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Hillary Clinton, uma mulher de escolhas difíceis

Hillary Clinton não é amada e tem colado à pele, há décadas, o rótulo de fria e calculista. Ela própria assume não ser carismática, mas o seu percurso teve momentos que revelam mais coração que razão.

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“Eu criei a pele de um rinoceronte… Sinto que já sofri todo o tipo de críticas. Quando alguém diz uma coisa injusta sobre outra pessoa, o que me desagrada não é o facto de ser sobre mim, mas antes a maldade de que se dá prova em relação às pessoas. Costumava incomodar-me e ficava irritada — mas depois deixei de ter energia para isso.”

Hillary Rodham Clinton tem quase sete décadas de vida e meio século de vida pública feitos de escolhas difíceis. Por várias vezes, no percurso da provável primeira mulher Presidente dos EUA, a sentença mais lúcida parecia ser a da derrota. Mas ela conseguiu quase sempre fazer o seu “comeback”.

A fama de “nunca-nunca-nunca desistir”, mantra repetido pelo marido Bill, a filha Chelsea e pelo antigo rival e agora grande amigo Barack, quando se referem a Hillary, vem-lhe da infância.

Podia ter desistido quando viu reprovado pelo Congresso o “HillaryCare” em 1994, que inviabilizou a Reforma da Saúde no primeiro mandato do marido.

Podia ter desistido quando metade da América e boa parte dos políticos democráticos em Washington a culpavam pela derrocada das intercalares desse ano, que abriu caminho à “Revolução Conservadora” de Newt Gingrich no Capitólio, novo episódio da guerra republicana contra os Clinton.

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Podia ter desistido quando perdeu na reta da meta, e contra quase todas as previsões, a corrida à nomeação presidencial democrata de 2008, depois de ter partido com 40 pontos de vantagem.

Mas não.

https://youtube.com/watch?v=gJ5pAgrB7hI

“Hillary transformou para melhor todos os lugares por onde passou. É a melhor ‘change maker’ que já conheci até hoje”
Bill Clinton, Convenção Democrática de julho passado

Hillary define-se assim: “Provavelmente a minha pior qualidade é que fico muito apaixonada pelo que acho que é certo”. Não é bem essa a imagem que os americanos têm dela.

Na arena da mais agressiva campanha presidencial das últimas décadas na América, o ponto mais complicado para Hillary gerir junto do seu eleitorado é a fama de ser demasiado fria, calculista. Gelada. Sem coração. Mas nem sempre o que parece é. Mesmo na alta política americana.

A história de vida da primeira mulher a obter a nomeação presidencial de um grande partido do sistema revela-nos uma mulher bem mais emocional que racional em momentos decisivos. O principal deles, pelo menos o que mais influenciou o curso da sua vida, terá sido em setembro de 1974.

Hillary decide ir viver para o Arkansas, para se juntar a Bill Clinton: “Decidi com o coração e não com a cabeça”, confessa no livro A Minha História. Terá sido a decisão mais importante do seu percurso. E uma das mais improváveis: aos 26 anos, trocar Washington DC, centro político dos EUA — onde já tinha conseguido forte reconhecimento como advogada, tendo até participado na comissão que viria a levar ao impeachment do Presidente Nixon, e como defensora dos direitos das crianças e das mulheres –, pelo Arkansas, pequeno estado sulista, uma das regiões mais pobres e menos desenvolvidas da América.

Hillary e Bill em Bedford, 1992

Getty Images

Parecia um erro no curto prazo – mas viria a revelar-se a decisão mais acertada da sua vida. “Andávamos a pensar na nossa situação desde que começáramos a namorar. Para estarmos juntos, um de nós tinha de ceder”, conta Hillary na sua autobiografia, “Living History”.

“Com o inesperado fim do meu trabalho em Washington, tinha tempo e espaço para dar uma oportunidade à nossa relação – e ao Arkansas. A despeito das suas dúvidas, Sara (Ehrman) ofereceu-se para me levar. Pelo caminho, perguntava-me constantemente se sabia o que estava a fazer e dei-lhe sempre a mesma resposta: ‘Não, mas de qualquer maneira vou’. (…) Por vezes, já tive de ouvir bem os meus sentimentos para decidir o que era bom para mim, e isso pode contribuir para algumas decisões solitárias se os amigos e a família – para não falar no público e na imprensa – questionarem as nossas escolhas e especularem acerca dos motivos. Eu tinha-me apaixonado por Bill na faculdade de Direito e queria estar com ele. Sabia que era sempre mais feliz com Bill do que sem ele e sempre tinha assumido que podia viver uma vida realizada em qualquer parte. Para crescer como pessoa, sabia que era altura de eu – parafraseando Eleanor Roosevelt – fazer o que tinha mais medo de fazer. Por isso, ia a caminho de um local onde nunca tinha vivido e onde não tinha amigos nem família. Mas o coração dizia-me que ia na direção certa.”

