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© Hugo Amaral/Observador

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Primárias no PS? Os vizinhos mostram-se céticos - mas ainda há um indeciso

No Largo do Rato poucos se importam com as primárias, mas muitos acreditam que quem ganhar chega mesmo a primeiro-ministro. O Observador ouviu os vizinhos da sede do PS no centro de Lisboa.

Nem Costa, nem Seguro. No Largo do Rato, em Lisboa, dominado pela imponente sede do Partido Socialista, os comerciantes – vizinhos permanentes do PS – não estão muito interessados nas primárias. A maior parte das pessoas com quem o Observador falou não se inscreveu no processo que visa escolher o candidato socialista a primeiro-ministro, mas não é por isso que deixa de ter opinião. Condenam António Costa por se ter deixado levar por “um interesse maior” e estar pronto para dar o salto da Câmara Municipal da capital, enquanto dizem que Seguro “é um Passos Coelho com uma cor diferente”. A única coisa em que todos concordam é que das eleições primárias, que se realizam a 28 de setembro, vai sair o próximo primeiro-ministro de Portugal.

Carla, lojista no Largo do Rato, não está “interessada” nas primárias e diz que está mesmo cansada do “PS e de todos os partidos”.

“É o PS a seguir, porque os socialistas depois fazem borrada e depois vai o PSD outra vez”, prevê Carla, sócia de uma loja de roupa de homem mesmo em frente à sede socialista nacional. Com a mesma convicção afirma que não está está “interessada” nas primárias e que está mesmo cansada do “PS e de todos os partidos”. Sobre os candidatos, diz que “não votava em nenhum deles”. “O Costa é saltar de um tacho para o outro, nem devia ter ido à câmara porque já estava com os olhos aqui [aponta para a porta da loja, onde se enquadra a sede do PS]. O Seguro, coitadinho, a mim não me diz nada, nem como pessoa, nem como político”, afirma.

Carla é sócia de uma loja de roupa

© Hugo Amaral/Observador

A conversa só alivia quando se fala da quase visita do secretário-geral do PS à loja. “Veio cá à loja uma assessora – pelo menos foi assim que se apresentou – comprar-lhe um cinto. Ela disse que ele se tinha esquecido do cinto naquele dia”, lembrou Carla. Mesmo com uma visão pessimista sobre a política portuguesa, a lojista não se queixa dos vizinhos, dizendo que há muitos funcionários e militantes do PS “simpáticos” que vão à sua loja e que “a política é à parte, não tem nada a ver” com o dia-a-dia.

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António diz que Seguro e Costa é que têm de se entender

© Hugo Amaral/Observador

Quem nunca viu Seguro ou Costa, foi António. Com uma banca de fruta na saída do metro do Rato que dá para a Rua da Escola Politécnica, o comerciante não se inscreveu como simpatizante, diz que não tem preferência e que no Largo, está tudo como antes. Sobre o conflito entre os candidatos adianta só que “eles é que sabem, eles que se entendam” e que a direita não ganha as próximas eleições “por causa da crise”. “Mas estes também não vão fazer melhor, não há milagres”, afirma.

João, funcionário da leitaria Brasil, também não acredita em milagres na próxima legislatura. “A esperança é que haja algumas mudanças. Quer seja PS ou PSD, ninguém está à espera de milagres”, argumenta João, denunciando que, mesmo sem estar inscrito nas primárias, tem um favorito: António Costa, que almoçou no restaurante há alguns anos, “mesmo antes de ser presidente da câmara”. Sobre António José Seguro, a opinião não é positiva. “É um Passos Coelho com uma cor diferente”, resume.

João não está à espera de milagres

© Hugo Amaral/Observador

Há 35.785 simpatizantes inscritos em Lisboa, num universo total de quase 250 mil eleitores entre militantes e quem se juntou à iniciativa. Costa partiria com vantagem entre estes simpatizantes, já que ganhou as eleições autárquicas com 50,91%, mas as opiniões recolhidas no Rato, mostram que não há uma preferência clara entre um ou outro candidato.

"A esperança é que haja algumas mudanças. Quer seja PS ou PSD, ninguém está à espera de milagres."
João, trabalha na Leitaria Brasil, no Largo da Rato

Os simpatizantes do Rato

O Largo do Rato é um dos pontos centrais da capital, com a confluência das ruas do Salitre, da Escola Politécnica, de São Bento, do Sol ao Rato, das Amoreiras, de São Filipe Neri, de Alexandre Herculano, da Avenida Álvares Cabral e da calçada Bento da Rocha Cabral. Por aqui passam diariamente milhares de carros e centenas de pessoas. O cartaz a avisar os transeuntes sobre as primárias no PS lá está, no lado esquerdo do palácio Praia – o nome da sede do PS vem do título dos seus últimos proprietários, marqueses de Praia e Monforte – e alguns vizinhos ficaram contagiados pelo convite.

