativas, a primeira das quais terá lugar na dinâmica Casa do Design de Matosinhos, apoiada pela autarquia local, e que está a tornar-se num pólo expositivo muito interessante (onde aliás decorre até 27 deste mês a mostra “Motos de Portugal”). Com curadoria dos professores da ESAD Rúben Dias e Sofia Meira, “Imprimere: arte e processo nos 250 anos da Imprensa Nacional”, de Março a Setembro, percorre instrumentos, tecnologias e artefactos gráficos que documentam a produção de livros ao longo da história — um mundo tão dinâmico, que técnicas consideradas arcaizadas estão actualmente a ser reexaminadas e experimentadas por designers mais jovens como meio artesanal de elevado potencial criativo e artístico, enquanto produção alternativa à massificação tecnológica, por melhores resultados que esta tenha e tem. No segundo semestre, a Casa do Design de Matosinhos apresentará “Sinal: cem anos de design das telecomunicações e correios em Portugal”, com curadoria do professor e historiador de design José Bártolo.

No Museu de Serralves, no Porto, a temporada abre com uma grande retrospectiva da pintora e escultora italiana Marisa Merz, a única mulher protagonista do movimento da arte povera.

A Sociedade Nacional de Belas-Artes, de Lisboa, em parceria com a Academia Portuguesa de Cinema e o Museu da Publicidade, apresenta “Cartazes de Sonho”, uma magnífica exposição de cem obras publicitárias da agência ETP de Raul de Caldevilla (1877-1951), dedicadas a cinema, águas e termas, vinhos, seguradoras, moda e calçado — que ali decorre até 12 de Fevereiro, uma pequeníssima temporada, que não deve ser perdida.

Na galeria Vera Cortez, em Lisboa, Vhils apresenta “Intrínseco”, de 1 de Fevereiro a 17 de Março — para depois inaugurar o Museu de Arte Urbana e Contemporânea de Cascais, em data por anunciar.

“Intrínseco”, nova exposição de Vhils

No Instituto Açoriano de Cultura, de Angra do Heroísmo, de 18 de Janeiro a 19 de Abril outro artista premiado internacionalmente, o fotógrafo Luís Godinho apresenta “Leve-Leve”, um ensaio fotográfico sobre a vida em São Tomé e Príncipe, «gente feliz com pouco».

O design brasileiro permanece nas atenções centrais do Museu do Design e da Moda, de Lisboa — ainda instalado no Palácio dos Condes da Calheta, a Belém, enquanto decorrem obras na sua sede, na Baixa — com a mostra “Tanto Mar. Fluxos transatlânticos do design”, de 10 de Março a 15 de Julho, que apresenta, entre outras, a obra invulgar do luso-brasileiro Joaquim Tenreiro (1906-92), marceneiro e projectista de móveis com fábricas e lojas nas duas principais cidades daquele país, que já lhe consagrou considerável atenção, entre retrospectivas e bibliografia.

No Museu de Serralves, no Porto, a temporada temporada — verdadeiramente surpreendente, incluindo retrospectivas do pintor Álvaro Lapa, a partir de 8 de Fevereiro, e do fotógrafo norte-americano Robert Mapplethorpe, em Setembro, exposição esta com curadoria do seu novo director artístico, João Ribas — abre com uma grande retrospectiva da pintora e escultora italiana Marisa Merz, a única mulher protagonista do movimento da arte povera — patente de 19 de Janeiro a 22 de Abril, sob o título “O Céu é um grande espaço” —, e tem a particularidade prestigiante de ser a primeira etapa da digressão europeia desta exposição organizada pelo Hammer Museum, de Los Angeles (a que pertence a curadora Connie Butler), pelo Metropolitan Museum of Art, de Nova Iorque e pela própria Fondazione Merz.

Robert Mapplethorpe

Eduardo Batarda resiste e apresenta na Galeria Miguel Nabinho (Rua Tenente Ferreira Durão, 18B, em Lisboa) “Descrições de Imagens, 2”, nove telas duma nova série, criadas em 2017 sob condições pessoais particularmente difíceis. A ver, sem qualquer dúvida, esta dádiva dum grande pintor.