As crianças em vez de uma grande firma

Quatro anos antes, em 1970, Hillary começara a trabalhar no Children’s Defense Fund em Cambridge, Massachussets. A sua “ação transformadora” nesta instituição viria a ser profundamente elogiada quase meio século depois, na Convenção Democrática de Filadélfia que a nomearia candidata presidencial.

E revelou outro momento em que a parte emocional contou mais que a racional.

Quando, três anos depois de ter começado a colaborar com o Children’s Defense Fund, terminou o curso de Direito em Yale, em vez de escolher um emprego muito bem remunerado numa grande firma de advogados, preferiu rumar ao Massachussets para trabalhar mais de perto com a advogada negra Marian Wright Edelman em defesa dos direitos das crianças.

“Seria mais fácil ter ficado em casa a fazer biscoitos”
(Hillary a responder, na campanha presidencial de Bill Clinton, à questão sobre a sua grande influência na carreira política do marido)

A derrota dos democratas nas intercalares de 1994 foi, talvez, o maior abalo político dos Clinton. Bill estava a meio do primeiro mandato presidencial e começava a atacar a reeleição num momento político tremendamente adverso. E Hillary sentia-se responsável por isso.

Hillary Clinton à chegada ao Tribunal Federal onde teve de testemunhar sobre o caso Whitewater

RICHARD ELLIS/AFP/Getty Images

A juntar ao fracasso eleitoral, o caso Whitewater (investimento imobiliário ruinoso dos Clinton nos anos nos Arkansas) agravava-se e subia em escalada nos jornais. Bill e, sobretudo, Hillary eram atacados por todos os lados, todos os dias. A todas as horas. De repente, ninguém com poder e influência em Washington e nos media parecia dizer bem deles.

Chegou a pensar em desistir.

“Olhei para ele [Bob Barnett, advogado dos Clinton] e disse: ‘Estou tão cansada de tudo isto…’ Abanou a cabeça. ‘O presidente foi eleito e tem de aguentar, pelo país e pela sua família. Por pior que isto pareça, tem que continuar’, disse ele. Não estava a dizer-me nada que eu não soubesse, e não era a primeira vez que era avisada de que os meus atos e as minhas palavras podiam reforçar ou minar a presidência de Bill. Queria dizer: ‘Bill foi eleito; eu, não!’ Intelectualmente, compreendia que Bob tinha razão e que eu tinha que apelar a todas as energias que me restassem. Queria tentar. Mas sentia-me muito cansada. E, naquele momento, muito só”, desabafa Hillary em A Minha História.

O que a fez prosseguir? Percebeu que, apesar do som e da fúria constantes e crescentes da alta política americana, nem sempre o ruído dos políticos e dos ‘pundits’ corresponde à avaliação das pessoas ‘reais’.

“Numa manhã gelada entre o natal e o ano novo, Maggie Williams [nda: o ‘anjo da guarda’ de Hillary nos anos na Casa Branca, chefe de gabinete da então Primeira Dama] e eu estávamos a tomar café no nosso local favorito da residência: a Sala de Estar Oeste, em frente de uma janela em forma de leque. Estávamos a falar e a folhear os jornais. A maioria das primeiras páginas era Whitewater a toda a largura. ‘Olhe, olhe para isto!’ – disse Maggie ao entregar-me um exemplar do USA Today. ‘Diz que a senhora e o presidente são as pessoas mais admiradas do mundo’. Não sabia se devia rir ou chorar. Tudo o que podia fazer era esperar que o povo americano mantivesse as suas reservas de imparcialidade e benevolência, enquanto eu lutava para manter as minhas.”

Conseguiu.

“Os direitos humanos são direitos das mulheres e os direitos das mulheres são direitos humanos”

Meses depois, em setembro de 1995, viria a proferir, em Pequim, um dos discursos mais importantes da sua carreira, na Quarta Conferência Mundial sobre a Mulher, em que participa como presidente honorária da delegação dos EUA.

