789kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

i

Getty Images

Getty Images

Jerry Seinfeld. O empregado de mesa que chegou a rei do humor

"Seinfeld", a série que "nunca foi sobre nada", fez do comediante uma referência. É com esse título que regressa, agora ao Netflix, com novos especiais de stand up. Recordamos a história de Jerry.

Passaram 19 anos desde aquele último episódio que, a 14 de maio de 1998, bateu recordes ainda hoje por quebrar, colando 76,3 milhões de norte-americanos à televisão. E enquanto houver quem se lembre de Kramer quando o chuveiro perde a pressão e o cabelo fica lambido; quem encomende sempre o almoço com jeitinho, não vá o empregado armar-se em nazi das sopas e dizer que não há comida; e quem diga àquela amiga com uns moves estranhos na pista que está a dançar à Elaine (“Sweet fancy moses!“); é como se Seinfeld tivesse acabado há apenas 19 minutos. Ou 19 dias, vá.

[O trailer do novo “Jerry Before Seinfeld”:]

Por muito que não pareça, a verdade é que foi já há 28 (vinte e oito!) anos que a quinta série mais famosa do mundo (para a Rolling Stone, que o que não falta é quem a ponha no primeiro lugar no top) se estreou na NBC para se prolongar ao longo de nove temporadas e revolucionar a televisão e o humor em todo o mundo. Se não continuasse atual, a plataforma de streaming Hulu não teria recentemente pago 160 milhões de dólares para poder exibir os seus 180 episódios. Nem teria a Netflix desembolsado 60 milhões por uma série de 24 novos episódios de Comedians in Cars Getting Coffee, o programa para a Internet que tem ocupado Jerry Seinfeld, hoje com 63, nos últimos cinco anos (até Barack Obama, apesar de não ser humorista, aceitou bebericar café e passear de carro), mais dois especiais de stand-up.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O primeiro, Jerry antes de Seinfeld, estreia esta terça-feira, dia 19. O facto de a Internet mal conseguir esperar por ele prova que o Rei do Humor continua a ser Jerry Seinfeld, the first, inventor do yada yada yada e devorador compulsivo de cereais. Independentemente de, em 2016 e pela primeira vez numa década, ter sido destronado por Kevin Hart do primeiro lugar da lista Forbes dos humoristas mais bem pagos, com uma diferença de 30 milhões de dólares.

Hart 1 (ou melhor, 87,5 — milhões de dólares), Seinfeld 0 (43,5, para sermos corretos). Resta saber quantos, daqui a 30 anos, se lembrarão das piadas de blockbusters como Faz-te Homem, O Amigo do Peito ou Polícias em Grandes Apuros.

Nascido a 29 de abril de 1954, em Brooklyn, Jerome Allen Seinfeld foi levado com apenas um ano para o subúrbio do subúrbio — Massapequa, Long Island –, onde cresceu, irmão mais novo de Carolyn, filho de Betty, uma doméstica que a espaços aceitava trabalhos de costura, e de Kal, um vendedor bem-humorado que a certa altura decidiu trabalhar por conta própria e se lançou no negócio dos letreiros pintados, em fachadas de lojas e camiões.

Enquanto crescia, primeiro em frente à televisão (já aí os humoristas o encantavam, disse em inúmeras entrevistas ao longo das últimas três décadas), depois na loja do pai, a atender telefones e a varrer o chão, Jerry só acalentava um sonho. E não era ser comediante: “Queria uma vida melhor, uma vida mais interessante. Era isso que me movia”.

Seinfeld vai voltar para dois especiais de stand-up

Quando saiu de casa dos pais e se mudou para a Universidade de Queens, em Nova Iorque, para tirar teatro e comunicação, achava que talvez pudesse vir a ser colunista de uma revista de carros. Em vez disso, acabou a colecioná-los, com uma propensão especial para os Porsches — chegou a ter 46, mas entretanto leiloou alguns (ao todo desfez-se de 17, sobretudo Porsche e Volkswagen, por pouco mais de 22 milhões de dólares) e as contas tornaram-se mais difíceis de fazer.

Quando foi para a universidade, Jerry Seinfeld achou que podia ser colunista de uma revista sobre carros

Getty Images for Audi

Claro que não foi logo. Aliás, de um ponto ao outro ainda demorou um bom bocado. Demasiado, na sua opinião de pós-adolescente, que começou a atuar em clubes de comédia em 1976, depois de sair da universidade, e “só” chegou à televisão em 1981, aos 29: “Na altura pensava, ‘Estou a fazer isto há QUATRO anos, por que raio não estou ainda na televisão?!’ Era tão estúpido, quando és novo és tão burro… Quatro anos em comédia são o mesmo do que a primeira semana num trabalho novo. No final da semana já sabes fazer o trabalho, mas ainda não és bom nele”, admitiria em 2016 ao Hollywood Reporter.

