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Os meninos do cafifa têm sonhos de papel

Vivem na favela, lado a lado com tiros, droga e crime. Estão a fugir da 'boca' do lobo. O More Project ensina-lhes o outro lado da vida. Estes garotos cantaram na cerimónia de encerramento dos JO.

— O meu sonho é trabalhar com música
— O meu sonho é ser cafifeiro e fuzileiro naval
— Sonho? Quem sonha ‘tá dormindo. Eu quero ser bombeiro. E cantor. Imagina poder salvar uma pessoa e começar a cantar…

Cara, vamo aí agora, okay?”, começava a trilogia dos telefonemas. Sérgio Ponce, criador do More Project, em Niterói, faz a ponte para a favela que vamos visitar, a Vila Ipiranga. Sérgio tem amigos em Portugal, adora espetada de choco, especialmente cozinhada na Boca do Inferno, em Cascais. “É agora, ‘tá?”, volta a investir pelo celular. Ponce seguiu as pisadas da mãe, o trabalho social é uma missão. Em miúdo, por revolta contra o pai, um policia que fez algo que ele não apreciou, tomou o caminho errado. É por isso que agora vive para tirar garotos da favela, dos bairros difíceis, onde escorre sangue pelas paredes. Fala alto, tem energia para ligar o mundo inteiro e acaba qualquer conversa com um aperto de mão: “Estamos fechados?”

Depois do derradeiro telefonema, lá avançámos. A entrada de Vila Ipiranga faz-se por caminhos estreitos. É como imaginamos, com muita lata, tijolo e entulho. Muitos grafitti e mensagens na parede, assinaturas, desenhos. Há pó, maquinas e objetos atoladas. As unhas ganham cor. Há vaivém constante. Há um grupo grande na entrada, tranquilo. À medida que caminhamos, uma ou outra pessoa junta-se. Parece quase uma intervenção. Há um buraco gigante na entrada, causa alguma estranheza. Intriga. Não deve ser difícil arranjarem aquilo.

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Sérgio Ponce e Celso

Os meninos que passam vão abraçando Sérgio e Celso, uma espécie de faz-tudo, leal como o sal à água do mar. “Se você não me vem abraçar, eu vou atrás de você!”, dizem-no mil vezes. O contacto é constante. Abraçam, esmagam, apertam. Talvez por saberem que, em muitos casos, o amor não sobra.

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Uma senhora aproxima-se e cola-se a Sérgio, misturam-se as peles branca e preta. Estão a combinar algo, parece uma obra. Ela vai sorrindo, mas sente-se a léguas que a vida não foi simpática. Quase sentimos o seu peso nos ombros. O martelar de um homem que está a desconstruir peças atrapalha a conversa. Depois fala-se de futebol. “Ele era jogador, hein!” Celso e Sérgio estão sempre a pensar em inovar, em levar a causa para a frente, juntando as peças das comunidade como no Tetris. Pensam num torneio de ténis de mesa. Desafiam-se. Quem ganha? “Faz torneio de pares, cara“, diz Sérgio. “É mais legal, né?”, aceita Celso. “Aêê, Leandrinho, você deu uma escovada!?”, brincam com o cabelo de um rapaz.

"Há criminalidade na favela, há trafico, violência, o poder paralelo que intimida, escraviza as crianças. Tentamos tirá-los e mostrar que cá fora da favela tem algo maior que é muito bom."
Luiz Henrique

O projeto More, criado em 2006 — uma evolução do projeto Resgate Cidadania, de 2002 –, quer retirar as crianças da favela, da inevitabilidade da droga, das más escolhas. Quer roubá-los às companhias que levam à solidão de uma cela. Querem apenas mostrar que o céu é azul, que há mais. Por isso, têm música, dança, desporto. No projeto More têm quem lhes dê uma ajuda em matérias escolares. E, mais importante, têm refeições. Há meninos que só comem ali.