Na Fundação Calouste Gulbenkian, são as influências cruzadas entre Oriente e Ocidente que sobressaem de “As Flores do Imperador: do bolbo ao tapete”, a partir de 9 de Fevereiro até 21 de Maio. Álbuns botânicos profusamente ilustrados postos em circulação por missões diplomáticas, religiosas e comerciais, além dos espécimens propriamente ditas, haveriam de influenciar vivamente até a Índia Mongol, cuja tapeçaria incorporou esse exotismo floral nos seus motivos decorativos. Dois tapetes da colecção de Calouste Sarkis Gulbenkian servem de base a esta pequena, muito sugestiva e instrutiva história cultural.

Nas ruas de Paris

Em Paris, o Louvre expõe “Delacroix (1798-1863)” entre 29 de Março a 23 de Julho, numa mostra potenciada pela parceria com o MoMa de Nova Iorque: são 180 obras, desde os seus primeiros sucessos no Salon de 1820 até às menos conhecidas obras dos derradeiros anos, mas também ilustrações e escritos.

No Musée du Luxembourg, também em Paris, a partir de 7 de Março até finais de Junho, os quinhentos anos do nascimento do veneziano Tintoretto são celebrados com incidência nos quinze primeiros anos de pintura do principal discípulo de Ticiano, desde Adoração dos Reis Magos — que fez antes de ter 20 anos… —, até obras-primas de composição dinâmica e colorido exuberante, como A Conversão de São Paulo.

A integração europeia no seu melhor também se faz com “A Alma Báltica”, exposição celebrativa de cem anos da autonomia dos países bálticos que leva ao Musée d’Orsay, entre 10 de Abril e 15 de Julho próximos, 130 quadros, esculturas, desenhos e gravuras de artistas da Estónia, da Letónia e da Lituânia datadas de 1890 a 1930, uma panorâmica de obras simbolistas quase todas pela primeira vez vistas pelo público mais ocidental. A Estónia está de resto em Paris numa outra exposição, “Loov Kultuur” (Cultura Criativa), que decorre apenas até 21 deste mês, na Cité de la Mode et du Design, e cruza artistas contemporâneos letões e franceses. No Petit Palais, sob comissariado triplo dirigido por Mayken Jonkman, conservadora-chefe do RKD de Haia, “Os holandeses em Paris, 1789-1914” mostra obras de nove pintores que tomaram a cidade da luz como motivo, num jogo de correspondências e comparações com a de franceses do seu tempo.

O Victoria & Albert Museum salta directamente para "Ocean Liners: Speed and Style", mostrando de 3 de Fevereiro a 17 de Junho quanto a excelência da decoração, do design fez pelo imaginário, e certamente também pelo conforto, de grandes navios como Titanic, Normandie, Olimpic, Queen Mary e Canberra.

Mas uma das mais instigantes exposições da sempre generosa temporada parisiense parece ter lugar justamente ali ao lado, no Grand Palais: “Frantisek Kupka”, de 19 de Março a 30 de Julho, apresenta a obra do artista boémio (no caso, também nascido na Boémia), que viveu nas primeiras vanguardas vienenses antes de se instalar em Paris em 1896, para depois, em contacto com Duchamp, Delaunay & Apollinaire, desenvolver os seus melhores trabalhos e tornar-se grande teórico do abstraccionismo nascente. Quem for a Paris até 28 de Janeiro, ainda poderá aproveitar “André Derain 1904-1914: a década radical”, no Pompidou — uma das melhores exposições do ano que há pouco findou.

