O Presidente da República disse este domingo que tem “muita esperança” de que saia da crise que Portugal atravessa uma economia mais dinâmica, sustentável e competitiva, exortando os portugueses a não “baixarem os braços”. O discurso teve lugar em Manteigas, uma localidade que é para Cavaco “muito, muito especial”.

Numa deslocação inserida nas comemorações do 10 de Junho, o chefe de Estado recordou as vezes anteriores em que esteve em Manteigas, confidenciando que esta vila, que está “no coração da Serra da Estrela”, está associada a momentos “muito particulares” da sua vida.

“Passei aqui a minha lua de mel e vim para aqui depois de ganhar as minhas primeiras eleições”, disse, referindo-se às legislativas de 1985. “Depois de ganhar as primeiras eleições, desloquei-me para um hotel em Manteigas para refletir. Agora, regresso num tempo de esperança”, contou.

Cavaco ganhou as eleições legislativas de 1985 com maioria relativa e foi para Manteigas antes de formar Governo. Terá sido aí que escolheu os ministros que haveria de convidar. Esse Governo só durou dois anos, acabaria por cair com a apresentação de uma moção de censura do PRD. Nas eleições antecipadas, em 1987, Cavaco alcançaria a primeira maioria absoluta.

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Este domingo, o Presidente escolheu falar de esperança e não quis comentar a atualidade política, já depois do secretário-geral do PS, António José Seguro, ter vindo criticar “o muro de silêncio e indiferença” de Cavaco perante os apelos para que demita o Governo.

“Eu tenho, de facto, muita esperança de que desta crise saia uma economia mais dinâmica, mais sustentável, mais integrada nos mercados internacionais e mais competitiva”, afirmou o chefe de Estado na sua intervenção no final de uma visita ao Centro Interpretativo do Vale Glaciar do Zêzere.

Elogiando a forma como os empresários portugueses enfrentaram as “adversidades” e deram provas de superação alterando modelos de negócios, procurando novas estratégias de produção e comercialização, Cavaco Silva exortou os portugueses a não baixarem os braços. “Com empresários como estes a economia está no bom caminho”, disse.

A este propósito, o Presidente da República destacou o exemplo das duas fábricas de burel que visitou esta tarde em Manteigas – a Ecolã e Burel Factory – enaltecendo a forma como os empresários apostaram da recriação e na reinvenção de um produto artesanal produzido a partir da lã dos rebanhos da Serra da Estrela.

“Precisamos de mais produtos como o burel, produtos genuínos, únicos e produtos bem portugueses”, disse, incentivando a que se aproveitem as coisas que são tipicamente portuguesas e que constituem um “nicho de mercado que está claramente à disposição”.

“Há riquezas no interior, há produtos endógenos no interior, há valores culturais e valores históricos no interior que podem ser aproveitados”, frisou.