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TIMOTHY A. CLARY/AFP/Getty Images

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Ver o Super Bowl com quem não se importava assim tanto

O Observador viu a final do Super Bowl na companhia dos Lisboa Devils e partilhou mesa com dois americanos da equipa. Collin Franklin chegou a estar na NFL, mas está feliz por cá. Porquê? Tem vida.

Nota-se mal entram, que divergem, à sua maneira, dos que ali estão. Não precisam de ter armaduras postas, a inflacionar o corpanzil com proteções de plástico, e estar em campo para que assim seja. São, de longe, os matulões da sala. O relógio da final já contou quase 10 minutos, ignorando as paragens e os anúncios que, ao tempo real, já roubaram mais de meia hora. Mas parecem não se importar muito com isso. Collin, um gigante de 1,98m, usa os centímetros para varrer a sala com os olhos e procurar o lugar que lhe reservaram. Joey, mais tímido em altura, limita-se a segui-lo. Não acenam, não falam, por pouco também não sorriem, mas as reações à sua entrada na sala são várias. Ouvem-se uns “yeah”, um “look who’s here” e outros gritos de boas-vindas. Os americanos chegaram.

Chegam atrasados. Sobretudo, chegam espantados com o cenário com que a sala os recebe. Estão ali mais de uma dezena de mesas retangulares, todas à pinha, nenhuma por causa deles. As cerca de 150 pessoas enchem o espaço devido ao que é projetado na tela gigante que tapa uma das paredes, ao fundo da divisão — é a final do Super Bowl, o jogo dos jogos da National Football League (NFL). Ou do futebol americano, o desporto que os EUA inventaram e que, na madrugada de domingo para segunda-feira, juntou um monte de portugueses no Real Sports Bar, em Lisboa. Joey Bradley é quem parece estar mais surpreso. Já ali tinha estado “umas duas vezes”, para ver um jogo dos play-offs, mas “nem sabia que esta sala existia”. Muito menos esperava encontrá-la cheia de gente. “Quando chegámos e virámos à esquerda no bar, para entrar aqui, ficámos: ‘Wow, o que é isto?’, confessa.

Uma sala à pinha. Assim estava a divisão que o Real Sports Bar reservou para os Lisbon Devils e outros interessados em assistir à final do Super Bowl, pela noite fora

Fá-lo com os olhos esbugalhados, com vontade de saírem das órbitas, ao reviver a surpresa que sentiu minutos antes. Não é que esteja desabituado a estar entre enchentes de pessoas, porque Joey Bradley até sabe o que é jogar no meio de um estádio com mais pessoa do que cadeiras vazias — durante anos, jogou na primeira divisão do campeonato universitário dos EUA, o lago onde, todos os anos, os clubes da NFL vão pescar jogadores por altura do draft, para reforçarem as equipas. Bem loiro de barba e cabelo, que mantém amarrado num rabo-de-cavalo, já está sentado quando no ecrã se vê Cam Newton a dar o exemplo do que é um fumble. O quaterback dos Carolina Panthers passa dois segundos a mais com a bola, leva um valente encosto de Von Miller, dos Denver Broncos, e larga a bola antes de cair. A oval fica perdia na end zone e a jeito do primeiro touchdown da final.

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https://www.youtube.com/watch?v=EL1YY1YhBZo

(um vídeo com os melhores momentos de Joey Bradley no campeonato universitário dos EUA, em 2014.)

Dezenas de vozes na sala explodem. Gritos, braços no ar e reações fervorosas. Joey mal reage. “Ainda há bocado estávamos a falar nisso. Ver o jogo e ouvir os comentários em português, é estranho. Porque é tudo um pouco diferente, a Sport TV até tem anúncios diferentes, certo?”, pergunta, algo confuso, quase apontando a porta da conversa a Duarte Carreira, que a abre de rompante. “A transmissão do jogo é a mesma, mas sem a parte da publicidade. Existe uma câmara com um ângulo aberto para o estádio, sempre ligada. É essa imagem que temos cá durante os intervalos para a publicidade que fazem nos EUA. Às vezes param a transmissão passarem anúncios portugueses, mas acontece menos vezes”, explica quem, dias antes, nos enviam um e-mail com o convite para ali estarmos. Duarte é o presidente dos Lisboa Devils, clube que, pelo segundo ano consecutivo, se reúne neste bar para assistir às quase cinco horas que a final demora a dizer que conquista o Super Bowl.

