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A Actelion era uma boa compra há um ano. Quando aplicámos os critérios do guru William O’Neil às mil empresas europeias e norte-americanas, a companhia biotecnológica suíça foi uma das quatro selecionadas. Pouco mais de um mês depois, a Johnson & Johnson concordou com a nossa avaliação e lançou uma oferta de aquisição, a sua maior de sempre.

A Sanofi, que, tal como a Johnson & Johnson, é uma gigante da indústria farmacêutica, também tentou comprar a Actelion, mas não conseguiu fazer uma proposta mais interessante para os acionistas da firma suíça. Quando recomendámos a Actelion, os títulos valiam 188,60 euros. A Johnson & Jonhson pagou o equivalente a 241,65 euros.

A Johnson & Johnson estava particularmente interessada nos medicamentos para a hipertensão pulmonar, mas a Actelion também fazia pesquisa na área de várias doenças raras. Por isso, além do dinheiro, os antigos acionistas da Actelion receberam ações de uma nova empresa, a Idorsia, que manteve o negócio da pesquisa de moléculas para o desenvolvimento de novos medicamentos.

Ao fim de praticamente um ano, a aposta na Actelion rendeu 41,35%. Não foi, todavia, a única empresa recomendada há um ano que foi alvo de uma oferta pública de aquisição. A Amec Foster Wheeler, um consultora londrina especializada em engenharia, que incluímos na carteira que segue os ensinamentos de James O’Shaughnessy, foi absorvida pelo Wood Group, uma sociedade escocesa de serviços de engenharia. Rendeu 7,92%. A Staples, a rede de lojas de material de escritório que compunha a carteira à David Dreman, foi comprada pela Sycamore Partners. Apesar de a Sycamore ter pago mais do que o preço na altura da recomendação, o movimento desfavorável do dólar norte-americano face ao euro gerou uma perda de -3,95% para quem seguiu a nossa recomendação.

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Qual o guru que mais rendeu?

Embora tenha perdido com a aposta na Staples, as restantes ações eleitas para a carteira desenhada pelos ensinamentos de David Dreman conseguiram que o retorno anual chegasse a 23,93%, catapultando o ganho de dois anos da estratégia para 53,02%, quase o triplo dos índices de referência. Neste último ano, três ações à Dreman renderam mais de 40%, como poderá ver mais à frente, e a Staples foi a única com prejuízos.

Dreman ultrapassa Graham
A estratégia de Benjamin Graham, que foi a melhor no primeiro ano, foi batida pela carteira à David Dreman.
Guru Data da primeira publicação Rentabilidade desde a primeira publicação
(vs. índices de referência)
Warren Buffett 8 de outubro de 2015 26,68%
(22,59%)
Benjamin Graham 15 de outubro de 2015 47,69%
(23,09%)
Peter Lynch 22 de outubro de 2015 33,34%
(19,16%)
Joseph Piotroski 29 de outubro de 2015 25,44%
(16,33%)
William O’Neil 5 de novembro de 2015 18,30%
(14,97%)
Martin Zweig 12 de novembro de 2015 29,78%
(16,82%)
James O’Shaughnessy 19 de novembro de 2015 17,17%
(14,20%)
Joel Greenblatt 26 de novembro de 2015 22,42%
(12,87%)
John Neff 4 de dezembro de 2015 17,18%
(16,09%)
David Dreman 10 de dezembro de 2015 53,02%
(18,80%)
Fonte: Bloomberg. Índices de referência são o Bloomberg European 500 e o Standard & Poor’s 500 (rentabilidade média em euros). Atualizado a 6 de dezembro de 2017.

A tática de Dreman não foi, todavia, a mais rentável no último ano. A carteira que construímos com base nos princípios bolsistas de Martin Zweig rendeu 38,47%. Em média, as dez estratégias dos gurus de bolsa deram 16,05% no último ano e 29,10% nos dois últimos anos. O facto de as carteiras dos especialistas Dreman e Zweig terem ganhado mais não significa que continuarão a render mais do que os outros gurus. Nem os retornos até agora são garantia de rentabilidades no futuro. Investir diretamente em ações é sempre arriscado e poucas vezes é indicado para os investidores particulares.

Tal como usámos a plataforma da Bloomberg, um serviço para investidores profissionais, para analisar cerca de um milhar de ações segundo os critérios dos dez gurus, recorremos a este sistema para calcular os retornos obtidos pelas carteiras. As rentabilidades, em euros, são ajustadas para refletir a distribuição de dividendos e outras alterações de capital. Assume-se que os dividendos são reinvestidos na aquisição de novas ações. Não foram contabilizados impostos nem custos de bolsa, como comissões de transação, de guarda de títulos e de pagamento de dividendos, o que teria garantidamente um impacto negativo nos retornos.

Como dois anos é pouco para aferir a capacidade de longo prazo de uma estratégia de bolsa, voltámos a pesquisar as ações que os ensinamentos dos gurus da bolsa apontam que devem ser compradas nesta altura. Apesar de os dez gurus serem norte-americanos, não restringimos a pesquisa das melhores ações aos Estados Unidos da América. O universo de partida reúne mil títulos – 500 na Europa e outros 500 nos EUA –, usando os componentes dos índices Bloomberg European 500 Index e Standard & Poor’s 500 Index.

Embora voltemos agora a publicar novas carteiras de ações de gurus, quem investiu nos títulos recomendadas há um ano deve ponderar se quer vender para replicar as novas listas. A maioria dos gurus aconselha que as ações devem ser detidas para o longo prazo. Além disso, há vantagens fiscais para quem alcança mais-valias após dois anos de investimento: grosso modo, a tributação é apenas sobre o ganho acima da inflação. O prazo mínimo recomendado de investimento nas nossas carteiras de gurus é de um ano.

Se planeia começar a investir agora seguindo as filosofias de gurus da bolsa, resta-lhe decidir em quais mais confia. Todas as ações recomendadas em baixo resultam da aplicação de algoritmos financeiros (que usam dados bolsistas e contabilísticos) para a replicação das estratégias dos gurus. Estes algoritmos foram desenvolvidos a partir de livros, artigos, entrevistas e investigação académica. Isto quer dizer que não são efetivamente os gurus que recomendam as ações. A seleção não envolve qualquer subjetividade.

Warren Buffett: como investe o terceiro homem mais rico do mundo

7,34%

O retorno do último ano da carteira que replica os ensinamentos de Warren Buffett ficou aquém do desempenho dos índices de referência. A grande exposição aos EUA prejudicou, porque o dólar norte-americano teve um movimento negativo face ao euro.

Rentabilidade bruta em euros
3M 22,72%
Accenture 10,43%
Alaska Air Group -28,36%
Analog Devices 8,05%
Apple 36,79%
Biogen 7,60%
Church & Dwight -1,50%
Expeditors International 5,40%
F5 Networks -15,99%
Honeywell International 20,00%
Intel 12,07%
Novo Nordisk 34,97%
Qualcomm -11,01%
Robert Half International 0,65%
Skyworks Solutions 15,51%
Snap-on -11,38%
TE Connectivity 19,8%
Texas Instruments 25,16%
Tiffany 3,64%
Walt Disney -7,86%

Fonte: Bloomberg. Rentabilidade entre 12 de dezembro de 2016 e 6 de dezembro de 2017.

Começou modestamente a vender garrafas de Coca-Cola e, hoje, a sua sociedade é a maior acionista da Coca-Cola. Foi a sua capacidade de investidor que o tornou no segundo homem mais rico do mundo, segundo a Forbes.

