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Saltos altos. Um problema bicudo para a saúde das mulheres

Várias mulheres, incluindo famosas como Julia Roberts, Victoria Beckham ou Sarah Jessica Parker, protestaram contra os saltos altos. Há polémicas na net de quem é obrigado a usá-los. E a saúde?

“Vais dizer-me que, se a sociedade não te fizesse crer que uma mulher sensual usa sapatos altos, tu sentir-te-ias sexy à mesma em cima daquelas agulhas?”. Susana Bolas, uma ex-modelo Fátima Lopes, não se conforma com o facto de Márcia Veiga, assistente de bordo da Ryanair, gostar de utilizar saltos altos porque se sente mais imponente perante os clientes. Naquela quarta-feira nublada, as duas encontraram-se no Miradouro de Santa Catarina para partilhar um prato de camarões e umas cascas de batata fritas. As duas vieram de sapatilhas. As mesmas com que foram jantar e sair nessa noite.

"Não é que adore usá-los um dia inteiro, mas acho que fazem falta na farda de uma profissão como a minha. Mostra alguma altivez, acho que as pessoas me encaram com mais respeito"
Márcia Veiga, hospedeira de Bordo

Mas Márcia também acrescenta: “Há, de facto, coisas que não fazem muito sentido. Em casos de emergência a bordo de um avião, tenho de tirar os brincos e os sapatos para agir. Então mais valia não utilizar saltos altos dentro do aparelho, só me ajudaria a poupar tempo”.

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Uma onda de revolta na Internet

A polémica dos saltos altos deu um salto quando Nicola Thorp, uma rececionista recém-chegada à empresa norte-americana de consultoria PwC, reagiu ao superior quando ele a encostou à parede com um ultimato: ou passaria a utilizar saltos altos ou voltava para casa. Ela voltou para casa. De saltos rasos, porque o superior da PwC não lhe conseguiu explicar no que é que os saltos altos a iriam ajudar a enfrentar um turno de nove horas seguidas, sempre de pé. “Têm a mesma política para os homens?”, perguntou ela ao chefe antes de sair. Ele riu-se.

Quando a história de Nicola se tornou viral (ao ponto de surgir uma petição que pede a proibição de qualquer empresa obrigar as funcionárias a usar saltos altos), uma outra veio causar choque na Internet. Nicola Gavins pôs os pés ensanguentados de uma amiga, empregada de mesa num restaurante canadense, a caminhar no Facebook numa publicação feita no início de maio. A amiga de Nicola perdeu duas das unhas e ficou com os pés em ferida antes de os patrões a deixarem trocar de sapatos. Os donos do restaurante não só a obrigaram a completar o turno até ao fim (que nem sempre é pago), como a deixaram com um recado: no dia seguinte tinha de voltar. Com os sapatos de salto alto calçados.

Em 2013, Sarah Jessica Parker também pôs os pés nas notícias. Por conselho médico, a protagonista de “Sexo e a Cidade” viu-se obrigada a largar os saltos altos por motivos de saúde: “O meu médico disse-me que os meus pés andaram a fazer coisas que não deviam, que apresentavam uma deformação óssea que não deveriam ter e que agora, devido ao uso excessivo dos saltos altos, sofreram danos irreparáveis”. Foram estas as consequências por ter de usar sapatos com salto alto durante 18 horas ininterruptamente todos os dias. O preço de ser uma atriz… da moda. E é sobre elas, as consequências dos saltos, que Sérgio Gonçalves, biomecânico do Instituto Superior Técnico em Lisboa, conversa connosco.

NEW YORK - SEPTEMBER 01: In this handout image provided by Warner Bros., actress Sarah Jessica Parker films on location for "Sex And The City 2" on the Streets of Manhattan on September 1, 2009 in New York City. (Photo by Warner Bros. via Getty Images)

Sarah Jessica Parker utilizou sapatos com salto alto durante toda a vida profissional. Chegou a admitir usá-los durante 18 horas por dia, até mesmo quando precisava de correr. O médico pôs-lhe um travão e ficou proibida de usar saltos no dia-a-dia por causa das deformações que lhe causaram nos pés.

As queixas também chegam do lado de fora da moda. Em abril deste ano, as polícias da Cidade do México manifestaram-se contra a “objetificação” de que alegam ser vítimas por partes dos superiores do sexo masculino. Contaram elas no The Guardian que são submetidas a “inspeções de nível de atração” como parte do processo de seleção. No mês anterior às queixas, uma secção feminina da polícia feminina mexicana foi dissolvida. Uma onde as agentes eram obrigadas a usar botas de salto alto em agulha.