É ele, o outrora jogador que despiu a armadura para vestir o fato e gravata de fundador do clube, que, segundos depois, arranca umas gargalhadas aos americanos. “Chega a ser irritante. Ouvimos: ‘Agora vão manter a posse de bola, agora vai acontecer isto quando o jogador agarrar a bola, depois o árbitro decidiu isto por causa daquilo.’ É assim todas as semanas”, diz, meio a sério, meio a brincar, ao explicar o que é passar jogos e jogos a ouvir os comentadores portugueses a trocarem por miúdos as regras do futebol que os norte-americanos inventaram. O que hoje mói o juízo a Duarte era o que há uns cinco anos o ajudou a ser caçado pela NFL, quando os passes-míssil e as correrias inusuais de Cam Newton lhe cativaram o interesse. “É bom porque os novos adeptos aprendem, mas é uma pain in the ass para pessoas como nós”, reconhece, pouco depois.

Joey Bradley e Collin Franklin chegaram a Lisboa no verão. O primeiro é quaterback, tem 25 anos e jogou na Division 1 do campeonato universitário dos EUA. O segundo é receiver, está com 27 e esteve dois anos na NFL, até uma lesão o tramar.

Tem na cara quase o mesmo sorriso que, momentos antes, quase metade das vozes que ali estão o obrigam a rasgar. Levantara-se da cadeira e saíra da sala para, com o telemóvel, tratar de substituir a boleia que adoecera e causara o atraso com que os americanos ali chegaram. Quando voltou a meia-noite já era e um “parabéns a você” era devido, pelo 35.º aniversário do presidente do Lisboa Devils. “Se me dissessem, há três anos, as dores de cabeça que íamos ter. Acho que não desistia, mas tentava arranjar mais três ou quatro pessoas que me ajudassem. É preciso uma dose de loucura gigante para criar uma equipa de futebol americano em Portugal”, admite, ao falar de como, em 2013, abandonou o clube onde estava para criar o que, hoje, lidera a Conferência Sul do campeonato nacional. E que se fartou de dar pulos até um deles lhe dar três norte-americanos à equipa.

TIMOTHY A. CLARY/AFP/Getty Images

Dois deles partilham mesa com o Observador e, quando o intervalo no Super Bowl dá corda à música de Beyonce, dos Coldplay e de Bruno Mars, as mangas da conversa com Joey ganham pano. E com Collin Franklin, também. Apesar do tamanho, é mais tranquilo e pacato que o conterrâneo. Não quer dar nas vistas e esconde a cabeça quando Duarte lhe pede dois minutos de tempo para falar, em direto, para a câmara de uma estação de televisão que ali vai espreitar. “Collin, olha o cabelo, pá!”, alguém da equipa lhe grita, em inglês, para o norte-americano lhe responder com um tímido sorriso e um ajeitar do cabelo atrás da orelha, ao encaminhar-se para o tempo de antena televisivo.

Collin Franklin chegou a Portugal no verão, depois de dias a trocar mensagens de chat e palavras em chamadas de Skype com Duarte Carreira. Deram um com o outro na internet por culpa de Anthony Skinner, um canadiano que, à distância, serve de treinador defensivo dos Lisboa Devils e que recomendou Collin após o encontrar no EuroPlayers, um portal de jogadores de futebol norte-americano que pretendem tentar a sorte deste lado do Atlântico.

O presidente e o jogador deram-se bem e com isso o clube ganhou alguém que, durante dois anos, competiu na NFL, até uma lesão o parar. “Nem pensei em coisas negativas antes de vir, mas foi um passo importante. Temos família e já estive demasiado tempo longe dele por causa do desporto. Para ser sincero, nem sei se quero continuar a jogar futebol. Mas acho que tomei a decisão certa”, confessa, puxando um ligeiro sorriso na cara da namorada, que ali está, a visitá-lo.

(um vídeo que compila algumas das melhores jogadas de Collin Franklin, no college e na NFL.)