“Ouvimos todo o tipo de abuso, físico, moral e sexual”, conta Luiz Henrique, relações públicas da organização. “Há criminalidade na favela, há trafico, violência, o poder paralelo que intimida, escraviza as crianças. Tentamos tirá-los e mostrar que cá fora da favela tem algo maior que é muito bom.”

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Luiz Henrique

A luta nem sempre é gloriosa. “Infelizmente a gente não consegue vencer sempre. Temos uma história muito boa, de muitas vitórias, crianças que arranjaram trabalho, outros que foram para a faculdade, mas há sempre um ou outro que fica fascinado pelo poder do dinheiro e das drogas. A gente perde um ou outro de vez em quando”, diz, com a derrota espalhada pela cara.

Luiz Henrique, 57 anos, é pastor, estudou Teologia e Administração e escreveu a ata da fundação da organização. Cospe orgulho a cada palavra. Não poderia viver de outra forma, garante. Chega a emocionar-se durante a conversa.

Tal como o Instituto Reação, outro projeto na Cidade de Deus, que seduz os jovens através do judo — Rafaela Silva, medalha de ouro nos JO pelo Brasil (-57kg), começou aí –, o More tem ficado famoso pela música. Edmilson, o professor de música, teve a ideia de montarem um vídeo, com a música “We Are The World”. O vídeo tornou-se viral. Os meninos acabariam por ser convidados para cantar nas cerimónias de abertura e encerramento dos Jogos Olímpicos.

“Viver no bairro é maneiro, mas às vezes não podemos sair de casa. Tem tiro…”

Wellington, 14 anos, é o primeiro a chegar — vão filmar um vídeo para promover o projeto, pois levaram um rombo nas parcerias. Está elétrico, com os olhos super abertos. Feliz. Sérgio Ponce pergunta-lhe pela cerimónia. “Parecia o big bang! Uma coisa muito grande. Ainda não acredito agora.” É um garoto sem vergonha, conversador, com uma fluidez de discurso impressionante, algo que se observa nos outros meninos também.

“Vivo com a minha mãe e três irmãos. Sou o caçula da família”, conta ao Observador. Se ninguém lhe meter um travão, falaria 40 dias inteiros. Chegou ao More Project para o jiu jitsu, mas surpreendeu o professor de música, Edmilson, quando cantava “More Than Words” pelos corredores da casa. “Você sabe cantar?”, perguntaram-lhe. “Eu canto, só não sei se a minha voz é boa para cantar…”

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Em meia hora o grupo já contava com uns 20 rapazes e raparigas. Elas eram mais discretas, eles mais acelerados. Foi quando quiseram jogar futebol que as reticências, que eram poucas, desapareceram. Há toque, uma camisola puxada, uma brincadeira, um golo, um drible.

Leandro, o tal menino da “escovada”, parece alguém especial. É suave no trato, tem um sorriso impossível e conta histórias com ginga, num tom meloso. Parece um senhorzinho, mas ainda não perdeu a inocência, aquele brilho nos olhos. Tem 13 anos, mora com a mãe, o padrasto e os seis irmãos na Vila Ipiranga. “Este aqui é uma bênção”, diz Wellington sobre Leandro, que adora jogar futebol.

“É bom estar cá [no projeto]”, diz Leandro, que está ali graças a um primo, que agora está preso. “Viver no bairro é maneiro, mas às vezes não podemos sair de casa”, explica, escurecendo a luz no rosto e no tom. Porquê? “Tem tiro.” Seguem-se alguns segundos de angustia, em silêncio. Apesar de os tiroteios serem naturais no dia a dia da Vila Ipiranga, não deixa de intimidar e derrotar. Mudemos a agulha para a cerimónia de abertura.

"Até agora não sei como explicar. Foi como um sonho, têm de te beliscar. No meu caso têm de me dar um soco na cara. Para acreditar, beliscão não vale de nada..."
Wellington

“Foi show. Curti pra caraca”, conta Leandro, revitalizado. Wellington ia trocando bolas sobre aquela sexta-feira mágica, 5 de agosto. “Até agora não sei como explicar. Foi como um sonho, têm de te beliscar. No meu caso têm de me dar um soco na cara. Para acreditar, beliscão não vale de nada”, sorri. Leandro entra na trama: “Beliscão vai ser só um carinho!”.