Warren Buffett sempre disse que não compra ações: investe em negócios. É, por isso, redutor aplicar algoritmos para replicar o cérebro do “Oráculo de Omaha”. Mesmo assim, as estratégias desenvolvidas por Robert Hagstrom e pela dupla Mary Buffett e David Clark, autores de “Warren Buffett e as Estratégias de Um Grande Investidor” e de “Como Enriquecer na Bolsa com Warren Buffett”, respetivamente, são as mais completas. A maior preocupação dos investidores que tentam replicar Buffett deve ser menos a escolha das melhores ações, mas mais em conseguir mantê-las durante os altos e os baixos da economia e dos mercados, defende Hagstrom.

A partir dos dois livros, compilámos as seguintes regras na seleção de ações:

  • Capitalização bolsista superior a cinco mil milhões de euros. Buffett prefere grandes empresas, porque normalmente são mais estáveis. Cinco mil milhões de euros é o valor de mercado entre o Banco Comercial Português e a EDP Renováveis, por exemplo.
  • Grau de endividamento inferior à indústria. O rácio, que compara o passivo com os capitais próprios, procura as empresas menos endividadas.
  • Margem operacional superior à indústria. Mede a percentagem da faturação que chega aos resultados operacionais.
  • Margem de lucro superior à indústria. É o resultado líquido em percentagem do volume de negócios.
  • Evitar os lucros que menos crescem. Exclui o quarto das empresas analisadas que tiveram o menor avanço dos resultados líquidos por ação nos últimos cinco anos.
  • Resultado operacional e resultado líquido positivo. São analisados os últimos resultados trimestrais e os últimos sete resultados anuais.
  • Rentabilidade dos capitais próprios superior a 15%. Este rácio, que resulta da divisão dos lucros de 12 meses pelos capitais próprios, deve ser superior a 15% com os últimos dados trimestrais e em, média, nos últimos sete anos.

Caso o número de empresas resultante desta tática buffettiana ultrapasse a vintena, são selecionadas as que têm os mais elevados rácios entre o fluxo de caixa livre e a capitalização bolsista.

O fluxo de caixa livre é o dinheiro que a empresa gera anualmente depois de retirar o capital necessário à sua manutenção e à expansão dos seus ativos. Ao dividi-lo pelo valor de mercado da empresa, obtém-se a rentabilidade do fluxo de caixa livre, isto é, a proporção da capitalização bolsista que a firma consegue produzir anualmente além dos capitais necessários ao seu normal funcionamento e à sua expansão.

Em baixo estão as ações eleitas pelas regras da Buffettologia. Uma das companhias, a Johnson & Johnson, faz efetivamente parte dos investimentos da Berkshire Hathaway, a firma liderada por Warren Buffett.

Uma carteira com poucas trocas
Metade dos títulos buffettianos – Accenture, Alaska Air, Biogen, F5 Networks, Intel, Robert Half International, Skyworks Solutions, Snap-on, TE Connectivity e Walt Disney – mantém-se do ano passado.
Empresa Capitalização bolsista
(milhões de euros)
Grau de endividamento Margem operacional Margem de lucro Rentabilidade dos capitais próprios Rentabilidade do fluxo de caixa livre Bolsa
Accenture 79.475 0,26% 13,45% 9,67% 41,75% 4,90% Nova Iorque
Alaska Air 7.163 77,37% 20,71% 12,55% 24,39% 6,17% Nova Iorque
Atlas Copco 43.575 44,93% 21,99% 15,47% 28,42% 4,48% Estocolmo
BASF 86.053 48,63% 12,19% 8,76% 17,00% 6,54% Frankfurt
Biogen 56.995 50,68% 53,72% 39,84% 27,91% 5,55% Nasdaq
Cummins 22.999 26,34% 11,90% 8,57% 22,67% 5,80% Nova Iorque
F5 Networks 6.847 0,00% 27,66% 25,23% 34,85% 8,43% Nasdaq
Intel 173.253 44,06% 31,67% 27,96% 20,40% 5,68% Nasdaq
Johnson & Johnson 316.377 47,54% 24,32% 19,16% 21,57% 4,87% Nova Iorque
Lam Research 26.551 35,35% 27,97% 23,84% 30,09% 7,08% Nasdaq
Microsoft 541.555 95,35% 31,41% 26,80% 28,86% 5,02% Nasdaq
Oracle 170.550 94,54% 30,71% 24,06% 18,79% 6,29% Nova Iorque
Priceline 71.250 74,70% 47,40% 38,80% 31,42% 5,07% Nasdaq
Robert Half International 5.999 0,08% 9,94% 6,39% 28,76% 5,95% Nova Iorque
Ross Stores 24.668 13,88% 13,29% 8,24% 44,03% 4,62% Nasdaq
Scripps Networks Interactive 8.904 89,70% 30,39% 15,03% 25,98% 9,19% Nasdaq
Skyworks Solutions 16.253 0,00% 35,13% 28,57% 26,56% 6,02% Nasdaq
Snap-on 8.030 41,10% 21,28% 13,57% 20,55% 5,09% Nova Iorque
TE Connectivity 27.916 44,55% 15,97% 12,56% 18,46% 4,84% Nova Iorque
Walt Disney 133.882 54,83% 19,81% 13,67% 21,23% 5,31% Nova Iorque
Fonte: Bloomberg. 30 de novembro de 2017

Benjamin Graham: ações do primeiro guru da bolsa

16,49%

Embora a carteira à Benjamin Graham do ano passado tenha o título que mais perdeu no último ano (Foot Locker, que desceram 48,97%), a estratégia avançou mais de 16%.

Rentabilidade bruta em euros
Barratt Developments 36,74%
Bellway 44,25%
Berkeley Group 38,37%
Taylor Wimpey 34,88%
Corning 20,03%
D.R. Horton 55,69%
Foot Locker -48,97%
Johnson & Johnson 13,19%
Oracle 9,59%
Qualcomm -11,01%
Snap-on -11,38%

Fonte: Bloomberg. Rentabilidade entre 12 de dezembro de 2016 e 6 de dezembro de 2017.

Foi o primeiro guru da bolsa e continua atualizado, como mostra o desempenho da estratégia que segue os seus métodos (47,69% em dois anos). “Antes de Graham, os gestores de ativos comportavam-se como grémios medievais, guiados largamente pela superstição, adivinhação e rituais arcanos”, recordou Jason Zweig, o colunista do The Wall Street Journal que, mais de meio século depois da primeira edição, atualizou a sua bíblia do investimento bolsista, “The Intelligent Investor”. Foram os ensinamentos que Graham perpetuou nesse livro – apenas com algumas adaptações – que usámos na pesquisa de ações grahamianas.

Benjamin Graham divide os investidores em dois tipos: os empreendedores e os defensivos. A diferença não reside no nível de risco a que se expõem, mas no esforço que estão dispostos a despender. O investidor empreendedor deve ter experiência de mercado e tempo para dedicar à gestão da sua carteira. O investidor defensivo ou passivo deve concentrar-se a comprar ações de grandes empresas com lucros estáveis no longo prazo.

