O que está em causa?

Na sessão de perguntas e respostas que reuniu membros do Governo e um grupo de cidadãos previamente escolhido este domingo na Universidade de Aveiro, António Costa, primeiro, e Vieira da Silva, depois, lançaram alguns números sobre a criação de emprego, a redução do desemprego e o aumento da população ativa.

Perante a pergunta de uma jovem que queria saber se havia menos desencorajados, pessoas que deixam de procurar trabalho e ficam sem subsídio de desemprego, António Costa deu números: houve criação de “242 mil postos de trabalhos” e há hoje “menos 202 mil desempregados”. “Isto significa que há mais pessoas na população ativa e o número de desencorajados têm vindo a reduzir”, defendeu o primeiro-ministro.

José António Vieira da Silva, ministro do Trabalho e da Segurança Social, acabaria por reforçar os números lançados pelo primeiro-ministro para responder à pergunta de uma mulher que dizia ter dificuldade em encontrar emprego por já ter 45 anos. Segundo o governante, a recuperação de emprego tem-se notado em particular entre as pessoas com mais de 45 e anos, mas diria que o emprego jovem também cresceu e o número de “desencorajados” (pessoas sem emprego, mas indisponíveis para procurar trabalho) estará a diminuir. Têm razão?

Quais são os factos

No que diz respeito à criação de emprego, o número avançado diz respeito ao período de vigência do atual Governo. Comparando o quarto trimestre de 2015 (aquele em que de facto o Governo socialista começou por ter alguma intervenção), com o terceiro trimestre de 2017, é possível perceber que há hoje mais 241,5 mil empregos, o que confirma os números avançados por António Costa.

O mesmo se passa com a população desempregada. No quarto trimestre de 2015, havia 633,9 mil desempregados. De acordo com a estimativa do Instituto Nacional de Estatísticas para o terceiro trimestre de 2017, há hoje cerca de 444 mil desempregados. Ou seja, menos 189 mil desempregados em relação aos últimos três meses de 2015, valores próximos aos anunciados por António Costa.

Neste intervalo temporal, registou-se igualmente um aumento da população ativa: no quarto trimestre de 2015, havia cerca de 5.195 milhões de pessoas ativas. Hoje, existem 5.247 milhões de pessoas ativas. Assim, segundo o INE, haverá mais 52 mil portugueses ativos no mercado de trabalho, ou seja, deduz-se que haja menos desencorajados.

O crescimento do emprego foi intenso entre os maiores de 45 anos, como disse o ministro. A população empregada entre os mais velhos aumentou de 1.830 milhões (quarto trimestre de 2015) para 2.019 milhões (terceiro trimestre de 2017). Ou seja, mais 189 mil pessoas.

Entre a população mais jovem (15 aos 24 anos), a evolução também foi positiva: no primeiro trimestre de 2015, havia 251,2 mil jovens empregados; hoje, segundo dados do INE, há 291,2 mil jovens empregados. Mais 40 mil jovens empregados.

O número de “desencorajados” também continua a diminuir, ainda que os dados continuem a ser preocupantes: nos últimos três meses de 2015 havia 245,3 mil pessoas que, estando disponíveis, não procuravam emprego; no terceiro trimestre de 2017, há 226,8 mil “desencorajados”. A estatística reduziu-se em 19 mil pessoas, mas o valor continua elevado.

A conclusão: Certo

António Costa e Vieira da Silva têm razão quando dizem que houve criação de cerca de 242 mil postos de trabalho, uma redução do desemprego considerável e um aumento da população ativa. Os números relativos ao emprego entre os mais jovens e para pessoas com mais de 45 anos também aumentou e o número de desencorajados diminuiu.

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