Collin estava no Havai a dedicar-se à agricultura biológica em troca de comida e alojamento. Quis desligar-se do futebol americano. Até ver no convite de Duarte uma oportunidade para o voltar a ligar, não como desporto, mas como uma espécie de agência de viagens. O futebol é uma ótima maneira de viajar, porque assim que chegamos a um sítio novo temos uma família da qual passamos a fazer parte, uma comunidade de pessoas com quem podemos estar e em quem podemos confiar. E têm sido impecáveis comigo. Só o facto de estar fora dos EUA é incrível”, garante, com um ar sério e concentrado que se desfaz na última frase, que o faz partilhar uma gargalhada com Joey. Vê-se que estão relaxados. Que mesmo sendo os tipos que mais percebem de futebol americano e que mais anos de vida deram à modalidade, são os mais despreocupados com a final do Super Bowl. Mal reagem quando o intervalo acaba e a terceira parte arranca com um 13-7 favorável aos Denver Broncos.

O gigante que andou pelos Tampa Bay Buccaneers depois entrar na NFL pelos New York Jets gosta de estar em Lisboa. Diverte-se a jogar perante dezenas, e não milhares, e a conviver com uma equipa que, a bem do convívio, o chocava ao início por beber uma cerveja ou outra depois dos jogos. Aqui, tanto Collin como Joey livraram-se da pressão e mediatismo de um desporto que tem no Super Bowl o expoente anual — 49% dos lares norte-americanos com televisão viram a final e, em média, cada 30 segundos de publicidade durante a emissão custavam 3,5 milhões de euros. Tudo isto é antecedido por uma época desportiva durante a qual os números e estatísticas de quem joga são escrutinados à décima por quem assiste. “A pressão nem se compara e eu nem sequer cheguei ao nível a que Collin jogou. Mas até no college sentes que o futebol é o teu trabalho. Torna-se não numa coisa que queres fazer, mas que tens de fazer. Aqui não, apetece-me sempre jogar, ganhei vontade”, admite Joey Bradley.

É fixe estar aqui. Eles querem melhorar e aprender. Não têm tanta informação e experiência como nós, muito do conhecimento que lhes foi passado veio de pessoas que, elas próprias, se calhar não têm muita experiência no jogo. Ao início não nos saía naturalmente, mas, com o passar do tempo, eles estavam mais à vontade e confortáveis para nos perguntarem coisas. Não é que seja dono do conhecimento, mas se puder ajudar alguém, fico feliz.”
Collin Franklin

Na tela gigante, a defesa dos Broncos continua a fazer a vida negra a Cam Newton. Cerca-o em quase todas as jogadas, tira-lhe sempre segundos para pensar e aperta-lhe o espaço que, até ao final do jogo, o faz deixar cair a bola outra vez e limita-o a acertar 18 dos 41 passes que faz. O poder da defesa retira responsabilidade do braço direito de Peyton Manning, o quase quarentão (39 anos) quaterback dos Broncos que se limita a fazer o suficiente. Em Lisboa, o Joey e Collin mal falam sobre o jogo.

Mas, fora dali, mesmo estando num campeonato que, ao lado dos EUA, parece a ser a brincar, sabem que fazer o suficiente não chega. “Mesmo sem que a pressão se compare à da NFL, é desafiante jogarmos aqui só pelo facto de sermos americanos. É bom que tenhamos um bom jogo, porque se não os adversários portugueses não vão parar de falar de nós. Isso é certo”, assegura Collin Franklin, de 27 anos. Joey, dois anos mais novo, concorda e até acrescenta algo: “Até já aprendi algumas palavras em português, para lhes poder responder. Claro que só aprendi as palavras feias. É sempre assim, por alguma razão são as mais fáceis de lembrar”.

Enquanto dedicam o mau palavreado aos adversários, porém, sabem que nos Lisboa Devils estão rodeados de jogadores que gostam de ouvir muita coisa. “Não têm tanta informação e experiência como nós, muito do conhecimento que lhes foi passado veio de pessoas que, elas próprias, se calhar não têm muita experiência no jogo. Não é que seja dono do conhecimento, mas se puder ajudar alguém, fico feliz”, argumenta Collin. E há uma pessoa que ficou contente da vida quando ele e Joey chegaram a Lisboa.

Patrick Smith/Getty Images

André Amorim está sentado à mesma mesa que recebe os norte-americanos. Tem 26 anos e desde o início que é treinador ofensivo dos Lisboa Devils. Começou a sê-lo em 2013, quando Duarte Carreira quis usar a experiência que André tinha de seis anos a jogar noutro clube lisboeta e tentar aproveitá-la. Convidou-o a ser treinador e, aí, André teve noção que “a bem ou a mal”, tinha de aprender mais sobre futebol americano.