Para os investidores empreendedores, procurámos ações com as seguintes características:

  • Rácio preço-lucros inferior a dez. Este rácio, que divide a cotação da ação pelos lucros de 12 meses que lhe são atribuídos, significa que a empresa não pode valer mais de dez vezes os lucros anuais.
  • Rácio preço-valor contabilístico inferior a dois. Este indicador resulta da divisão da cotação da ação pelo seu valor de balanço. A cotação não pode ser mais do dobro do valor contabilístico da ação.
  • Rácio de liquidez geral superior a 1,5. Esta medida, que divide o ativo circulante pelo passivo circulante, é usada para aferir a capacidade da empresa em cumprir as suas obrigações de curto prazo. A regra impede a compra de empresas cujos ativos circulantes sejam inferiores a uma vez e meia os passivos circulantes.
  • Rácio do passivo de longo prazo sobre o fundo de maneio inferior a 110%. A dívida de longo prazo não pode ultrapassar o fundo de maneio, que é a diferença entre o ativo circulante e o passivo circulante, em mais de 10%.
  • Resultados líquidos positivos em cada um dos últimos cinco anos e nos últimos 12 meses. Obriga a que as empresas tenham lucros mesmo em períodos de recessão.
  • Lucros anuais superiores aos registados há cinco anos. Esta análise usa o último ano fiscal e os últimos 12 meses conhecidos.
  • Dividendos nos próximos 12 meses. A empresa deve planear pagar dividendos. Não interessa o montante; o importante é pagar alguma coisa aos acionistas.

Para os investidores defensivos, foram aplicadas as seguintes regras:

  • Volume de negócios superior a 500 milhões de euros. A faturação é a medida favorita de Graham para aferir a dimensão da empresa.
  • Rácio de liquidez geral superior a dois.
  • Rácio do passivo de longo prazo sobre fundo de maneio entre zero e 100%.
  • Resultados líquidos positivos em cada um dos últimos sete anos e nos últimos 12 meses.
  • Crescimento anual do resultado líquido superior a 3% nos últimos sete anos.
  • Dividendos durante os próximos 12 meses.
  • Dividendos nos últimos sete anos e nos últimos 12 meses. Garante empresas dedicadas à remuneração dos acionistas.
  • Rácio preço-lucros inferior a 62,5. Graham diz que a rentabilidade dos lucros (resultado líquido a dividir pelo preço, ou seja, o inverso do rácio preço-lucros) deve ser superior à rentabilidade das obrigações de alta qualidade. Atualmente, as obrigações empresariais europeias de notação elevada que se vencem a oito ou mais anos têm uma rentabilidade anual implícita de cerca de 1,6%, o que obriga o rácio preços-lucros a ficar abaixo de 62,5 (1 ÷ 1,6%).
  • Rácio preço-lucros multiplicado pelo rácio preço-valor contabilístico inferior a 93,75. É o valor máximo anterior multiplicado por 1,5, o limite atribuído individualmente ao rácio preço-valor contabilístico.

No último ano, as ações para os investidores empreendedores renderam muito mais do que as para os investidores defensivos, mas não há garantia que a diferença se mantenha no próximo ano.

11 ações grahamiana
Barratt, Bellway, Corning, D.R. Horton, Foot Locker e Oracle repetem-se da lista de ações à Benjamin Graham do ano passado.
Empresa Rácio preço-lucros Rácio preço-valor contabilístico Rentabilidade dos dividendos Rácio de liquidez geral Passivo de longo prazo ÷ fundo de maneio Bolsa
Investidor empreendedor
Barratt Developments 9,93 1,42 6,85% 3,25 0,04% Londres
Bellway 9,59 1,99 3,14% 3,70 0,00% Londres
Lerøy Seafood 7,44 2,00 2,86% 3,72 59,37% Oslo
Signet Jewelers 8,32 1,48 2,27% 2,63 32,49% Nova Iorque
Investidor defensivo
Cisco Systems 18,04 2,83 3,01% 2,87 46,87% Nasdaq
Corning 20,85 1,88 1,85% 2,69 76,97% Nova Iorque
D.R. Horton 18,10 2,45 0,79% 6,55 28,22% Nova Iorque
Foot Locker 10,11 1,99 2,83% 4,39 6,53% Nova Iorque
Lennar 16,40 1,94 0,26% 12,78 51,74% Nova Iorque
Oracle 20,50 3,62 1,40% 3,63 90,93% Nova Iorque
Tiffany 23,66 3,65 2,05% 5,44 28,51% Nova Iorque
Fonte: Bloomberg. 30 de novembro de 2017

Peter Lynch: uma carteira à semelhança da lenda da bolsa

10,82%

A Foot Locker perdeu 48,97% na carteira de Peter Lynch no último ano, mas a First Solar, que ganhou 69,34%, salvou a tática do guru.

Rentabilidade bruta em euros
CVS Health -17,12%
First Solar 69,34%
Foot Locker -48,97%
Michael Kors 12,82%
Mohawk Industries 26,14%
Tyson Foods 22,73%

Fonte: Bloomberg. Rentabilidade entre 12 de dezembro de 2016 e 6 de dezembro de 2017.

Jason Zweig, o colunista do The Wall Street Journal que atualizou “The Intelligent Investor”, não é unicamente fã de Benjamin Graham. “A mais alta rentabilidade de 20 anos de que há registo na história dos fundos de investimento foi de 25,8% por ano, alcançada pelo lendário Peter Lynch do Fidelity Magellan nas duas décadas que terminaram em 31 de dezembro de 1994”, escreveu Zweig na edição revista da obra de Graham.

Em 1989, Peter Lynch publicou o seu primeiro livro, “One Up on Wall Street”, em que defendia que os investidores comuns têm vantagens face aos investidores profissionais. O conselho de Peter Lynch era facilmente resumido: ignore os profissionais do mercado, esqueça as previsões económicas, evite ações em alta e invista em empresas cujos negócios compreenda. Os seus livros seguintes, como “Beating the Street”, já dão exemplos mais concretos, que usámos como ponto de partida para a seleção de ações.

Lynch defende que é entre as empresas mais pequenas que se encontram as verdadeiras perólas da bolsa. Ao reduzir o universo de pesquisa a um milhar de grandes empresas da Europa e dos Estados Unidos da América, excluímos muitas ações que o guru poderia preferir.

Mesmo assim, os critérios lynchianos que desenvolvemos foram:

  • Exclusão de empresas muito diversificadas e setores de tecnologia de ponta. Para aplicar a regra do “investe no que conheces”, não foram incluídas empresas que atuam em muitas indústrias em simultâneo, como conglomerados, e firmas cujos produtos e serviços são dificilmente entendidos por investidores fora dessas áreas, como soluções biotecnológicas.
  • Rácio preço-lucros inferior à média da indústria. O rácio P/L resulta da divisão da cotação da ação pelo resultado líquido de 12 meses que lhe é atribuído. Tal como para muitos investidores, é o ponto de partida de análise de Peter Lynch. Assumindo a manutenção dos lucros anuais, este indicador revela o número de anos que os investidores teriam de esperar para receber o que investiram na compra dos títulos, se a empresa distribuísse todos os resultados como dividendos. Em princípio, deseja-se um rácio baixo.
  • Rácio PEG ajustado pelos dividendos inferior a 0,75. O rácio P/L é um bom ponto de partida, mas Lynch vai mais longe: se a empresa crescer muito, o guru está disposto a aceitar P/L mais altos. Também pode ceder nos P/L altos se os dividendos forem generosos. Por isso, desenvolveu um rácio, o PEG ajustado pelos dividendos, que resulta da divisão do P/L pela soma da taxa de dividendos e do crescimento dos lucros. A taxa de dividendos é equivalente aos dividendos distribuídos nos últimos 12 meses a dividir pela cotação, enquanto usámos a variação média anual dos resultados líquidos por ação nos último cinco anos para aferir o crescimento dos lucros. Peter Lynch diz que as pechinchas têm PEG ajustados pelos dividendos inferiores a 0,5, mas que pode haver bons negócios abaixo da unidade. Ficámos a meio: limitámos os PEG ajustados pelos dividendos a 0,75.
  • Crescimento anual médio dos lucros por ação nos últimos cinco anos inferior a 50%. Lynch quer lucros a aumentar, mas não demasiado. O guru defende que mais de 50% por ano é insustentável.
  • Grau de endividamento inferior a 80%. Este rácio, que compara o passivo com os capitais próprios, procura as empresas menos dependentes da dívida.
  • Variação do rácio existências-vendas inferior a 10% nos últimos cinco anos. O ideal seria que o rácio decrescesse, o que quereria dizer que as vendas aumentaram mais depressa que as existências. O contrário – existências a crescer mais depressa que as vendas – poderia indicar que os produtos em armazém não estão a ser despachados tão depressa como a administração estimava. No entanto, aceitámos sociedades que aumentaram o rácio até 10%, o que, no limite, permite que as existências aumentem cerca de 2% por ano acima das vendas.

