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Grandes negócios ajudam os mais pequenos

Apoiam projetos novos porque querem fazê-los crescer. Corticeira Amorim, EDP, PT e a Sonae dizem que quem olha de fora para dentro encontra soluções não enviesadas e falam em inovação aberta.

A Corticeira Amorim quer acrescentar valor à cortiça de forma inovadora. Quer renová-la, reinventá-la, associá-la a novos conceitos. Foi por isso que, em junho de 2014, lançou a Amorim Cork Ventures, uma incubadora de negócios que tem como missão incentivar o empreendedorismo, potenciar a investigação e a inovação nos negócios que trabalhem a casca do sobreiro. Como? Ajudando projetos novos, orientados para os mercados externos, a crescer.

“Aquilo que nós pretendemos é que a incubadora atue como aceleradora e parceira de novos negócios na área da cortiça, que vão contribuir para um reforço das exportações e para aumentar a inovação dentro do setor”, explicou Paulo Bessa, diretor geral da Amorim Cork Ventures, ao Observador.

Há muito que a cortiça deixou de ser um negócio só de rolhas. Sapatos, carteiras, bijuteria, blocos de notas ou acessórios para gadgets fazem parte das novas tendências da matéria-prima que preenche parte da paisagem do litoral alentejano. Mas há espaço para mais. “Isto é um catalisador enorme. Existe uma apetência muito grande para se criarem novos conceitos em cortiça, não só em Portugal mas no mundo e nós queremos ser um catalisador desses novos conceitos e propostas de valor”, adiantou o responsável.

As ideias existem, a vontade e o espírito empreendedor também, mas faltam competências de suporte aos novos negócios em áreas como a jurídica, financeira ou internacional, refere Paulo Bessa. 

A Corticeira Amorim é a maior empresa mundial de produtos de cortiça e não é a única a apostar no conhecimento das startups para crescer. A EDP, Sonae ou a Portugal Telecom são outras das empresas cotadas que querem aliar o seu conhecimento ao que de mais inovador se faz em Portugal, seja atavés de investimento, de programas de aceleração ou de apoio no desenvolvimento do negócio.

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No caso da corticeira, a aposta da empresa liderada por António Rios Amorim em investigação e desenvolvimento (I&D) não vem de agora, de acordo com Paulo Bessa. Com a Amorim Cork Ventures, o responsável espera alimentar o ecossistema ligado à casca do sobreiro e acredita que a rede de distribuição internacional da empresa pode ser um “grande ativo na internacionalização e no reforço da exportação” das startups. “Percebemos que muitas vezes, as ideias existem, a vontade e o espírito empreendedor também, mas faltam competências de suporte ao negócio, seja na área jurídica, financeira ou no acesso aos mercados internacionais”, diz.

A Amorim Cork Ventures tem um milhão de euros disponíveis para investimento e já recebeu 40 propostas de empreendedores interessados em beber do conhecimento dos líderes do setor. O que procuram? Conceitos de inovação e equipas. “Investimos em ideias, projetos, mas também em pessoas. Por isso, estas duas dimensões estarão muito presentes na avaliação dos projetos”, refere. A incubadora anda à procura de projetos ainda em forma de ideia ou de startups que tenham produtos inovadores e potencial para crescer.

Carta aberta à inovação

Depois da cortiça, a energia e as telecomunicações. Em 2012, a EDP lançou a EDP Starter, uma incubadora para startups na área da energia, que investiu mais de um milhão de euros em 15 projetos nacionais, através do EDP Ventures, fundo de capital de risco corporativo da organização. Em 2013, os negócios apoiados pela empresa liderada por António Mexia faturaram cerca de três milhões de euros e criaram 96 postos de trabalho.

“Numa lógica de inovação aberta, procuramos o que de melhor se faz em Portugal, e noutras geografias, com potencial de implementação no grupo EDP. No fundo, queremos ser clientes destas jovens empresas”, explica Carla Pimenta, da EDP Inovação, ao Observador. O objectivo mantém-se fiel ao de 2012: apoiar o desenvolvimento de startups que estejam a desenvolver produtos ou serviços que se ajustem à estratégia da elétrica.

Até à data, a incubadora avaliou 274 projetos de 39 empreendedores. As áreas prioritárias são aquelas em que o grupo aposta “forte”, explica Carla Pimenta, como as soluções focadas no cliente, energias limpas ou redes inteligentes. “Na maior parte dos casos, melhorar algo que já existe torna-se mais fácil, rápido e mais barato de implementar”, refere. Por isso, a EDP valoriza a equipa, a ideia e a escalabilidade do projeto, e é a primeira que tem maior peso na equação. “É preciso muita garra e resiliência para superar a elevada taxa de mortalidade das startups. A equipa tem de ser altamente competente a diversos níveis”, acrescenta.

Na Portugal Telecom, o programa Blue Start ajuda startups desde 2013. Como? Contribuindo com meios, conhecimento e com a criação de uma rede de contactos, para fazer crescer o ecossistema de suporte ao empreendedorismo nas geografias onde a empresa atua. “Não se trata de um programa de aceleração ou incubação de startups, mas de um espaço aberto e colaborativo, através do qual a PT facilita o desenvolvimento de negócio e aproxima as melhores ideias das melhores oportunidades para concretizá-las”, explica Alexandre Santos, coordenador do programa.

O Blue Start apoia projetos novos disponibilizando-lhes os recursos adequados à fase da vida em que se encontram, desde a cedência de espaços físicos em incubadoras ao apoio técnico e à consultoria especializada. “Não é intenção do programa investir financeiramente nas startups ou retirar qualquer autonomia às empresas, pelo contrário, pretende criar a melhor relação possível desde a fase inicial da vida da empresa”, acrescenta.

