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Qual dos grandes assinou o acordo mais lucrativo?

Se o tema for apenas o valor dos vínculos que os três grandes dos títulos assinaram com as operadoras de televisão, a resposta é o FC Porto. Os dragões assinaram um acordo com a Altice, empresa francesa que detém a MEO, no valor de 457,7 milhões de euros. Depois surgem os leões, cujo contrato com a NOS lhes valerá 446 milhões de euros, seguidos dos encarnados, que vão lucrar 400 milhões com o acordo que firmaram com a mesma operadora.

Mas a seguir vem tudo o resto, porque as cláusulas que cada contrato engloba divergem, e muito. O do Benfica inclui os direitos de transmissão televisiva dos jogos em casa, para o campeonato, e os direitos de exploração da Benfica TV, enquanto os do FC Porto e Sporting abrangem acordos de patrocínio principal e exploração de espaços publicitários.

Os leões, aliás, chegaram a outro acordo, além do que assinaram com a NOS — no mesmo dia, o Sporting revelou também que negociou “um aditamento” ao contrato que tem com a PPTV (empresa de Joaquim Oliveira, dona de 50% da Sport TV), que dará ao clube um total de 69 milhões de euros até ao final da época 2017/18 relativos a exploração de publicidade no estádio e direitos de transmissão dos jogos.

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Ok, mas sabemos tudo?

Não, e isso acontece com Benfica, FC Porto e Sporting.

Os três clubes foram parcos no conteúdo dos comunicados com que anunciaram os acordos e daí que não se saiba, sobretudo, quanto vai cada grande receber, por época, pelos direitos de transmissão televisiva. Os três grandes apenas revelaram os valores globais que assinaram — encarnados e leões com a NOS, dragões com a Altice, empresa francesa que controla a MEO.

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É conhecido o valor que cada clube vai receber, por época, pelos jogos?

Não.

Sabe-se apenas que na primeira época de vigência (2016/17) do contrato com a NOS, o Benfica receberá 27 milhões de euros pelos 17 jogos em casa do campeonato — o clube revelou-o na conferência de imprensa em que apresentou o acordo.

De resto, os encarnados anunciaram apenas que o contrato tem um valor de 400 milhões de euros e “uma duração inicial de três anos”, com hipótese de ser renovado “até perfazer um total de 10 anos”. E mais: no contrato foi incluída uma cláusula que reparte os 400 milhões do contrato por “montantes anuais progressivos”. Logo, o Benfica não lucrará sempre o mesmo montante até 2026/27, época em que termina o vínculo.

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E o FC Porto e Sporting?

Os dragões foram o segundo clube a alcançar um acordo, neste caso com a Altice, dona da MEO. Mas não é possível apurar que fatia dos 457,5 milhões de euros que vão lucrar com o contrato (divulgado a 27 de dezembro) é relativa ao “direito de transmissão dos jogos em casa do campeonato nacional durante dez épocas, a partir da época 2018/19”. Porque esse montante abrange também a publicidade nas camisolas da equipa principal e a exploração do Porto Canal.

Nos leões, o problema é o mesmo. Os 446 milhões de euros que lhe entraram nos cofres, vindos do contrato com a NOS, vão referir-se aos direitos de transmissão dos jogos, ao patrocínio, à publicidade no estádio e à exploração da Sporting TV.

Moral dos acordos: sabe-se apenas o valor global dos contratos e não quanto vão os clubes receber por cada uma das áreas de negócio abrangidas pelos vínculos.

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Então vamos por partes. O que está incluído nos acordos que cada clube fez?

Benfica – NOS (400 milhões de euros)

  • Direitos de transmissão televisiva dos jogos que a equipa principal realize, em casa, no campeonato. Duração: 10 épocas, a começar em 2016/17.
  • Direito de exploração e distribuição do canal Benfica TV. Duração: 10 épocas, a começar em 2016/17.

FC Porto – Altice/MEO (475, 5 milhões de euros)

  • Direitos de transmissão televisiva dos jogos que a equipa principal realize, em casa, no campeonato. Duração: 10 épocas, a começar em 2018/19;
  • Direito de Exploração Comercial de Espaços Publicitários do Estádio do Dragão. Duração: 10 épocas, a começar em 2018/19;
  • direito de exploração e distribuição do Porto Canal. Duração: 12 épocas e meia, com início a 1 de janeiro de 2016;
  • Estatuto de patrocinador principal nas camisolas. Duração: sete épocas e meia, a começar a 1 de janeiro de 2016.