Wellington, que vive no Morro Juca Branco, chegou ao projeto há um ano e meio, convencido pela prima. “Antes, eu ficava em casa a tarde inteira, era um balão gordo. Nunca imaginei isso, nunca me tinham falado, nunca me tinham incentivado que eu poderia fazer tal coisa, que um dia podia ficar famoso. Nunca pensei”, atropela-se nas palavras, entusiasmado. “O meu sonho, na verdade, é trabalhar com música. Quando ficava em casa, imaginava uma série de coisas que queria ser: imaginei ser policial, pensei na Marinha, aeronáutica, Exército, taxista… A única coisa que nunca imaginei foi ser cantor. Agora é o meu sonho, tenho a certeza.”

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More Project na Cerimónia de Abertura dos JO

Por esta altura já tinha chegado Alexandre, um rapaz de 11 anos, com um ar mais rufia. Vive com a mãe e o pai na Vila Ipiranga. Tem um ar duro. Chegou com um boné amarelo, o mesmo que o levaria a um ataque de fúria quando o deixaram cair no chão. Quase não dá bola ao Observador. Até que… entrou a redondinha em ação. Ele gosta de jogar futebol. E bem.

Melhor mesmo, só soltar cafifa. Perdão? “Cafifa, pipa. Não tem lá em Portugal, não?”, questiona Alexandre. Os garotos falavam de papagaio. Alexandre parecia deslizar quando fazia um pedaço de papel voar. Era uma folha A4, por isso é um ratinho. Quando não há folha digna e bambu para fazer um cafifa, faz-se um ratinho. Folha A4, buraco nos cantos, corda, já está. A inocência que não têm no discurso, têm-na nos atos simples. Na simplicidade está a verdade.

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Alexandre, Leandro e Wellington

“O meu sonho é ser cafifeiro e fuzileiro naval”, diz Alexandre, com um sorriso 33, esquecido o ar de rufia. A lengalenga fica uns minutos no cafifa e no cafifeiro da Vila Ipiranga.

— Ele é viciado, ele domina! (Leandro)
— Já sentiu o sol de meio-dia, né? (Wellington)
— Chovendo ele solta cafifa, nevando solta cafifa, caindo gelo solta cafifa, fazendo sol ele solta cafifa… (Leandro)
— Chovendo solta cafifa de plástico para não rasgar (Wellington)
— Uma vez fiz cafifa de plástico e ganhei um guarda-chuva (Alexandre)
— É bonzão soltar cafifa. Eu gosto muito. Mas o bom não é você comprar, é fazer (Wellington)
— Com sacola de mercado! É mais leve, voa mais (Leandro)

A vida no bairro é difícil e eles aprenderam a brincar com a situação. “Hoje em dia há crime organizado, falou um cara para mim”, conta Wellington. “É tão organizado que, qualquer dia, uma bala perdida bate à porta de minha casa e pergunta: você viu o Wellington?” Gargalhada geral. “A bala perdida é bala achada. Ela achou você. Não é!?”, pergunta Leandro. “A bala não é perdida, é encontrada”, responde Wellington. Por esta altura já Alexandre escapava aos olhos, via-se lá ao fundo o seu ratinho.

"É bonzão soltar cafifa. Eu gosto muito. Mas o bom não é você comprar, é fazer"
Wellington, 14 anos

João junta-se ao grupo, curioso pelo telefone que está a gravar e pela conversa. Tem a camisola do Flamengo, uma voz por endurecer e quer ser cantor. “Eu tinha uma bisavó portuguesa. Era branca, mas nasceram todos pretos. Você é jornalista? Ganha dinheiro?”, pergunta. João, de 11 anos, tem um discurso que surpreende e diz que o More mudou a sua vida. “Antes nem tinha esperança de ir a outros lugares. Aqui temos muito amor e felicidade. Muita gente no mundo não tem esta oportunidade.”