10 coisas que mudam no corpo humano quando se usam saltos altos

A ciência explica o desconforto e as consequências da utilização dos saltos altos na saúde feminina: eles podem ser um verdadeiro inimigo para o corpo humano. Para andarmos, fazemos uma série de movimentos que nos permitem diminuir a energia que despendemos e absorver uma parte das forças que esses movimentos transmitem: “Estes padrões permitem que não alteremos demais o nosso centro de massa e criam movimentos quase balísticos que nos permitem perder muito pouca energia enquanto andamos“, explica Sérgio Gonçalves.

O segredo está nas forças que existem na interação entre o pé e o chão: se estivermos a andar de forma normal, o pé embate no chão com uma forma de 1.2 G, ou seja, com uma força 1.2 vezes maior que o nosso peso em “newtons” (N). Trocado por miúdos: uma pessoa com 100 kg de massa tem 1000 N de peso. Quando essa pessoa anda e pousa o pé no chão exerce uma força de 1200 N na superfície. No preciso momento em que metemos o pé no chão, a força que fazemos exerce-se no calcanhar. Enquanto andamos, a força evolui para a frente do pé, passando pelos metatarsos (os ossos correspondentes às “almofadas dos pés”) e depois para os dedos.

Com saltos altos, a física do movimento dinâmico muda: “Forças mal aplicadas ao nível do pé provocam esforços de torção nas outras aplicações. Os padrões de marcha mudam de tal forma que o consumo energético aumenta e a eficiência do metabolismo diminui. Surgem também zonas de sobrecarga – onde as forças são maiores do que deviam e que podem conduzir a deficiências nas articulações”. Quanto maior o salto, maiores as consequências: os metatarsos e o calcanhar ficam mais sobrecarregados, pressionados e com mais força por unidade de área.

Mas não é sempre assim. Há exceções, ressalva Sérgio Gonçalves.

"Há estudos que dizem que, com um salto de até sete centímetros, essas forças são de facto maiores. Mas a partir daí pode haver uma diminuição, porque os padrões de ficam de tal forma alterados que as pessoas têm muito mais cuidado e adaptam-se"
Sérgio Gonçalves, biomecânico

Uma questão de igualdade (ou de falta dela?)

Na farda das assistentes de bordo da Ryanair, empresa a que pertence Márcia Veiga, há três pares principais de sapatos. Nenhum deles é completamente raso: têm sempre um salto que pode variar entre os três e os sete centímetros. Os mais baixos são utilizados dentro do avião, durante a viagem, enquanto os outros mais altos devem ser utilizados nos aeroportos e sempre que estão fardadas. “Não podemos usar sabrinas ou sapatos rasos. É a política da empresa. E nós evitamos desobedecer porque podemos levar uma falta no nosso processo – assim como uma falta de material. Alguém pode reportar”. Também só podem usar botas de inverno, sempre com salto, entre novembro e março: “Pode estar a nevar até aos nossos joelhos em março. A partir desse mês deixamos de poder usar botas, independentemente das condições climatéricas”.

Ninguém explicou a Márcia Veiga, de 25 anos, porque é que tinha de usar saltos altos impreterivelmente. Mas ela não estranha: “Claro que nem sempre é cómodo. Mas eu compreendo. É uma questão de apresentação, nós somos a primeira imagem da companhia e os saltos altos estão sempre associados àquela elegância que é conveniente nas empresas”.

Susana Bolas, amiga da portuguesa emigrada na Noruega e ex-modelo, defende que essa é uma ideia com raízes antigas. Mas dispensáveis no século XXI.

Quem decidiu que a elegância é determinada pelo tamanho dos teus sapatos? Quem decidiu que a qualidade do teu trabalho aumenta se te puseres em cima de saltos altos?"
Susana Bolas, ex-modelo

As hospedeiras de bordo da TAP têm calçado semelhante às da Ryanair. Existem três modelos de sapatos na empresa portuguesa: um com salto alto, outro com salto médio e o terceiro são sabrinas. Os sapatos com salto alto e com salto médio são utilizados com obrigatoriedade no exterior do avião, algo que pode trazer algum desconforto a Francisca Duarte e às suas colegas de profissão, confessa a mesma ao Observador: “Quando fazemos muitos voos ou viagens muito longas sentimos maior cansaço. Principalmente se tivermos de percorrer longas distâncias naqueles aeroportos muito grandes”, contou-nos a jovem assistente. Também ela levou sapatilhas calçadas no nosso encontro no Miradouro de Santa Catarina. “Apesar de os nossos sapatos terem um salto relativamente grosso, que confere estabilidade, o uso sistemático do salto alto conduz a uma série de problemas físicos. Se fosse uma questão de escolha, preferíamos usar sapatos rasos por questões de saúde e de comodidade“.

