Em meados de 1983, nascia a ala do PPD/PSD denominada Nova Esperança, que juntava figuras como Pedro Santana Lopes, Marcelo Rebelo de Sousa, Durão Barroso, José Miguel Júdice e Conceição Monteiro, entre outros. Essa tendência, entre outras iniciativas, apresentou uma moção em congresso, denominada de “Moção H”, com o título “Uma alternativa para o PSD – uma nova esperança para Portugal”, que apresentava várias ideias e propostas e uma clara oposição à ideia de um Bloco Central.

34 anos volvidos, o PPD/PSD começa a discutir uma nova liderança. Mas, assim como a moção H, o Partido deverá discutir não só a liderança, mas o rumo que deverá tomar. O debate ideológico poderá e deverá acontecer.

A adesão a qualquer das candidaturas tem de ser feita com base em moções ideológicas. A fulanização extemporânea impede a análise séria e moderada das ideias e dos projetos, ou seja, do rumo que o PPD/PSD deve tomar. O dever dos militantes do PPD/PSD é antes de mais assegurar que se discute com clareza os projectos políticos e que, ganhe quem ganhar, o partido se possa unir em torno de um projecto inclusivo e mobilizador.

O PPD/PSD é único. Heterogéneo. Feito de operários, de empresários, de agricultores, de trabalhadores liberais ou por conta de outrem. Gente de diferentes origens e diferentes ideias. É essa a enorme riqueza do PPD/PSD. A sua diversidade. Não nos deve preocupar a diferença. Não nos deve preocupar a diversidade.

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O que nos deve preocupar é que, cada vez mais, os sociais-democratas esquecem o que os junta, o que os une. Une-nos a ideia de que o Estado deve contribuir com soluções para os problemas e preocupações das pessoas. Une-nos a ideia de que o mérito tem de ser recompensado e une-nos o princípio inabalável de que todos têm direito a uma oportunidade para uma vida melhor.

E antes de se escolherem os protagonistas do futuro, parece-me necessário que se possam clarificar algumas questões: Que políticas queremos para Portugal? Que ideias temos para o PPD/PSD? Que tempo é este que se aproxima? Que tempo queremos que seja?

Eu creio que será o tempo de ganharmos fôlego, voltando às raízes, relembrando a fundação do partido, regressando à matriz fundacional do PPD/PSD, com as suas componentes social- democrata, liberal e personalista.

O tempo de apostar na Proximidade. De marcar uma crescente exigência de proximidade dos cidadãos em relação àqueles a quem confiaram, a responsabilidade de resolver os problemas do seu bem‐estar e qualidade de vida.

O momento de defender os territórios de baixa densidade. De consolidar novas perspectivas para o território. De potenciar um novo paradigma para estes territórios e para as pequenas e médias cidades que se devem voltar para a qualidade, para a criatividade, para a sustentabilidade ecológica.

Temos um País a pulsar no Litoral mas que ainda conhece a desistência no Interior. O tempo da valorização do mérito e da competência. Tempo de o PPD/PSD ser capaz de responder de forma positiva aos desafios de uma Sociedade Civil ansiosa por respostas concretas aos desafios do futuro. Tempo de uma nova ambição, em que a aposta na participação e a valorização das competências têm que ser as chaves da diferença.

O momento de abrir o partido à renovação e participação. Tempo do PPD/PSD ser um partido aberto a novas ideias. Uma plataforma onde todos sejam capazes de encontrar novos contextos de participação, novas soluções para os problemas que todos os dias se acumulam.

É o tempo da vontade política. Não há políticas sem vontade. E se queremos liderar é forçoso que tenhamos vontade de liderar.

É o tempo de perceber que as soluções clássicas já falharam e que são precisas novas atitudes e novos desafios. O maior desafio será ter a coragem de mudar, de arriscar e de fazer diferente.

Esta é a altura de honrar o passado e de não recear o futuro. É o tempo de um PPD/PSD renovado e galvanizado por uma liderança de abertura e convicção que pode fazer a diferença. Tempo do PPD-PSD efectuar uma introspecção política antes de fazer novas escolhas para o seu futuro, e cabe sublinhar que qualquer candidato à liderança deve sentir que não vale a pena ser eleito com base em equívocos.

Este novo tempo tem que ser protagonizado por alguém lúcido, sincero e corajoso. Alguém de sensibilidade fina e ao mesmo tempo de emoções fortes. É o tempo da actuação dialogante e de alguém que interprete a política num sentido humanista e personalista.

É o tempo de Pedro Santana Lopes.

Médico Dentista. Ex-Deputado à Assembleia da República