Este fim de semana os combatentes islâmicos ganharam terreno na zona ocidental do Iraque, onde tomaram quatro cidades. O exército iraquiano confirmou a conquista das cidades de Rawa, Anah (as duas situam-se ao longo do rio Eufrates), Rutka (na estrada entre Bagdad e a Jordânia) e Al-Qaim. Esta última fica na fronteira com a Síria e foi o primeiro posto transfronteiriço entre os dois países capturado pelo ISIS.

Como escreve o El País, a conquista deste posto tem um grande simbolismo para o grupo e para o seu objetivo de estabelecer um califato islâmico, uma vez que significa, para os responsáveis, a supressão da fronteira traçada pelas potências coloniais em 1916. Na tomada de Al-Qaim, cerca de 30 soldados foram mortos, segundo as agências noticiosas. O Financial Times escreve que os guardas fronteiriços abandonaram os seus postos quando a cidade caiu nas mãos dos militantes islâmicos. A conquista de Al-Qaim abriu o caminho para que os milicianos avancem para além das fronteiras da Síria.

Segundo o New York Times, os militantes islâmicos parecem determinados em consolidar as posições já conquistadas nas províncias sunitas a oeste e no norte à medida que o exército iraquiano se concentra em defender Bagdad. O ISIS, que começou a ofensiva em território iraquiano no dia 9 de junho, controla cidades como Tikrit e Mossul, a segunda maior cidade iraquiana.  A chegada a Bagdad é um dos seus objetivos anunciados.

As forças de segurança iraquianas asseguram ter morto mais de 40 membros do Estado Islâmico do Iraque e do Levante em bombardeamentos durante a noite de sábado à cidade de Tikrit, controlada pelo Isis, avança este domingo o Financial Times (FT).

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Segundo o FT, não houve confirmação independente destas notícias mas alguns residentes de Tikrit confirmaram que a cidade esteve sob ataque. “Durante a noite passada, os habitantes de Tikrit ficaram às escuras, sem eletricidade, enquanto a sua cidade foi ocupada pelo Isis e bombardeada por helicópteros iraquianos”, escreveu no Twitter Zaid al-Ali, um antigo conselheiro da ONU e iraquiano de visita ao seu país.

No entanto, testemunhas contactadas pela BBC dizem que as mortes foram resultado de uma explosão de uma bomba de gasolina. Este domingo, o Governo iraquiano encerrou o acesso à internet em certas partes do país durante mais de seis horas, escreve o New York Times. O Ministério das Comunicações do Iraque negou ter sido o responsável pelo encerramento da rede.

Segundo a BBC, existe um grande pessimismo em Bagdad relativamente à ofensiva do Governo contra o ISIS, cujas forças parecem melhor treinadas e melhor equipadas do que o exército, disseram diplomatas e políticos à cadeia britânica. O Governo iraquiano pediu aos EUA, à Europa e à ONU que agissem de imediato para ajudar a lidar com a crise e que, inclusive, levassem a cabo ataques aéreos a alvos específicos. Alguns especialistas ouvidos pela BBC pensam que será difícil atingir os bastiões que o ISIS criou – alguns deles na Síria – e que os ataques aéreos iriam vitimar muitos civis.

Os EUA, que retiraram quase todos os efetivos militares em 2011, vão enviar 300 conselheiros militares para o Iraque, mas a Casa Branca insiste na não existência de uma solução militar para a crise. O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, viajou este domingo até ao Cairo, naquela que é a primeira paragem de um périplo pelo Médio Oriente onde espera discutir a situação no Iraque. Como escreve o New York Times, Kerry quer mobilizar os estados árabes para que usem a sua influência juntos dos políticos iraquianos e incentivem a rápida criação de um governo que inclua várias fações. O secretário de Estado pediu aos líderes do país que “se ponham acima de motivações sectárias e formem um Governo unido com o objetivo de ir ao encontro das necessidades do seu povo”, escreve a BBC.

Para além disso, Kerry pretende enviar uma mensagem aos líderes da região. Apesar de o ISIS se conseguir sustentar a si próprio através de extorsões e pilhagens, recebe também algum apoio dos países vizinhos. Os EUA não estão a dizer que existe uma política oficial dos vários países, mas defendem que os diversos Governos podem fazer mais para parar os apoios que estão a ser dados aos militantes islâmicos, disse um oficial norte-americano não identificado, citado pelo New York Times.