Os Denver Broncos venceram a 50.ª edição do Super Bowl, ao derrotarem os Carolina Panthers por 24-10. Foi o segundo título para Peyton Manning, de 39 anos, um dos melhores quaterbacks da história do futebol americano, que ainda não decidiu se este foi, ou não, o último jogo da carreira.

Começou a estudar e a cultivar-se, como diz, mas nada do que lesse lhe daria para chegar ao conhecimento que os dois grandalhões que tem ao lado deram à equipa. “O Joey tem uma experiência gigante, jogou a Division 1 do college football. E o Collin, pronto, tem outro nível. Claro que senti que eles me passaram muita coisa. O nosso ataque, este ano, aumentou muito de qualidade por causa deles”, resume. No fundo, garante, sentiu algo parecido com o que notou na primeira vez que falou com Anthony Skinner, o canadianos com “20 e tal anos de experiência” que treina, à distância, a defesa dos Devils e com quem tem reuniões semanais, via Skype: “Apercebi-me que ainda tinha mesmo muito para aprender”. Ele e todos os outros portugueses.

Fora a aprendizagem, conhecimento e as perguntas e respostas que não deixam o cérebro dormir, há o lazer. A tal parte em que uma equipa com mais de 30 jogadores se reúne em jantares, convívios e idas a bares no Bairro Alto ou Cais do Sodré, que ajudam a tornar sociais os laços desportivos que já os unem. “Há um jogador que se vai casar e está tramado, porque quer convidar toda a gente. Eu já lhe disse: ‘Convida só um em representação de todos, da equipa, se não estás lixado!’. E é verdade”, conta Duarte Carreira, sem nunca desmanchar o sorriso que ilustra a felicidade que sente em ter a equipa que tem. Tem pena que fora da “questão logística gigante” que gerir um clube implica lhe sobre pouco tempo para organizar mais eventos para jogadores e fãs da modalidade conviverem, como este. Mas, às vezes, a culpa nem é só dele.

Assim ficou a sala do Real Sports Bar, já para lá das 3h20, após a final do Super Bowl terminar

Antes de, há dois anos, encontrar o Real Sports Bar, perto do Saldanha, o presidente do Lisboa Devils foi a outro estabelecimento da cidade onde viu potencial para reunir pessoas em torno do Super Bowl. Mas o que encontrou foi uma resposta “que explica perfeitamente as reações das pessoas” ao futebol americano. “Fui a um bar tipicamente americano, que tinha uma sala de cinema ao lado, e disse: ‘Garanto-vos que ponho aí 100 e tal pessoas, só da minha parte, e vocês abrem a sala. A única coisa que têm de fazer é anunciar isto. Comidas e bebidas do bar são vossas, não ganhamos nada com isto’. Sabes o que me responderam? ‘O bar fecha às 2h da manhã e, por norma, não temos o cinema aberto até às 4h’. É ridículo. Não têm visão”, critica, sem precisar de indicar provas de como o tal bar teria a ganhar se lhe tivesse dito que sim.

Quase às 3h, a sala onde estamos ainda está cheia de pessoas que consomem comida e bebida (os hambúrgueres, as batatas fritas, os molhos e a cerveja dão um cheiro americano ao ambiente) a cada minuto que passa. É o melhor que o tempo e os afazeres de Duarte Carreira o deixam fazer: encontrar um espaço, marcar uma hora e dizer às pessoas para aparecerem. Porque ser presidente implica tratar de tudo. Desde arranjar apoios e patrocinadores, certificar-se que há dinheiro para o maior número de coisas possível — desde os 700 ou 800€ de aluguer de um autocarro com 56 lugares para as deslocações, aos 150/200€ que se desembolsam, por jogador, só para o equipamento — e, sobretudo, garantir que consegue “tirar todas as preocupações aos jogadores”. Para que só pensem em treinar e jogar.

Talvez por isso Joey Bradley e Collin Franklin se fartem de ver jogar e, a meio da última de quatro partes da final do Super Bowl, aproveitem uma boleia atempada para irem para casa. Estavam mais preocupados em descansar do jogo que tinham tido, a meio da tarde de domingo.

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