Empregado de mesa e humorista

Na universidade, Jerry Seinfeld enturmou-se com um grupo de nova-iorquinos fanáticos por stand-up comedy (como qualquer nova-iorquino que se preze, garante o próprio) e começou, com eles, a fazer o percurso dos clubes. Até assentarem no Catch a Rising Star, aberto desde dezembro de 1972 no Upper East Side, correram todos os clubes de comédia de Manhattan e arredores. A ver. Sempre só a ver: “Tinha o sonho secreto de fazer aquilo, mas nunca iria assumi-lo. Depois um dia um dos meus amigo disse-me, ‘Sabes, acho que, de todos nós, provavelmente tu serias o único que era capaz de conseguir se tentasse’. Acho que estava à espera de ouvir aquilo desde sempre, passei a infância inteira a querer ouvir aquilo. Assim que soube que alguém achava que eu realmente seria capaz, todas as peças se juntaram”, contou na mesma entrevista.

Daí a até estar a atuar no The Tonight Show, de Johnny Carson — “a única coisa que poderia legitimar alguém como verdadeiro comediante naquela altura” — passaria uma meia dúzia de anos, com uma tese de licenciatura sobre stand-up comedy (a valer 12 créditos) e muitos empregos horríveis pelo meio.

[a estreia no Tonight Shpw de Johnny Carson:]

“Foi consciente. Teres um precipício atrás das costas é a melhor maneira que há para se conseguir alcançar alguma coisa. Nunca se deve ter um sítio para o qual cair”, explicou em 1991 à Entertainment Weekly. De dia, Jerry Seinfeld vendia jóias contrafeitas nos passeios de Nova Iorque, impingia lâmpadas pelo telefone ou servia às mesas — e tudo isso lhe dava mais força para, durante a noite, fazer rir nos clubes de comédia da cidade.

“O momento mais excitante de toda a minha carreira foi quando entreguei o meu avental de empregado de mesa. Para mim, isso foi conseguir, vencer na vida. Era embaraçoso, atuava todas as noites em clubes. Imaginava o que seria dirigir-me a uma mesa e as pessoas perguntarem, ‘Desculpe, não o vi no palco ontem à noite? Que raio de espetáculo manhoso era aquele? Vamos a um espetáculo e no dia seguinte, ao almoço, o empregado é o humorista? Cobraram-nos 5 dólares para entrarmos naquele sítio. Era de esperar que fôssemos ver profissionais.’ Dizia-lhes o quê? ‘Peço desculpa, vou tentar trazer-lhes umas batatas fritas por conta da casa?’.”

Foi já nos tempos em que fazia aparições regulares no programa de Johnny Carson mas ainda antes de se mudar para Los Angeles, para ver se arranjava mais trabalho televisionável, que Jerry Seinfeld conheceu Larry David. Ambos faziam o mesmo circuito dos clubes de comédia, ambos tinham o mesmo tipo de humor peculiar e eram capazes de estar durante horas a fazer piadas sobre aquilo que os rodeava.

Quando começou a fazer stand-up, primeiro no Catch a Rising Star, depois no Comic Strip, mais ou menos na mesma zona, umas ruas mais acima, tinha apenas 22 anos mas já era um tipo conservador. Não subia ao palco de fato Armani como agora, mas vestia-se com sobriedade e, sobretudo, atuava com sobriedade: nada de asneiras, nada de sexo, nada de política. Porquê, perguntou-lhe o jornalista do Hollywood Reporter durante a entrevista supracitada. “É assim que sou. É a mesma coisa que perguntares a alguém porque é que a sua personalidade é como é”, respondeu Jerry Seinfeld, internacionalmente conhecido e aclamado pelo seu “humor observacional sobre coisas pequenas”. Não confundir, por favor, com a definição chapa 5 habitualmente usada para descrever a série homónima.

[A primeira vez de Seinfeld na televisão nacional americana:]

Garante o próprio, “Seinfeld” nunca foi suposto ser uma “série sobre nada”: “Isso é um disparate. Foi inventado pela imprensa. O programa era um instantâneo do que era ser um humorista em Nova Iorque antes da viragem do século”. “Jerry”, o programa de comédia que Jerry Seinfeld fazia dentro da série “Seinfeld”, explicou o humorista em entrevista, é que foi descrito assim. 28 anos depois, está reposta a verdade. Não que a confusão não seja compreensível.

