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Os empresários que querem agradar aos políticos

Empresários e responsáveis da banca são quem mais financia presidenciais. Alguns são doadores habituais. Cavaco Silva foi quem mais recebeu, Alegre ficou com dívida acumulada. Saiba quem são.

Foi quase um milhão e meio de euros em donativos, feitos por quase 200 pessoas. Entre os maiores benfeitores para a campanha presidencial de Cavaco Silva em 2011 encontram-se muitos dos principais empresários portugueses, mas também nomes estrangeiros. Numa campanha com fim traçado, o candidato perdedor, Manuel Alegre, quase não recebeu donativos e viu a dívida chegar a quase meio milhão de euros. Já Fernando Nobre, o candidato-surpresa, foi principalmente financiado pela família.

No fim de 2010 e início de 2011, o país já vivia mergulhado numa grave crise económica e financeira. A troika ainda não tinha chegado, mas a sombra de fim de Governo já pairava numa campanha presidencial marcada por casos e pela diferença esmagadora nas sondagens entre os candidatos. E a diferença foi também visível nos donativos. Cavaco Silva recebeu na última campanha eleitoral quase um milhão e meio de euros, menos cerca de 600 mil euros do que em 2006, Alegre recebeu apenas 159 mil euros e Nobre 211 mil euros. E quem deu mais?

No total, houve 43 pessoas que deram mais de 20 mil euros individualmente a Cavaco Silva e 29 pessoas que deram mesmo o máximo permitido por lei: 25.560 euros.

No topo estão nomes de banqueiros e administradores do Grupo Espírito Santo e o empresário José Guilherme e a família, como o Observador noticiou esta quarta-feira, mas também nomes de algumas das principais famílias de negócios.

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Família Mota

A família dona da Mota-Engil é uma das principais financiadoras de campanhas eleitorais. E não foi exceção à regra nas presidenciais de 2011. No total, quatro membros da família doaram 49.560 euros. António Manuel Vasconcelos da Mota, Maria Manuela Queirós Mota, Maria Teresa Mota Neves Costa e Maria Paula Mota Meireles são financiadores habituais nas campanhas eleitorais ao longo dos anos. Nas campanhas para as legislativas entre 2004, 2005, 2008 e 2008, a família (aí mais membros doaram) distribuiu cerca de 95 mil euros pelos principais partidos do arco do poder: PS, PSD e CDS.

Desta vez, em 2011, quando era o Palácio de Belém que estava na mira, a família foi apenas generosa com Cavaco Silva. Já em 2006, com Mário Soares na corrida, o cenário tinha sido idêntico.

Família Mota, dona da Mota-Engil, tem sido financiadora habitual nas várias campanhas eleitorais ao longo dos anos.

Não foram, no entanto, os únicos a fazer contribuições repetidas. O empresário Adalberto Neiva Oliveira, do grupo Cabelte, foi também um dos principais financiadores das legislativas e agora de Cavaco Silva (deu 25.560 euros). Quem também doou o máximo ao atual Presidente da República foi António da Silva Rodrigues, da Simoldes, outro dos grandes contribuidores para os partidos em campanhas legislativas e contas anuais. O empresário da Trivalor, João Crisóstomo Silva, também já é habitual: deu o máximo a Cavaco Silva e já tinha dado 30 mil euros tanto ao PS como ao PSD, mas em anos diferentes. Também António Barroca Rodrigues, o homem forte do Grupo Lena, que já tinha dispensado dinheiro nas legislativas, doou 20 mil euros ao Presidente.

Família Champalimaud

Foram três os membros da família Champalimaud a doar e logo o máximo permitido por lei. Luís Melo Champalimaud, o empresário da Cimentos Liz, e a mulher, Andrea Dahmer Baginski Champalimaud, deram cada um 25.560 euros. O mesmo dado por Maria Luísa Mello Champalimaud. No total, a família contribuiu para as contas de Cavaco Silva com 76.680 euros.

O último patrão de Passos

Conhecido por ter sido o último patrão do primeiro-ministro, o empresário Ilídio Pinho não fica atrás nos contributos para as eleições presidenciais. Mas não ficou só. Além dele, mais três membros da família – e empresários ligados à Arsopi – doaram dinheiro, e doaram o máximo (25.560 euros cada) nas presidenciais a Cavaco Silva. António, Armindo e Armando Costa Leite Pinho foram os três benfeitores.

O homem mais rico de Portugal, Américo Amorim, deu 25.550 à campanha de Cavaco.

O trio: Amorim, Belmiro e Balsemão

Foram vários os empresários mais conhecidos a ajudar na reeleição do Presidente da República. Américo Amorim, o homem mais rico de Portugal, abdicou de 25.550 euros da sua fortuna para dar a Cavaco Silva. Belmiro de Azevedo, o dono da Sonae (que detém a cadeia de supermercados Continente), contribuiu com 15 mil euros. Francisco Pinto Balsemão, o único empresário/político desta lista – fundador do PSD que veio a ser liderado por Cavaco – foi o mais modesto nas contribuições: deu mil euros.

