É lamentável se a política (à) portuguesa descer ao grau inclinado de passatempo.
De uma encenação de praia populista.
Mas por estes dias parece que andam todos como no livro do Wally.
À procura do centro político português, o que quer que ele signifique.
Uma espécie botânica rara.
A pergunta de um milhão de Euros: quem é que vai ganhar o centro?
O PSD que Rui Rio pretendeu ganhar?
O PSD de Rio + o PS de Costa – o ajuntamento comunista do Bloco e do PCP?
Ou o CDS?
A avaliar pelos pregoeiros o centro é uma Atlântida.
Uma cidade perdida que sobrevive alhures.
Afundada num alçapão fluido e nevoento que existe mais à direita do PS mas mais esquerda que o CDS.
Um cosmos que não se importa de ser próximo do PS e de António Costa.
E que rigorosamente ao mesmo tempo também não se importa de ser próximo do PSD e de Rui Rio.
Ou tudo não passa, afinal, da mormaceira pantanosa da insustentável leveza do poder?
O CDS para isto não serve.
Porque se o CDS quiser crescer para servir o futuro de Portugal e dos Portugueses não pode ser comparsa de passatempos ou jogos de alquimia.
Porque as eleições não se ganham com enredos de filmes de aventuras.
Com modelos de personagens políticos arqueólogos-aventureiros do tipo Indiana Jones à caça do centro.
Por uma vez chamemos as coisas pelos nomes (um exercício que a raça detesta).
Porque o “centro” é a casa do abominável “JOB FOR THE BOYS”.
Porque o “centro” é a infesta superestrutura de todos os interesses instalados, com o arnês da função pública instalada, expandida e anquilosada posto à cabeça do povo.
Um grilhão em estado puro a fazer Portugal olhar para trás e a andar para trás.
Chega.
É fundamental que o CDS ajude a libertar Portugal desta canga histórica.
Que diga na praça pública sem rodeios nem meias palavras quem é e que diga ao que vem.
Que identifique e defenda com inteligência e coragem causas e ideias sérias, verdadeiras, reformistas e criativas que possam mobilizar e vitalizar a comunidade.
Que sejam apelativas e nessa medida congreguem boas vontades, suscitem apoios e parcerias e, evidentemente, captem votos.
O CDS não tem de andar à procura do “centro”.
Tem é de encontrar e chamar pessoas.

Miguel Alvim é advogado e membro da Comissão Política Nacional do CDS.

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