NEW YORK, NY - SEPTEMBER 09: Designer Victoria Beckham poses on the runway at the Victoria Beckham Spring 2013 presentation during Mercedes-Benz Fashion Week at New York Public Library on September 9, 2012 in New York City. (Photo by Peter Michael Dills/Getty Images)

Victoria Beckham anunciou que não ia usar mais saltos altos. Disse numa entrevista: “Simplesmente não posso usar mais saltos altos. Pelo menos não quando estou a trabalhar. Eu viajo muito. As roupas têm de ser simples e confortáveis”.

Ainda assim, Francisco realça várias vezes que a TAP está atenta à saúde das mulheres da empresa. Os sapatos serão feitos por uma marca experiente em fardas de aviação que tem testado outros modelos mais confortáveis: “A TAP até nos permite utilizar sapatos escolhidos por nós, desde que respeite o modelo e a cor em vigor. E mediante prescrição médica, também encomenda sapatos da mesma marca, mas mais almofadados e mais largos à frente”. Mas se há tanta abertura da TAP para que o princípio imperativo seja o conforto das funcionárias, porque é que ainda se insiste em manter os saltos altos no código de vestuário desta empresa? Para Francisca, esta é apenas a reação natural das empresas aos pré-conceitos enraizados na sociedade: “É a conduta que a empresa quer seguir em relação à imagem que transmite perante o passageiro. A elegância de uma mulher no domínio público passa muito pela utilização de sapatos de salto alto”.

“Um disparate!”, diz Susana Bolas. A ex-modelo recusa-se a aceitar que a elegância, e muito menos a emancipação e a independência de uma mulher, estejam compactados naqueles centímetros debaixo dos pés de uma mulher.

"Olhem lá aquela mulher do Bloco de Esquerda... A Catarina Martins. Ou uma das gémeas Mortágua. Já me cruzei com elas algumas vezes aqui por Lisboa e nunca as vi de saltos altos. E viram como elas nas eleições se fizeram ouvir mesmo assim?"
Susana Bolas, ex-modelo

Mas nem sempre é assim. E quem nos garante é Beatriz Fonseca na estação de metro do Marquês de Pombal. Vai apressada para o trabalho. Travamos o passo à diretora comercial de uma empresa da Lousã para lhe perguntar porque segue de saia e de saltos altos escadas acima: “Na minha empresa, 70% de todos os trabalhadores são homens. Sabe quantas mulheres existem em cargos superiores? Uma, que sou eu. Honestamente não acredito que seja a única com capacidade para tal. Mas ainda vivemos num mundo laboral onde uma mulher que não tenha cuidado, entre aspas, fica para sempre renegada ao trabalho de secretária sem oportunidade de evoluir. Eu uso saltos altos porque é algo simbólico e porque assim mostro alguma superioridade”. São onze da manhã e Beatriz está atrasada para uma reunião num banco. Por isso vai depressa, quase a correr em cima de umas sandálias com sete centímetros de salto.

Estas são as palavras que compõem os saltos altos de uma mulher, de acordo com os conceitos sociais ocidentais: elegância, feminilidade, sensualidade. Uma viragem de 90º na carga histórica deste calçado, que no século XV era usado pelas concubinas e odaliscas para evitar que escapassem ao harém e que funcionava, portanto, como uma bola de chumbo presa aos pés femininos. E outra viragem igualmente grande se soubermos que, nos séculos XVII e XVIII os saltos altos eram usados exclusivamente pelos homens na corte: Luís XIV (1643-1715) era um rei vaidoso e baixo que gostava de usar esses saltos para parecer um pouco maior.

Quando as mulheres começaram a usar saltos altos, já mais perto de meados do século XVII, fizeram-no na tentativa de se igualarem aos homens: cortaram o cabelo, compraram chapéus masculinos e passaram a calçar saltos altos. As caçlas viriam depois. Agora, alguns estudos sugerem que os saltos altos numa mulher são dos objetos que mais podem aumentar a libido de um homem.