“Charing Cross Bridge”, de André Derain

A fotografia continua a ter lugar de destaque, desde logo no Centre Pompidou, precisamente. Depois de até 28 de Janeiro manter em cartaz “Photographisme de Klein, Ifert, Zamecznik” — fotografia abstracta experimental e artes gráficas dos anos 1950, prolongando a Bauhaus até à revista Vogue —, apresentará de 21 de Fevereiro a 7 de Maio a obra de David Goldblatt, o sul-africano de ascendência lituânica que registou a preto e branco a crónica quotidiana de negros e brancos sob o apartheid, desde a sua instauração em 1948 (tinha ele apenas 18 anos) até ao término desse regime absurdo, e viria a fotografar a cores a primeira era histórica liderada por Nelson Mandela.

Na Leica Store Beaumarchais, entre 25 de Janeiro e 31 de Março, é ainda a odisseia pelos direitos civis do escritor James Baldwin, e o rescaldo actual desse combate perpétuo e nobre, num ciclo expositivo das fotografias de Edouard Caupeil promovido pela revista de domingo de Le Monde, em homenagem ao facto de o norte-americano ter escolhido a capital francesa para seu refúgio em 1948 e a Côte d’Azur para viver de 1970 até à sua morte em 1987. Outra efeméride redonda, o centenário da morte do austríaco Egon Schiele, sugere ao Leopold Museum, de Viena, uma mostra de quadros face a objectos pessoais e aos escritos do pintor: “Egon Schiele: Expressão e Poesia”, desde 23 de Fevereiro. No centro de arte Hôtel de Caumont, em Aix-en-Provence, prossegue até 11 de Março “Botero: diálogo com Picasso”, exposição incluída no ciclo Picasso-Mediterrânico 2017-19.

Londres, com paragem em Roma

Londres é que não deixa a hipotéticos créditos climáticos a relevância do seu turismo, e a oferta expositiva, educativa e cultural, é de topo. Curiosidade máxima — mas só até 11 de Fevereiro — para as polaroids de Wim Wenders que estão como “Instant Stories” nas paredes da The Photographers’s Gallery (Ramillies Street, 16-18; metro Oxford Circus), numa parceria com a Berlin Foundation e a própria fundação do cineasta. Ainda lá estará a surpreendente exposição “Ópera: Paixão, Poder e Política” (até 25 de Fevereiro), e já o Victoria & Albert Museum salta directamente para “Ocean Liners: Speed and Style”, mostrando de 3 de Fevereiro a 17 de Junho quanto a excelência da decoração, do design (incluindo o gráfico e o de engenharia mecânica) e da moda (vestidos para as grandes festas a bordo) fez pelo imaginário, e certamente também pelo conforto, de grandes navios como Titanic, Normandie, Olimpic, Queen Mary e Canberra. Como se não bastasse, a partir de 16 de Junho haverá no mesmo museu “Frida Khalo: Making herself up”, com uma “extraordinária colecção” de objectos pessoais, roupa e adereços da pintora mexicana que esteve sob reserva absoluta durante meio século após a sua morte em 1954 e agora pode ser vista pela primeira vez fora do México.

Imagem de “Frida Khalo: Making herself up”

A British Library não se esqueceu do viajante James Cook, dedicando-lhe uma exposição alusiva às suas três campanhas a bordo do Endeavour, a primeira das quais há precisos 250 anos, mostrando de 27 de Abril a 28 de Agosto documentos originais produzidos por artistas, cientistas e marinheiros a bordo. Pela primeira vez serão vistos todos os desenhos e pinturas do polinésio Tupaia, que acompanhou a expedição de Cook até à Austrália e à Nova Zelândia, ao lado de artistas contratados como S. Parkinson, J. Webber e W. Hodges. Na Ikon Gallery de Birmingham, é o deportado Thomas Bock e os seus “excepcionalmente empáticos” retratos miniaturistas da gente da Tasmânia das primeiras décadas do século XIX que está em cartaz, até 11 de Março próximo.

De 28 de Fevereiro a 21 de Maio, a National Gallery em Trafalgar Square celebra quatro séculos do espanhol Bartolomé Estebán Murillo mostrando juntos — e pela primeira vez desde há… trezentos anos — os seus dois únicos conhecidos auto-retratos, feitos a três décadas de distância (um deles de sua colecção e o outro vindo da Frick Collection de Nova Iorque), mais um pequeno núcleo de outras pinturas e de réplicas desses auto-retratos que, pela raridade, pela Europa ganharam fama antiga.