Na lista dos empresários mais conhecidos, constam ainda os nomes de Nuno Vasconcellos e de Rafael Mora, da Ongoing. Os dois deram à campanha do Presidente da República o valor máximo permitido por lei: 25.560 euros cada.

A campanha de reeleição de Cavaco Silva foi sobretudo financiada por empresários e por responsáveis da banca, à semelhança do que já tinha acontecido em 2006. Além dos responsáveis do Grupo Espírito Santo, como Ricardo Salgado, Morais Pires, António Roquette Ricciardi, pai de José Maria Ricciardi, e José Guilherme (o empresário que ofereceu uma prenda de 14 milhões de euros a Ricardo Salgado que está debaixo dos holofotes da justiça) e da família, figuram ainda na linha dos responsáveis da banca que doaram dinheiro Fernando Ulrich, líder do BPI (5 mil euros), Abdool Vakil, ex-administrador do BPN (5 mil euros) e Jardim Gonçalves, ex-banqueiro do BCP (2 mil euros).

Manuel Alegre foi o candidato que recebeu menos donativos. Valor mais elevado foi de 4.200 euros.

De Portugal, mas com sotaque

Muitos dos nomes que financiaram a campanha de Cavaco em 2011 dizem respeito a empresários estrangeiros, nomeadamente chineses e de origem árabe. O maior financiador foi a família Ho, que detém o casino Estoril, com Stanley Ho a contribuir com 25.500 euros e a filha Pansy a fazer donativo semelhante: 22.500 euros.

Mas não só. Jasem Haji Mohamed Albaker, da MarCascais, concessionária da marina de Cascais, também contribuiu com um total de 15 mil euros na campanha presidencial que reelegeu Cavaco Silva, e Momade Bachir Remtula deu 10 mil.

Fernando Nobre recebeu 211 mil euros em donativos em 2011.

FRANCISCO LEONG

Outro nome bastante conhecido no meio dos gestores portugueses que também financiou a campanha cavaquista foi Abdool Magid Vakil, ex-BPN, que também passou pelo Banco de Portugal e pelo Ministério das Finanças. Deu 5 mil euros. A mesma quantia deu Jan Hin Choi, Salim Issa e também Sikander Sattar, presidente da KPMG Portugal que recentemente esteve debaixo de fogo numa auditoria externa ao BES.

Com quantias mais baixas, destacam-se ainda benfeitores como Jaime Ayash (Tempus International) e Kantilal Jamnadas (administrador da Dan Cake), que deram a Cavaco 2.500 euros cada, assim como Ajay Kumar Suryakant Adhya e Diane Lancastre Houssemayne Boulay Villax (Hovione Farmaciência) e Hayder Muwaffaq Kamil Al Khodairi, que contribuíram com mil euros cada.

Alegre recebeu menos do que Fernando Nobre

Contrastando com a elevada contribuição dada à campanha de Cavaco Silva, cuja reeleição era dada por garantida, as campanhas de Manuel Alegre e de Fernando Nobre não tiveram tantos benfeitores.

Manuel Alegre recebeu contributos bem mais modestos. O valor mais elevado foi de 4.200 euros, dado por José Cardoso, sendo que a maior parte dos donativos foram de valor igual ou inferior a mil euros. No total, amealhou 159 mil euros distribuídos por 249 donativos. Dessa campanha Manuel Alegre não traz boas memórias no que a contas diz respeito. É que acumulou uma dívida de quase meio milhão de euros, que está a liquidar, em função de ter recebido uma subvenção estatal de valor inferior ao que tinha previsto.

Campanha de Manuel Alegre foi a que recebeu menos donativos. E acumulou dívida avolumada.

MIGUEL RIOPA/AFP/Getty Images

Já a campanha de Fernando Nobre foi financiada em cerca de 211 mil euros, mais do que Manuel Alegre. A maior parte dos donativos, no entanto, veio da própria família, e até do próprio Fernando Nobre, que contribuiu com 12 mil euros para a sua campanha. Mas quem deu mais foi a esposa, Maria Luísa Ferreira Silva, que financiou com 24 mil euros, e a filha Maria Leonor La Vieter Ribeiro Nobre, que deu 17 mil.

Rui Nabeiro, o homem forte da Delta, foi outro dos maiores financiadores da campanha do presidente da AMI. Socialista e soarista assumido preferiu dar dinheiro ao candidato independente do que ao candidato apoiado pelo seu partido, Alegre. Deu 20 mil euros a Nobre. Antes, em 2004, já tinha financiado a primeira campanha de José Sócrates, com um total de 22.645 euros.

Já o candidato apoiado pelo PCP, Francisco Lopes, não registou donativos.

O Observador contactou a Presidência da República, que recusou comentar a prestação de contas das eleições presidenciais.

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