Uma das grandes discussões do momento é sem dúvida a escassez de recursos humanos para enfrentar os desafios do futuro, ou seja, de hoje.

A indústria tem tido um papel relevante neste debate, tendo em conta que é expectável que nos próximos anos sejam extintos 5 milhões de postos de trabalho que se vão revelar irrelevantes e obsoletos.

São muitos os estudos que evidenciam estes números mas ainda há inúmeras perguntas por fazer e muitas outras respostas por dar, tal é a dimensão da incerteza.

Tais números implicariam que houvesse uma estratégia de formação para o país e que esta tivesse reflexo já no orçamento de Estado para 2018. Pois não é nada disso que se verifica, para escândalo de quem tem contribuído tanto para a melhoria da economia do país, ou seja, os empresários.

A formação em Portugal está capturada pela falta de visão (ou será noção?) do Ministério da Educação e pelas lógicas de curtíssimo prazo de um Ministério das Finanças asfixiado pelo eleitoralismo e sobrevivência política.

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Era por isso fundamental que se continuasse a investir na adaptação da indústria à realidade vertiginosa dos avanços tecnológicos e bem assim, à alteração de competências, fundamental para adequar a oferta às necessidades do mercado.

A grande questão é saber quais as competências necessárias num futuro próximo.

A capacidade exportadora do sector metalúrgico e metalomecânico, que este ano irá seguramente ultrapassar os 15 mil milhões de euros de exportações, tem assentado a sua performance na qualidade dos recursos humanos e no investimento sustentado dos seus empresários.

Há competências específicas que as empresas só encontram no seio de instituições que se dedicam exclusivamente à formação de trabalhadores que o mercado verdadeiramente necessita. Trabalhadores que, quando formados, encontram de imediato trabalho no mercado pela simples razão de terem formação para os postos que a indústria precisa.

Sendo o sector Metalúrgico e Metalomecânico Português, criador líquido de postos de trabalho, se mais profissionais fossem formados no CENFIM (Centro de Formação para a Indústria Metalomecânica) ainda maior seria rendibilidade das empresas, seja nos skills técnicos seja noutras competências igualmente importantes.

Os empresários fazem a sua parte, formando os seus trabalhadores, cumprindo as suas obrigações legais e fiscais e procurando novos mercados. Tudo isto procurando investir cada vez mais em tecnologia e inovação, associada à qualidade.

O mínimo que se exige é que o país tenha uma estratégia de formação que por um lado não limite o trabalho de quem faz bem (como é claramente o caso do CENFIM), para beneficiar as actividades de quem faz frequentemente mal (falo do Ministério da Educação, naturalmente) e é incapaz de interpretar os principais desígnios da indústria transformadora ou mesmo da chamada “nova economia”.

Haja coragem para mudar o que está mal e deixar trabalhar quem tem o conhecimento necessário para se adaptar à mudança. Por uma vez!

Vice Presidente Executivo –AIMMAP –Associação dos Industriais Metalúrgicos e Metalomecânicos e Afins de Portugal