O sapato ideal

Mas nem tudo é mau no uso de um sapato com salto alto. Depende do tamanho e da largura desse salto.

Como ficou provado através da explicação do biomecânico Sérgio Gonçalves, as forças aplicadas pelo pé no chão durante uma marcha normal já são muito grandes e aumentam ainda mais com um calçado mais alto.

Muitos dos sapatos rasteiros, como as sabrinas ou as sandálias sem salto, podem ser prejudiciais porque não conseguem absorver as forças de impacto durante a marcha. Nesse sentido, os sapatos com salto alto ajudam a "amortecer" as forças.

Mas trazem outro problema: a força é distribuída de forma errada, explica-nos o ortopedista viseense Jorge Brito. Numa situação normal, em que caminhamos com sapatos rasos, as forças de impacto são exercidas de forma mais ou menos equilibrada pelo pé: cerca de 43% vêm da região dos metatarsos (parte da frente) e 57% são exercidas pela zona do calcâneo (parte de trás). Quanto mais alto for o salto, mais desequilibrada se torna esta percentagem. Por exemplo, os valores invertem-se com um salto de apenas quatro centímetros. Se calçarmos um sapato com seis centímetros de salto, cerca de 75% das forças são exercidas apenas pelos metatarsos. Com um sapato com 10 centímetros de salto, cerca de 90% das forças exercidas vem dos metatarsos, que são extraordinariamente mais massacrados.

“Este desequilíbrio traz vários problemas, como o encurtamento dos músculos na parte de trás da perna, dores na coluna ou nos joelhos, muita calosidade, joanetes e unhas encravadas. Se a mulher tiver falta de vitamina B no corpo, por exemplo, ou fizer pouco exercício físico estas complicações aumentam”. Os músculos da parte de trás da perna encurtam-se para responder ao novo movimento dos joelhos, que, para quem usa saltos altos, tendem a ficar mais fletidos. Os calos também são uma adaptação física: é o corpo a “fortalecer” uma zona do pé que está sujeita a maior pressão. Por isso, endurece essa zona para que ela possa suportar as novas forças. O mesmo mecanismo é responsável pelo aparecimento de joanetes, uma zona onde o osso do dedo maior do pé cresce lateralmente, alterando a posição dos restantes dedos.

CANNES, FRANCE - MAY 12: Producer Jodie Foster (L) and actress Julia Roberts (C) walk up upon their arrival at the 'Money Monster' premiere during the 69th annual Cannes Film Festival at the Palais des Festivals on May 12, 2016 in Cannes, France. (Photo by Andreas Rentz/Getty Images)

Julia Roberts entrou descalça na passadeira vermelha no Festival de Cannes este ano. Fê-lo em protesto: no ano passado, várias atrizes foram proibidas de entrar no evento porque calçaram sapatos com salto raso para a ocasião.

Então, qual é o sapato ideal para escapar a estes problemas? Lino Soares Rodrigues é designer da marca de sapatos Bianca e explica-nos que as empresas preocupam-se cada vez mais em garantir o conforto dos sapatos. Isso depende dos materiais que são usados, da tecnologia para os construir, e do crescente cuidado em fazer com que o sapato encaixe no pé com naturalidade. No entanto, ressalva, “por mais qualidade que o sapato tenha e por melhor produção que tenha, é inevitável que quanto maior seja o salto, maior seja o desconforto a médio e longo prazos“.

Então, e os rasos? Também não. Para o ortopedista Jorge Brito, o sapato ideal não pode ter mais do que 6,5 centímetros de altura, mas também não pode ser demasiado rasteiro para que consiga absorver as forças de impacto. Também convém que o salto seja largo, para que confira maior estabilidade e equilíbrio durante a marcha e para conseguir distribuir melhor as forças de impacto ao longo do corpo. Para quem prefere saltos realmente altos, o biomecânico Sérgio Gonçalves aconselha sapatos com plataforma, porque têm um salto mais curto e mais estável, diminuindo a inclinação do corpo em relação ao chão.

Disse Marilyn Monroe: “Deem a uma rapariga os sapatos certos e ela conquistará o mundo”. Mas talvez não seja assim. Para todos os especialistas com quem conversámos, nenhum sapato é realmente perfeito. Por isso, o melhor é jogar pelo seguro e escolher o mais adaptável ao nosso pé. O resto, é uma questão de equilíbrios. E nem todas podemos ser Marilyn.

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