Está cansado de algum do vocabulário que usa correntemente? Value added, reengineering, lean management, kaizen, core competences, entre tantos outros? Então está na altura de começar a usar também novos termos e palavras. Renove o seu stock e vá consumindo enquanto fala, expõe ou escreve. Há uma nova linguagem e um novo ecossistema linguístico à sua espera. Veja 10 exemplos. Entre muitíssimos mais que estão disponíveis.

1) IoT – Melhor usar o acrónimo do que mencionar por extenso. Todos temos de saber que se trata de Internet of Things. O que é isso? Tudo o que sejamos capazes de colocar a comunicar para a rede (internet; infraestrutura de devices, pc’s e quejandos que assegura a existência de uma rede) e não para a web (onde está a informação). De forma ainda mais simples? Bom, se conseguirmos colocar-nos a nós mesmos a comunicar para a rede seria por exemplo através de um conjunto de sensores, que aporíamos em nós mesmos, que mediriam e transmitiriam o número de batidas cardíacas, a nossa temperatura, as várias horas de refeição, as calorias consumidas, o número de passos dados ou corridos, as calorias perdidas em conformidade com o exercício. Podemos fazê-lo com um dispositivo desconectado porém na rede (internet) existem vários aplicativos que permitem acumular dados e criar a nossa história em diversas dimensões. Quem diz nossa diz de todos os objetos que possamos querer conectar à internet: da estátua do Marquês de Pombal (pode-se sempre querer avaliar a sua temperatura, que não o humor) à porta do nosso frigorífico (para sabermos o número de vezes que foi aberta num determinado período de tempo).

2) Agile & Scrum – Aplicável a projetos ou a equipas ou mesmo a empresas. Em supply chain há anos que se usa agility como uma forma de conjugação de tempo e custo (baixos). O termo, porém, ganha expressão porque se torna um termo fácil e simples e está para além do lean (custo e qualidade de serviço, provindo da supply chain) muito embora também se possa conciliar com ele. Ora o agile implica flexibilidade para endereçar os vários problemas e questões que apareçam de forma imprevisível. Enquanto, por exemplo, para conseguirmos ter uma aproximação lean é necessário ter alguma previsibilidade da procura no agile a imprevisibilidade impera. Ora o imprevisível pode ser tratado com trial and error para voltar a fazer trial and error até acertar. De forma rápida. Sem ser necessariamente sequencial. Fazendo ou promovendo short cuts. Apenso ao agile vem o termo scrum que dita, de uma forma simplificada, um quadro mental para o desenvolvimento de um produto ou de um projeto – entre outros – usando pessoas cross-functional e equipas autogeridas. Agile é, assim, um movimento ou uma filosofia onde se pratica scrum em termos fundacionais.

3) Ecosystem – Ecossistema que é mais que um sistema. Um sistema tem partes ou elementos, obedecendo a determinadas regras, com uma fronteira e tendo um carácter teleológico, i.e., um propósito. E o sistema pode ser aberto ou fechado, tal como o ecossistema. Porém o ecossistema deve ter mais que apenas o que se pede de um sistema pois tem partes eco. Quais as partes eco? Bom, no limite nós, os humanos, seremos a parte eco do sistema. Assim os fatores bióticos do ecossistema serão os humanos que nele pululam. Os fatores abióticos serão, por ilação, todos os computadores, devices e porque não elementos da natureza: terra, ar, fogo, água, por exemplo e entre outros não eco.

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4) Code Ninjas – São colaboradores de empresas/organizações com características específicas. Farão parte do ecossistema. Estes colaboradores têm normalmente bons conhecimentos de linguagens de programação, nomeadamente são capazes de produzirem código em linguagens como C++, C#, Python, Delphi, Pascal, HTML, CSS, Java, JavaScript, ActionScript, Lua, entre outros. Às vezes, para os gestores, são wild cards que trazem conhecimentos de como materializar uma ideia, por exemplo, no ecossistema digital.

5) IT artisans – São igualmente colaboradores com fortes skills tecnológicos. Quem desenvolve conteúdos para a web que tenham alguma sofisticação por trás, nomeadamente que permitam automação e resposta sem interação humana, são IT artisans. Podem por vezes ser Code Ninjas se se dedicarem à programação. Mas podem ser diferentes e basta serem ou terem uma literacia informacional maior que a média para poderem ser artesãos. São colaboradores muito tech oriented e que dificilmente sabem pensar soluções sem tecnologia informacional, por exemplo.

6) Actionable analytics (& Self Service Analytics – SSA) – à medida que os V’s do Big Data (dados provenientes de formatos e origens diferentes e trabalháveis) se vão tornando operacionalizáveis, i.e., à medida que vamos conseguindo trabalhar grandes volumes de dados, com grande velocidade e em grande variedade – sem esquecer a veracidade dos mesmos (da origem aos resultados dos dados) – então a análise torna-se possível a acionável. Daí ao actionable analytics…estamos perto.

7) Millennials – indivíduos nascidos nos anos 80 e 90 e que são adultos (ou quase) na altura do novo milénio. Acabam por ser uma fusão entre geração X e geração Y e trazem inúmeros desafios quando integrados nas organizações: são difíceis de compreender porque não querem o conforto do emprego, preferem aprender e continuar a aprender a eventualmente ganhar mais dinheiro, trocam o trabalho “estável” por uma volta ao mundo quando ganham uns trocos, habituaram-se à insegurança, são muitas vezes indiferentes ao que se passa à sua volta e, acima de tudo, pouco percetíveis pelas gerações que os precedem porque não os conseguem gerir ou suster. São frequentemente interpretados como profundamente egoístas não obstante tenha algumas dúvidas de que a explicação seja tão simples quanto isto.

8) Deep learning & advanced machine learning (AML) – No fundo é conceder às máquinas, concebendo-as para o efeito, nomeadamente computadores, a possibilidade de aprenderem sem serem explicitamente programadas para o efeito. Trata-se de uma combinação do reconhecimento de padrões e de inteligência artificial de forma a explorar o estudo e a construção de algoritmos que conseguem aprender e ser preditivos a partir de várias fontes de dados diversificadas.

9) Uber of something – um negócio ou uma empresa que se tornou tão emblemático como a Uber e que consegue, de forma aparentemente sustentável, tornar-se um caso de sucesso.

10) Engagement – um colaborador ou alguém comprometido com alguma coisa (projeto, produto, serviço ou outro), numa empresa ou organização. Alguém engaged é alguém capaz de estar motivado e comprometido com algum aspeto da organização. Engaged é o que se pretende dos colaboradores e de todos os profissionais. Ou dos alunos. E, porque não dizê-lo, dos professores.

Habituem-se a esta nova (?) linguagem. Ao novo ecossistema linguístico. Uma boa parte da nova terminologia está intimamente relacionada digital – o décimo primeiro e mais importante termo do léxico e que estava em falta na lista supra mencionada.

Professor Catedrático, Nova SBE – Nova School of Business and Economics, crespo.carvalho@novasbe.pt