A Polícia de Segurança Pública tem vindo a levar a cabo, nas últimas semanas, um minucioso processo de seleção de candidatos ao Curso de Formação de Agentes. De um lote de quase dez mil candidatos, estão a ser escolhidos uns míseros 300 futuros agentes da autoridade. Apesar da simbologia que o número encerra, não temos grandes ilusões. Com as anunciadas saídas para as Polícias Municipais de Lisboa e Porto, a par de algumas aposentações que só pecam por tardias, o saldo nem chegará a ser positivo, ou seja, apesar do concurso, a PSP terá, quando este terminar, menos agentes do que tem neste momento.

Ainda assim, saúde-se de forma particular a grande adesão que o concurso teve, à semelhança, aliás, de muito outros no passado. Podemos assim escolher, de entre muitos cidadãos que querem abraçar esta exigente carreira, aqueles que, à partida, nos garantem melhores qualidades humanas e profissionais.

Os últimos dias foram também marcados, a propósito de uma ocorrência na zona da Amadora cujos contornos se apuram neste momento, por intervenções despropositadas de pessoas que, em abono da verdade, raramente nos habituaram a coisa diversa. Contudo, ainda consegue surpreender a forma profundamente desrespeitosa como, de forma perfeitamente generalizada, irresponsável, leviana e incendiária, se referem aos mais de vinte mil polícias que diariamente garantem a segurança dos portugueses.

Qualquer tentativa de explicar este ódio visceral está, à partida, votada ao insucesso, pois a qualidade dos motivos só será eventualmente superada, pela negativa, pela das próprias intervenções. Assim, não podemos deixar de mostrar repúdio absoluto pela postura e pelo discurso com que algumas figuras da nossa sociedade se têm referido, ao longo dos últimos dias, à Polícia de Segurança Pública, de onde se destaca de forma particularmente grosseira o artigo que Fernanda Câncio escreveu no Diário de Notícias.

A PSP, contudo, já não é aquilo que algumas pessoas gostavam que fosse. Cresceu, evoluiu, modernizou-se e é hoje uma força de segurança na qual os portugueses confiam. O seu processo de selecção é hoje extremamente exigente. Pena é que, para comentador ou cronista, não seja requerido o mesmo tipo de qualidade.

Presidente do Sindicato Nacional dos Oficiais de Polícia

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