Na National Portrait Gallery, "Michael Jackson on the Wall", de 23 de Junho a 21 de Outubro, vem mostrar a enorme influência da coreografia, roupa e vídeoclips do malogrado músico norte-americano que Andy Warhol soube antecipar em 1982.

E em Outubro, a Barbican Art Gallery apresenta — até Janeiro de 2019 — “Modern Couples. Art, intimacy and the avant-garde”, um fascinante périplo histórico por quarenta casais “míticos” (sic) de artistas plásticos, designers, arquitectos, músicos, mecenas ou escritores, legendários ou mais ou menos conhecidos, gente de fins do século XIX a meados do XX. Uma exposição co-produzida com o Centre Pompidou de Metz — onde aliás estará entre 28 de Abril e 20 de Agosto —, que promete «oferecer uma releitura transversal da história da arte», questionando a própria noção de modernidade “através do prisma desta célula orgânica, proteiforme, criativa e por vezes efémera que foi o casal de artistas”.

Na National Portrait Gallery, “Michael Jackson on the Wall”, de 23 de Junho a 21 de Outubro, vem mostrar a enorme influência da coreografia, roupa e vídeoclips do malogrado músico norte-americano que Andy Warhol soube antecipar em 1982. Mais de 40 artistas contemporâneos testemunham nos seus trabalhos essa influência, nesta exposição que se propõe como um tributo, no ano do seu 60.º aniversário.

“Michael Jackson on the Wall”

Em Roma, “Trajano. Construir o Império, criar a Europa” — até Setembro no mercado que tem o nome do imperador morto há 1900 anos — permite ver de perto réplicas de alguns dos 135 baixos-relevos que narram as suas campanhas na famosa Coluna de mármore com 38 metros de altura que carrega o seu nome e celebra os seus feitos, e sob a qual foram colocadas as cinzas do seu corpo e as de sua mulher, Pompeia Plotina. Os comissários distinguem o “projecto de inclusão” do imperador, que assemelham ao da União Europeia, e o projecto de investigação e exposição tem colaboração internacional, como a norte-americana Duke University (Carolina do Norte).

As datas espanholas

Em Madrid, a temporada faz-nos viver. Fortuny continua no Prado até 18 de Março, inspirando grandes críticas, como a Antonio Núnoz Molina no mais recente Babelia. “Rubens pintor de esboços” aparece no Museo logo depois, de 10 de Abril a 5 de Agosto, numa parceria internacional com o Museum Boijmans Van Beuningen de Roterdão, que a receberá de seguida. São mais de setenta esboços a óleo, preparativos para mais de vinte pinturas, desenhos e outras obras, o que torna este holandês o pintor de esboços mais importante da história da arte europeia, com cerca de 450 identificados como de sua mão.

No Instituto Cervantes (e teremos nós um equivalente?) estará Arturo Barea (1897-1967), escritor exilado em Londres, radialista da BBC como o nosso António Pedro (mas muito mais longevo do que ele), que em meados do século passado foi um dos cinco espanhóis mais traduzidos no mundo e cujo arquivo foi doado à Biblioteca Bodleiana de Oxford. A mostra chama-se “La ventana inglesa” e fica até 16 de Março.

Desenhos, gravuras e pinturas de Rosario Weiss Zorrilla (1814-43) surgem na Biblioteca Nacional, de 31 de Janeiro a 22 de Abril, permitindo conhecer uma artista excepcional, que aprendeu a desenhar em sua própria casa com Francisco de Goya, mas ficou obscurecida por uma morte precoce causada por cólera. Excelente litógrafa e retratista de escritores e burgueses liberais, foi das raras mulheres que entrou com mérito na Real Academia de Bellas Artes de San Fernando, tendo sido professora de desenho de Isabel II e de sua irmã a infanta Luísa Fernanda.