A carteira que resulta da aplicação destas regras revela nove títulos. Três são repetentes face ao ano passado: Foot Locker, Michael Kors e Mohawk Industries.

Invista no comércio tradicional
As ações lynchianas refletem negócios simples da economia norte-americana, da agricultura até aos diamantes, passando pelos sapatos e tapetes.
Empresa Negócio Rácio preço-lucros Rácio PEG ajustado
Variação do rácio existências-vendas
(5 anos)
Grau de endividamento Bolsa
Alaska Air Aviação comercial 9,86 0,46 -33,81% 77,37% Nova Iorque
Archer-Daniels-Midland Produtos agrícolas 16,95 0,51 -12,19% 41,61% Nova Iorque
Foot Locker Sapatarias de desporto 10,11 0,66 -17,60% 4,74% Nova Iorque
Michael Kors Vestuário e acessórios 12,99 0,54 -5,75% 0,00% Nova Iorque
Mohawk Industries Tapetes e pavimentos 20,74 0,68 3,30% 40,40% Nova Iorque
Quest Diagnostics Laboratórios clínicos 19,05 0,44 3,35% 77,96% Nova Iorque
Ralph Lauren Vestuário e acessórios 18,20 0,65 -10,76% 24,36% Nova Iorque
Royal Caribbean Cruises Cruzeiros 17,03 0,41 -26,52% 72,75% Nova Iorque
Signet Jewelers Joias 8,32 0,63 0,35% 35,92% Nova Iorque
Fonte: Bloomberg. 30 de novembro de 2017

Joseph Piotroski: recomendações pela investigação do professor-guru

1,73%

A carteira que segue os indicadores binários de Joseph Piotroski teve o pior desempenho no último ano entre os dez gurus de bolsa.

Rentabilidade bruta em euros
Acciona 9,73%
CenturyLink -41,85%
K+S -8,97%
Norsk Hydro 20,52%
Peugeot 14,34%
Renault 7,77%
Saint-Gobain 15,55%
Transocean -41,29%
Veolia Environnement 39,73%

Fonte: Bloomberg. Rentabilidade entre 12 de dezembro de 2016 e 6 de dezembro de 2017.

Ao contrário de Warren Buffett, Benjamin Graham e Peter Lynch, Joseph Piotroski não é um investidor profissional: é professor na Universidade de Stanford, na Califórnia, nos Estados Unidos da América. Todavia, um estudo desenvolvido pelo académico teve um grande impacto no mundo dos investimentos: “Value Investing: The Use of Historical Financial Statement Information to Separate Winners from Losers”, publicado no Journal of Accounting Research no ano 2000. Essa investigação mostrou que é possível bater os índices de mercado usando apenas indicadores contabilísticos e bolsistas.

A estratégia desenvolvida por Joseph Piotroski começa com o rácio entre o capital próprio da empresa e o seu valor de mercado. Do universo inicial, o investigador apenas retém um quinto das ações, aquelas cujos emitentes têm o rácio mais elevado.

O indicador usado por Piotroski é o inverso do rácio entre preço e o valor contabilístico por ação, popular entre os investidores desde os tempos de Benjamin Graham, que o tinha entre os seus favoritos. Assim, das mil empresas iniciais, reservámos apenas as 200 que apresentam o rácio preço-valor contabilístico mais baixo.

Com o universo reduzido a um quinto, Piotroski avança para nove testes contabilísticos. São binários: as empresas passam ou não passam em cada um dos testes. Se uma sociedade chumbar mais de dois testes, é excluída. Assim, a carteira recomendada é composta apenas pelas ações das firmas que passaram oito ou nove testes.

Em baixo estão os nove testes adaptados na forma de pergunta. São aplicados aos balanços e demonstrações de resultados anuais e precisam de respostas afirmativas para se considerarem transpostos.

  1. A rentabilidade do ativo – lucros excluindo resultados extraordinários a dividir pelo ativo – é positiva? Procuram-se empresas rentáveis.
  2. A rentabilidade do ativo aumentou no último ano? Quanto mais rentáveis, melhor.
  3. O fluxo de caixa operacional é positivo? A atividade corrente tem de gerar dinheiro.
  4. O fluxo de caixa operacional é superior aos lucros excluindo resultados extraordinários? Os lucros não devem ultrapassar o montante gerado pela atividade corrente da firma.
  5. O rácio de endividamento de longo prazo – divide a dívida de longo prazo pelo ativo – diminuiu? A necessidade de mais dívida pode ser um sinal de aflição financeira.
  6. O rácio de liquidez geral – ativo circulante a dividir pelo passivo circulante – aumentou? Uma melhoria na liquidez da empresa é um bom sinal.
  7. A sociedade evitou emitir mais ações ao longo do último ano? A emissão de ações pode indicar que a empresa não está a gerar dinheiro suficiente através da sua atividade.
  8. O rácio de margem bruta – a diferença entre vendas e custo das mercadorias vendidas a dividir pelas vendas – aumentou? Um aumento representa uma melhoria nos custos de produção, uma redução da despesa de armazenamento ou uma subida dos preços de venda.
  9. A rotação do ativo – vendas a dividir pelo ativo – aumentou? As vendas crescerem mais do que o ativo é sinal de maior produtividade.

O quadro em baixo mostra as empresas de baixo rácio preço-valor contabilístico que passaram pelo menos oito dos testes piotroskianos. A Peugeot mantém-se na carteira pelo terceiro ano consecutivo.

Uma carteira muito internacional
Esta lista inclui ações britânicas, francesas, holandesas, italianas, suecas e suíças.
Empresa Rácio preço-valor contabilístico Rentabilidade do ativo Rácio de endividamento de longo prazo Rácio de liquidez geral Rácio de margem bruta Bolsa
Anglo American 1,14 3,70% 22,25% 1,91 20,33% Londres
ArcelorMittal 0,91 2,26% 15,51% 1,23 11,20% Amesterdão
Babcock 1,31 5,56% 23,68% 0,84 14,60% Londres
Gemalto 1,33 4,21% 12,32% 1,93 37,95% Amesterdão
LafargeHolcim 1,08 2,79% 20,52% 1,15 41,90% Zurique
Peugeot 1,15 3,98% 37,12% 1,04 19,10% Paris
Sainsbury 0,80 2,22% 11,11% 0,74 6,23% Londres
SSAB 0,77 1,11% 21,30% 1,80 9,24% Estocolmo
Subsea 7 0,80 5,33% 0,00% 1,24 22,63% Oslo
Yoox Net-A-Porter 1,30 1,21% 3,56% 1,37 39,15% Milão
Vodafone 1,00 -3,02% 21,44% 1,01 27,41% Londres
Fonte: Bloomberg. 30 de novembro de 2017

William O’Neil: o guru que segue as ações que mais sobem

32,02%

A estratégia à William O’Neil foi a única em que todas as ações recomendadas há um ano tiveram um desempenho positivo.

