Tenho criticado várias vezes Obama, mas hoje quero elogiá-lo. Obama fez bem em restabelecer relações com Cuba. Infelizmente, ainda vai enfrentar uma forte oposição no Congresso por parte dos Republicanos. Já ameaçaram impedir a confirmação do próximo embaixador norte-americano na ilha. E não querem acabar com as sanções (o fim das sanções exige a aprovação do Congresso, agora com maioria republicana).

Obama está certo por três razões. Em primeiro lugar, tomou uma decisão benéfica para as aspirações dos cubanos. A população cubana é quem tem sofrido com a política norte-americana; não tem sido certamente o regime. Uma potência democrática e liberal deve ajudar uma população que vive sob uma ditadura, e não impor mais sofrimento. Quem viu as celebrações dos cubanos, perceberá que os Estados Unidos serão depressa um dos países mais populares na ilha. Os cubanos querem viver em liberdade e desejam prosperidade. E os Estados Unidos podem – e devem – ajudá-los.

Além disso, a decisão de Obama, vai criar um problema complicado ao regime cubano. Os ataques ao “imperialismo norte-americano” têm sido a garantia de sobrevivência de um regime tirano e impopular. A política americana dos últimos cinquenta anos apenas ajudou o regime cubano a manter o poder. A partir de agora, será mais difícil para o regime justificar a sua legitimidade. Se os republicanos mostrarem sensatez, será uma questão de tempo até o regime cubano cair e o país começar a reformar-se.

A decisão terá ainda implicações positivas para a América Latina. O governo venezuelano, de resto, já mostrou as suas preocupações. Arrisca-se a ficar sozinho no seu “anti-americanismo chavista.” Para Maduro, será também mais complicado continuar a justificar a “revolução contra o imperialismo americano.” Com a aproximação a Cuba, Obama impede que cliques de ditadores corruptos possam manipular a ameaça norte americana para se perpetuarem no poder e condenarem as suas populações à pobreza e à ditadura política.

Por fim, a decisão de Obama está certa porque a política dos Estados Unidos em relação a Cuba era mais do que absurda: não era humana. O isolamento imposto por uma superpotência a uma pequena ilha constitui uma agressão injustificável. Para ser respeitada, uma potência mundial não pode insistir em políticas injustas que apenas aumentam o sofrimento de um povo. Será pedir muito ao Partido Republicano que entenda um ponto elementar?

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