Para quem queria saber como é que podia ser o Bloco de Esquerda realmente arvorado no poder, sem ser muleta do incumbente (como sucede na geringonça), basta olhar para o que está a acontecer na Catalunha.
Burgueses cansados com o elevado nível de vida que levam.
Cheios de fastio.
Encontraram outra forma de se entreter na vida, abalando e maltratando a vida dos outros que levam a sua como podem.
De forma antidemocrática (mas, já agora, realmente, quem é que disse que a esquerda radical era democrática?), aos atropelões constitucionais, numa paródia à segurança, à ordem e ao sossego da maioria do povo vizinho, contra a história, forçam uma ruptura gratuita e exigem um referendo à força para uma saída, dita, independente, que é um grandessíssimo abismo.
Um beco sem saída.
Mas o mais grave nem é isso.
O mais grave é a nefasta e permanente essência arruaceira e libertária dos Bloquistas de Esquerda de lá e de cá, porque fazem as coisas sem quererem saber como é que as irão acabar.
Nem importa se na aparente e surda calma já se podem ouvir ao longe e num rufar ténue os tambores da agitação, do conflito, da guerra fratricida que parece foi ontem.
Não importa.
A ausência da lógica e da razão.
Ideias e convicções não interessam.
O grito de “Abaixo a inteligência – viva a morte” é, evidentemente, um grito bloquista.
O outro é o da Reestruturação Da Dívida, Já!
Ou o do frentismo da saída unilateral da NATO.
Ou o da ameaça da saída do Euro.
Ou o da balda na regulação de Estado da imigração.
O descalabro e o desastre como algo de possível, de atrevido e de elegante.
De moderno.
A vida colectiva presa por fios, que uns tantos supostos iluminados se entretêm a pendurar em postes.
“Brincadeiras” que a história atesta que se pagam caro.
E que demasiadas vezes, são crimes sacados sobre terceiros.
Todos inocentes.
Esta burguesia de esquerda devia trabalhar mais para andar menos enfastiada.
E ser afastada de todas as incumbências e governações.
Miguel Alvim é advogado e membro da Comissão Política Nacional do CDS