A Presidência moçambicana da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) apontou esta quinta-feira seis desafios para o futuro, após a passagem da liderança da organização para Timor-Leste na próxima cimeira de chefes de Estado e de Governo.

Em conferência de imprensa em Maputo, o porta-voz da Presidência moçambicana, Edson Macuácuá, indicou que um dos seis desafios, na herança que Armando Guebuza deixa a Timor-Leste, na cimeira de 22 e 23 de julho em Díli, é “a necessidade de a CPLP consolidar-se como organização e plataforma sólida que permite a agregação de sinergias dos estados-membros”.

Para a próxima presidência rotativa de dois anos, Moçambique elencou também o reforço da paz e segurança dos estados-membros e ao nível da comunidade internacional, bem como a integração económica entre os países da CPLP.

Edson Macuácuá referiu-se ao reforço da segurança alimentar e nutricional, atendendo que “há milhares de pessoas dentro da Comunidade, incluindo em Moçambique, que muitas vezes, quando amanhece, não sabem o que comer”, apontando ainda a necessidade do crescimento económico e a criação de emprego, “tendo em conta os elevados índices de desemprego que afetam os países-membros”.

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Nos restantes desafios definidos por Guebuza, constam ainda mais recursos para a concretização dos programas de cooperação para o desenvolvimento e “a necessidade de se alargar a participação de mais países ao nível da CPLP, tendo em conta os desafios que o processo da globalização impõe”, além da internacionalização da língua portuguesa e maior intervenção da organização na agenda global.

O porta-voz da Presidência moçambicana disse que, nos últimos dois anos, a CPLP “reforçou ao seu nível comunitário laços de amizade, solidariedade e cooperação” entre estados-membros, e “a partilha de valores e princípios comuns, tais como a paz, estado de direito democrático e agenda de desenvolvimento económico e social”.

Moçambique classifica também como ganhos a participação da sociedade civil no espaço da organização e o crescimento do prestígio internacional da CPLP, “o que também se pode atestar pelo crescente interesse de vontade de adesão de novos membros e observadores associados, sendo países que não falam necessariamente português como língua oficial”.

Segundo a Presidência moçambicana, isto “mostra que o espaço comunitário da CPLP está a crescer cada vez mais e a ser mais relevante”, defendendo que a organização “transformou-se cada vez mais num espaço comunitário relevante para a concertação político e diplomática entre os estados-membros na defesa da agenda comum e assuntos de interesse comum”.

Devolvida a normalidade constitucional na Guiné-Bissau, o porta-voz foi questionado sobre a situação em Moçambique, que vive uma crise militar no centro do país, a menos de três meses das eleições gerais, e se este assunto será abordado na cimeira em Díli.

Mas Edson Macuácuá limitou-se a dizer que “a cimeira já está à porta e Moçambique tem uma experiência positiva de consolidação de paz”, acrescentando que “este sucesso também foi partilhado e socializado ao nível do concerto das nações e beneficiou de certa maneira a CPLP”.

O porta-voz lembrou ainda que “há sessões em curso de diálogo entre Governo e Renamo [principal partido de oposição], mas há também dialogo a vários níveis do Estado, da sociedade e da própria classe politica”.

Além da cimeira da CPLP, Armando Guebuza tem previsto em Díli encontros com o seu homólogo timorense, Taur Matan Ruak, e com o primeiro-ministro, Xanana Gusmão.