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No campo, Sara e Amanda iam brilhando. A primeira dispara autênticos mísseis, enquanto a segunda defende tudo e mais alguma coisa. “Vaiii, Tafarell!!”, ouve-se. “Aqui aprendi a tocar viola, órgão e canto no coro”, diz Amanda. “Não estou no mundo à toa. Com a música posso mudar a minha vida e a dos outros. Quero estudar música e ensinar para as pessoas como nós, como o projeto fez por mim.” Às vezes, ouvir tais depoimentos, parece que tudo é mentira, um guião. Não pode ser verdade. Mas é. E todos os dias…

Cantar nos Jogos Olímpicos, ser o centro do mundo uma vez na vida, ouvir alguém a admirá-los, traduzindo-o em palmas e berros, torna-os especiais. Sentem-se importantes, sentem que fazem parte de alguma coisa.

O More Project recebe 450 crianças e oferece cerca de 22 mil refeições por mês. Têm 57 funcionários.

“Para eles já mostra que podem romper os limites, que existe um mundo diferente aqui fora, de saúde, de vida, de vencer e vitórias”, explica Luiz Henrique. “Esse é um dos maiores objetivos. Ensinamos todo o tipo de instrumento musical, jiu-jitsu, muay thai, futsal, ténis, voleibol, dança, hip hop, bijuteria. Tem aula de francês, inglês, reforço de matemática e português”, explica.

O More Project recebe 450 crianças e oferece cerca de 22 mil refeições por mês. Têm 57 funcionários. É uma estrutura pesada, pior ainda quando têm de abrir mão de 60 mil dos 250 mil reais de orçamento em impostos relativos aos trabalhadores. “Pagamos ao Governo para fazer o trabalho que o Governo não faz”, indigna-se. “Há garotos que não comem, se não comerem aqui.”

“Você lembra os telefonemas? Foi para os caras que estão à entrada esconderem armas, e suavizarem”

Estevão Ponce, filho de Sérgio, a estudar nos Estados Unidos, explica a tal conversa com a senhora com quem o seu pai discutia uma obra. “Vamos arranjar a casa dela. Aquilo não tem jeito, não. Ninguém pode viver assim. Não tem banheiro, nem cozinha, está tudo no chão. Não dá…”

Estevão e Sérgio olham-se sempre com orgulho e admiração. O primeiro está na Florida, finalizou agora o curso de Comunicação e seguem-se os estudos para Direito. Jogou futebol, dizem que era craque — “Só não joga lá profissional nos Estados Unidos porque não quer!”, diz Celso. A sua irmã também está pela Florida, casada com Dennis, um norte-americano que está ao nosso lado na visita. O seu português é ótimo.

“Ali é a ‘boca’. É onde vendem droga. Chegam a fazer três filas e tem gente esperando. Dez, vinte e trinta reais”
Celso

Quando damos mais uns passos, rumo às entranhas de Vila Ipiranga, vê-se uma movimentação pouco inocente numa esquina, a 50 metros. Arrumam-se as armas, estica-se a camisola. Há um stop. São garotos. Celso parou, como que a convidar o Observador a ficar com ele. Sérgio e Estevão avançam e vão cumprimentar um rapaz que conhecem de ginjeira. Jefferson, um menino de 14 anos, escondeu uma arma automática, com um carregador que a faz parecer ainda mais violenta. Abraçam-se os três.

“Ali é a ‘boca’. É onde vendem droga. Chegam a fazer três filas e tem gente esperando. Dez, vinte e trinta reais”, explicava, quando pouco depois passa um casal vestido como quem anda nas ruas do Rio de Janeiro, com uma vida digna. “São estes que alimentam isto. Vêm, vão. Já está. São eles que alimentam isto”, diz, derrotado. Celso é coração. Grita por tudo e por nada, atropela-se nas palavras, tem uma gargalhada meio tresloucada. Sorri mais vezes do que o comum dos mortais. Dá uma goleada nesse campeonato.

