O Grupo Espírito Santo (GES) contraiu empréstimos junto do Banco Comercial Português (BCP) no valor de 300 milhões de euros, um montante semelhante ao da Caixa Geral de Depósitos (CGD), que já havia anunciado na semana passada ser credor do GES. Segundo o jornal Público, o valor dos empréstimos dos três maiores bancos portugueses ao grupo perfaz 1.800 milhões de euros – 600 milhões do BCP e da Caixa e ainda 1.200 milhões do BES.
Os montantes do BCP no GES destinam-se aos ramos da saúde, turismo e construção, enquanto os da CGD foram canalizados para a Herdade da Comporta e para holdings do grupo, nomeadamente a Espírito Santo International, que controla a Espírito Santo Finantial Group, que por sua vez detém 20% do BES. Este banco tem, aliás, um crédito de 1.200 milhões de euros ao GES, valor que sobe consideravelmente, para os 2 mil milhões de euros, quando considerados os investidores institucionais, relata o Público.
Os três bancos encontram-se, assim, na mesma situação da Portugal Telecom (PT), do Grupo Amorim e da Teixeira Duarte, outras empresas que fizeram empréstimos a negócios do universo Espírito Santo. Se no caso da Teixeira Duarte “o montante é irrelevante”, segundo uma fonte disse ao Público, já a situação da PT causa mais preocupação, pois a empresa de telecomunicações fez um empréstimo de 897 milhões de euros à RioForte, holding do GES que está a contas com um buraco financeiro de dimensões ainda desconhecidas. Para já, uma das primeiras consequências foi a renegociação da fusão da PT com a brasileira Oi, na qual a empresa portuguesa perderá peso.
O Banco de Portugal já deu garantias de que o BES tem dinheiro disponível para fazer face a eventuais insuficiências, mas a hipótese de um aumento de capital do banco tem ganho força. Caso o Estado se veja obrigado a intervir, isso não acontecerá antes de os acionistas privados e os detentores de dívida subordinada serem chamados a contribuir. Segundo o Negócios, as novas regras para os resgates a bancos, definidas pela Comissão Europeia e diferentes daquelas aplicadas ao BCP, BPI e Banif, ditam que o BES, em caso de insuficiência financeira, teria em primeiro lugar que procurar soluções junto de investidores privados, depois junto dos acionistas – que perderiam todo o seu investimento – e só no fim junto do Estado. A confirmar-se a necessidade de um aumento de capital do banco, tal operação parece já contar com vários interessados, como afirmou Carlos Costa, Governador do Banco de Portugal, esta terça-feira.