Sporting – NOS (446 milhões de euros)

  • Direitos de transmissão televisiva e multimédia dos jogos em casa, para o campeonato. Duração: 10 épocas, a partir de 1 de julho de 2018;
  • Direitos de exploração da publicidade estática e virtual do Estádio Alvalade XXI. Duração: 10 épocas, a partir de 1 de julho de 2018;
  • Distribuição e exploração do Sporting TV. Duração: 12 épocas, a partir de 1 de julho de 2017;
  • Direito a ser o principal patrocinador. Duração: 12 épocas e meia, a partir de 1 de janeiro de 2016.
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Por que vão os vínculos de FC Porto e Sporting durar mais tempo?

Por uma razão: PPTV. Ambos os clubes têm contratos com a empresa de Joaquim Oliveira até ao final de 2017/18 e, portanto, qualquer acordo que firmasse apenas poderia entrar em vigor a partir de 1 de julho de 2018, no arranque da temporada seguinte.

Tanto dragões como leões vão ter os direitos televisivos entregues às operadoras até 2028/29. Nessa altura, já o Benfica terá negociado outra vez os seus, pois o vínculo que assinou com a NOS expirará no final de 2026/27.

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Posto isto, como vamos ver futebol dos grandes até 2018?

Na Sport TV, pois é bem provável que, nas próximas duas épocas (2016/17 e 2017/18), o canal transmita os jogos que FC Porto, Sporting e Benfica façam no campeonato.

É expectável que a NOS opte por distribuir as partidas que os encarnados realizem no Estádio da Luz através da Sport TV. Porquê? A operadora detém 50% do canal, sendo a outra metade pertencente à PPTV, empresa de Joaquim Oliveira que, além dos jogos caseiros de dragões e leões, também possui os direitos de transmissão dos encontros dos restantes clubes que competem na primeira liga.

Sendo que o acordo entre o Benfica e a NOS entra em vigor a partir da próxima época, a operadora pode centralizar a transmissão dos jogos dos três grandes na Sport TV, valorizando o canal — que também voltará a ter os direitos da Premier League inglesa. Outra hipótese, claro, é manter os jogos dos encarnados na Benfica TV.

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E a partir de 2018/19?

Aí a decisão será da NOS e da Altice/MEO.

Até ao final de 2026/27, época em que termina o acordo entre o Benfica e a NOS, é previsível que a Sport TV transmita os jogos dos encarnados e do Sporting. A Altice/MEO, depois, terá várias hipóteses: vende os direitos de transmissão à Sport TV (o que será muito pouco provável); cria um canal próprio para transmitir os jogos do FC Porto, que estaria disponível para todas as operadoras (NOS, MEO, Vodafone e Cabovisão); ou podia até passar as partidas no Porto Canal e, desse modo, tentar rentabilizar o canal.

A NOS, por seu lado, também poderá transmitir os jogos do clube da Luz na Benfica TV e os dos leões na Sporting TV, embora isso fosse contraproducente e impossibilitaria a valorização da Sport TV — cujo 50% do capital é propriedade da operadora.

Caso a Altice/MEO opte por criar um novo canal, os subscritores de pacotes de televisão poderão ter de pagar mais se quiserem assistir aos jogos dos três grandes. Isto se a Sport TV ficar com os jogos do Benfica, do Sporting e da Premier League — a existência de dois canais a transmitirem, em separado, partidas dos três grandes poderá causar uma guerra de preços entre as operadoras, para atraírem audiências e consumidores.

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E os patrocinadores?

O Benfica é o único clube que não incluiu nestes vínculos um acordo para um patrocinador principal, já que, em maio, assinou um acordo válido até 2017/18 com a Emirates. Foi noticiado na altura que o contrato daria ao clube um valor entre os 8 e os 10 milhões de euros por época.

No acordo com a Altice/MEO, o FC Porto inclui um contrato de patrocínio para a camisola principal da equipa por sete épocas e meia, até ao final de 2022/23.

Já o Sporting acordou com a NOS uma cláusula para a empresa ser o principal patrocinador dos leões até ao fim de 2027/28. O clube de Alvalade é o que mais tempo ficará ligado a um patrocinador.