Rentabilidade bruta em euros
Actelion 41,35%
Amazon.com 36,80%
Applied Materials 45,15%
Charter Communications 4,76%

Fonte: Bloomberg. Rentabilidade entre 12 de dezembro de 2016 e 6 de dezembro de 2017.

William O’Neil, agora com 84 anos, foi um dos primeiros investidores profissionais a usarem computadores para selecionar ações. Ao contrário de Warren Buffett e Peter Lynch, O’Neil defende que não é preciso conhecer profundamente os negócios das empresas para fazer boas compras. “O primeiro passo para aprender como escolher os vencedores dos mercados acionistas é examinar os líderes do passado”, avisou o guru em “How to Make Money in Stocks: A Winning System in Good Times and Bad”, publicado em 1988.

Para descobrir as melhores ações no mercado recorremos ao método CAN SLIM, desenvolvido na década de 1950 mas sucessivamente apurado por William O’Neil. Nesta estratégia, cada letra representa uma das sete regras para selecionar títulos. Seguimos a descrição do CAN SLIM em Investors.com, o portal que serve de estandarte à estratégia do guru norte-americano, mas elaborámos alguns ajustamentos, em particular para eliminar qualquer subjetividade na seleção.

Há, todavia, um ensinamento de O’Neil que não respeitaremos. Deve vender-se imediatamente as ações “quando se têm pequenas perdas de 7% ou 8% em vez de aguardar e ter esperança que recuperem”, defende. Só dentro de um ano é que faremos o balanço às recomendações neste artigo, mesmo que, entretanto, as ações apresentem fortes desvalorizações.

Estes foram os critérios que aplicámos na busca das melhores ações à William O’Neil:

  • Empresas nas 40 indústrias mais recomendadas pelos analistas. William O’Neil quer investir em negócios que estejam num ciclo positivo. Foram avaliadas as recomendações médias em 141 indústrias.
  • Ações com mais recomendações de compra do que de venda. As expectativas dos analistas são importantes para aferir o sentimento do mercado.
  • Ações entre as 25% que mais subiram nas últimas 52 semanas. Não são desejáveis as que estão a cair, nem as que não estão a subir mais do que os índices de mercado.
  • Preço da ação desceu até 10% face ao máximo das últimas 52 semanas. A cotação não deve estar muito afastada do seu pico.
  • Crescimento homólogo dos lucros por ação é superior a 20% no último trimestre fiscal. As melhores ações terão tipicamente ganhos superiores a 50%, defende o guru.
  • Crescimento anual dos lucros por ação é superior a 20% nos últimos três anos. É possível aos administradores das empresas manipularem crescimentos de curto prazo, mas é mais difícil no médio ou no longo prazo, explica O’Neil.
  • Crescimento homólogo das vendas é superior a 15% no último trimestre fiscal. Além dos lucros, a faturação também é um bom indicador para o crescimento da firma.
  • A sociedade tem, pelo menos, dez investidores institucionais. É um sinal de que os grandes investidores, como fundos de pensões, têm as ações na sua mira.
  • O número de investidores institucionais aumentou no último ano. Além de terem a ação na mira, os grandes investidores devem ser cada vez mais.

O CAN SLIM, adaptado para este artigo, identifica agora quatro ações entre um milhar de títulos europeus e norte-americanos.

Cinco ações representam fraca diversificação
Os investidores menos agressivos não devem aplicar o dinheiro unicamente em quatro títulos. Não há ações repetidas da seleção do ano passado.
Empresa Indústria Variação de 52 semanas Variação desde máximo de 52 semanas Crescimento homólogo Crescimento anual dos lucros em 3 anos Recomendação média Bolsa
Lucros trimestrais Vendas trimestrais
Aker BP Exploração e produção de petróleo 40,46% -8,90% 48,29% 143,03% 36,02% 4,17 Oslo
CTS Eventim Entretenimento 44,08% -2,50% 46,73% 66,10% 22,87% 4,60 Frankfurt
Facebook Internet 47,89% -4,95% 76,67% 47,31% 69,93% 4,70 Nasdaq
Netflix Internet 60,81% -7,94% 141,67% 30,33% 22,58% 4,05 Nasdaq
Fonte: Bloomberg. Variações na divisa de cotação. Recomendação média entre 1 (venda) e 5 (compra). 30 de novembro de 2017

Martin Zweig: os títulos que o excêntrico investidor poderia comprar

38,47%

As ações recomendadas há um ano seguindo a estratégia de Martin Zweig tiveram, em média, o melhor desempenho entre os dez gurus. As ações da Wirecard foram as que mais subiram entre todas os títulos recomendados há um ano.

Rentabilidade bruta em euros
Brembo 19,19%
Fresenius -8,13%
GN Store Nord 40,93%
Hexagon 24,38%
Wirecard 115,97%

Fonte: Bloomberg. Rentabilidade entre 12 de dezembro de 2016 e 6 de dezembro de 2017.

Na noite do dia 16 de setembro de 1987, num programa norte-americano de televisão, Martin Zweig disse, timidamente, que esperava um crash, mas que não gostaria de falar publicamente sobre o assunto, porque seria como “gritar ‘fogo’ num teatro lotado”. O guru acreditava numa queda violenta, mas que não duraria muito tempo. A sessão bolsista seguinte ao episódio televisivo ficou conhecida por Segunda-Feira Negra: o índice norte-americano Dow Jones Industrial Average registou a maior queda de sempre, de 22,61%. Nesse dia, a carteira do “The Zweig Forecast”, um boletim financeiro assinado por Zweig, subiu 9%.

Martin Zweig transformou o seu reconhecimento público num negócio multimilionário de gestão de ativos. A sua crescente fortuna permitiu-lhe um “estilo de vida extravagante e esbanjador”, de acordo com a revista Forbes. Comprou, entre outras coisas, o apartamento mais caro dos Estados Unidos da América, o equipamento do basquetebolista Michael Jordan quando era estreante nos Chicago Bulls, a guitarra de Buddy Holly, a guitarra-baixo de Paul McCartney e o vestido que Marilyn Monroe usou quando cantou “Happy Birthday” ao presidente John F. Kennedy.

A maior parte do livro escrito por Martin Zweig, “Winning on Wall Street”, debruça-se sobre indicadores técnicos para saber quando investir e desinvestir na bolsa. Nos reduzidos capítulos em que Zweig explica o seu método para escolher ações, o especialista confessa que o verdadeiro guru é o seu sócio Joseph DiMenna. “Eu faço a previsão geral do mercado. (…) DiMenna trata da análise das ações, estando quase sempre a navegar por documentos financeiros e a falar com analistas e representantes das empresas”, escreveu Zweig.

Apesar disso, Martin Zweig garante que a sua estratégia deverá dar bons frutos à maioria dos pequenos investidores. “O meu processo de escolha de ações envolve a busca das seguintes variáveis: forte crescimento dos lucros e das vendas; um rácio preço-lucros razoável face à taxa de crescimento da empresa; compras pelos administradores ou, pelo menos, a ausência de muitas vendas por administradores; e um forte movimento relativo do preço das ações”, resumiu o guru.

