A Mercedes apostou tudo no EQS, o seu primeiro modelo a bateria que, segundo a marca, recorre a uma plataforma concebida especificamente para veículos eléctricos, pese embora seja produzido na mesma fábrica de onde sai o Classe S com motores de combustão. E a realidade é que o construtor alemão conseguiu surpreender ao anunciar uma autonomia de até 785 km para o seu topo de gama eléctrico. Este valor foi homologado de acordo com os critérios do WLTP, protocolo europeu para medição de consumos e de emissões, para a versão 450+, equipada apenas com um motor eléctrico de 333 cv no eixo posterior. Sucede que agora a berlina topo de gama germânica passou pelo crivo da Agência de Protecção Ambiental norte-americana (EPA) e, como seria de esperar, o alcance entre recargas caiu (e muito) para 563 km. De recordar que a grande diferença entre o método europeu e o americano, é que enquanto o primeiro é calculado sobre rolos, em laboratório e pelos construtores do próprio veículo, o segundo é determinado em condições reais de utilização, num veículo entregue aos técnicos da EPA, que realizam uma análise independente.

O que surpreende, neste caso, é a severidade do corte, pois sabendo-se de antemão que os critérios da EPA são menos permissivos do que o WLTP e, como tal, mais próximos da realidade de utilização, já era de esperar que a autonomia do EQS 450+ sofresse uma redução. Mas não desta grandeza: é 28% menos do que o valor homologado em WLTP. Até a autonomia do Porsche Taycan não “encolheu” tanto de um lado para o outro do Atlântico, dado que a versão que vai mais longe entre recargas (apenas um motor e bateria de 93,4 kWh) anuncia 486 km em WLTP, em EPA baixa para 362 km (menos 26%).

Já o EQS 580 4Matic, a versão mais potente (523 cv e quatro rodas motrizes) vê também o alcance baixar, mas não tanto. No método europeu, esta variante anuncia uma autonomia de 668 km mas em EPA certifica 547 km (menos 18%).

Face a estes resultados e apesar de recorrer a “truques” como montar apenas um motor no eixo traseiro e uma bateria com uns generosos 107,8 kWh de capacidade útil, a berlina topo de gama alemã fica para trás, em autonomia, contra os campeões Lucid Air e Tesla Model S Long Range que, para cúmulo, são mais potentes, oferecem tracção integral e uma velocidade máxima bem acima dos 210 km/h do EQS 450+. Com jantes de 19 polegadas, o Air Dream Edition consegue em EPA 520 milhas entre recargas (837 km), enquanto o Model S Long Range percorre 405 milhas (652 km). Até o Plaid, com os seus 1020 cv, estima homologar em EPA 396 milhas (637 km) com jantes de 19”.

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Confira abaixo as diferenças entre os eléctricos mais avançados do mercado, no que toca à tracção, rapidez, velocidade máxima e autonomia EPA.