Perante delegados de mais de 180 países, deixa claro que “já não é aceitável discutir os direitos das mulheres separados dos direitos humanos”.

Nem as pressões dos responsáveis chineses nem os conselhos de membros da Administração Clinton, de que seria prudente amenizar críticas a Pequim, demoveram Hillary de colocar o dedo na ferida.

“Em 1995, afirmar, ainda por cima na China, que direitos das mulheres são direitos humanos e direitos humanos são direitos das mulheres era uma sentença radical”, lembrou Bill Clinton, em testemunho de elogio à mulher, na Convenção de Filadélfia.

“É suposto ser difícil… A dificuldade é que faz a grandeza”

Em agosto de 1997, três anos depois da Reforma da Saúde ter sido barrada e quase a ter derrubado pessoalmente, Hillary Clinton tinha a maior vitória política da sua vida até então. O marido, Bill Clinton, assina o SCHIP (State Children’s Health Insurance Program), programa executado pelo Departamento de Saúde norte-americano, com vista a ajudar famílias de baixos rendimentos, mas fora da cobertura do Medicaid e que tenham filhos.

O esforço legislativo teve Hillary Clinton e ainda os então senadores Ted Kennedy (democrata do Massachussets, já falecidos) e Orrin Hatch (republicano do Utah) como principais promotores. O SCHIP surgiu como compensação, em escala reduzida, ao falhanço da Reforma da Saúde tentada por Hillary em 1993-94, abrangendo cerca de oito milhões de crianças.

Tinha valido a pena fazer a escolha difícil de não desistir.

Hillary e Bill esperaram pela reeleição, consumada em novembro de 1996 com facilidade. Estava consumado mais um comeback de dois grandes especialistas em regressos.

A concessão de derrota e o apoio a Barack

7 de junho de 2008. Hillary Clinton desiste oficialmente da corrida à nomeação presidencial democrata, que tinha iniciado com avanço considerado irreversível por quase todos os analistas e estrategas, e suspende a sua campanha, declarando apoio a Obama. Era o fim da disputa mais renhida da história das primárias democráticas.

Em tom emocionado, faz declaração no National Building Museum de Nova Iorque: “Hoje suspendo a minha campanha. Felicitei o senador Obama pela sua vitória. Apoio-o e ofereço todo o meu apoio à sua candidatura. (…) Bem, esta não era exatamente a festa que imaginei, mas gosto da companhia. (…) Podemos ter começado em jornadas separadas, mas hoje os nossos caminhos convergem e rumamos na mesma direção. Hoje, junto-me ao senador Obama e digo: ‘Yes We Can!’”.

Apoiar Barack tão pouco tempo depois de uma batalha tão dura e intensa entre os dois poderia parecer uma escolha difícil. Mas voltou a ser um daqueles momentos que se revelariam frutuosos a médio prazo na vida de Hillary.

Em novembro de 2008, poucos dias depois da histórica eleição de Barack Obama para 44.º Presidente dos EUA, chegaria um convite.

Em 2008, durante um debate, quando Obama e Hillary eram adversários nas primárias do Partido Democrata

Ben Sklar/Getty Images

Ela relata, em A Minha História, o primeiro encontro que teve com o presidente-eleito: “Ele aparentava estar mais descontraído e descansado do que nos últimos meses. (…) Tal como mais tarde o vi fazer com frequência, foi diretamente ao assunto sem qualquer preâmbulo, e convidou-me para a ser a sua secretária de Estado. Disse-me que já há algum tempo que estava a pensar em mim para o cargo e que estava convencido de que eu era a melhor pessoa – que poderia ocupar essa função naquele momento, com os desafios que a América enfrentava a nível interno e no estrangeiro”.

“Apesar de todos os sussurros, boatos e perguntas diretas, fiquei estupefacta”, confessa Hillary. “Apenas alguns meses antes, Barack Obama e eu fôramos adversários numa das mais duras campanhas para eleições primárias da história. Agora estava a convidar-me para integrar a sua Administração, no mais importante cargo do Gabinete Presidencial, no quarto lugar da linha de sucessão à presidência.”

“O presidente eleito Obama desenvolveu uma argumentação bem refletida, explicando que teria de dedicar a maior parte do seu tempo e atenção à crise económica e precisava de alguém com prestígio para o representar no estrangeiro. Escutei com atenção e em seguida declinei respeitosamente a oferta. Claro que me sentia honrada com o convite. Eu tinha um interesse profundo pela política externa e acreditava que esta era fundamental para recuperar o nosso abalado prestígio no mundo.”

