A Federação Nacional de Educação (FNE) apelou na sexta-feira à presidente do Instituto Camões para que apresente “o mais rapidamente possível” a rede de cursos de Português no estrangeiro para o próximo ano, para que os professores possam tomar decisões.

Na reunião no Instituto Camões, inserida numa ronda com grupos parlamentares, instituições e associações com responsabilidades na área da educação, a federação sindical pediu o rápido esclarecimento relativamente à rede de cursos para o próximo ano letivo, uma vez que os professores que lecionam no estrangeiro estão neste momento sem saber que decisões tomar sobre a sua continuidade nos países onde lecionam, sublinhou em declarações à Lusa, o secretário-geral da FNE, João Dias da Silva.

A FNE manifestou ainda a sua discordância face à aplicação de uma propina para os cursos de Português no estrangeiro, sobretudo porque ela não se concretiza em todos os países, e apontou falhas à coordenação central dos cursos, afirmando que, “para uma única orientação, existem várias operacionalizações”.

Nas reuniões que já realizou com os grupos parlamentares, a federação de educação apelou a “um esforço de simplificação e unificação da legislação” para as questões educativas, frisando que “as constantes mudanças criam insegurança” na aplicação da lei.

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As ofertas formativas estiveram também na agenda destes encontros, com a FNE a alertar os partidos para o abandono e o insucesso escolar, manifestando especial preocupação com a taxa de frequência do ensino secundário abaixo dos 70%.

Neste sentido, a federação pediu mais atenção às vias profissionalizantes, “que têm de ter mais dignidade”, não esquecendo a nova rede de centros de qualificação, os CQEP, que o Governo criou para substituir os Centros Novas Oportunidades, e que ainda não se encontram em funcionamento, deixando os adultos sem respostas ao nível da formação.

A FNE quer ainda “soluções e políticas sociais” que combatam o crescimento dos chamados jovens “nem-nem”, ou seja, aqueles que não estão nem na escola, nem no mercado de trabalho.

“Estamos a desaproveitar os professores, não estamos a colocar o número de quadros suficiente para garantir toda a oferta formativa, que permita atingir níveis de empregabilidade mais elevados”, defendeu Dias da Silva.

A FNE chamou ainda a atenção para “a desvalorização do ensino superior” e para as dificuldades que as famílias sentem em pagar os estudos superiores dos jovens, assim como para a desvalorização social dos professores, a propósito do recente estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), que apontava para um sentimento de não-reconhecimento social por parte de cerca de 90% dos docentes portugueses do 3.º ciclo.

Temas como a descentralização de competências para as autarquias e a autonomia das escolas integraram também a agenda das reuniões, que prosseguem nas próximas semanas, com os encontros com a Associação Nacional de Municípios, a Confederação Nacional de Pais e o ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, esta ainda sem data marcada.

A FNE iniciou uma ronda de reuniões para apresentar as conclusões saídas do seu último congresso, e o seu plano de ação sindical para os próximos quatro anos.