Estes são os critérios que usámos a partir do livro de Zweig:

  • Resultados líquidos positivos no último trimestre, nos últimos 12 meses e no último ano fiscal. Zweig não quer empresas que percam dinheiro.
  • Variação homóloga positiva dos resultados líquidos e das vendas em cada um dos últimos quatro trimestres. Tem de haver crescimento trimestral.
  • Variação anual positiva dos resultados líquidos e das vendas em cada um dos últimos três anos. O crescimento também tem de se verificar no último triénio.
  • Crescimento anual dos resultados líquidos superior a 11,36% no último triénio. Zweig não é claro quanto ao mínimo que exige para o crescimento, embora apresente exemplos em “Winning on Wall Street”. Definimos o mínimo igual à mediana das mil empresas.
  • Crescimento anual das vendas superior a 3,55% no último triénio. A faturação também deve ter crescido mais do que a mediana.
  • Rácio preço-lucros entre 5 e 66. Zweig defende que este rácio pode desvendar empresas em dificuldades se for inferior a 5. O guru está disposto a comprar ações cujos rácios se estendem até uma vez e meia a média do mercado.
  • Administradores compraram tantas ou mais ações do que venderam nos últimos seis meses. A equipa de gestão não pode estar a vender títulos em massa.
  • Ações devem estar entre as 50% que mais valorizaram no último semestre. Exclui metade dos títulos, aqueles que menos apreciaram nos últimos seis meses.

Os critérios de Martin Zweig continuam a ser muito restritivos. Apenas seis ações passaram nas regras zweiguianas.

Outra carteira pouco diversificada
A estratégia de Martin Zweig gera uma carteira pouco diversificada de seis ações, apesar de pertencerem a setores de atividade díspares. A Hexagon mantém-se na carteira.
Empresa Variação anual de três anos Rácio preço-lucros Variação do preço
nos últimos 6 meses
Bolsa
Lucros Vendas
ASML 14,17% 10,58% 31,75 24,07% Amesterdão
Chr. Hansen 19,86% 11,99% 43,05 18,38% Copenhaga
Hexagon 14,34% 10,03% 26,43 6,86% Estocolmo
Kion Group 13,46% 17,66% 24,94 8,07% Frankfurt
Securitas 13,19% 10,57% 19,05 5,34% Estocolmo
Snap-on 13,02% 4,55% 17,15 4,05% Nova Iorque
Fonte: Bloomberg. Variação na divisa de cotação. 30 de novembro de 2017

James O’Shaughnessy: as ações descobertas pela estatística

9,29%

As ações na carteira o’shaughnessiana renderam 9,29%, em média, no último ano.

Rentabilidade bruta em euros
AES -15,04%
Aetna 27,42%
Allstate 29,32%
Amec Foster Wheeler 7,92%
Best Buy 15,64%
BP 3,86%
Logista 2,88%
Exelon 11,40%
HP 22,48%
Humana 12,05%
International Paper -0,96%
Kohl’s -17,64%
Macy’s -40,86%
MetLife -2,30%
Navient -26,96%
NRG Energy 96,63%
Progressive 45,29%
Prudential Financial 2,46%
PVH 17,61%
Ryder System -8,41%
Seagate Technology -3,77%
Tyson Foods 22,73%
Wal-Mart Stores 24,98%
Wm Morrison Supermarkets -3,69%

Fonte: Bloomberg. Rentabilidade entre 12 de dezembro de 2016 e 6 de dezembro de 2017.

O início da era dos computadores marcou o perfil de investidor de James O’Shaughnessy. “Imagine-se num quarto com os relatórios trimestrais de 1.600 empresas. Assumindo que cada um dos 6.400 relatórios [publicados durante um ano] tem cerca de um terço de centímetro de espessura, empilhá-los criaria uma torre de 21 metros de informação”, calculou O’Shaughnessy no seu primeiro livro, “Invest Like the Best: Using Your Computer to Unlock the Secrets of the Top Money Managers”, publicado em 1994.

Foi, no entanto, no segundo livro, “What Works on Wall Street: A Guide to the Best-Performing Investment Strategies of All Time”, que O’Shaughnessy desenhou a sua estratégia, que inclusivamente mereceu uma patente. Desde a primeira edição do livro, em 1997, a tática do guru tem evoluído até se tornar demasiado complexa para a maioria dos investidores. Por isso, não usámos a versão mais recente da sua estratégia.

O método começa por excluir as ações que não tenham simultaneamente os rácios preço-vendas e preço-fluxo de caixa entre os 30% mais baixos. O rácio preço-vendas resulta da divisão da cotação da ação pela faturação anual por ação. Um rácio unitário indica que a empresa custa o equivalente às suas vendas anuais. Logo, quando mais baixo o indicador, mais barato está o título. O rácio preço-fluxo de caixa é semelhante: obtém-se dividindo a cotação pelo fluxo anual de caixa por ação.

Ao contrário do resultado líquido, que resulta da diferença entre as receitas e os custos do exercício, o fluxo de caixa mede a diferença entre os recebimentos e os pagamentos. O resultado líquido regista as operações quando são geradas, enquanto o fluxo de caixa contabiliza os movimentos de dinheiro. O’Shaughnessy diz que o fluxo de caixa é um indicador superior para os investidores.

Analisando o grupo de ações de preço-vendas e preço-fluxo de caixa baixos, retivemos apenas 60%, aquelas com a rentabilidade do dividendo mais elevada. A rentabilidade do dividendo resulta da divisão dos dividendos por ação dos últimos 12 meses pela cotação.

Na lista de ações de rácios baixos e dividendos altos, elegemos as 25 que mais valorizaram nos últimos 12 meses. O’Shaughnessy defende que este é o número mínimo para conseguir uma boa diversificação, essencial na sua estratégia bolsista.

25 ações para diversificar os riscos
A estratégia de O’Shaughnessy é a única com exposição à bolsa de Lisboa através das ações da Galp Energia. Embora a lista seja extensa, apenas dois títulos – Exelon e HP – é repetido da seleção do ano passado.
Empresa Rácio preço-vendas Rácio preço-fluxo de caixa Rentabilidade do dividendo Variação do preço no último ano Bolsa
A2A 0,88 6,98 3,10% 40,98% Milão
Bouygues 0,48 7,18 3,67% 36,23% Paris
DS Smith 1,06 9,73 2,82% 37,02% Londres
easyJet 1,12 8,48 2,86% 44,34% Londres
Electrolux 0,65 8,45 2,72% 27,82% Estocolmo
Enel 0,80 5,53 3,79% 45,12% Milão
Engie 0,52 3,89 5,74% 27,04% Paris
Exelon 1,18 5,88 3,14% 28,24% Nova Iorque
Galp Energia 0,88 9,21 3,15% 24,44% Lisboa
Gap 0,83 8,50 2,83% 30,16% Nova Iorque
General Motors 0,42 4,52 3,47% 26,88% Nova Iorque
Hera 0,82 6,68 2,99% 53,96% Milão
HP 0,69 9,82 2,60% 39,16% Nova Iorque
International Consolidated Airlines 0,65 4,77 3,63% 40,14% Londres
Marathon Petroleum 0,50 6,51 2,61% 30,58% Nova Iorque
Peugeot 0,26 2,59 2,71% 27,05% Paris
Repsol 0,59 5,46 4,91% 23,10% Madrid
Smurfit Kappa 0,74 8,55 3,04% 23,42% Dublim
St. James’s Place 0,47 5,32 3,00% 27,87% Londres
Standard Life Aberdeen 0,46 8,58 4,77% 23,32% Londres
Stora Enso 1,03 8,97 2,84% 43,33% Hensínquia
Swiss Life 0,56 5,98 3,32% 22,41% Zurique
Tui 0,53 5,92 3,98% 27,61% Londres
Valero Energy 0,44 7,70 3,36% 35,38% Nova Iorque
Veolia Environnement 0,48 5,58 3,73% 31,46% Paris
Fonte: Bloomberg. Variação na divisa de cotação. 30 de novembro de 2017

Joel Greenblatt: uma pitada de fórmula mágica

18,41%

Entre todas as ações recomendadas há um ano, a UbiSoft Entertainment foi a segunda que mais rendeu, mais de 100%.

