Que tal uma cópia 3D para este Natal?

Se pretender uma peça impressa 3D pode tirar fotografias à peça original, com uma régua por perto e que fique na fotografia para avaliar o seu tamanho. Mande-a depois para um prestador de serviços na área de cópias 3D e peça um orçamento.

É evidente que é possível, por digitalização, recriar a mesma peça em computador e em software desenvolver um desenho 3D. Terá de usar determinados softwares que permitam criar ficheiros (tipicamente .stl ou .obj). Também é possível a partir da digitalização unicolor apor-lhe cores, via software, para transformar o objeto num objeto a cores, personalizando-o. Daí à impressão é um passo.

Em Portugal pode fazer impressão 3D e há já empresas e serviços que o fazem de forma relativamente acessível e rápida. E podendo pagar via multibanco ou por transferência bancária. E, solicitando, pode receber o objeto em casa.

Bom, pensará, pode ser interessante oferecer aos seus pais aquela Nossa Senhora dos Anjos que está toda colada porque a partiu, enquanto miúdo, a jogar à bola. Não, não será feita no mesmo material nem tão pouco terá o valor de uma antiguidade. Mas estou certo de que os seus pais apreciarão a mesma com o mesmo carinho de uma reposição. Estragou, na altura, mas agora tem forma de repor como um “quase original”.

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Mais, se há pais, como o caso dos meus, que apreciam arte e que foram sendo, ao longo dos anos, presenteados com vários jogos de futebol em casa, tendo sido espoliados de múltiplos objetos que muito apreciavam, está na altura de poder, desde uma imagem de Nossa Senhora, um candeeiro de Sévres, aquela terrina Companhia das Índias mal posicionada ao fundo do corredor ou o conjunto de pratos China azul que arranjavam a parede da baliza, “repor os originais”. Pode não conseguir exatamente as mesmas dimensões e cores (e o material, obviamente), e essas serão as maiores dificuldades que poderá ter de enfrentar.

Mas a réplica será um mimo com que presenteará os seus pais. Alguma da mágoa que sente quando voltar a passar pelos objetos e se lembrar que não só já estão hoje todos colados como os jogos que fez nunca fizeram sentido no local onde os realizou, poderá ficar esbatida. Será sem dúvida um momento de grande alegria para os seus pais voltar a ver que, não havendo originais, houve pelo menos a vontade da reposição. Agora, das palmadas merecidas e dos castigos posteriores já ninguém o livra. Mas esses, digo eu, foram muitíssimo bem aplicados.

Ofereça uma estatueta 3D

Se quiser oferecer no Natal uma estatueta (no caso de ter um ego gigante até pode fazer uma estatueta sua e oferecê-la a si próprio ou uma a cada um dos seus amigos; basta para tal que se digitalize num centro de digitalização e isso não lhe irá fazer mal nem à saúde e muito menos ao ego) de alguém conhecido, ou de um seu familiar, basta digitalizar essa pessoa num centro de digitalização oferecido por algumas empresas (sim, tem de levar essa pessoa a um centro de digitalização). Deixa de ser uma surpresa mas pode oferecer “a sua mãe” digitalizada, e depois impressa, aos seus irmãos e cunhadas (se bem que estas últimas talvez não achem graça). Claro está que para surpresa nada há como digitalizar-se a si mesmo e oferecer-se em estatueta aos outros. Mas pense bem quem poderá estar interessado numa estatueta sua antes de prosseguir…

Pode igualmente fazer uma surpresa e, com algumas fotografias dessa mesma pessoa, proceder à sua digitalização para um ficheiro, que terá de ser trabalhado, e depois produzir uma estatueta, por impressão 3D, com dimensões que podem, em alguns casos, ir até cerca de 30 centímetros. E a cores. E podem fazer-se de dimensões maiores por partes, montáveis. Tudo disponível no mercado português.

Imagine que consegue umas boas fotografias de uma pessoa sua antepassada e que, por digitalização, consegue uma aproximação dessa pessoa à pessoa real que existiu. Dela fará um ficheiro em formato digital com expressão 3D. Agora imprima-a numa impressora 3D e ofereça-a a quem quiser. Será uma pequena estatueta que poderá constituir uma prenda interessante.

Como será interessante voltar à presença dessa pessoa com quem mantinha uma relação de proximidade por uma forma mais presente que a de uma mera fotografia, que quase sempre se torna indiferente no meio das muitas que pululam pelos móveis de sua casa. Óbvio que o sistema das estatuetas também pode banalizar-se se conseguir colocar muitas estatuetas de pessoas ligadas a si. Evite fazer “grandes equipas de futebol” com antepassados seus. Pode ser meio creepy e pode conviver mal com todos eles na sua sala.

E porque não uma mera impressão 3D, original ou não?

Bom, precisa mesmo de imprimir um objeto em 3D? Em plástico, em cerâmico, em papel ou em material flexível (chamemos-lhe uma espécie de borracha), em material translúcido? Pode fazê-lo. Precisa primeiro de produzir o objeto que quer imprimir em ficheiro (digital) com dado formato e características aceites para impressão. Depois, bom, depois é uma questão de escolher uma empresa com serviço de impressão digital e fazer-se ao caminho. Imprimir e contemplar o objeto que pretende.

