Em 2015, quando António Costa fabricou o seu extraordinário governo, Paulo Portas percebeu perfeitamente o que esperava a Direita: a Direita só voltaria ao poder unida e com a maioria absoluta que tinha perdido. Seria razoável que o CDS e o PSD dali em diante fizessem todo o esforço para encontrar uma doutrina comum (mesmo se temporária), um programa comum e uma estratégia comum.

Fizeram precisamente o contrário. Hoje não há Direita. Assunção Cristas de quando em quando lá se vai aliviando de umas sentenças, que não valem nada por si ou em conjunto. Fora algumas piedades sem sentido, ninguém sabe o que ela quer, excepto que gostava de ser presidente da Câmara para seu gozo e humilhação de Passos.

Em pouco mais de um ano também essa veneranda figura não abriu a boca que não fosse para lamentar a existência de Costa, um sentimento compreensível mas pouco útil. Deixado a boiar entre viagens pela província e pequenas querelas de economistas, por que raros militantes se interessam e nenhum percebe, o PSD recaiu na desordem que lhe é habitual na oposição. Recomeçaram as guerras de pessoas, principalmente nas Câmaras, e as guerras de princípio (como a desaustinada guerra da TSU). De política não se fala, para não perturbar o sossego dos caciques.

Passos Coelho passeia por aí com o ar de fantasma de uma ópera que já acabou. E a generalidade dos portugueses, se não gosta do PC, do BE ou de Costa, está perdida e desanimada, sem saber que contas deitar à vida.

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