Rentabilidade bruta em euros
ABB 12,82%
Amgen 12,13%
Brenntag 8,36%
Citrix Systems 11,44%
EDP 9,20%
Faurecia 79,86%
Gilead Sciences -7,41%
Invesco 7,23%
Michael Kors 12,82%
Navient -26,96%
Next -7,02%
Novo Nordisk 34,97%
NRG Energy 96,63%
Oracle 9,59%
Software AG 41,65%
Thales -4,34%
UbiSoft Entertainment 103,03%
United Continental -23,37%
Universal Health Services -12,94%
Valeo 10,52%

Fonte: Bloomberg. Rentabilidade entre 12 de dezembro de 2016 e 6 de dezembro de 2017.

Se viu “A Queda de Wall Street” (o filme que recebeu o Óscar de Melhor Argumento Adaptado em 2016), recorda-se do investidor milionário que aplicou dinheiro no fundo de Michael Burry, o personagem principal, e que, ao longo do filme, o pressiona a fechar as posições contra o mercado hipotecário? Esse personagem é baseado em Joel Greenblatt, o fundador do Gotham Capital, um hedge fund, isto é, um fundo de investimento que é alvo de pouca regulação e supervisão. O filme não é completamente fiel ao livro homónimo, do jornalista Michael Lewis. Nele, Michael Burry defende Greenblatt. Sobre o livro do guru, “You Can Be a Stock Market Genius”, Burry diz: “Detestei o título, mas gostei do livro.”

Depois dessa obra, Joel Greenblatt escreveu “Invista e Fique Rico”, em que apresenta uma “fórmula mágica” para escolher ações. Estes são os dois rácios que o guru apresenta como ideais para os investidores:

  • Rentabilidade do capital tangível. Há várias maneiras de calcular a rentabilidade do capital da sociedade, mas Greenblatt prefere dividir os resultados operacionais pelo capital tangível (capitais próprios subtraídos dos ativos não tangíveis). Uma empresa que consiga reinvestir os seus resultados a uma taxa mais elevada terá mais sucesso.
  • Rentabilidade do fluxo de caixa livre. Resulta da divisão do fluxo de caixa livre por ação dos últimos 12 meses pela cotação dos títulos. O guru prefere o fluxo de caixa ao resultado líquido, porque é menos manipulável. Quanto mais afastados os fluxos monetário por ação do preço da ação, mais barato fica o investimento.

O processo de Greenblatt cria duas listas de ações ordenadas: a primeira atribui o valor 1 à ação que tenha a rentabilidade do capital tangível mais elevada, 2 à que tenha a segunda rentabilidade mais alta e assim sucessivamente; a segunda lista dá 1 à ação com a rentabilidade do fluxo de caixa livre mais elevada, 2 à segunda com a rentabilidade mais alta, etc. Depois somam-se os valores atribuídos nas duas listas a cada ação. O investidor deve comprar as 20 ações, pelo menos, que têm as somas mais baixas. São os títulos das empresas mais rentáveis em termos de capital tangível e de fluxo de caixa livre.

Uma vintena de ações mágicas
Três destas ações – Faurecia, Gilead Sciences e Next – mantêm-se da lista greenblattiana de 2016.
Empresa Rentabilidade do capital tangível Rentabilidade do fluxo de caixa livre Bolsa
Adecco Group 742,66% 7,17% Zurique
Affiliated Managers 234,32% 10,16% Nova Iorque
Air France-KLM 9.300,00% 21,30% Paris
Amgen 202,15% 8,32% Nasdaq
Faurecia 116,65% 8,15% Paris
Gemalto 63,17% 12,58% Amesterdão
Gilead Sciences 191,25% 12,53% Nasdaq
Inmarsat 100,18% 11,89% Londres
Intrum Justitia 280,91% 19,61% Estocolmo
KLA-Tencor 133,23% 7,88% Nasdaq
KPN 251,85% 8,10% Amesterdão
LyondellBasell Industries 101,30% 8,84% Nova Iorque
Mediaset España 69,91% 13,39% Madrid
Next 176,05% 9,18% Londres
Pandora 720,23% 8,12% Copenhaga
Patterson Companies 185,22% 7,55% Nasdaq
Smiths Group 757,30% 7,11% Londres
St. James’s Place 47,28% 18,43% Londres
Vestas Wind Systems 60,16% 14,17% Copenhaga
Walgreens Boots Alliance 218,10% 7,64% Nasdaq
Fonte: Bloomberg. 30 de novembro de 2017

John Neff: as ações desconfortáveis da sua estratégia

1,96%

Metade das ações na carteira neffiana publicada há um ano perderam dinheiro. Foi a estratégia com o segundo pior desempenho no último ano.

Rentabilidade bruta em euros
Pandora -22,28%
Plastic Omnium 19,95%
Skyworks Solutions 15,51%
Vestas Wind Systems -5,33%

Fonte: Bloomberg. Rentabilidade entre 12 de dezembro de 2016 e 6 de dezembro de 2017.

Embora possa ser classificado como guru, John Neff não gostava do estrelato. O gestor dizia que o fundo que geria, o gigantesco Vanguard Windsor, era “relativamente banal, aborrecido e conservador”, apesar de os resultados oferecidos aos subscritores serem o oposto: ganhou cerca de 13,7% por ano durante a liderança de Neff.

Neff gostava de investir em empresas e setores em crise e, por isso, dizia que comprava “ações desconfortáveis”. O gestor defendia que o rácio preço-lucros (P/L), que resultada da divisão da cotação da ação pelos lucros que lhe são atribuídos, é um bom indicador. (As carteiras que recomendámos nos últimos três anos usando apenas o rácio P/L renderam 47%.) No entanto, John Neff acreditava que o P/L poderia ser melhorado. Por isso, usava o rácio P/L ajustado pelo retorno total.

“Somos investidores de P/L baixo. Mas as ações têm de produzir um retorno total, que defino como a taxa de crescimento dos lucros mais a rentabilidade do dividendo. Gostamos de pagar cerca de metade em P/L relativamente ao retorno total. Isto significa que uma ação com um crescimento dos lucros de 10% e uma rentabilidade do dividendo de 4% – um retorno total de 14% – valeria cerca de sete vezes os lucros estimados”, disse à revista Kiplinger’s em março de 1994.

Na prática, o P/L ajustado pelo retorno total, que resulta da divisão do P/L pela soma do crescimento esperado dos lucros e da rentabilidade do dividendo (dividendos de 12 meses a dividir pela cotação), deveria ser, no máximo, 0,5, segundo John Neff.

