Numa cimeira especial da ONU realizada em 2015, fixaram-se 17 objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para transformar o Mundo até 2030 (“Agenda 2030”), que pretendem ajudar os países a conseguir uma maior aproximação a mais elevados níveis de bem-estar presente e futuro, protegendo os povos e o planeta. Estes objectivos sucedem aos Millenium Development Goals estabelecidos em 2000.

No Objectivo n.º 4, sobre “Educação de qualidade”, inclui-se: “Até 2030, garantir que todos os alunos adquiram conhecimentos e habilitações necessárias para promover o desenvolvimento sustentável, inclusive, entre outros, por meio da educação para o desenvolvimento sustentável e estilos de vida sustentáveis, direitos humanos, igualdade de género, promoção de uma cultura de paz e da não violência, cidadania global e valorização da diversidade cultural e da contribuição da cultura para o desenvolvimento sustentável”.

Note-se que vários princípios orientadores aqui enunciados apenas surgiram recentemente, pelo que será útil dar uns elementos a propósito. Assim:

  • Desenvolvimento sustentável, termo que data de 1983, é o que não esgota os recursos, compatibilizando crescimento económico e preservação da natureza; decorreu de 2005 a 2014 a “Década das Nações Unidas da Educação para o Desenvolvimento Sustentável”;
  • A cultura de paz, pela primeira vez expressa em 1989, assumidamente iniciativa de longo prazo que é necessário aprender, desenvolver e praticar no dia-a-dia familiar, regional e nacional, teve no período de 2001 a 2010 a “Década Internacional por uma Cultura de Paz e Não-Violência para as Crianças do Mundo”;
  • A cidadania global, corrente social que está a desenvolver um novo modelo de cidadania, procura o “respeito mútuo e a valoração da diversidade, a defesa do meio ambiente, o consumo responsável e o respeito pelos direitos humanos, sejam individuais ou sociais”, enfatiza a obrigação e o poder que todos nós cidadãos globais temos “de impulsionar mudanças”, contribuindo para “a criação de uma cidadania activa”.

É devido ao apelo a uma cidadania activa, impulsionadora de mudanças, que inclui o pedido de apresentar, durante 2016, ideias e sugestões para iniciar a implementação da “Agenda 2030” que eu, aos quase 73 anos de idade, tento que aí se integre o meu sonho educativo, de base científica, fruto de estudos que venho fazendo há décadas, com base na Psicologia Positiva (Inteligência Emocional, Inteligência Social, etc.), e o qual pode profundamente melhorar as relações humanas, numa mais alicerçada e entrelaçada cultura de paz.

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Este meu projecto educativo converge com a Educação para a Cidadania Global (ECG), que promove cidadãos mais informados e conscientes dos problemas concretos da actualidade, contribuindo para “um mundo mais justo, equitativo, solidário” e que eu pretendo tornar também mais dialogante, menos violento, mais pacífico, o que aumentará a solidariedade, o bem-estar, a felicidade, ensinando a gerir as emoções, chave essencial para ajudar às dificílimas relações humanas. Ouso chamar Nova Cidadania Global a esta cidadania de um melhor e Novo Humanismo.

Permita-se-me recordar que desde 2005 (inspirada no curso apelidado Curso de Felicidade, criado em 2002 na Universidade de Harvard pelo filósofo e psicólogo Tal Ben-Shahar), me lembrei de apresentar um projecto educativo com idêntica base científica, o qual tem sido muito bem aceite; em 2007, o meu projecto educativo ficou oficialmente registado no “Diário da Assembleia da República”, I Série, nº 92, 8 de Junho de 2007, páginas 49-51. Recentemente, a propósito de este ser o Ano Internacional do Entendimento Global, proposto pela UNESCO, apresentei na Fundação Calouste Gulbenkian o memorando “Educação para a Felicidade, para a Globalização da Paz”, o qual foi aí considerado “do maior interesse”, tendo também o meu projecto merecido diversos outros ponderosos apoios, de que agora destaco o da Professora Maria Helena Henriques, da Universidade de Coimbra, coordenadora do Centro de Acções de Referência do Ano Internacional do Entendimento Global (IYGU) na Península Ibérica, que logo também se associou à minha iniciativa. Como se trata de um projecto a ser desenvolvido em vários anos, penso que faz todo o sentido que se inicie neste Ano Internacional do Entendimento Global e seja entretanto incluído na Agenda 2030.

Explico um pouco em que consiste a base da minha proposta educativa. Está cientificamente provado que o nosso sucesso depende apenas 20% do Q.I. (Quociente de Inteligência), e este é imutável ao longo da vida. No entanto, esperançosamente, o nosso sucesso depende 80% do Q.E. (Quociente Emocional), e este ainda pode ser sempre melhorado ao longo da vida, sendo conveniente que o seja o mais cedo possível.

O meu projecto educativo tem duas vertentes:

  • Uma dedicada às crianças e jovens através da escola, abrangendo sobretudo as idades de entre cerca de 6 a 18 anos (e ainda, se possível, antes no jardim de infância e mais tarde na Universidade). Em parte, poder-se-iam realizar vídeo-jogos em várias línguas, para este ensino ser progressivamente mais global.
  • Uma outra vertente dedicada a todas as outras pessoas que gostassem de dispor, com facilidade, de uma aprendizagem deste tipo, o que teria certamente milhões de interessados.

Em Portugal, penso que há duas entidades com especial capacitação nestas vertentes, o que não impediria a organização de trabalhos conjuntos e com outras instituições públicas e privadas, em Portugal e no estrangeiro, com algumas das quais já se está também em contacto com esta finalidade.