Mas as primeiras respostas de Hillary a Barack foram negativas: “De forma astuciosa, o presidente eleito desviou a conversa do convite para o cargo, falando em vez disso do próprio cargo. (…) No entanto, a minha resposta continuou a ser negativa. Mais uma vez, o presidente eleito recusou-se a aceitar isso. ‘Quero que mude para sim’, disse-me. ‘É a melhor pessoa para o cargo’. Não aceitava um não como resposta, e isso impressionou-me”.

“Quanto mais pensava na questão”, admite Hillary, “mais percebia que o presidente eleito tinha razão. O país estava numa situação difícil, tanto internamente como no estrangeiro. Precisava de um secretário de Estado que pudesse intervir de imediato a nível mundial e começasse a reparar os estragos que tínhamos herdado”.

“Finalmente, chegava recorrentemente a uma ideia simples: quando o nosso presidente nos pede que façamos algo, devemos responder afirmativamente.”

Estava, finalmente, feita a reversão: Hillary tinha voltado a acertar numa escolha difícil.

“Ainda não tínhamos desenvolvido a relação próxima que teríamos mais tarde, mas senti-me comovida quando ele afirmou: ‘Ao contrário do que dizem, penso que nos podemos tornar bons amigos’. Esse comentário permaneceu vivo na minha memória nos anos que se seguiram. (…) A 20 de janeiro, com um frio cortante, assisti com o meu marido ao juramento presidencial de Barack Obama. A nossa rivalidade, que fora intensa, terminara. Agora éramos parceiros”, relata Hillary no livro A Minha História.

O perdão, sim, é uma escolha difícil

“O perdão é uma escolha difícil. É galvanizante e libertador atingir um momento na nossa vida em que nos sentimos capazes de perdoar. Toda a gente sente que já foi ofendida e quase toda a gente ofendeu outra pessoa, mesmo que não intencionalmente… Eu sinto-me inspirada pelo exemplo de Nelson Mandela, que liderou um país para um novo futuro através do exemplo do perdão e da reconciliação. Isso não significa que se esquece – a sua verdade e a sua reconciliação. Temos que ser honestos, enfrentar a verdade, seja qual for a nossa situação a nível pessoal ou nacional.”

Terá sido a escolha mais difícil da vida de Hillary Rodham Clinton. Foi, pelo menos, a mais conhecida. A mais controversa. A mais desconfortável.

Monica Lewsinsky e Bill Clinton

Getty Images

Uma infidelidade de Bill Clinton não seria, para Hillary, uma novidade absoluta. Mas o caso Monica Lewinsky, ocorrido já na fase final da presidência de Bill, foi, isso sim, o teste absoluto. Hillary, uma mulher brilhante que viveu toda a sua vida com base no mérito próprio, optou por ficar do lado do marido-Presidente, mesmo fazendo a figura da mulher enganada.

“Segui em frente. E isso não significa que eu seja fria nem que tenha sido fácil. Eu acho que [Monica Lewinsky] é alguém que tem que expressar os seus sentimentos. Não posso caracterizá-la, não seria correto. Dou graças por ter feito as escolhas que fiz, de ir em frente e depois disso tive uma extraordinária série de oportunidades e experiências de que estou muito grata.”

https://youtube.com/watch?v=xQ2DW4seyUs

Por que ficou com ele?

“Sinto que sempre tivemos uma relação forte. Isso não significa que não nos tenhamos dececionado um ao outro ou ficado aquém do esperado de alguma forma, porque é claro que cada um tem a sua vida diária. Há coisas que fazemos ou que não conseguimos fazer. Eu sinto-me privilegiada por ter um parceiro na vida que me apoia, que se entusiasma com o que quero fazer, que tem sido um ótimo pai e que vai ser um avô fabuloso. Sinto que tenho muita sorte.”

Meses depois de Bill ter sido absolvido, no Congresso, do risco de destituição por impeachment, Hillary avançava para o Senado, a sua primeira vitória política sem depender do marido.

Os americanos não amam Hillary Clinton. Mas sabem que têm nela uma mulher capaz de fazer escolhas difíceis. Talvez seja um bom princípio.

* Germano Almeida é autor de “HILLARY CLINTON – Nunca é Tarde para Ganhar”; algumas das histórias contadas neste texto estão desenvolvidas no livro publicado no início de novembro de 2016

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