A PT decidiu apostar num programa para empreendedores para “enriquecer e acelerar” o processo de inovação interno. A ideia é a de identificar projetos de base tecnológica que se enquadrem no roadmap de inovação da empresa liderada por Henrique Granadeiro ou nas necessidades detetadas nas áreas de negócio. Com oito meses de vida, o Blue Start apoia cerca de 50 startups. Entre 20 a 25% destes projetos estão em fase de testes piloto ou estão presentes no mercado em parceria com a Portugal Telecom.

Incubadoras, apoios, investimento. O grupo Sonae entrou no universo das startups, no final de 2013. Em dezembro, a empresa liderada por Paulo Azevedo avançou com uma sociedade de capital de risco para apoiar negócios ligados ao comércio na internet. “Queremos ser o parceiro ideal para os empreendedores que desejem desenvolver o negócio de comércio eletrónico”, disse Eduardo Piedade, diretor da Sonae E-Ventures, ao Observador.

O que interessa à capital de risco da Sonae? Empresas com projetos na fase inicial de desenvolvimento, lideradas por empreendedores que tenham modelos de negócio inovadores e a ambição de alcançar sucesso a nível internacional. “Sem perder a sua independência”, acrescenta Eduardo Piedade.

Para entrar no portefólio de investimento da Sonae E-Ventures, a capital de risco tem em conta a fase em que a empresa se encontra, a atratividade do setor, o perfil internacional, o modelo de negócio, a equipa de gestão, o montante de investimento e o potencial retorno do projeto. Como é que as startups podem concorrer? Candidatando-se no site da empresa. O processo de avaliação das candidaturas tem sete passos e o primeiro feedback é dado no espaço de três a quatro semanas.

“Procuramos sempre fazer as coisas bem e nos tempos adequados. Como os nossos projetos têm por base parcerias fortes, que não são só de investimento financeiro, é algo que demora mais tempo a estruturar", afirma Eduardo Piedade.

No final, é assinado um acordo de parceria entre a Sonae e os empreendedores. “Procuramos parcerias nas quais o empreendedor lidere a empresa e mantenha a maioria no seu negócio, aproveitando as competências chave e os ativos estratégicos da Sonae”, refere Eduardo Piedade. O investimento ronda 500 mil euros por startup, mas é possível que a capital de risco entre com mais capital, dependendo dos “méritos” do projeto.

Sete meses depois do arranque, Eduardo Piedade refere que a capital de risco está a analisar várias oportunidades de investimento e acredita que é possível, a prazo, celebrar os primeiros negócios. “Procuramos sempre fazer as coisas bem e nos tempos adequados. Como os nossos projetos têm por base parcerias fortes, que não são só de investimento financeiro, é algo que demora mais tempo a estruturar”, acrescenta o responsável.

Para quem olha de fora para dentro

Investigação e desenvolvimento (I&D) para inovar e fazer crescer. São as parcerias entre empresas e startups uma forma de outsourcing? Paulo Bessa, da Amorim Cork Ventures, diz que sim. “Não é um outsourcing, porque não vamos propriamente subcontratar e continuamos com o nosso I&D, mas vai ser uma fonte de inovação dentro do grupo”, diz, referindo que estas parcerias também são uma forma de as grandes empresas estarem atualizadas e assistirem ao nascimento de novos conceitos.

Carla Pimenta, da EDP Inovação, concorda. “Chamamos-lhe open innovation [inovação aberta] e sentimos que quem olha de fora para dentro encontra outro tipo de soluções, não enviesadas, ao contrário de quem vive diariamente ‘dentro’ do problema”, adianta. O papel da EDP Starter é acompanhar de perto os projetos, fazendo convergir as boas ideias com as soluções que a empresa procura, mas a propriedade intelectual será sempre da startup. “Tal como somos um dos maiores players mundiais na energia eólica e não fabricamos turbinas eólicas, também não pretendemos fabricar nenhum produto das startups que apoiamos”, refere.

De que forma é que estas iniciativas têm dinamizado o tecido empresarial português? Ajudando a criar empresas, emprego e a colocar novos produtos no mercado nacional e internacional, refere Carla Pimenta. A ideia é a de seguir o que fazem as grandes empresas internacionais. “Tal como estas se posicionam junto das universidades, não só à procura de talento, mas também à procura de tecnologia, também a EDP pretende aproximar-se cada vez mais da academia com um propósito mais tecnológico”, acrescenta.

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No setor da cortiça, por exemplo, Paulo Bessa afirma que este tipo de iniciativas pode contribuir para o aumento das exportações e do emprego. “Temos aqui um potencial de inovação, de novas empresas, empreendedores, a acrescentar valor a uma matéria-prima que é a cortiça, que viabiliza um importante ecossistema. O efeito para o país, numa ação destas, vai muito além daquele que se pode medir no imediato”, revela.

Em maio, a Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa (CCIP) arrancou com a iniciativa “Ir para fora à boleia das grandes” para promover sinergias entre as pequenas, médias (PME) e as grandes empresas na internacionalização da actividade. A ideia é a de ajudar as PME a sair de Portugal para explorar mercados como a China, Rússia ou o Brasil junto de três grandes empresas: Brisa, Efacec e Sovena.

O plano passa por pedir às empresas que aceitaram o desafio para informarem a CCIP sempre que detetarem uma oportunidade de negócio no estrangeiro, que possa interessar a uma PME portuguesa, que ainda não se tenha estreado num novo mercado ou que ainda não tenha iniciado um processo de internacionalização. À iniciativa aderiram mais de 50 empresas e a CCIP adiantou que está em fase de compilação dos dados e de estrutura da informação sobre os negócios aderentes. Vai uma boleia?

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