O programa que afinal nunca foi “sobre nada”

Foi já nos tempos em que fazia aparições regulares no programa de Johnny Carson mas ainda antes de se mudar para Los Angeles, para ver se arranjava mais trabalho televisionável, que Jerry Seinfeld conheceu Larry David. Ambos faziam o mesmo circuito dos clubes de comédia, ambos tinham o mesmo tipo de humor peculiar e eram capazes de estar durante horas a fazer piadas sobre aquilo que os rodeava. Ficaram amigos. Quando, anos mais tarde, o agente de Seinfeld tomou a liberdade de enviar uma carta ao presidente da NBC, pedindo uma reunião para apresentar a ideia que o humorista tinha para uma série em nome próprio, foi a David que Jerry recorreu — porque na verdade não existia ainda qualquer ideia.

Michael "Kramer" Richards, Jerry Seinfeld, Julia "Elaine" Louis-Deyfus e Jason "George" Alexander, em 1993

AFP/Getty Images

Encontraram-se em frente ao Catch a Rising Star, num deli coreano, encomendaram comida e fizeram o mesmo de sempre: piadas sobre tudo e todos. O momento eureka terá sido de Larry David: “De repente ele disse-me, ‘Devias fazer um programa tipo isto’. E eu disse-lhe, ‘Olha, isso era giro. Vamos fazer um programa estilo isto. Dois comediantes. Nada para fazer. Entrar e sair de sítios em Nova Iorque. Falar sobre cenas.’ E foi isso”, contaria Jerry Seinfeld, anos mais tarde.

Antes de “Seinfeld”, o humorista já tinha tido uma experiência na televisão, mas não na NBC. Apesar de ter colaborado com o The Tonight Show durante 9 anos, nunca recebeu qualquer convite da estação para participar noutro tipo de projetos, garantiu várias vezes em entrevistas — “Nunca tiveram interesse nenhum em fazer nada comigo. Nunca me ligaram. Nunca!”.

Tudo o que sei desta vida aprendi com “Seinfeld”

Foi na ABC que conseguiu um papel, na série “Benson”, protagonizada por Robert Guillaume entre 1979 e 1986. Correu tão bem que foi despedido ao fim de apenas 3 episódios: “Ninguém se preocupou sequer em avisar-me de que tinha sido despedido. Um dia apareci, sentei-me à mesa e perguntei pelo meu guião, como de costume. Chamaram-me à parte: ‘Já não estás na série’. Tive uma reação psicológica muito violenta ao facto de o meu destino ser controlado por outra pessoa qualquer, isso incomodou-me profundamente, pessoas a decidir o meu futuro. Resolvi que nunca iria voltar a passar pelo mesmo”, revelou anos mais tarde.

Em 1998, Jerry decidiu acabar com a série "Seinfeld": "Era muita pressão. Provavelmente, se o programa não se tivesse tornado tão popular, teria feito mais umas quantas temporadas. Não o fiz porque senti a responsabilidade de não defraudar o público no final."

Não passou. Não com dois personagens, como inicialmente pensara com Larry David, mas com quatro, Jerry Seinfeld tratou de fazer a sua própria série, com o seu próprio nome, e de ter sucesso com ela. Ao lado de Julia Louis-Dreyfus, Jason Alexander e Michael Richards — os eternos Elaine, George e Kramer — escreveu, produziu e protagonizou um dos programas mais vistos de sempre em todo o mundo. E ganhou 10 Emmy e 3 Globos de Ouro com ele.

O sucesso, ainda assim, não foi instantâneo e durante as primeiras quatro temporadas Seinfeld nem teve grandes audiências: “Estava a fazer o programa e tinha uma fantasia, ‘Gostava de saber como será fazer uma série popular’. Nem imaginava como é que isso seria, achava que devia ser bem divertido”, recordou recentemente. Só quando a NBC resolveu passar a série das noites de quarta-feira para as de quinta, mesmo a seguir ao mítico “Cheers, Aquele Bar”, é que a série estoirou.

[a primeira cena de “Seinfeld”:]

Paradoxalmente, foi graças a esse mesmo sucesso que Jerry Seinfeld, já a solo (Larry David abandonou a produção do programa após a sétima temporada, para só voltar no último episódio da nona), resolveu, em 1998, que estava na hora de acabar. “Era muita pressão. Provavelmente, se o programa não se tivesse tornado tão popular, teria feito mais umas quantas temporadas. Não o fiz porque senti a responsabilidade de não defraudar o público no final.”