Imagina-se a produzir uma série de capas de telemóveis customizadas e a oferecê-las a cada um dos seus familiares no Natal? Ou a imprimir fôrmas de bolo com formatos originais? Ou carrinhos que reproduzem modelos dos seus tempos de infância? Um Mini dos antigos por exemplo (uma réplica da Corgi Toys)? Ornamentos vários? Réplicas de máquinas fotográficas antigas? Porta-chaves personalizados? Uma argola especial para as suas garrafas de vinho? Um porta-cartões de crédito? Enfim, uma miríade de objetos que pode imprimir 3D. Há catálogos de produtos on-line e há ficheiros para vários softwares que pode adquirir e mandar imprimir. Os formatos dos ficheiros que se imprimem têm sempre de ter as extensões já mencionadas.

Talvez sendo uma senhora gostasse de ter uns sapatos de salto alto impressos 3D? Ou uma mala com um toque especial? Quem sabe uma coleção de roupa interior composta por minúsculas peças impressas em 3D?

Enfim, pode arranjar um software tipo 3Dtin (pode usar diretamente a partir do seu browser), o Google SketchUp ou um open source, gratuito, como o Bender ou sucedâneo, o mais usado nos cursos de desenho digital 3D. A partir daí dê asas à sua imaginação e, depois, mande imprimir o fruto da sua inspiração. Não esqueça que tem um certo trabalho pela frente (embora entusiasmante) mas que o serviço de impressão pode ser feito, isto é, a impressão do produto pode ser realizada por um centro de digitalização e impressão 3D. Há alguns em Portugal e, destes, alguns em locais bem acessíveis a todos.

E uma impressora 3D?

E que tal oferecer-se antes, a si ou a outrem, uma impressora 3D? Vai, por exemplo, uma Airwolf 3D da AXIOM? Impressora considerada como uma das melhores do mercado e aceitando filamentos vários (dos filamentos PLA e ABS, já clássicos, a policarbonetos, PETG, filamentos flexíveis, HIPS, nylon e dezenas de outros materiais). Essencialmente fala-se de “plásticos” para ser compreensível a todos. Ou seja, filamentos são fios plásticos que são usados na impressão.

E o que se faz na impressão? Os filamentos – que podem ser de várias cores – são aquecidos e apostos por camadas até que o objeto a imprimir (ou a construir) se vá fazendo camada por camada em três dimensões. A impressão 3D é, assim, feita por meio de filamentos derretidos e expelidos pelo bico de extrusão. Uma impressora destas é coisa para lhe custar cerca de 4 000 euros, máximo, e pode comprá-la já para este Natal. Ou pedi-la como prenda de Natal.

Os ficheiros que retratam o objeto a imprimir, nos formatos já descritos, podem ser transferidos por wi-fi, por USB, por Ethernet ou por um SD Card para esta impressora.

Embora a Airwolf 3D da AXIOM fosse sendo melhorada ao longo do teste, segundo avança a empresa de testes 10TopTenReviews, uma empresa americana independente que avalia nas mais diferentes áreas e sectores os melhores produtos/serviços/ofertas/soluções, esta proposta oferece algumas características críticas para vencer os testes comparativos: o auto-nivelamento da base de impressão, a hipótese de usar mais de 40 filamentos diferentes, e também em diferentes materiais, e a possibilidade de receber os ficheiros de impressão por várias formas.

Desconfia da independência da 10TopTenReviews?

Bom, acredite ou não na isenção desta empresa, as demais propostas da 10TopTenReviews para as impressoras 3D vão para os seguintes primeiros três equipamentos (as primeiras três de dez propostas; veja os ensaios aqui):

  • Score 9.30/10 – A já anunciada Airwolf 3D da Axiom, por cerca de 4 000 euros;
  • Score 9.10/10 – A Ultimaker 2+ por cerca de 2 250 euros;
  • Score 9.03/10 – A Lulzbot TAZ 6 por 2 350 euros.

Isto dito, talvez seja altura para encarar a compra de uma impressora. Mas para materiais “plásticos”. Com ela poderá produzir uma quantidade enorme de bonecos e estatuetas para oferecer, imprimir um jogo de xadrez para disputar umas belas partidas, por exemplo, e um conjunto de tapetes para o seu carro, entre vários outros já acima mencionados. Alternativamente poderá começar este Natal a substituir algumas das peças do seu automóvel clássico e que já carecem de renovação. A maioria das peças “plásticas” do seu automóvel, senão todas, permitem impressão via impressoras 3D. Embora os clássicos não tenham grande número de peças plásticas…

Muito mais impressão 3D para breve

O futuro reserva-nos, porém, inúmeras possibilidades muito além dos designados “plásticos”. Há já produção a partir de pós metálicos (usando técnicas laser) de produtos em ligas metálicas e produção de algumas próteses em medicina com materiais variados. E nesta área há inúmeros testes e protótipos, desde próteses mais convencionais customizadas (uma mão, um pé, uma perna em materiais mais convencionais tipo “plásticos” e/ou em compósitos com vários materiais), a válvulas, veias, canais urinários, entre outros.

Está-se a trabalhar, igualmente, a fronteira das possibilidades em órgãos que, em boa verdade, viriam acabar com as necessidades de dadores e que seriam produzidos com absoluta customização. Um coração, um fígado, uns rins ou um pulmão seriam um avanço memorável.

A impressão 3D de células, desde produção de pele a variadas outras aplicações, pode ser uma realidade exequível, igualmente, dentro de muito pouco tempo. Laboratorialmente há já experimentação vária e com sucessos assinaláveis.

Aplicações de substituição óssea, craniana, cartilagens, discos vertebrais, um nariz ou uma orelha, uma vagina ou outros com uma precisão assinalável, e com vários materiais, estão praticamente no limiar da exequibilidade.

Faço uso, à laia de conclusão, da celebérrima frase do pai da Gestão: “The best way to predict the future is to create it.”

Professor Catedrático, NOVA SBE, crespo.carvalho@novasbe.pt