Rosario Weiss Zorrilla

“Sorolla y la moda” estará patente no Museo Nacional Thyssen-Bornemisza a partir de 13 de Fevereiro (e até 27 de Maio), reunindo cerca de 70 quadros pertencentes a museus e coleccionadores privados espanhóis e estrangeiros, alguns dos quais nunca expostos publicamente. O pintor é elevado a cronista perfeito das tendências e estilos da indumentária finissecular, sendo os seus quadros — especialmente os retratos femininos realizados entre 1890 e 1920 — vistos pelo comissário Eloy Martínez de la Pera como um “evocativo catálogo de vestidos, jóias e adereços”. As comemorações do primeiro quarto de século deste museu são tão poderosas que duas semanas depois da saída de Sorolla entra em cena uma retrospectiva de Victor Vasarely (1906-97), “El nacimiento del Op Art” (de 5 de Junho a 9 de Setembro), fruto da colaboração com dois museus húngaros. E como se não bastasse, em Junho abre no Thyssen “Monet/Boudin”, uma centena de quadros que registam a aproximação de discípulo a mestre, seguida da «profunda admiração» do mestre pelo seu discípulo, numa iconografia da vida moderna que teve como cenário principal a praia de Trouville, e os motivos naturais do litoral da Bretanha e da Normandia.

Também em Madrid, mas no Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia, entre 22 de Março e 2 de Setembro há uma retrospectiva da colombiana Beatriz González (1965-2017), pioneira da pop art no seu país e actualmente “uma incisiva cronista da história recente da Colômbia”, segundo palavras da curadora María Inés Rodríguez. São cerca de 150 obras que percorrem seis décadas de vida artística, uma iniciativa partilhada por museus de Bordéus e de Berlim. (Note-se que Portugal, que gastou milhões numa embaixada cultural em 2013 àquele país sul-americano, fica fora dessa itinerância.)

No Guggenheim de Bilbao, de 28 de Junho a 11 de Novembro — uma temporada alargada, note-se, atendendo a que ali as exposições duram em geral de três a quatro meses —, haverá "I’m Your Mirror" de Joana Vasconcelos, com curadoria de Petra Joos e Enrique Juncosa.

Em 2018 Espanha vai dar atenção a dois portugueses que não podiam ser mais diferentes um do outro, mas hoje nos representam internacionalmente.

Anunciada para Novembro, concretiza-se em Fevereiro-Maio uma exposição madrilena dedicada a Fernando Pessoa, e comissariada por João Fernandes. No Reina Sofia, de que é director-adjunto, o ex-director artístico da Fundação de Serralves promove uma exposição sobre os ismos estéticos do poeta português, amplamente publicado já em língua castelhana e que conta hoje com especialistas e editores originalmente falantes dela. A centralidade do museu, o elevado número dos seus visitantes e de algum modo o próprio estado da arte pessoano que tanto se desenvolveu na última década por mérito de pesquisadores hispânicos, vão certamente contribuir para que esta exposição polarize enormes expectativas e beneficie a internacionalização da leitura do escritor.

Fernando Pessoa em destaque no Reina Sofia

No Guggenheim de Bilbao, de 28 de Junho a 11 de Novembro — uma temporada alargada, note-se, atendendo a que ali as exposições duram em geral de três a quatro meses —, haverá “I’m Your Mirror” de Joana Vasconcelos, com curadoria de Petra Joos e Enrique Juncosa. A portuguesa estará particularmente bem rodeada na programação deste ano. Marc Chagall estará em Bilbao entre Junho e Setembro, com uma mostra centrada n’“Os Anos de Ruptura, 1911-1919”. Quem for vê-la a partir de 19 de Outubro, acumula com a retrospectiva do escultor suíço Alberto Giacometti, que ali decorrerá até finais de Fevereiro de 2019. Antes de todos estes, de 2 de Fevereiro a 13 de Maio, estará ali “Henri Michaux, o outro lado”, com mais de 200 trabalhos artísticos — alguns dos quais vistos pela primeira vez — dessa figura de culto entre escritores e artistas, à qual o Guggenheim não dedicava semelhante atenção desde uma retrospectiva na sede em Nova Iorque, no longínquo 1978.