Embora o P/L ajustado fosse a sua principal métrica, o guru tinha outros indicadores na sua lista de preferências. Usando os ensinamentos em “John Neff on Investing”, o único livro que publicou até hoje, desenhámos os seguintes critérios para procurar ações neffianas:

  • Rácio P/L ajustado pelo retorno total inferior à unidade. Neff reconhecia que era difícil limitar a métrica a 0,5, por isso aumentámos o nível até 1. Depois de ouvir analistas e outros especialistas, Neff traçava as suas próprias estimativas de crescimento dos lucros, muitas vezes com base também nas suas previsões macroeconómicas. Optámos por usar as estimativas médias dos analistas do mercado para a taxa de crescimento dos lucros nos próximos três a cinco anos.
  • Fluxo de caixa livre positivo nos últimos 12 meses. É fundamental que a empresa esteja a produzir dinheiro.
  • Margem operacional nos últimos 12 meses acima da média do setor. Uma margem operacional acima da média mostra que a firma está a trabalhar confortavelmente. Mede a percentagem da faturação que chega aos resultados operacionais.
  • Rentabilidade do capital próprio acima da média do setor. Este rácio resulta da divisão dos lucros de 12 meses pelos capitais próprios. Indica a percentagem dos capitais próprios gerados anualmente em lucros.
  • Taxa anual de crescimento das vendas de, pelo menos, 7% nos últimos cinco anos. Neff procura firmas que consigam aumentar os seus mercados todos os anos.
  • Taxa estimada de crescimento dos resultados líquidos no longo prazo de, pelo menos, 7%. Neff fazia as suas próprias estimativas. Usámos a média do analistas que acompanham as ações. Por vezes, o guru limitava o crescimento a 20% por ano.

Estas regras são restritivas: encontraram apenas sete ações entre as mil que investigámos. Duas companhias mantêm-se da carteira do ano passado: as dinamarquesas Pandora e Vestas Wind Systems.

Uma carteira pan-europeia
A carteira à Neff está distribuída pela Europa: duas britânicas, duas dinamarquesas, uma francesa e uma alemã.
Empresa P/L ajustado pelo retorno total Margem operacional Rentabilidade do capital próprio Crescimento anual das vendas (5 anos) Estimativa de crescimento anual dos lucros (3 a 5 anos) Bolsa
Ashtead Group 0,99 29,19% 28,21% 22,34% 16,77% Londres
Ferguson 0,96 12,88% 24,70% 7,04% 13,73% Londres
Pandora 0,58 34,66% 103,55% 23,97% 14,00% Copenhaga
Renault 0,44 6,06% 14,14% 7,92% 8,60% Paris
United Internet 0,95 46,46% 27,86% 12,09% 15,10% Frankfurt
Vestas Wind Systems 0,76 12,94% 30,21% 9,32% 13,03% Copenhaga
Fonte: Bloomberg. 30 de novembro de 2017

David Dreman: os títulos que remam contra a maré bolsista

23,93%

As companhias italianas — Acea, Enel e Hera — foram cruciais para o desempenho do último ano da carteira à David Dreman.

Rentabilidade bruta em euros
Acea 61,57%
Axa 10,55%
CNP Assurances 9,11%
Enel 43,35%
Hera 55,21%
Old Mutual 2,67%
Staples -3,95%*
Talanx 12,92%

*Até 12 de setembro de 2017, em resultado da oferta pública de aquisição da Sycamore Partners.

Fonte: Bloomberg. Rentabilidade entre 12 de dezembro de 2016 e 6 de dezembro de 2017.

Um investidor no contrário “é uma forma de investidor em valor, em que tendemos a comprar ações com os rácio preço-lucros mais baixos (…) ou também podemos usar o rácio preço-valor contabilístico ou preço-fluxo de caixa ou, mesmo, a rentabilidade do dividendo”, explicou David Dreman à revista Forbes em 2012. “Têm sido feitos muitos estudos que remontam até à década de 1930 que mostram que [estratégias de] baixo preço-lucros e baixo preço-valor contabilístico têm desempenhos superiores ao mercado em cada década desde, penso, 1940”, concluiu.

Com 81 anos, David Dreman continua a gerir dinheiro seguindo a filosofia do investimento no contrário. É fácil saber no que está a investir no guru. É possível analisar a informação das carteiras da Dreman Value Management, a sociedade gestora que fundou em 1977: uma grande parte das mais recentes compras foram no setor financeiro (como as ações do Barclays, do HSBC e do JPMorgan Chase), de acordo com o Guru Focus. Também é possível ler recomendações que Dreman escreve na edição norte-americana da revista Forbes, embora escreva cada vez menos (em quantidade e em frequência). Occidental Petroleum e Wells Fargo foram duas das recomendações publicadas na edição passada de 28 de fevereiro.

Todavia, como a vida profissional de David Dreman está focada essencialmente no mercado norte-americano, preferimos aplicar os seus ensinamentos – escreveu cinco livros desde 1977 – às mil empresas europeias e norte-americanas. Estes são os critérios:

  • O rácio preço-lucros, que resultada da divisão da cotação pelo lucro por ação nos últimos 12 meses, está entre os 30% mais baixos. Atualmente, esta condições impede a seleção de ações com indicadores superiores a 16,38.
  • O rácio preço-valor contabilístico, que se obtém dividindo a cotação pelo último valor contabilístico unitário conhecido, está entre os 30% mais baixos. Não se escolheram títulos com rácios superiores a 1,98.
  • O rácio preço-fluxo de caixa livre, que divide a cotação pelo fluxo de caixa livre por ação dos últimos 12 meses, está entre os 30% mais baixos. Evitaram-se as ações com esta métrica superior a 16,56.
  • A taxa de rentabilidade dos dividendos, que se calcula dividindo os dividendos por ação dos últimos 12 meses pela cotação, está entre os 30% mais altos. Todas as ações escolhidas têm taxas superiores a 3,22%.
  • O grau de endividamento, o rácio entre o passivo e os capitais próprios, é inferior à média da indústria.
  • O lucro estimado pelos analistas de mercado para o ano corrente é superior ao lucro obtido no último ano fiscal e o lucro estimado para o próximo ano é superior ao lucro estimado para o ano corrente.

Nenhuma das ações detetadas pela estratégia que segue as lições de David Dreman é norte-americana. O Reino Unido impera na carteira.

Pouca diversificação
Mais uma vez, a estratégia de Dreman produziu uma carteira pouco diversificada. Cinco das nove ações são britânicas. Três são do setor dos seguros. As ações da CNP Assurance e da Old Mutual mantêm-se das recomendações de 2016.
Empresa Preço-lucros Preço-valor contabilístico Preço-fluxo de caixa livre Taxa de rentabilidade dos dividendos Grau de endividamento Bolsa
Bâloise Holding 11,63 1,24 11,64 3,44% 24,96% Zurique
Barratt Developments 9,83 1,41 12,85 6,85% 1,71% Londres
CNP Assurances 11,16 0,82 3,56 4,23% 28,90% Paris
Dixons Carphone 6,51 0,62 16,48 6,83% 15,71% Londres
Old Mutual 13,91 1,22 1,86 3,45% 45,33% Londres
Renault 5,45 0,80 6,19 3,67% 152,85% Paris
Royal Mail 12,08 1,03 7,81 5,27% 15,02% Londres
Swiss Life 11,21 0,77 6,07 3,32% 30,96% Zurique
UPM-Kymmene 14,87 1,64 10,66 3,70% 21,22% Hensínquia
Fonte: Bloomberg. 30 de novembro de 2017

David Almas é analista financeiro independente registado na CMVM com o número oito. O autor trabalha subordinado ao Código Deontológico dos Jornalistas.