As disputas no PS não são novidade para José, que tem um quiosque de revistas e jornais há 20 anos neste Largo e já assistiu a algumas. A diferença desta vez é que a escolha do próximo candidato a líder do Governo é aberta a pessoas que não fazem parte do partido e José aproveitou e inscreveu-se como simpatizante. De dentro do seu quiosque, enquadrado por centenas de publicações, explicou ao Observador que ainda não decidiu em quem vai votar – “está 50%-50%” -, mas diz desde logo que ganhe quem ganhar, “o PS está bem entregue e qualquer um deles fará tudo por tudo para que o país melhore”.

As primárias são discutidas na banca de José. O lojista inscreveu-se como simpatizante

© Hugo Amaral/Observador

Os dois candidatos passaram por esta banca, mas tenta-se sempre evitar o tópico da política na habitual conversa matinal, pois os políticos “podem interpretar mal” algum comentário. Já os restantes clientes têm debatido o possível resultado das primárias, embora José não revele quem ganha a preferência dos vizinhos. Quanto a domingo, não há certezas, mas o comerciante afirma que o PS vai ganhar as próximas eleições porque “as pessoas estão cansadas do atual governo”. A preocupação de José são já as possíveis coligações pós-eleitorais, caso os socialistas ganhem as eleições legislativas de 2015. “O PS nas sondagens está à frente, se tem maioria absoluta ou não é outra conversa”, conclui.

“Isto antes era casa do Sócrates e agora é Seguro. Se vier o Costa não quero arranjar um inimigo”, diz o dono de um restaurante conceituado do Rato.

Quem também se inscreveu para votar como simpatizante foi o dono de um conceituado restaurante nas imediações da sede do partido – preferiu não ser identificado para não prejudicar o negócio. O seu estabelecimento recebe muitos socialistas das duas fações, mas este empresário já tem um preferido em António José Seguro. E não é pelo secretário-geral do PS ser um cliente habitual – todos os líderes do partido passam pelo restaurante, lembrando os tempos em que Sócrates almoçava ou jantava por lá -, é porque considera que a candidatura de Costa “foi uma coisa disparatada”.

O ambiente entre os socialistas está “mais radicalizado do que nunca”, atesta, mas ir às urnas no domingo é o máximo que pretende fazer para participar na vida do partido. “Ganhe quem ganhe, eu estou aqui. Não sei se ganha um ou se ganha o outro. Isto antes era casa do Sócrates e agora é a de Seguro. Se vier o Costa não quero arranjar um inimigo”.

Também Francisca, que andava às compras numa loja de acessórios no Largo do Rato, diz estar “desgostosa” com a atitude de António Costa – pessoa por quem tinha “muita simpatia”. “Na televisão ele disse: ‘os lisboetas que estejam sossegados e tranquilos que eu não os vou deixar’. Lá veio um interesse maior e deu o trampolim”, diz com tristeza. Embora não seja alfacinha de gema, Francisca vive em Lisboa há muitos anos e não se conforma com a atitude do autarca. “O Seguro já está seguro e o outro que se segure também”, remata.

Na conversa estavam ainda Rosa, Laura e Margarida. Laura trabalha na loja e diz que nunca lá viu nenhum dos candidatos. Rosa diz que prefere Costa porque o cabelo “branquinho” mostra mais juízo e Seguro é “muito passivo”. Margarida diz que Seguro “é mais sério”. Nenhuma das quatro mulheres vai participar nas primárias socialistas.

Sónia não gostava que nenhum dos candidatos chegasse a primeiro-ministro

© Hugo Amaral/Observador

Sónia também escolheu não participar. Trabalha numa loja de roupa de casa e criança no Largo do Rato e diz que não gosta de nenhuma das figuras para chefiar o Governo – “não gostaria que fosse nenhum deles”. Sobre as primárias tem uma visão negativa, considerando que “não era o momento indicado” para levar a cabo este processo. “Só é mau para a imagem do partido deles. Duas pessoas do mesmo partido a lavarem roupa suja não beneficia o partido. Só perdem credibilidade”.

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