Em Valência, o Museu de Etnologia apresenta até 3 de Junho “Imagens de Morte. Representações fotográficas da morte ritualizada”, mais de 80 imagens dos primórdios da arte fotográfica cedidas por coleccionadores privados da província, e alguns espécimens europeus e norte-americanos permitindo uma percepção comparativa do interesse por esse particular rito funerário, que persiste ainda como culto de memória.

Roteiro Atenas-São Paulo

Em Atenas, “Dinheiro: símbolos tangíveis na Grécia Antiga” é a exposição do momento, no Museum of Cycladic Art até 15 de Abril. Confrontam-se 85 moedas da vastíssima colecção numismática do banco Alpha com uma parafernália de objectos oriundos de museus arqueológicos e colecções privadas no país, Itália, França e Reino Unido, para compreender o sentido das iconografias utilizadas na cunhagem de moedas gregas desde o século VII a.C. até ao período romano.

Em Bruxelas, não faltam boas exposições, com destaque para “The New Berlin 1912-1932”, a partir de 5 de Outubro e até 27 de Janeiro de 2019, que revisita esses anos intermédios que foram cruciais para a história da arte e da política, focando as utopias do homem novo, da nova mulher, da nova objectividade, do edifício novo e da nova visão — cruzando metrópole alemã e cena belga durante a década de 1920.

Ernst Ludwig Kirchner, Frauen auf der Straße, 1915 — © Van der Heydt-Museum Wuppertal, Germany

Em Copenhaga, o Design Museum Denmark mantém até ao Outono deste ano “Learning from Japan”, evocando influências que remontam a 1870, são tema dum livro da curadora Mirjam Gelfer-Jørgensen e alvo central da política de aquisições do próprio museu. A exposição, com mais de 400 obras, também celebra um século e meio de relações diplomáticas entre os dois países.

Em Nova Iorque, a partir de 28 de Janeiro, no Metropolitan Museum of Art, “Louise Bourgeois: an Unfolding Portrait” mostra a sua obra como gravadora e ilustradora de livros, uma faceta menos divulgada do trabalho da escultora e pintora falecida em 2010, e de quem o museu também celebra nesta circunstância a conclusão do seu catálogo comprovado online. São trabalhos gráficos e litográficos dos anos 1940 e do décenio final (num conjunto estimado em 1200 composições), ali vistos em contexto, tanto a par de esculturas, pinturas e desenhos de idêntica temática, como do método e diacronia do seu processo criativo, tirando partido do próprio arquivo da artista, conservado no museu.

Também no MoMa da Quinta Avenida, “Thomas Cole’s Journey: Atlantic Crossings”, de 30 de Janeiro a 13 de Maio — organizada em colaboração com a National Gallery londrina —, põe a obra de um dos mais importantes pintores de paisagem dos Estados Unidos em confronto com as suas raízes britânicas e o posterior impacto criativo das suas viagens à Inglaterra e a Itália nas décadas de 1820-30, onde conheceu a obra de Turner e Constable, entre outros, e a fortíssima influência que ele próprio viria a ter sobre uma nova geração de pintores norte-americanos, como A. B. Durand e F. E. Church.

No Brasil rachado ao meio por crise económica, insanidade política e corrupção endémica, o Instituto Moreira Salles propõe um olhar histórico com a exposição “Conflitos: fotografia e violência política no Brasil, 1889-1964”, até 25 de Fevereiro na sede do Rio de Janeiro e mais tarde em São Paulo no recém-inaugurado e belo edifício IMS Paulista. Num registo mais ameno, “Festa brasileira: fantasia feita à mão”, até 31 de Março, no novo CRAB, na Praça Tiradentes, no Rio, recolhe nos mais variados recantos do país adereços festivos utilizados em celebrações populares de origem ancestral, inclusive indígenas e negras, além de pequenas esculturas de arte popular, num elogio do artesanato brasileiro.

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