Universidades? Não o convidem

Ao longo dos 9 anos de “Seinfeld” (ou dos últimos cinco, vá), Jerry e companhia tocaram o céu. Só na Rolling Stone foram por três vezes capa, o grupo todo em duas ocasiões — uma mascarados à la Feiticeiro de Oz, outra numa perturbadora produção cheia de cabedal preto e camisolas de rede –; o “Rei da Comédia em Horário Nobre” sozinho e vestido à Elvis noutra, de setembro de 1994.

Foram os tempos em que a imprensa da especialidade perdia a conta às namoradas de Jerry Seinfeld, descrito por Larry Charles, também produtor da série, em entrevista em 1993 à Rolling Stone, como “o partido perfeito”. “Ele é um bom rapaz judeu, satisfeito com aquilo que tem. Não está com pressa nem desesperado; é como aquele lago plácido cuja superfície nunca se parte. Em palco ou fora dele, nunca está em personagem — é simplesmente ele próprio.”

O formato de "Comedians in Cars Getting Coffee", com que também já arrecadou um Emmy, tem-lhe valido uma série de críticas: os seus convidados são demasiado brancos e demasiado homens, dizem os detratores. Ele não só chuta para canto -- "Não tenho qualquer interesse nas questões de género nem de raça, nem nada do género", disse em 2015 à ESPN Radio --, como avisa: "O politicamente correto está a destruir o humor".

Foi o que continuou a ser depois de “Seinfeld” acabar. Primeiro, ficou sentado a gozar a fama e a fortuna — de vez em quando lá se levantava, mas para jogar bilhar, não para aceitar convites para filmes ou projetos que não lhe diziam nada. Depois casou, com Jessica, 7 anos mais nova, e com quem entretanto teve três filhos — Sascha, 16 anos, Julian, 14, e Shepherd, 12. A seguir, inspirado por Chris Rock, resolveu regressar ao stand-up e aos clubes de comédia e andou em digressão pelos Estados Unidos.

Em 2002 lançou um documentário, Comedian, a dar conta disso mesmo. Em 2007 estreou o filme de animação Bee Movie — A História de uma Abelha. Entre 2010 e 2011 esteve a fazer The Marriage Ref, um estrondoso fracasso que, garante, o inspirou para logo a seguir, em julho de 2012, se lançar no Comedians in Cars Getting Coffee, atualmente na nona temporada.

Jerry e Jessica casaram em 1999 e têm três filhos

Getty Images

O formato, com que também já arrecadou um Emmy, tem-lhe valido uma série de críticas: os seus convidados são demasiado brancos e demasiado homens, dizem os detratores. Ele não só chuta para canto — “Não tenho qualquer interesse nas questões de género nem de raça, nem nada do género”, disse em 2015 à ESPN Radio –, como avisa: “O politicamente correto está a destruir o humor“.

Por isso mesmo, garante, não faz espetáculos de stand-up em universidades nem para públicos demasiado jovens: “A minha filha tem 14 anos. A minha mulher diz-lhe, ‘Daqui a uns anos acho que vais passar a querer andar mais pela cidade nos fins de semana, por causa dos rapazes’. Sabes o que é que a minha filha lhe responde? ‘Isso é sexista.’ Eles só querem usar este tipo de palavras. ‘Isso é racismo. Isso é sexismo. Isso é preconceito.’ Não sabem de que piiiiiiiii [é a rádio norte-americana, palavrões estão interditos] estão a falar”.

Se convivesse mais com jovens, talvez tivesse evitado o embaraço por que passou em junho deste ano, na passadeira vermelha de um evento em que compareceu. Estava a ser entrevistado, muito bem composto no seu fato e gravata, quando, de repente, lhe saltou uma loira platinada meio histérica para a frente:

— “Adoro-te tanto! Posso dar-te um abraço?”

— “Não, obrigado.”

— “Por favor… um pequenino?”

— “Não, obrigado!”

Só depois de a rapariga se ter ido embora é que lhe explicaram: também ela era famosa, uma cantora famosa, chamada Kesha. “Tenho 63 anos, não conheço todas as estrelas da pop! Não conheço toda a gente!”, justificou-se mais tarde à Esquire.

Assine por 19,74€

Não é só para chegar ao fim deste artigo:

  • Leitura sem limites, em qualquer dispositivo
  • Menos publicidade
  • Desconto na Academia Observador
  • Desconto na revista best-of
  • Newsletter exclusiva
  • Conversas com jornalistas exclusivas
  • Oferta de artigos
  • Participação nos comentários

Apoie agora o jornalismo independente

Ver planos

Oferta limitada

Apoio ao cliente | Já é assinante? Faça logout e inicie sessão na conta com a qual tem uma assinatura

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.

Assine por 19,74€

Apoie o jornalismo independente

Assinar agora