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Sérgio Ponce

“Você lembra os telefonemas? Foi para os caras que estão à entrada esconderem armas, e suavizarem. Estão lá todos controlando. Sabem tudo”, esclarece Estevão. “Aquele buraco no chão”, diz Sérgio, “é para a polícia não entrar. Todas as entradas, com exceção de uma, têm. Assim sabem que não entra polícia. E se entrar, sabem por onde. E por onde têm de sair…”

Ao almoço trocam-se ideias, enquanto um contrafilé se vestia na cozinha. “Não é picanha, mas você vai gostar”, aposta Estevão. Voltam a discutir mil e uma coisas do projeto. Não param, não desligam. “Aquilo ‘tá pesado, hein?”, diz Estevão, lembrando a ‘boca’ de Vila Ipiranga. “O Jefferson é uma pena. Quando era garoto chegou a dormir lá em casa”, recorda. Sérgio diz que tem estado mais calmo. “Eles são bucha! Eles não percebem, eles ‘tão lá para levar tiro…”, indigna-se Celso.

— Tem tiro, aqui?
— Celso, aqui o Hugo está perguntando se tem tiro… (gargalham)
— Todos os dias.
— Eles têm granada, até. Outro dia almoçávamos aqui e ouvimos uma grande explosão.

Portugal, futebol e mais algumas histórias sentam-se também à mesa. O Brasil olímpico não joga nada, o treinador “monta mal o time” — ainda mal sabiam que seriam campeões olímpicos. O Flamengo está fino. O Fluminense, o rival e clube de Celso, já teve melhores dias. Portugal é incrível, diz Sérgio — “Como dizem lá? É malta gira!”. É apaixonado pelo Algarve. E não deixa de falar na espetada de choco. Celso lembra 1966, quando se pôs a ouvir Eusébio no Campeonato do Mundo. O sorriso vale pelos quatro golos do Pantera Negra à Coreia do Norte.

Inevitavelmente, a conversa desagua sempre na realidade da favela. Nos desafios, no que podem mudar, nos problemas, nos muitos telefonemas e conversas que terminam com o tradicional “estamos fechados”. Tratam todos pelo nome. A família Ponce já ajuda aquela comunidade há mais de 20 anos, a título pessoal. São admirados por lá. Há carinho, há reconhecimento.

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Mas o perigo está sempre ao virar da esquina. Faz pouco tempo que um garoto cedeu e voltou àquela vida malvada, bastou Sérgio ir uma semana até aos Estados Unidos. Foi apanhado, chegou a disparar uma rajada de tiros contra os polícias. “Felizmente ninguém morreu. Os miúdos ficam fascinados com o poder, com o dinheiro fácil”, explica Sérgio Ponce. “O problema do Rio de Janeiro é que a violência anda de mão dada com a miséria.”

O guião desta história volta aos sonhos. Leandro não gosta muito dessa cantiga. “Sonho? Sonho, não! Quem sonha ‘tá dormindo. Eu quero ser bombeiro”, conta. Wellington, em minutos, definiu mais uma meta: “O meu sonho é show da Broadway. Queria muito visitar os Estados Unidos. Só que falei para a minha mãe: ‘se eu for para lá, eu não volto mais'”, avisa. Leandro não se fica: “Eu também queria ser cantor. Imagina poder salvar uma pessoa e começar a cantar (simula levar alguém em braços, sorrindo)”.

No papel escrevem-se os sonhos, os desejos, os amanhãs. O que devia ser e não é. O papel é flexível, como os lábios dos garotos quando sorriem. Voa. Pode voar muito alto, desviar-se de todos os suspiros de pólvora e de sacos que abraçam o pó branco. Mas o papel é também frágil, mole, pode ser pisado, riscado, esquecido numa gaveta. Estes meninos têm sonhos de papel. Só os querem levar bem alto como os seus cafifas

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